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Ela levantou os olhos escuros, na minha direcção e fixou-me como se não me visse, até proferir um apagado "quase". - Vim a pé, de casa.
- De casa? Mas são uns de 5 km!
- Sim. Para estar aqui às 14H30, tive de saír ainda não eram 12h00. Custa-me muito a andar! - Falava e arfava simultâneamente.
Sentei-me a seu lado e perguntei-lhe: - Fez alguma promessa? Tem tantos autocarros, passam de 10 em 10 mn!
Ela olhou em redor por várias vezes. Deixou caír os olhos no chão e demorou algum tempo para dizer, muito baixinho: - Tenho vergonha de lhe dizer, mas vou dizer porque é a verdade... não tenho dinheiro para o autocarro. Não tenho um tostão comigo. A reforma são 270,00 euros, quando a recebo é só para pagar dívidas. Não sei o que hei-de fazer da minha vida!
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Eu também não sei o que hei-de fazer destas vidas! Eu nem sei o que lhes dizer!
Para onde caminhamos? Quem caminhará connosco?
Ela chegou vestida de preto, grande como um poste, engelhada como um papel de embrulho, mais velha ainda que os seus setenta anos. Entrou a arfar como um sapo acabado de fumar um cigarro e agarrou-se à primeira cadeira que viu na sala. Caiu sobre ela como um torpedo. Possívelmente, noutros tempos, antes da vida lhe sugar o encanto, sentar-se-ia com a graça de uma pétala fresca a caír da rosa.
- Meu Deus! Parece que acabou de chegar de uma peregrinação! - Comentei com um sorriso.Ela levantou os olhos escuros, na minha direcção e fixou-me como se não me visse, até proferir um apagado "quase". - Vim a pé, de casa.
- De casa? Mas são uns de 5 km!
- Sim. Para estar aqui às 14H30, tive de saír ainda não eram 12h00. Custa-me muito a andar! - Falava e arfava simultâneamente.
Sentei-me a seu lado e perguntei-lhe: - Fez alguma promessa? Tem tantos autocarros, passam de 10 em 10 mn!
Ela olhou em redor por várias vezes. Deixou caír os olhos no chão e demorou algum tempo para dizer, muito baixinho: - Tenho vergonha de lhe dizer, mas vou dizer porque é a verdade... não tenho dinheiro para o autocarro. Não tenho um tostão comigo. A reforma são 270,00 euros, quando a recebo é só para pagar dívidas. Não sei o que hei-de fazer da minha vida!
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Eu também não sei o que hei-de fazer destas vidas! Eu nem sei o que lhes dizer!
Para onde caminhamos? Quem caminhará connosco?
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Dance with somebody - Mando Diao
Um comentário:
Tive recentemente experiências inacreditáveis, muito parecidas com esta, numa intituição do Porto onde fiz voluntariado... O mais dramático é ver o número de pessoas a recorrer a uma sopa a subir assustadoramente!...
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