Uma das minhas amigas reapaixonou-se por um antigo namorado. Por correspondência ou facebook ou qualquer coisa do género. Ficou cega e passou a gerir a sua vida em função da paixão. Conheço muito bem os sintomas febris dessa paixão que eclode de repente e inunda tudo! Salve-se quem puder!
Decidiu então fazer-se à estrada, em busca do amor. Percorreu mais de mil e quinhentos quilómetros para ir ter com ele. Antes de partir eu disse-lhe que admirava a corajem dela. Também lhe disse que deveria seguir o coração uma vez que não tinha nada que a prendesse. "Se o não fizer nunca saberei o que terei perdido ou o que teria ganhado" Disse ela já com a viajem marcada. E é verdade. Quem o poderá saber, sem o experimentar? Digo isto embora eu nunca tenha arriscado muito. Porém, há uma altura em que talvez seja necessário arriscar.
Partiu feliz há uns dias atrás. Mas há pouco enviou-me uma mensagem: "Amiga, só tu mesmo para este desabafo. Será possível que uma ilusão e uma paixão imensa, se transforme na maior desilusão da minha vida! Como tu dizes, a vida é mesmo fodida! Estou bem, mas estou de regresso. Preciso que me ajudes a entender e a esquecer que estive louca por uns tempos. Sei que as tuas palavras me vão ajudar. Beijos"
Fiquei... sem saber o que dizer!
A seguir ligou-me lá dos confins onde se encontra e chorou compulsivamente. Disse-me que a única coisa que queria era fugir dali. Cheguei a ficar assustada! Mas ela está bem. Apenas destroçada! (Se isto é estar bem! Enfim...) Sinto tristeza. A vida deveria ser beleza... mais rosas do que espinhos.
Não há nada a dizer, embora, haja muito a dizer. A vida é isto mesmo! Ilusões e desilusões! Também é necessário que haja alguma loucura para que possamos dar-lhe cor e sentido, ainda que depois se percam. Mas é igualmente necessário reflectir, para que valorizemos mais as coisas que estão ao nosso alcance e menos os sonhos.
Antes desta, vivi uma paixão irrequieta. Foi um vulcão que nasceu dentro de mim, e que entrou em erupção com uma força bruta, arrasando tudo. Foi uma paixão repleta de ansiedade, alimentada pelo desejo, carregada de dúvidas e incertezas, acompanhada de imaginação e insegurança. Era uma estrada de lava sobre desejos por cumprir. Era pura inquietação! O coração desordenado a inventar.
2 comentários:
eu acho que a vida não é injusta, é justa. Não no sentido de justiça mas de largueza. è demasiado apertada. Sufoca-nos muitas vezes. Por isso precisamos tanto de voar de galho em galho.
Combóio Turbulento,
Realmente, a vida é muitas vezes demasiado apertada. mas não sei se é por isso que precisamos tanto de voar de galho em galho. Ou talvez seja! Aperta tanto que o galho se parte! E então, há que voar para outro. Não deveria ser assim, pois não? Deveriamos poisar num galho que se mostrasse firme e nos fizesse sentir seguros. Creio que já não há galhos seguros! É tudo demasiado leve, só a vida é que pesa! Estarei a ser pessimista? Sei lá!
Beijo
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