O meu tempo é uma coisa inútil. O mau tempo é mais inútil ainda. Não vás por aí, digo-lhe em dias mais ventosos. Mais vale um licor beirão do que um beirão a saber a licor. Mas que se há-de fazer se o mau tempo nos empurra de volta ao mesmo tempo? O chão é de areia ou de pedra? Vê lá ondes bates com a cabeça! Ela ri-se com um sorrisinho estreloucado como se não compreendesse a força do destino em que caíu ou não acreditasse em forças para além das naturais. Naturalmente que tem razão, sou eu a rezingar, num sussurro, aos seus ouvidos moucos.
Sento-me colada ao parapeito da janela, a olhar as estrelas com desdém, ofereço-lhes um cigarro enquanto brindo com a lua um whisky murraça que nos há-de provocar uma ressaca inesquecível. Convidava-te a tomar um banho com sais de fruta e óleo de amendoa, mas é tarde, já tu sais pela janela antes que eu profira palavra. A luz das estrelas rasga-me os olhos! O sangue ferve-me nas veias como numa panela ao lume! Estou fodida! digo-te pelas costas, na tua sombra. Gosto das noites eternas e tu deixas-me eternamente só!
4 comentários:
"Gosto das noites eternas e tu deixas-me eternamente só!"
Adorei o que escreveste.
Há muita gente fodida por aí em certas noites.
Leo,
Obrigada por tão amáveis palavras.
As noites de Lua cheia são assim!... ou não!
pois, foi noite de uma lua enorme...
Sim, estava explendida! A foto embaixo foi tirada da minha janela e faltava-lhe um nadinha para estar redonda! Ah!... A lua Cheia! O luar! O quanto mexe conosco! O quanto nos impressiona! Quanta inspiração! Quanto sonho e suspiro!
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