quinta-feira, 8 de janeiro de 2015



Enfim, encolho os ombros e penso: tanta coisa para dizer! Podia falar do tempo frio, que encontrei numa gaveta umas meias de lã que a minha avó me fez há cerca de vinte anos e calcei-as. Fiquei feliz com isso, como se tivessem sido um presente de Natal. Mas não foram, nem a minha avó foi pessoa que alguma vez me tenha dado uma prenda pelo Natal ou alguma vez me tenha abraçado com carinho. De qualquer maneira, que importa isso, se não para me confirmar que as pessoas são lugares estranhos e inabitáveis. Sempre o soube, mas careço da necessidade de o reafirmar constantemente! Melhor dizendo: constatar. Antigamente dizia que tudo é falso, hoje digo que tudo é verdadeiro. Falsas são as crenças, aquelas coisas em que acreditamos num determinado momento, pois certo é que nunca são como as acreditamos e que um dia sempre nos aperceberemos disso. Nada e ninguém é o que parece e o que afirma ser. Mas tudo é verdadeiro, até o facto de que nunca conheceremos a verdade! Mas também sabemos isso desde que temos consciência, a nossa consciência é que não quer saber disso!  É quase de madrugada, o nevoeiro já levantou os pés e parece ter partido. Há-de ser uma manhã limpa e fria, pode ser até que o sol nos beije com alguns raios, ou não. Os dias, como a vida, são assim, uma espécie de agonia com algum vinagre e açucar à mistura e cada um faz o batido à sua maneira. Haja vida!