terça-feira, 28 de dezembro de 2010

POR TERRAS TRANSMONTANAS




Está um frio de rachar, parece que o mundo inteiro se uniu pra'me... acalmar! Só falta a neve. Tenho a família - não é toda, mas aquece - tenho o meu Tobias, já tive cá o meu amor e tenho estas paisagens maravilhosas. Olhando para toda esta beleza, só posso dizer que Deus passou por aqui. E digo eu, que nem sequer acredito em Deus!

Se não voltar ao blog durante as férias, deixo os meus votos de umas felizes entradas em 2011, de um ano Grande e cheio de alegria e amor para todos. A todos o meu obrigada pelo carinho que me têm demonstrado. Beijinhos.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ESTE TEXTO É MERA FICÇÃO

Foto de Henrique.- Mirandela.
Quando vou à terra costumo sentar-me nestes bancos a olhar o rio. Dentro de dias sentar-me-ei aqui e estarei com muita nostalgia e muito amor, a respirar intensamente.

Foto de Henrique.- Mirandela.
Onde o outono encerra a maior das belezas.
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"O amor é um contentamento descontente." Não fui eu que o disse, foi o Camões, há muito, muito tempo, Assim se mantém!
A lua está cheia e brinca ao esconde-esconde, aproveitando as núvens que passam. Na lua cheia- não é novidade -começo a uivar. Cá dentro, bem entendido. Há uma explosão de sentimentos e de palavras. Mas é melhor calares-te! Batem numa parede e caiem no chão, em puro desmaio. São meros remates à trave, ao lado ou por cima. Estás fora de jogo!
Pergunto-me se sou uma tola ridícula! Se existirá alguém capaz de corresponder aos golpes mais súbtis, aos arremessos mais audases, às provocações mais disfarçadas?
Não há como entender uma gaja! Céus! Hoje faz-me falta um pouco de poesia e audácia. Não me basta a ternurice. Preciso de palavras que vibrem, que me cortem a boca e o peito, que me inundem as veias e me expludam nas entranhas. Preciso de frases que me desloquem o coração, me arranquem as tripas e me virem do avesso. Canso-me do eco das minhas palavras não escutadas. Farto-me de palavras sem resposta, da quietude do silêncio, dos sussurros incompreendidos.
O amor é um contentamento descontente! Ao menos sabes disso? Sabes que é preciso a chuva, necessário o abalo do vento, a intempérie, o tornado e a força do sol?
Diz-me, diz-me... dá-me palavras intensas... antes que morra!
Preciso do teu sopro, um pouco do teu ar.
Eu fecho os olhos para te respirar.
Não me deixes morrer! Deixar morrer é tão simples! Quão difícil é dar vida e amemtá-la!
Para cada um, um precipicio. Seguras-me ou deixas-me ir?
Nunca saberás, pois não?...
Eu também não!

sábado, 18 de dezembro de 2010

BANALIDADES

Esta noite estou sozinha com o meu Tobias que está aqui aos meus pés bem em frente ao aquecedor. Os meus homens foram ambos para a farra. Um foi a um jantar de natal e o outro a uma festa de aniversário. Decidi matar o tempo a arranjar a árvore de Natal. Ficou bonitinha, não ficou? Não me esqueci do presépio, nem do Pai Natal. E está ali uma prendinha que foi o meu amor que ma entregou a noite passada. Já não o volto a ver tão depressa, vai para Castelo Branco amanhã e já fica lá para o Natal com a família. Eu vou para Trá-os-Montes na quarta-feira. Depois do Natal, se puder, ele vai lá ter comigo, vai ser muito agradável poder mostrar-lhe a minha terra.
Hoje sinto-me extraordináriamente bem. Estou a atravessar uma fase óptima na minha vida, por conseguinte, não tenho inspiração para escrever. Na verdade, é o desalento, a nostalgia, a dor e a saudade que me servem de inspiração para as frases bonitas, para os poemas pirosos ou os textos dispersos. Sinto necessidade de escrever, mas não sei o quê, não sai nada. Sai isto!



Os dias têm estado assim, escuros, com nevoeiro e frio. Esta é a vista da janela do meu escritório, na terça-feira às três horas da tarde. Ontem de manhã estavam dois graus. Não é habitual as temperaturas descerem tanto por aqui. Até parece que estou na minha terra. Arre!
Está um frio de rachar lá fora. Fui agora com o tobias à rua, está uma grade ventania, chovisca e o ar é gelado. Fiquei a tremer. Agora vou vestir um pijama, esticar-me no sofá, no quentinho e vou ver filmes até já não aguentar os olhos abertos. A todos um bom domingo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

POEMA INCOMPLETO


Na parede destes olhos, um retrato,
pregado num primeiro olhar.
Imóvel, fixos, como túmulos,
o retrato e os olhos
a que não voltarás quando forem vidro,
estilhaços, água.
Sabem que vão morrer
quando forem líquidos os olhos
e o retrato gota de sangue,
dor a escorrer abandonada.
O espinho és tu,
cravado nestes olhos nus,
parados, parado, amado.
Tudo o resto é flor, é campo, ave.

EU GOSTO É DO VERÂO


Abomino a arrogância. A mania de quem sabe tudo e de quem tem sempre razão com a máxima de que vale mais a morte do que um braço torcido. Quem não sabe ser humilde jámais saberá ser justo com os outros e generoso, no verdadeiro sentido das palavras. Porque só conhece um prato da balança que é o seu e quando dá, fá-lo para ser admirado e não para beneficiar alguém.

Destesto a pedinchice. É certo que quem não chora não mama, mas há pessoas que levam a vida a chorar e a mamar em todo o lado e sem necessidade disso. Vestem a capa de coitadinhas e lá vai mais uma mamada aqui, mais uma mamada li. E mamada a mamada enche o mamão o papo!

Não suporto a graxice. Uma escovadela no ombro, uma lambedela nos pés e um arzinho de cão caseiro fiel ao amo e pronto a fazer tudo. E venha a nós o que nos interessa, ainda que rastejemos!

Entristece-me a burrice. Que de burros todos temos um pouco numa ou noutra matéria, ainda que o não saibamos, precisamente porque somos burros. Mas aquela burrice tacanha, disfarçada de analfabetismo- não estudei, mas não me lixam! - é que me incomoda. Porque nem todos são doutores e nem todos estudaram apesar do canudos, mas qualquer um ganha instrução, se fizer por isso.

Estes predicados todos reunidos numa só pessoa, tiram-me do sério! E ter de aturar essa pessoa de vez em quando, é obra para um grande engenheiro - tipo o Sócrates. Por isso, hoje zamguei-me. Raramente me zango. Lido com muitas pessoas no dia a dia e acabo muitas noites a suspirar, a pedir a deus que me dê paciência e sabedoria para as entender e respeitar.
Mas hoje, disse a uma mulher: "A Senhora é teimosa, arrogante e não tem o menor sentido de justiça. Usa as pessoas e é capaz de tudo para sobreviver da melhor forma. A sua vida tem apenas um sentido único, o seu, aquele em que circula e para o qual se dirige. É por isso que a sua vida é cheia de dissabores. Vê os espinhos, mas não consegue ver a rosa. Anota o que dá, mas não consegue contabilizar o que recebe. Passa a maior parte do tempo a chorar as perdas, mas é incapaz de se congratular com as beneces. Desculpe, mas não tenho paciência para si. Estou cansada de falar consigo, porque tudo o que lhe digo bate-lhe na testa, faz ricochete e perde-se no ar. Não me peça mais favores. Desejo-lhe umas boas festas e peço-lhe que medite sobre a sua vida e sobre si mesma. Vem aí um novo ano, talvez seja uma boa altura para mudar alguma coisa. Vá para casa reflectir." Dei-lhe dois beijos e virei costas.

Raramente me zango! Mas esta dor de cabeça que já dura há dois dias e as hormonas às voltas dentro de mim, por via do periodo menstrual que está mesmo à porta, deu nisto! E a mulher anda a dar comigo em doida, aliás, já aqui falei dela uma outra ocasião, há relativamente pouco tempo, também por me ter tirado do sério. É minha cliente, mas à custa de se fazer passar por coitadinha nunca lhe cobro nada. Concluo que vive melhor do que eu, que sabe viver muito melhor do que eu!
Agora estou prá'qui com a cara dela estampada na minha cabeça, parecida com um cachorro que acabou de levar uma tareia do dono! Estou cheia de remorsos! Até dou comigo a falar alto sozinha! Não sei se por via do que lhe disse, se por via das hormonas andarem em guerra aberta no colo do meu útero!
O melhor é ir dormir e esquecer o episódio, pois só lhe disse, com sinceridade, aquilo que penso acerca dela. Creio que ela até não se zamgou comigo, pois agradeceu e deu-me um abraço, com lágrimas nos olhos, magoada possivelmente. Pronto, estou lixada! As hormonas e os remorsos já me estragaram a noite!


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SAUDADES

Este é, sem dúvida, o albúm que mais ouvi este ano e o que mais gostei.



Esta é, sem dúvida a melhor música/canção de 2010 e arredores.

Hoje tenho uma daquelas dores de costas e de cabeça fantásticas, melhor dizendo, fantasmagóricas, que tudo me perturba, mas é preciso viver, trabalhar, ir às compras e, porque não, escrever. Com ou sem dor de cabeça, não posso parar. Hoje ficava na cama a ouvir música, baixinho, no calor dos lençóis, a ronronar, se pudesse, mas não posso. Hoje o dia está nublado, neblinado e frio. Disseram-me que em Castelo Branco está um dia bonito e que lá só apetece passear. Era lá que gostaria de estar agora, mesmo com esta malvada dor de cabeça e costas. Estou gelada, mas o calor do aquecedor perturba-me. Esta música maravilhosa aquece-me. Andam gaivotas em redor da minha casa. É assim nos dias de chuva ou nos dias nublados, elas vêm do mar a 8 quilómetros daqui e sobrevoam as ruas. Às vezes há uma ou duas que se juntam aos pombos e aos pardais na apanha do pão. Ontem de manhã, uma delas rasou a minha janela várias vezes, por causa do pão. As asas abertas, para cima e para baixo, em circulos. Era enorme! Não encontrei a máquina fotográfica! Fiquei fula. O putou anda com ela na mochila, roubou-me o vício e a máquina. Fui buscar o telemóvel, tenho um telemóvel novo que tira fotos muito boas, mas esqueço-me disso, porque a máquina é sempre outra coisa. Mas a gaivota, entretanto, fugiu. Gosto das gaivotas nestes dias cinzentos. Gosto de ti, mais do que das gaivotas. Sabes disso, não sabes?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

...

Foto de Pedro - Mirandela

Observas-me enquanto faço desenhos no prato com a maionese. Tentas adivinhar aquilo que tenho para te dizer. Antes de ti não comia maionese e desde a sopa de letras que não desenhava no prato. Enches o copo com o vinho frisante e trazes-me a espuma à boca, a boca à boca. E dentro dela ponho um punhado de palavras. Sei, pelo brilho do olhar e a largura do sorriso que lhe tomaste o significado. Sabes agora a que sabem as palavras?

domingo, 12 de dezembro de 2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

...


- Tenho dificuldade em demonstrar o amor que sinto e ainda é mais difícil dizê-lo. - Disse ele.
- Tu adoras carros, daí a metáfora que vou usar. Tens um excelente carro, o volante nas mãos e uma estrada à tua frente. Se não aceleras não podes aferir das potêncialidades do mesmo. Se não ouves o motor a trabalhar não sabes como ele se sente e o que tem para te dizer. Se não o tratas bem ele vai ficar com marcas e desvalorizado. Se não o usas como deve ser ele vai desejar ter um dono que lhe dê o devido merecimento. Por isso, dá-lhe de beber, muda-lhe o óleo as vezes necessárias, mantém-o limpo, usa-o bem e com prazer, não o guardes demasiado tempo na garagem, evita os acidentes, nunca o emprestes pois não sabes se ou como te será restituído. Estima-o porque ele é único. Para concluir: as pessoas valem bem mais do que os carros e têm ouvidos que precisam de música e de palavras. Por isso, trata-as melhor do que tratarias um excelente carro e canta-lhes o amor. Se não souberes cantar o amor, sussurra-o, escreve-o, declama-o ou grita-o, mas não te cales. Calar o amor é consentir a solidão, concordar com coisa nenhuma. - Disse ela.

SOLIDÃO PLATÓNICA

Foto de Pedro - Mirandela
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Antes dele havia ruas barulhentas e pessoas em movimento desatinado. Havia o vento que assobiava nas árvores e a chuva que cantava nas janelas. Antes dele havia rios a correr para sul e nuvens que marchavam para o mar. Havia as sombras nas noites e manhãs que despertavam pelos quartos. Antes dele havia os nevoeiros à tardinha e as curvas das estradas. Havia aviões a riscarem o céu e o sol a descer pelas montanhas. Antes dele havia os violinos e os cubos de gelo a tilintar no gin. Havia os mal-me-queres nas bermas dos caminhos e os livros de Tolstoy nas bibliotecas. Antes dele havia os sonetos de Camões e as passeatas ao domingo. Havia combóios apinhados de gente e barcos a apitar no cais. Antes dele... a vida. A vida monotona, a vida alegre, a vida triste, a vida a cores, a vida cinzenta, a vida...
Depois dele NADA, o silencio. O silencio e NADA mais.
Ela quis muito amá-lo. Amá-lo pelas ruas barulhentas, por entre as pessoas. Amá-lo contra o vento e à chuva. Amá-lo nos rios, nas nuvéns e no mar. Amá-lo à noite e de manhã ao despertar. Amá-lo no nevoeiro e nas curvas das estradas. Amá-lo até ao céu ao sol e às montanhas. Amá-lo ao som do violino, ao sabor do gin, a tilintar. Amá-lo nas bermas dos caminhos sobre os mal-me-queres, nas bibliotecas e nas passeatas aos domingos. Amá-lo nos combóios e no cais. Amá-lo... como amam todos aqueles que amam...
Ela está entre as coisas e o silêncio. Ele não existe. Tudo é AUSÊNCIA.
AUSÊNCIA, silencio, NADA.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Linda, não é? Don't leave my mind...

Este também não me está a soar nada mal!

Este som também está a condizer comigo neste momento.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Gosto disto. O ritmo condiz com o que sinto no momento a letra não sei do que trata.

SUPREME SOUL



Este grupo é de Lisboa. Gosto imenso desta música, acompanha-me.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O AMOR TAMBÉM SE ABATE


Ontem, ao final da tarde estava a conversar com uma amiga, quando ela recebeu uma mensagem do namorado. Ficou branca. Mostrou-ma e perguntou-me como é que eu interpretava aquilo. Não soube responder. Disse-lhe que o melhor era perguntar-lhe a ele. Ela foi para uma outra sala e ligou-lhe. De repente ouço uma espécie de choro e gritos! Fui ver o que se passava e ela estava em pranto caída sobre o cadeirão! Acabou tudo! Assim, de um momento para o outro! Finito! Já não te amo! Quero sentir-me livre! A nossa relação não tem futuro! Olé!

Arre! Que puta de vida! Ainda a semana passada tinham tirado uma semana de férias juntos no estrangeiro. Quando regressaram ela vinha com um ar divinal e eu exclamei: "Meu deus! O que o amor faz às pessoas! Torna-as muito mais bonitas! Dá-lhes juventude e um brilho esplendoroso!" A semana passada!

De um momento para o outro tinha um trapo velho, jogado no lixo, mesmo ali, à minha frente. A dizer: "Dói tanto, dói tanto! O que é que eu faço à minha vida? Como é que eu páro esta dor, como é que eu vou superar isto?" Não tenho palavras! Nada me ocorre num momento destes! E nada serve de nada, bem o sei. Conheço essa facada que atravessa o corpo e nos leva todo o sangue.
Trouxe-a comigo para casa e ficamos a conversar até à noite.

- Como é que vou sorrir para os meus filhos! Achas que eles vão dar conta?

- Vais conseguir sorrir porque para os filhos nós temos sempre um sorriso, até nos momentos mais difíceis e as crianças não reparam nessas coisas, estão entretidas com o mundo deles, não te preocupes. - Tentei sossegá-la

- Como é que é possível! Há dois meses atrás ele pedia-me "nunca me deixes", e agora faz-me isto?! - Disse banhada em lágrimas.
- Não sei! Nunca entendi os homens! Nunca poderei entender os homens! Têm comportamentos absolutamente inexplicáveis! Espero tudo de um homem e não espero nada! É assim que encaro a minha relação e o amor - Hoje é, amanhã não sei o que será. Vivo com a maior das intensidades. Mas não espero que seja para sempre. E estou preparada para mais um golpe. Chegamos a uma dada altura que já não custa tanto. O amor passa a ser uma ferida aberta, parece que nunca cicatriza, porque vem mais um e dá mais uma pancada. Habituamo-nos!- Respondi.

-És capaz de ter razão. Não posso acreditar no que me está a acontecer! Se visses a frieza dele! Tem consciência da dor que me está a causar mas falou com uma insensibilidade! Afinal porque é que andava comigo? Sinto-me tão envergonhada! Como é que eu vou encarar as pessoas?

- Tens vergonha de quê e porquê? - Perguntei-lhe constrangida com a crise de choro .

- Porque eu andava tão feliz... dizia a toda gente como me sentia feliz e que ele era um homem maravilhoso. Que lhes direi agora? Que vergonha!
- Céus! É por isso que tens vergonha! Amar e estar feliz, estar feliz e mostrar aos outros que se está feliz. Afinal não é a coisa mais natural do mundo? Nínguém consegue esconder a felicidade que o amor nos dá, ela reflecte-se nos olhos e os lábios não param de sorrir. E não dá vontade de contar a toda a gente, de cantar e dançar na rua, de falar alto, cumprimentar todas as pessoas que passam por nós...? Como é que podemos ter vergonha de nos termos sentido assim? É o melhor sentimento que podemos ter... - Tive de me calar que ela já estava a esboçar um sorriso mas, de repente voltou às lágrimas e ao desespero.

- Sinto tanta vergonha! O que é que eu vou dizer ás pessoas?

- Nada, deixa as coisas acontecerem naturalmente, só isso. Não temos de ter vergonha de nada. As relações são assim, o amor é assim!

Quando comecei a sair com este namorado eu julgava que ele era mais velho do que efectivamente é. E ele julgava que fosse mais nova do que efectivamente sou. De maneira que, quando ele me disse a idade, eu ia caíndo da cadeira. Pedi-lhe o B.I para confirmar. Catorze anos mais velha do que ele! Ia-me dando uma coisa! E agora? O que faremos! Fiquei desolada! Que vergonha! Como é que ia dizer às pessoas a idade dele? Ou ele a minha? E ele só repetia "Eu gosto de ti. Eu não quero saber da idade, não me importo com isso. As pessoas não são números, são o que são. E eu gosto de ti. Não quero saber dos outros. Que importa o que os outros pessam ou não pensam". E eu também gosto dele. Ele é tão delicioso! Quando me perguntam a idade dele eu ainda respiro fundo, disfarçadamente, para responder. Mas, sinceramente, nada no amor nos pode envergonhar. Todas as pessoas que me conhecem sabem como eu ando feliz desde há três meses para cá. E creio que todas as pessoas que não me conhecem também o sabem, porque nota-se no rosto. É impossível esconder a felicidade! Se isto terminar eu ficarei muito triste. Porque ter vergonha? E que nos importam os outros ou o que os outros pensam de nós?
Estas situações inesperadas que nos causam tristeza profunda fazem-me pensar ainda mais, o quanto é importante viver um dia de cada vez, viver o agora, aproveitar intensamente cada momento.
É que, a felicidade pode ser uma estação do ano. A vida pode ser um pesadelo para o qual despertas. O amor pode não ser o amor. Por outras palavras:
A vida é dura e o amor é fodido!

HÁ COISAS QUE NOS DESPERTAM


Hoje não é um dia qualquer. Hoje não é uma data especial, pelo menos para mim. Mas hoje, melhor dizendo, esta noite, por razões que amanhã explicarei se tiver tempo, porque amanhã à tardinha, melhor dizendo hoje parto para Sintra e só regresso domingo à tarde, só me apetece dizer: amem intensamente, como se fosse o último dia, porque nunca sabemos quando é que o amor tem morte súbita, ou nós finamos.
Estou de regresso à música, muita música, música muito maluca, música de todos os tons. Estou de regresso a mim. Não espero nada de especial desta vida, apenas um dia de cada vez e que cada dia vibre de uma ou de outra forma, por esta ou por aquela razão.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

NORMALIDADE


Ontem sentia-me em baixo, sem razão nenhuma, andava como o tempo! Ao final da tarde ligou-me uma amiga: - Estou com uma neura do @! Já bebi duas cervejas e preciso de companhia- Disse-me ela. Boa! Já eramos duas! Veio jantar comigo e depois propus irmos a um bar aqui perto onde só passa música dos anos oitenta e se dança.
Ela é casada mas em vias de separação porque se envolveu com um amigo. O marido descobriu e deu-lhe um tempo para se decidir. A dada altura da noite perguntei-lhe:
- Achas possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?
- Se acho possível? Tenho a certeza. Olha para mim. Eu gosto dos dois. Por mim ficava com os dois, só assim é que era feliz. O meu marido é que não quer, o outro não se importava. - Respondeu.
- E achas que é normal gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?
- Deve ser, pois eu acho que não sou anormal. Ou se calhar sou! Não sei! O que é que tu achas?
- Não sei! Às vezes a normalidade é uma coisa estranha! - Afirmei.
- Se o meu marido aceitasse, até era um homem feliz, porque eu andava feliz e fazia-o muito feliz a ele. Assim, andamos todos na merda, numa tristeza profunda. E eu não posso, porque não consigo, decidir-me. De qual gosto mais? Amo os dois! - Disse desolada.
- A vida encarregar-se-à de decidir por ti. - Disse-lhe eu. Porém, pensei que, certamente, ela acabaria sozinha. É que há pessoas e são muitas, que gostam de aventuras, não sabem ser fieis. Estou convicta que aquele que trai uma vez, facilmente volta a trair. É um comportamento reiterado e reíncidente. Se ela optar pelo amante, um dia trairá o amante, se ficar com o marido, um dia voltará a ter um outro amante. Não tem de, necessáriamente ser assim, mas acredito nisto.

As pessoas vivem vidas duplas! Estive casada muitos anos e era tão apaixonada pelo meu marido e sentia que ele o era por mim, a ponto de não conceber a ideia de ele alguma vez me traír. Só quando me divorciei é que percebi a vida dupla que o mesmo fazia. Ele saía frequentemente para bares e discotecas enquanto eu ficava em casa a zelar pelo nosso filho. Aí engatava gajas e dava umas quecas em casa delas ou no carro. Tem sido dificil aceitar que vivi uma vida que, afinal, era um teatro, e eu era o único actor que levava a peça a sério. A realidade, não é a realidade! A normalidade, também poderá não o ser. Uma destas noites entre amigos e copos, fiquei a conhecer mais umas quantas aventuras do meu ex-marido. Ele estava presente, senti-me revoltada, mas disfarcei muito bem. Sou de um orgulho extremo e sei camuflar completamente o que sinto. Quando me despedi de todos e lhe ia dar dois beijos no rosto ele pediu-me um beijo na boca! Olhei-o com pena. - Tem juízo! - Disse-lhe eu. - No mínimo deverias ter vergonha e respeito. Ele pediu desculpas e eu virei costas. Não há vergonha e não há paciência!

Os bares são locais de engate, nitidamente. Duas mulheres sozinhas e há logo uma catrafada de gajos de volta delas! Elas só têm de escolher, se quiserem! E quem são estes homens? São solteiros, são casados, têm namorada? Quem o sabe? E quem o quer saber?
- Por amor de deus! Descontrai. - Disse a minha amiga enquanto se exibia sedutoramente para dois gajos que se colaram a nós. - Estamos aqui para nos divertirmos e isto está cheio e de homens giros.
Pode parecer ridiculo, mas ninguém mexe com a minha reputação. Sou muito ciosa da minha imagem e tenho tentado ao longo da vida que a minha imagem seja, de certa forma, em espelho daquilo que eu sou na verdade.
Estava completamente descontraída e estava a divertir-me. Só que detesto dar nas vistas, pela negativa, se assim se puder entender. Além disso estava na minha zona, ali estavam uns vizinhos, além um primo, um cliente e eu preservo imenso a minha reputação.
- É pá, o dos cabelos compridos está-te a chamar, quer que dances, quer falar contigo. Podes ao menos olhar para ele?
- Não. - Respondi.
- Porquê?
- Porque já o vi muito bem e é uma verdadeira tentação. E sendo uma tentação, o melhor é evitá-la. É assim que se evitam as infidelidades. Só vim aqui para ouvir música, conversar e beber uns copos.
Raios me partam! Quando saí dali tive a nitida sensação, quase a certeza que, se eu tivesse tido outro comportamento mais aberto, a minha amiga não teria saído dali comigo, mas muito melhor acompanhada! É por isso que digo, com convicção, que os comportamentos das pessoas são lineares. Há quem viva vidas duplas e, seja como for, seja com quem for, sempre viverão vidas duplas. Não se trata de gostar ou não gostar de uma pessoa, são formas de estar na vida. E são demasiadas as pessoas que assim vivem! E quem o sabe?! Só os melhores amigos, nunca quem os ama, esse é sempre o último a saber!

Não confio em ninguém!
Usem o preservativo, sempre.

CONTRA A SIDA

Esta noite, num Bar, andavam a distribuir isto.

E dentro disto estava isto.

E dentro disto ainda estava isto.

EU USO. E TU?

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

DESATINO!


Esta madrugada olhei para o meu rosto no espelho e apeteceu-me partir, o rosto, o espelho ou partir para qualquer lugar. Penteei os cabelos e apeteceu-me pintá-los, cortá-los, trocá-los, comprar uma peruca. Abri o guarda fatos e apeteceu-me arrancar tudo lá de dentro e colocar no lixo. Cheguei ao escritório, olhei para as pastas, fiz montinhos com a papelada e sentei-me sem fazer nada.
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Hoje só apetece fumar. E uma ilha deserta...

DOS SEXOS À GUERRA


Numa loja de roupa:
- Por amor de Deus(!) vamos a um casamento, não vamos à entrega dos óscares. - Disse ele.
Ela ficou estática a olhar para ele. Depois atirou com o vestido para cima do mostruário virou costas e saiu sem dizer nada. Ele foi atrás dela.
Eu fiquei a olhar para o vestido e a pensar.
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Never is a promise - Fiona Apple

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PREGUIÇA!

O tobias de madrugada. A chuva a caír na janela... muito frio!
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Hoje só apetece cama. E ternuras...


domingo, 28 de novembro de 2010

DE OLHOS NOS LIVROS


Fui às compras e trouxe este. Andava com curiosidade acerca deste autor. Vamos ver se é hoje que me estico ao longo do sofá, no quentinho da sala e começo a lê-lo. É o quarto livro que compro este mês, mas só li um e, confesso, não o achei grande coisa, embora engraçado e de leitura fácil - "Diário de um killer sentimental" de Luís Sepúlveda.
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ROMANCE SOLITÁRIO


Ela deita-se todas as noites com ele. Dentro da noite eles vivem e dormem no mesmo quarto. Acordam todas as manhãs enroscados nos braços e pernas um do outro. Ele não o sabe.
Ela encontra-se com ele a horas marcadas do dia e conta-lhe como foi que tudo aconteceu na sua vida, tecendo um livro de histórias variadas, muitas delas, empregnadas de fantasia, alteradas por uma visão quase romântica de tudo, um teatro de ensaios unilaterais incompreendidos por uma assistência fria e indiferente. Ele nunca está presente nem escuta o som das palavras, sequer vê as cores do palco que ela pinta a rigor para o impressionar e lhe transmitir fielmente a falsa realidade que o mundo é.
Ela encosta-lhe o rosto contra o peito para que ele, surdo, sinta a balada que toca no coração e lhe apanhe o ritmo com as mãos a dançar na alma. Beija-lhe as palpebras, como quem afaga um filho, cego, e afugenta a tristeza mais sombria.
Ela agarra-se a ele. Ele não o sabe. A dor dele agarra-se a ela. A dor dela é ele.


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11th Dimension - Julian Casablancas

sábado, 27 de novembro de 2010

SOMOS ÚNICOS, SEM DÚVIDA!


Há um lugar onde nascem os sonhos. Pensei que deveria ser no pensamento, mas estou quase certa que só pode ser no coração. Todos ambicionamos ser únicos, todos julgamos ser únicos, como no filme "Inteligência Artificial", e todos somos, efectivamente, únicos. Um dia nascemos para alguém, de uma ou de outra forma, seja em que idade for, e tornamo-nos únicos. Às vezes, as pessoas para quem nascemos únicos não o são para nós. Às vezes, não somos únicos para as pessoas que o são para nós. Às vezes, somos tão únicos que dois passam a ser um só.
Um dia nasceste para mim e percebi logo que eras especial, que eras único.
Queremos sempre uma vida inteira. Como no filme. Só queremos ser de verdade. É essa a meta suprema: ser de verdade e ser para sempre. Desde o dia em que se nasce, uns e os outros, uns para os outros. Tu para mim, eu para ti. Lembro-me, sem precisar, do dia em que nasceste e te pressenti único. Lembro-me da terra a tremer dentro mim, do mar a inundar as tripas e um curto-circuito a desligar-me, a piscar, a desligar-me. Um apagão e o recomeçar. A vida nunca mais seria a mesma! Eu só queria ser real. Eu só queria ser de verdade. Oh, fada Azul!... poderias conceder-me o desejo de me tornar verdadeira, para obter o amor do meu amado?
Queremos sempre uma vida inteira. Como no filme. Mas, no filme, um dia, um só dia, acabará por valer uma vida inteira. Depois ele adormece e vai para o lugar onde os sonhos nascem. E a nós? Bastar-nos-á um dia de verdade, um único dia!? Fechamos os olhos, adormecemos e vamos, para o lugar onde os sonhos nascem? Um único dia, em que somos especialmente únicos, infinitamente únicos?! Ou não!
Um dia eu nasci para ti. E tornei-me de verdade. Ainda não sei se me tornei única.
Um dia nasceste para mim. Para seres único e de verdade. Para mim! Oh, fada Azul!... Oh, fada Azul!...


sexta-feira, 26 de novembro de 2010


É sexta-feira à noite e não sei o que fazer!
Como foi que me desabituei de estar só, se passo tanto tempo sozinha?
Os meus rapazes foram ambos de fim-de-semana e eu para aqui perdida entre blogs e músicas, lembranças, sonhos, saudades e nostalgias!

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

MARAVILHOSA POESIA


Dá-me a tua mão
.
Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua-
para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.
.
Dá-me a tua mão companheira
até o abismo da ternura derradeira.
*
*
*
Cala-te...
.
Cala-te, voz que duvida
e me adormece
a dizer-me que a vida
nunca vale o sonho que se esquece.
.
Cala-te, voz que assevera
e insinua
que a primavera
a pintar-se de lua
nos telhados,
só é bela
quando se inventa
de olhos fechados
nas noites de chuva e de tormenta.
.
Cala-te, sedução
desta voz que me diz
que as flores são imaginação
sem raiz.
.
Cala-te, voz maldita
que me grita
que o sol, a luz e o vento
são apenas o meu pensamento
enlouquecido….
.
(E sem a minha sombra
o chão tem lá sentido!)
.
Mas canta tu, voz desesperada
que me excede.
E ilumina o Nada
Com a minha sede.
*
*
*
Um dia virás,
hora doce e calma
sem as espadas dolorosas
que me sangram a alma
quando cismo...
.
Eu que até nas rosas
procuro um abismo.
*
*
*
Que voz é essa que vem da floresta
e não do meu coração?
Pois os pássaros não cantam apenas
na minha imaginação?
Existem em cor e penas
na realidade desta canção
de mim tão alheia?
.
Ó pássaro autêntico,
volta a ser ideia.
*
*
*
Chove...
.
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
.
Chove...Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
*
*
*
Entrei no café
com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr da imaginação...
.
A seguir,
tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir -
onde só procuro a Beleza
para me iludir dum destino.
.
- Poemas de José Gomes Ferreira -

terça-feira, 23 de novembro de 2010

DESABAFOS


Entrei agora no escritório e reparo como a minha secretária está cheia de pastas e de papelada ás resmas! Muita coisa acumulada e pouca vontade de fazer. Fui aos correios. Vou muitas vezes aos correios enviar cartas. Já não escrevo cartas como antigamente, cartas aos amigos, cartas de amor. Ainda escrevo muitos rascunhos de cartas que não chegam a ninguém, pelo vício de escrever ou a necessidade de dizer o que não digo. Tenho o blog cheio de rascunhos e os dedos também! As funcionárias dos correios conhecem-me. Há sempre uma converseta pelo meio do atendimento. Há pouco, a funcionária foi desabafando, contando isto e aquilo, sobre a grande depressão em que se encontra! Quase chorou. Lá disfarçou o estado de espirito como pode. Raios! O que é que se passa com as pessoas? Deparo com tanta tristeza à minha volta! A vida é assim tão má ou as pessoas não sabem como vivê-la?

Ontem de tarde fui para Lisboa fazer uma escritura pública. Enquanto aguardavamos, a minha cliente emborcou dois antidepressivos. Tinha uma maleta cheia deles! E continuava tão nervosa e irrequita, que até me causava impressão. Veja lá se sossega! Disse-lhe eu! Tenho-lhe um ódio profundo! Disse-me ela. Ao ex-marido. Arruinou-me a vida completamente! Quando ele entrar por aquela porta, até me vão dar vómitos. Nos primeiros anos fui eu que paguei a casa sozinha e agora tenho de partilhar com ele as mais valias! Isto é que é o direito! Praguejava ela. A dado momento pus-lhe a mão ombro, arrastei-a para um canto e sem disfarçar a irritação que me estava a causar, perguntei-lhe como é que tinha pago a casa sozinha. Explicou-me, então, que a prestação no valor de € 500,00 e tal era retirada do seu ordenado de € 600,00. Não lhe ficava nada. A seguir perguntei-lhe como é que pagava as contas correntes, se alimentava o casal e os filhos, se vestiam e calçavam e tudo o mais. Explicou-me que isso era tudo pago com o vencimento dele. Então como é que você pagou a casa sozinha? E com que direito se julga no direito de não partilhar? Perguntei-lhe. Se calhar, se alargasse a visão, se olhasse para todos os lados, veria a justiça de outra forma. se calhar, se o fizesse, nem precisasse de antidepressivos!

Não há paciência!

Estou numa fase da minha vida em que trabalhar quase não me dá prazer. Não sei o que se passa com as pessoas! São tão injustas, tão intolerantes, tão egoístas, tão deprimidas e deprimentes!

Há dias, um individuo que deixou a mulher para ir viver com a amante, foi questionado se era vontade sua divorciar-se. A resposta dele a olhar para a futura ex-esposa foi não. Mas a vontade de manter o casamento não pode ser só de um, pois não? Questionou o dito sujeito. Eu olhei para ele, meia atordoada e perguntei-lhe se ele não vivia com uma senhora, ao que ele respondeu que sim, mas... Então perguntei-lhe se essa senhora tinha conhecimento desse mas..., ao que ele respondeu que não. Vi-me obrigada a pedir-lhe para não dizer mais nada. Claro que saiu dali divorciado, pois como o próprio disse, a vontade (qual vontade?) não depende só de um.

Não há paciência! Não há!

Um dia destes, uma amiga minha que se quer divorciar, exigiu do marido manterem a casa de morada de família para os filhos nela habitarem e cada um dos progenitores passaria lá uma semana com eles, alternadamente. O que obrigava a que cada um deles tivessem uma terceira casa para habitar. Mas claro que os encargos ficariam a cargo do futuro ex-marido. Quando pediu o meu conselho disse-lhe que tivesse juízo. Os filhos vivem com os pais ou com um dos pais, não são os pais que vivem com os filhos. Como pode ela exigir que o marido suporte tamanho encargo financeiro, quando ela está cheia de problemas económicos e mal se consegue sustentar a si própria? É para bem dos menores. Disse-me ela. Não pensou nisso quando se enrolou com outro tipo. E para bem do marido? Ficou aborrecida comigo! Porra!

Não há paciência! Não há, não há!

domingo, 21 de novembro de 2010

MANEIRAS DE DIZER


Contigo, o céu, como se fosse a terra. Ou a terra no céu.
Por dentro, também, sinto um horizonte.

Caminhar faz sentido, quando não estamos sós.

Se o amor é tão fácil de dizer, porque razão me calo quando te falo?
E, no entanto, o sangue corre veloz, dentro de mim, para as nossas mãos!

Olho o céu e consigo tocar-lhe com os dedos.
Talvez sejam os meus dedos a desenharem o céu que vejo.

Um dia, as palavras, a tocarem qualquer coisa.
Um dia, sim, o som, a música nas palavras.
Em rima, ou em ruína?

JOHN GRANT - QUEEN OF DENMARK / OUTROS...

John Grant - Queen of Denmark (2010)

Playfellow - Carnival Off (2010)


Micah P. Hinson - Micah P. Hinson And The Pioneer Saboteurs (2010)

Serena Joy - Ours Will Be a Lonely Battle - E.P. (2007)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

GUERRA DOS SEXOS


Ontem foi dia de festa. O meu filho fez dezassete anos. Os avós saíram do restaurante e levaram os putos. Fiquei eu, o cunhado, o ex-marido e um amigo nosso. Quatro divorciados, a darem no whisky e a descascarem nas mulheres e nos homens. Claro que eu estava em desvantagem, não só por ser a única mulher, mas ainda por ter o ex-marido presente.

- Um homem é demasiado simples, fácil de entender, para manter uma relação só precisa de bom sexo e cerveja, em casa. - Disse um.
- Não é bem assim. - Disse eu. - Deves acrescentar "e na rua", porque só em casa nunca lhes basta. Sentem necessidade de mudar de marca de vez em quando.

- Já as mulheres precisam sempre de fazer contas à vida, de agendar o cabeleireiro, de procurar o roteiro de férias, de fazer compras desnecessárias e de arrumar a casa na hora mais conveniente para praticar sexo. - acrescentou outro. - E adoram contabilidade, nomeadamente para poderem somar o ordenado do marido ao delas e verem quanto é que podem subtraír do primeiro para uso pessoal, extravagâncias ou vaidades.

- É por isso que eu agora pago para ter sexo, é mais seguro, mais barato e no dia seguinte não tenho de me lembrar do nome e da cara, nem tenho de lhes telefonar. Bem sei que aquilo é tudo a fingir, mas cheguei á conclusão que, com as minhas mulheres, nunca soube quando é que o não era. Por isso agora tenho a certeza e não ando enganado.

- Nunca percebi porque é que as mulheres sentem necessidade que andemos sempre de volta delas "meu amor", "minha querida", "adoro-te"...
- O grande problema é que os homens nunca percebem nada sobre as mulheres e nem tentam perceber.- observei.
- Os homens percebem de sexo e de cerveja. É quanto basta.
- Não. - Digo eu. - Os homens percebem de cerveja, mas julgam que também percebem de sexo. Um outro grande problema é precisamente esse. Quase todos pensam que percebem de sexo, mas são poucos os que efectivamente percebem. Deve ser por isso que as mulher fingem tanto. Desistem de lhes fazer perceber que não percebem nada. É que, para os homens, bom sexo é o sexo que os satisfaz e só isso.

- Tem tudo a ver com a educação, a forma como somos educados desde a infância.
- Para mim, tem tudo a ver com as diferenças e a forma como cada um pensa e encara o outro. Um homem e uma mulher são completamente diferentes. - Digo eu. - Até onde é que cada um de nós está disposto a ir para se entender com o outro e superar as diferenças? É aqui que o amor tem um papel relevante.

- Não me fales do amor. Quem é que precisa do amor? Eu já não preciso do amor. Estou melhor sem ele. Só preciso de sexo.
- Ainda bem! - Disse-lhe eu. - Todavia, não acredito. Todos nós precisamos do amor, até mesmo aqueles que dizem que não. Quem o não tem, ainda que o não procure, espera-o. O amor é condição sine qua non da própria vida, do Homem. Estarei a exagerar? Não sei, mas é assim que eu penso.

Muito se falou ali, sobre muito, umas coisas completamente parvas outras que me puseram a pensar sériamente. Cheguei a casa já passava das duas horas da manhã, e na minha cabeça só tinha um pensamento: "Os homens são uns verdadeiros idiotas. Não confio num único homem. Jámais poderei esperar grande coisa de um homem! E é com isto que tenho de viver!" Estiquei-me na cama, escrevi uma mensagem muito amorosa, enviei-a e adormeci.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

COISAS DE GAJAS


Há dias uma cliente solicitou-me uma reunião urgente porque ia ser internada no dia seguinte. Preocupada perguntei-lhe se estava doente e disse-me que ia tirar as banhas da barriga. Credo! Até me arrepiei! O quê? Tenho uma amiga que fez isso e sofreu imenso. Vaidade, a quanto obrigas!
Confessou-me, então, que aquele belo par de mamas que tem, são de silicone. Sim, porque as dela estavam lisas e caídas até ao abdómen, e até davam para enrrolar e prender com uma mola. Xiça! Mulher sofre para ser bonita!
Depois indicou-me uma loja onde fazia as unhas de gel. Mostrou-me as dela. Estavam perfeitas, sem dúvida. A estéticista dela trabalha bem. Também se notava no brilho dourado do cabelo.
Hoje, após o juíz lhe decretar o divórcio, abraçou-me fortemente, com lágrimas nos olhos. Estava comovida. "Vá!... Não vai chorar, pois não?" Perguntei-lhe eu enquanto ela me apertava. Soltou-me logo. "Não posso. Ontem fui fazer extensões nas pestanas e não posso chorar durante quarenta e oito horas, por causa da cola. Estão bonitas, não estão?" De facto! Muito bonitas! Então para quê chorar?
E pronto, que hei-de dizer mais? Ela tem andado a refazer o corpo, agora já pode refazer a vida.

Moral da história:
Nem tudo o que brilha é ouro, mas há metais que, depois de polidos, imitam muito bem.
E acrescento:
Procura a felicidade como puderes, como conseguires, como entenderes. O importante é ser feliz e fazeres os outros felizes.
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Up Past The Nursery - Sunns

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O AMOR


A maioria das vezes o amor desarruma-nos o coração, saca-o para fora do peito, deixa-nos à toa e à tona da vida. Ao invés, sinto que ele me arruma o coração, que mo coloca no sítio certo. Fala baixinho e paulatinamente e quando o ouço, tudo em mim sossega, como se todas as coisas fizessem sentido. E entro pela vida como se mergulhasse num lago de águas serenas.
Olho pela janela e vejo um carrinho ambulante e a dona apregoa castanhas "quentes, quentes e boas". A mulher debruça-se sobre a plataforma de metal, apoia o cotovelo, o queixo sobre a mão e o fumo atravessa-lhe o rosto de expressão triste.
Às vezes, o amor é como um pregão, "quente, quente, e bom". E esvai-se como o fumo.
Às vezes, o amor chega de mansinho, insinua-se discretamente e instala-se de forma imperceptível.
É simples como a minha figueira, alegre como os meus pardais e quando olho para ele vejo uma beleza que mais ninguém vê. E digo para mim mesma "O meu amor é lindo!" Quando me toca a folhagem abana tão estreloucadamente que até o tronco estremece.
O meu amor é feito de paz e vento. Tranquiliza-me e sacode-me.

NORMALIDADE


A maior parte das horas dos nossos dias são aborrecidas e provocam ansiedade. Ou porque são passadas no trabalho fora de casa ou no trabalho da casa. As horas vividas em paz e deleite são verdadeiramente escassas. Eu gosto do meu trabalho, ele dá-me prazer, as pessoas com quem tenho de falar para o fazer é que lhe retiram a beleza. De facto, eu falo, eu explico, eu aconselho e as pessoas ouvem, mas ouvem mal! Não porque tenham falta de ouvido. Não porque sejam burras e não entendam o que lhes ligo. Mas porque as pessoas são más! Não sei se as pessoas são más por natureza ou se aprendem a ser más por defesa ou se por um gosto mórbido! As pessoas vêem a justiça voltada para si mesmas. A sua justiça. Aquela justiça defeituosa, impregnada de egoísmo e de ódios.

De manhã, ao levantar da cama, em vez de se dirigirem ao espelho e de observarem a sua própria imagem, as pessoas deveriam dirigir-se à janela, observar o dia, a gente que passa, os pombos que bicam no passeio, os pardais que as saudam, o vento que lhes bate na cara.

Às vezes estou a ajudar pessoas com o meu trabalho e, pura e naturalmente, só me apetece bater-lhes! E isto sucede com demasiada frequência! O que me retira o gosto pelo trabalho. Porque, às vezes, muitas vezes, consigo aquilo que é quase um milagre, mas as pessoas ficam as remoer as suas raivas e as suas adversidades, não contra mim, mas contra o outro ou os outros, perdendo a oportunidade de valorizar o que obtiveram e de agradecer ao seu deus. Às vezes, fico tão revoltada! Tenho a consciência que as pessoas vivem revoltadas com a vida, por isto e por aquilo e por tudo e por nada! Não vivem! Rancoreiam entristecidamente! Deve ser por isso que não sabem apreciar as coisas tão deliciosas que caiem a seus pés como penas trazidas pelo vento! E abandonadas pelo desprezo destes cegos! Estranho mundo este!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Divulgação do single de estreia do Mt. Erikson, dos Iconoclasts


Os Iconoclasts formaram-se em 2008, ano em que apresentaram ao público o seu EP de estreia homónimo. Desde então, rapidamente obtiveram notoriedade no rock lisboeta, partilhando palcos com artistas como Linda Martini e Os Pontos Negros. Ao longo de 2009, os Iconoclasts levaram a sua música a salas de espectáculo espalhadas por todo o país, criando uma reputação pela entrega emocional e enérgica em palco. Em Lisboa, preencheram salas como Santiago Alquimista e MusicBox, sem agenciamento e sem promotores.

Em 2010, os Iconoclasts prepararam o seu primeiro álbum. Durante vários meses, gravaram com Eduardo Vinhas (B Fachada, Pop Dell’Arte, Jaguar) 13 temas originais. O disco, entitulado “Mt. Erikson”, é um reflexo sobre a ingenuidade da infância e da adolescência, sobre a transfiguração da criança em adulto. Musicalmente, “Mt. Erikson” convida a relembrar alguns movimentos britânicos e norte-americanos do rock alternativo do princípio dos anos 90, mantendo uma ligação constante ao pop e rock indie actuais. Com uma data de lançamento estimada para Dezembro de 2010, os Iconoclasts apresentam “Mt. Erikson” como o seu álbum de estreia.

http://www.myspace.com/iconoclasts

Vão ao myspace da banda e ouçam com atenção a música "Pretenders".

SERÁ ISTO UM POEMA?


Há palavras nos meus olhos.
Íntimas, erectas como punhais,
ávidas de mel.
E a tua boca olha-me com sede de vento quente.
.
Há nas palavras o poema que não consigo escrever.
.
Aprofundamo-nos no inquieto silêncio
em que te zelo e me vigilas.
.
Eu arco, tu flecha
.
como será o voo,
e este diluvio de silabas retidas no ventre?
.

domingo, 7 de novembro de 2010

THANK YOU

You make me smile like the sun
fall out of bed
sing like bird dizzy in my head.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

BRYAN FERRY - OLYMPIA

  (2010)
.
Sempre adorei este homem. Mantenho-me fiel. Ele também continua fiel a si mesmo.

MEDO


Há umas horas atrás tive medo. Não queria pensar senão que talvez estivesses impedido com alguma coisa inesperada. Não conseguia pensar que coisa inesperada poderia ser essa que talvez te estivesse a impedir de me atenderes o telefone ou de me ligares. Não queria pensar. E não querendo pensar, não conseguia deixar de pensar. O medo a atrofiar-me o pensamento. O pensamento a ditar-me coisas estranhas, nomeadamente que haverias de estar impedido porque haverias de ter-te cansado de mim. Sem mais nem menos! De um dia para o outro! Sei lá! Não querendo pensar que tudo é possível, sabendo que nem tudo sendo possível há coisas bem possíveis de acontecerem.
Há umas horas atrás só queria que me atendesses o telefone estranhamente silencioso. Ou que te lembrasses de me retornar as chamadas. E um medo mórbido instalou-se dentro de mim e prostrou-me no sofá, encolhida como uma pétala murcha e enrugada, caída de um vaso abandonado ao romper do outono. Qualquer coisa dentro de mim a escrever um verso triste que haveria de colar neste lugar debaixo de uma imagem nobre, escolhida propositadamente para um desfecho despropositado.
Subitamente surges-me à porta! Dizes-me que as saudades te trouxeram aqui. Deixas-me sem pensamento e sem palavras. Varres-me o medo como um vendaval. Quase me trazes as lágrimas aos olhos e o poema aos dedos.
Sei agora que não sou tão forte e tão firme como me julgo.
Agora sei como te quero. Como não te quero perder. Deveria ter-to dito. E não fui capaz!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

VELHARIAS

Outras velharias que tenho guardadas. Um Omega em prata de 1900 e "O Idiota" I e II Volumes do Fedor Dostoiewsky de 1943.


COLECÇÃO




Ontem à noite andei a arrumar a despensa e descobri várias caixas que já não fazia a menor ideia do seu conteúdo. Numa delas encontrei esta colecção de crucifixos que fui adquirindo ao longo de vários anos, aqui e ali, em feiras de velharias. Não me lembrava, sequer, que tinha isto! Também encontrei o bilhete de autocarro que me levou a Paris em 02/08/1990 pelo preço de 21,380$00. As coisas que nós vamos guardando e que um dia encontramos!