segunda-feira, 31 de maio de 2010

TANGO


A vida é um tango.
Dancemos meu amor.
Dancemos este apelo que nos tange.
Cria o ângulo, a curva, a recta,
a onda e a maré de sede.
Sê a própria música.
O movimento,
o corpo, o meu desejo,
a tua pele e a minha carne.
Dancemos dentro, fundo,
afundo nas águas.
Dancemos meu amor.
Que a vida é um tango.
E o que sobra é dor.
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This love is Fucking right - The Pains of Being Pure At Heart

domingo, 30 de maio de 2010

EXPERIÊNCIAS NOVAS


A lua está redonda.

O sol aquece.

E o fim-de-semana está quase passado.

Na sexta à noite, ainda estava em Sines quando recebi um SOS de uma amiga que abriu um bar há oito dias. De novo na estrada, rumo à margem sul, aí vou directa à má-vida. Pouco dormi. Comprometi-me a ajudá-la enquanto não arranja outra pessoa para o trabalho. Já aprendi a tirar cafés, imperial, a servir as bebidas e a pôr as mesas para os petiscos. A seleccionar a música, os vídeos e a lidar com os bebêdos. Incrivel! Desde as quatro horas da tarde de ontem, nem sei quantas pessoas dali saíram em estado alcoolizado. Uma fulana passou lá o dia, sempre a dar na cerveja, e contou-me a sua vida. Um fulano, nas duas noites, colou-se a mim como uma melga, quis-me ler a sina e quis à força dar-me o número do telefone. Um cavalheiro que tinha estado lá de tarde, voltou à noite e encostou-se ao balcão. Queria por força pagar-me uma bebida e melgou-me durante umas duas horas. Isto está bonito! Há uma diferença enorme entre o lado de cá e o lado de lá do balcão. De facto, quando estamos do lado de cá, é como se só existissemos nós e a nossa vida, apesar de estarmos a partilhar com quem nos acompanha. Do lado de lá não temos vida, temos na mão a vida dos solitários que se encostam ao balcão na ânsia de serem ouvidos, enquanto agonizam as suas angustias nos tragos do alcoól. E, à medida que as horas vão passando, o alcoól viaja-lhes nas veias e vão ficando mais despertos para o diálogo, com uma vontade crescente de partilharem os desgostos. E também vão ficando mais agitados e inconvenientes. O alcoól é uma coisa bem terrível! Desculpemos estas pessoas, pois como diz o Bagaço Amarelo, os homens só se embebedam por causa do amor.

Tenho de ir. Vou entrar ao serviço.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O VÍRUS


Penso que deveria dizer-lhe que há muito tempo que tenho um fraquinho por ele.
É verdade.
Ele enfraquece-me.
Põe-me o corpo todo a varejar.
Pára-me em tremelique, desamparada,
sem caminho, ponte ou estrada,
sem chão, sem nuvem, sem ar para respirar.
Põe-me a improvisar,
palavras sem sentido,
frases distorcidas
e sonhos desorganizados.

Ter um fraquinho é isso mesmo: ficar fraco.

Penso que deveria dizer-lhe.
Que me deixa atordoada,
perturbada e a parecer um clone.
Que,
se continua a enfraquecer-me,
irei deteriorar-me.
Que estou quase prisioneira das horas assassinas,
dessa solidão que a todos nos move,
para cá e para lá,
no pega e larga.
O meu código de barras está ilegível
e alarme alerta vermelho,
perigosamente.
Acho, por bem,
dizer-lhe que não sou rica,
nem há futuros promissores.
Nem possuo fé, não professo religião,
não aprecio futebol, nem tenho educação.
Que sou uma gaja normal,
magricelas
e a atirar para o louca.
Que é melhor que não me arreie as pernas
e não me arrepie a espinha,
porque eu preciso delas,
preciso de me manter direita
inabalável.
Eu quero correr.
Ainda não encontrei o que ando a procurar.
Nem procurei o que espero encontrar.
Eu deveria dizer-lhe
que a tristeza não faz parte da viagem.
Pedir-lhe que não me passe mais rasteiras.
Que todo o ar me faz falta.
Que vê-lo seria nascer,
para morrer de novo.
Penso que é melhor dizer-lhe tudo isto.
Antes que o céu me caia na cabeça!

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Distance - Editors

quarta-feira, 26 de maio de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS


Hoje enviaram-me um email que tinha por título "O AMOR É LINDO". Quando o abri estava vazio. De facto o amor é lindo. É, talvez, a coisa mais linda que nos pode acontecer. Assemelha-se a um nascer do dia, uma luz que irradia lentamente até atingir um brilho que nos cobre por inteiro e nos desperta para o sentido mais belo das coisas. Depois, esse lindo amor, quase sempre acaba nisso mesmo: um vazio!

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Fuck You - Lily Allen

OLÉ!


Esta manhã tive um ataque de nervos. Há cerca de dez dias que os nervos me andavam a morder o cérebro. Comiam aqui e ali, bocadinhos pequenos de coisas que me faziam falta. O sono incerto, desmotivação para o trabalho e o convívio e alguma tendência para me sentir um insecto feio e estranho. Detesto esse estado de ebulição onde fervem todas as coisas negativas. Agarrei esses nervos todos e ataquei-os ferozmente. Foi um ataque massivo. Limpinho!

Tenho andado a acordar antes das seis horas da matina. Como raramente me deito cedo, andava ressentida da insónia. Com o corpo quase inerte e a alma (aquela que finjo ter), a arrastar-se pela rua da amargura. Ora, se eu só tenho de me levantar às oito, sobravam-me duas horas de sonho desperto a imaginar as coisas mais improváveis. Que o sonho comande a vida dos poetas, aceita-se. Que comande a minha, não é razoável. Por príncipio, gosto de comandar o sonho. Se eu sonho tanto, o que seria de mim, da minha vida, se não tivesse aprendido a controlar o sonho? Rosa Púrpura do Cairo? Ai quem me dera - abrir o computador (que agora os tempos são outros) e ver-te sair dele, apareceres de carne e osso, e cor e voz, cabelo e movimento... Pois sim! Ou pois não.

Esta manhã levantei-me, ao invés de ficar às voltas na cama. Não sonhei, acho que nem pensei. Comecei a dançar enquanto fazia o café. Esse é um sinal vital. Agarrei em mim e numa amiga e aí vamos passear para Lisboa. E levei o carro. E não me perdi! Aléluia! Sinto-me tão cheia de energia! Tão cheia de malícia e de humor! Já andava a dar em doida com tanta irritação. Estará lua cheia? Ou os santos vão cair do altar?
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Head on - The Jesus and Mary Chain

terça-feira, 25 de maio de 2010

ABRAÇA-ME


Óbviamente que te esquecerei. Que se perderá a impetuosa fome de sorver os teus mistérios. É mais que certo que deixarei de te contar os meus segredos. Um dia morreremos um para o outro, inevitavelmente.
Hoje estancas o tempo. Espero-te pela calada da noite, do dia ou da madrugada, num "tanto faz" desde que chegues. Podes dizer "está frio" ou "faz calor", duas ou três palavras apenas, como se não dissesses nada e eu tomo a liberdade de fingir que me falas de tudo, do passado que desconheço e do agora que invento.
O tempo há-de ceifar-nos o gosto dos secretos encontros, apagar as linhas em que te confesso que fecho os olhos para desenhar os traços do teu corpo e quase tocar-te.
Eu sempre escreverei, creio, coisas pessoais e insignificantes. Porque tenho uma voz muda dentro de mim, que não sabe exprimir-se de outra forma. Um dia as palavras tornar-se-ão pequenas, como se tivessem chegado ao fim. Porque um dia ter-te-ás esquecido delas. E óbviamente que eu me esquecerei de ti. Quando o sol se puser no meu corpo e trágicamente anoitecer. Antes disso, abraça-me o coração, devagarinho, para não o magoares.

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One Specific Thing - Mr. Hudson & The Library

segunda-feira, 24 de maio de 2010

DA IMPOSSIBILIDADE DO AMOR


A vida é injusta. E o amor é fodido, é uma espécice de arma biológica e química - porque interfere com o corpo, roubando-nos o sono, o apetite, a alegria e, porque, bem sabemos, que sem atracção/química não há amor. Devasta-nos. O amor deveria revestir os braços e as mãos que o abraçam, de penas delicadas e graciosas para voarmos alto e longe, não cortar-nos as pernas e os movimentos, limitar-nos a um quarto escuro e solitário. O amor deveria falar-nos poeticamente, em forma de música e não num gemido, em forma de dor.

O meu filho conheceu uma mocinha, da idade dele, no Hi5. Apaixonaram-se. De tempos a tempos ele acabava o romance e a miuda chorava que se fartava e ligava-me de hora a hora, como se eu tivesse o antídoto para as maleitas do amor! Eu! Agora parece que acabou de vez. E ela não vai de modas, como é mais teimosa que a mula do moleiro, ontem meteu-se no combóio, lá para os lados de Coímbra, e apareceu aqui. Mas o raio do rapaz não cedeu! Com um feitiozinho de besta - sai ao pai - teimou em ignorar a choradeira - de partir o coração - e fechou-se em copas. Sobrou para mim, como seria de esperar. Então levei a noite e parte da manhã, a tentar consolar a miuda, a falar com ela - que não me ouvia!
- Dói tanto! - Repetia
- Querida, isso vai passar, a sério, tudo passa. - dizia-lhe eu.
- Mas quando, quando é que passa, quantos dias demora esta dor? - Perguntou-me várias vezes.
Por Zeus! Isso é pergunta que se faça? Pode demorar dias, meses ou anos! Porra, como é que se responde a uma questão destas?
- Vais ver que quando deres por ti, já nem te lembras. Não fiques em casa, sai com as tuas amigas, diverte-te e num flash tudo desaparece. - Respondi.
- Mas como? Quanto tempo? É que eu fecho os olhos, quero dormir e não posso, porque estou sempre a vê-lo! E então só me apetece chorar. Acho que isto não vai passar! Acho que é impossível!- Disse.

Como dizer-lhe que impossível é o amor! A dor é sempre real e certa, já o amor é coisa abstracta e idealizável. Ambos são incontornáveis. Mas isto explica-se a uma miuda de desasseis anos e esperamos que o entenda? Então porque o explicamos? Só por dever de consciência.

- Porque é que ele já não me quer? Ele diz que gosta de mim, mas que não é feliz comigo. - Disse. - Não vou desistir dele, vou andar sempre atrás dele, até o reconquistar. - Acrescentou.
Arre! Ela não vê que ele é homem! Os homens são incompreensíveis. Hoje querem, mas amanhã sabe-se lá! Gostam! Gostam muito, mas nunca estão felizes! Como explicar-lhe que a vida é longa, que tudo se repete e repete e que a primeira vez é sempre a mais difícil? E vai andar atrás dele até se cansar. Pois vai! Isso já eu percebi. Comigo nunca foi assim, um homem saía e eu fechava a porta, dizia-me adeus e eu respondia até sempre. Mas ela não, é teimosa e impertinente! Eu que o diga! Desde há seis meses que vem lá do centro do país e se instala aqui sem querer saber de mais nada senão do amor que persegue para lá do sonho. Xiça! Já me habituei a ela. Tenho um carinho muito grande. Não sei como dizer-lhe que nenhum homem merece o esforço. Que os homens só nos valorizam quando deixam de nos interessar, e nem sempre.

Estou tão triste! Não dormi nada! Falei tanto, disse-lhe tanta coisa, abracei-a tantas vezes, mas não pude consolá-la, tirar-lhe a dor, secar-lhe os olhos e arrancar-lhe um esboço de sorriso. Penso que deveria haver uns comprimidos que nos curassem da maleita do amor. Quando a levei á estação, senti o coração caído aos pés, como se eu própria estivesse a dar um último adeus a um amor morto e nem uma flor tivesse para a despedida.
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O amor é coisa que nos abandona, mas que não se vai embora!
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sábado, 22 de maio de 2010

ESTOU FODIDA E MAL PAGA


Esta manhã comprei um vestido. Há três anos que não comprava um vestido. Só uso calças. E o último que comprei só o vesti uma vez e foi num casamento. Então, como vou sair, tomei um banhito e vesti o raio do vestido. Olhei para o espelho de frente, depois de lado, de trás, de frente, de lado e pensei que não me assentava bem. Devia ser das sandálias. Experimentei umas quantas, mas não, não eram as sandálias, eram as pernas. As pernas não, que eu não tenho pernas, tenhos caniços. Nunca tive pernas que se vissem! Continuo a não ter pernas! O que eu tenho são canetas. Sempre tive estas canetas lixadas. Ainda por cima, estou tão branca que pareço um nevão primaveril!
Agarrei em mim e vim ter com o puto. Perguntei-lhe se gostava de me ver com o vestido. Dei uma volta sobre os taimancos de salto fino, armada em modelo, mas ele respondeu prontamente: "Não."
- Não?! Mas nem sequer olhaste bem!- Comentei desolada com tamanha sinceridade.- São os joelhos, não é? Acho que estão enrrugados! Estou velha! São as pernas todas não é? Estou muito branca! Pronto, já não tenho idade para estas coisas!
- Não mãe, não são os joelhos. Não sei. Não gosto. Não estou acostumado.
Nem eu! O espelho não mente e o puto só mente quando lhe interessa. Agarrei numa tesoura e cortei o vestido. Fiz uma t-shirt. Estou fodida, mas estou bem melhor agora. Então vou beber um copito e ouvir música num lugarzinho bem agradável, na companhia de um velho amigo.

Bom fim-de-semana.

sexta-feira, 21 de maio de 2010



"Nunca mais nos veremos? Perguntei com a estupidez de quando não há perguntas a fazer. Mas ao mesmo tempo, por baixo da minha insensatez, eu sentia o impulso absurdo de recuperar uma irrealidade perdida.
Nunca mais?... E imprevistamente era aí que eu repousava, na tua face, na imagem final do meu desassossego." -Vergílio Ferreira

DESALENTEI-ME


"Vou para casa esquecer que parti." - Jorge Reis-Sá


Há tanta agitação nestes momentos em que fico estupidamente parada e silenciosa, a olhar, sem querer ver, tudo o que fica por fazer, acumulado aos montes, e montes de pensamentos para seleccionar, montes de sentimentos para deitar fora, e montanhas, montanhedos de coisas que vejo como se não se relacionassem comigo! Fico para aqui sentada e quieta, a contar as noites mal dormidas, a pensar o que fazer com elas e o que elas farão comigo. Inerte como uma pedra, um calhau imóvel e agitado a querer mudar de sitío.

Não sei o que fazer da brancura da folha. Não sei onde caíram as palavras que um dia me trouxeste à boca e que se desenhavam até no mais reles papel de embrulho. Desalentei-me como quem se perdeu!


"Um dia, irás perceber que gostar de alguém, em segredo, é (simplesmente) idealizar; desejar que uma ideia venha até nós sem fazermos nada para ir ao seu encontro. Um dia irás perceber que idealizar é dizer adeus sem dar por isso." - Eduardo Sá.

terça-feira, 18 de maio de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS


Decidi beber um copo ao jantar. Quem diz um, diz dois ou três. Tenho as hormonas a foderem-me o juízo e exijo respeito. Não há quem aguente! O pensamento não me larga e a inquietação exalta-me ao extremo! Parece um tornado a percorrer-me o cérebro! Decidi que preciso de relaxar.
É que, dou por mim a não querer o que quero porque o que quero não me quer querendo-me. E também dou por mim a querer o que não conheço mas que idealizo, porque conheço e sei que quero secreta, íntima e cretinamente.
Se eu escrevesse poemas ao invés de pensamentos, possívelmente já teria editado um livro surealista acerca do absurdo da vida, melhor dizendo: da minha vida. Ontem deitei-me com o pensamento a ditar-me um poema. Acordei com um poema no pensamento. Não sei se era o mesmo poema. O que sei é que tinha por fonte o mesmo objecto. E pareceu-me um poema vital. Eu que não escrevo poemas! Dedicado a uma pessoa que não dança. Por mim, que levo a vida a dançar! Possivelmente essa pessoa nem entenderia o significado do poema. Essa pessoa até pode muito bem viver sem o poema. Bem sei que pode. Mas, enfim, acho que a vida dessa pessoa não seria a mesma coisa.
Levei o dia a trabalhar com uma frase a viajar-me no cérebro a cerca de 250 Km/hora: "Não te limites a sonhar" e a pensar o seguinte: O céu pinta-se de todas as cores e nós, debaixo dele, vemos essas cores porque existimos.
O céu não sei se existe porque não consigo tocar-lhe. Porém, acredito em coisas que nunca vi nem consegui tocar, mas que sei que existem porque as sinto e desejo profundamente. O céu deve existir. Tenho quase a certeza que quando olho para cima, não me limito a alucinar. O que não sei é se o meu poema é mesmo um poema. Não rima. Existe nas entrelinhas.

Boa noite.
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Open your Eyes - Snow Patrol

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NO FEMININO


As mulheres são incompreendidas. Quem é que entende uma mulher? Ninguém! Eu própria não me compreendo! Acho que tudo se deve ao sistema hormonal. De facto, o sistema hormonal feminino é demasiado complexo. Para uma mulher, durante um mês, existem três fases: a folicular (menstrual), a ovulatória e a luténica. Durante cada uma destas fases, desenvolvem-se hormonas que condicionam o seu estado de espirito. Eu - como muitas - ainda tenho uma quarta fase, a da depressão pré-mentrual que dura entre dois a qutro dias, caracterizado por dores nas mamas, no abdómen, irritabilidade, ansiedade e variações de humor. Foda-se! É obra! A mulher tem um sistema como qualquer máquina! Parece-me é que avaria mais vezes! Todavia, esta variação hormonal, é a grande responsável pela nossa má-fama.

Quando uma mulher está na fase do período menstrual, é encarada como um sinal proíbido - sinal vermelho. Porém, uma mulher que se diz fora de serviço por estar menstruada, ou um homem que diz que uma mulher está fechada para obras por estar menstruada, são pessoas com um grande déficit de imaginação. Na verdade, as hormonas produzidas pelo organismo durante o período menstrual, aumentam o desejo sexual feminino. Só os burros é que não aproveitam! Já a fase da ovolução é a fase do apogeu no que concerne ao desejo e bom humor. Um homem que se preze em compreender uma mulher, faz as devidas contas e não perde a oportinadade, devendo tirar férias e, se possível, desaparecer naqueles diaszinhos que antecedem a fase folicular. Lol.

Curiosamente, o suor masculino ajuda uma mulher a relaxar e a ficar bem humorada. Isto porque o suor masculino snifado por narinas femininas, leva a que as afortunadas produzam hormonas semelhantes ás que são produzidas na fase ovular. E tal efeito pode durar cerca de seis horas. Desta forma, um homem pode muito bem esforçar-se na limpeza da casa, por forma a suar que nem um xibo, pois terá sexo garantido.

Nós somos verdadeiras máquinas, acreditem. os homens gastam tantas horas a tentarem perceber o funcionamento de um computador e nem tentam perceber o de uma mulher! Afinal, é tudo uma questão de estudo, tempo e prática. Depois é só operar e encontar as soluções adequadas a cada falha ou avaria.

Bem, tenho de ir trabalhar e ando muito irritada...
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Specialist - Interpol

domingo, 16 de maio de 2010

QUERO-TE BEM.


Tenho uma amiga que deixou de fumar há sete meses, depois de um vício de anos. Um dia destes ela estava muito nervosa quando conversavamos. Quando eu acendi um cigarro ela pediu-me um. Neguei-lho. Tratou-se de uma recaída. Se eu lho tivesse dado ela te-lo-ia fumado e, possívelmente, voltaria ao velho hábito. Como não lho dei, acabou por combater a vontade.

Tudo isto para te dizer que deves encarar a postagem do dia 29 de Abril como uma recaída. O "latim" mudou em nove dias! Sim, é verdade. Foi o tempo suficiente para retomar o status quo ante. Ouvir-te, conversar contigo, depois de tanto tempo, teve um efeito flashback. Não pude evitá-lo. Sucede que, não houve feedback. As minhas palavras tocaram-te? Serviram para alguma coisa para além de um mero desabafo? Népia! Tu negaste-me a sustentação do vício. Logo, voltei ao meu dia a dia e ao esquecimento. Tratou-se de um episódio espontâneo, recorrente. São episódios repetitivos, acontecem com alguma frequência. É assim com todas as pessoas, até se curarem definitivamente dos seus vícios.
Desculpa falar desta forma tão fria. Mas se esta noite tivesse voltado aos teus braços, possivelmente também retornaria às velhas noites de espera e ansiedade, mal dormidas, embebida em alcóol e cigarros, a recusar encontros e saídas por uma esperança mórbida de um telefonema incerto, tardio e a más horas. Passo agora noites serenas com o telefone esquecido num canto qualquer da casa ou da mala.
Sabes que já passou mais de um ano desde a última vez que estivemos juntos? Deves saber. Afinal, o tempo faz toda a diferença. Foram muitos os textos que te escrevi. Aliás, foi por ti que criei este blog, todo ele dedicado ao amor e às relações pessoais, áquilo que faz mover as águas e o meu barco. Muita coisa aconteceu, muita coisa mudou desde então. Para quê agitar as águas se o barco não tem estrutura para sobreviver à tempestade? Que sentido dariamos agora às palavras e aos gestos? Não sei. Eu já não sei que é do amor que me alagava a alma como um oceano e da paixão que me subia ao cérebro como um fogo de artifício!
Afinal, o que mudou foram os meus sonhos.
Dedico-te a música ao lado. Durante muito tempo acompanhou-me. Teve um significado muito grande para mim e tu sabes porquê.
Quero-te bem.

sábado, 15 de maio de 2010

ELVIS PERKINS - IN DEARLAND

Elvis Perkins - In Dearland (2009)
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Gosto muito.

BROKEN SOCIAL SCENE - FORGIVENESS ROCK RECORD

  (2010)
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Óptimo.

PENSAMENTOS DISPERSOS


Há alturas em que é preciso capitular (roubei esta expressão ao Combóio Turbulento). Usamos todos os meios possíveis para o efeito (e ás vezes existem tão poucos!) e pomos à disposição do outro os meios possíveis. Não podemos fazer mais nada! Se o outro não os usa, não importam as razões - pode ser insegurança, medo, falta de vontade ou um não querer puro e simples. O que importa é perceber que: finito, end, encerrou, fechou, morreu. Próximo capitulo, and go on, que se faz tarde.
A vida é uma viajem, é feita de apeadeiros e estações. Umas estações ficarão para sempre na memória, outras serão recordadas durante algum tempo e há aquelas que se desvanecem instantaneamente. O que importa é perceber que as estações se fizeram para inicar ou terminar viajem. E muitas vezes para esperar passageiros, moer esperanças, largar sorrisos ou verter lágrimas. As estações não são jardins, nem quartos de aluguer. Não devemos ficar nelas mais do que o tempo suficiente para percebermos que o tempo nunca nos será retituido. Cada um consome o seu como quer e bem entende. Mas eu não tenho tempo a perder.

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Forrest Fire - Lloyd Cole

quarta-feira, 12 de maio de 2010

BUTTERFLY EXPLOSION E AIR FORMATION

Não conhecia estas bandas. Ontem gostei bastante. Eram novidade para mim. Hoje, talvez porque trabalhei demasiadas horas e há dias que não tenho descanso, o som parece-me bastante repetitivo. Aliás, hoje apetece-me o silêncio e a caminha. Mas penso que vale a pena deixar aqui a referência. Têm melodias bastante agradáveis.
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Butterfly Explosion - Lost Trails (2010)

Air Formation - Nothing to Wish for (Nothig to lose) (2010)



terça-feira, 11 de maio de 2010

THE NATIONAL - HIGH VIOLET

(2010)
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Espectacular.

PENSAMENTOS DISPERSOS

Foto: Castelo de Sines


As voltas que o mundo dá!
O meu filho era um menino de colégio. Estudou num colégio privado até ao 7º ano. Era muito sossegado e aplicado. Chegou a cantar no coro da igreja! Aprendeu música e até fez actuações a tocar fado de Coímbra.
Hoje tem 16 anos, frequenta o 11º ano de ciências e tecnologia e não se aplica mínimamente. Usa o cabelo comprido, já lhe pintou as pontas de loiro, agora pinta-o de preto. Usa um brinco pequenino na orelha direita e um alargador bem grande na orelha esquerda. Já lhe apanhei tabaco e a faltar às aulas. Agora integrou uma banda de metal onde é vocal e toca viola eléctrica. Já namora e traz a miuda cá para casa todos os quinze dias, fins-de-semanas completos, e até para passar as férias. Agora vai voltar ao 10º ano porque se inscreveu em multimédia numa escola profissionalizante.

E eu vejo os anos a passar. Vou-me adaptando á mudança. Antigamente eu andava sempre a gritar com ele Ficava deprimida e chorava, a pensar no que é que tinha falhado, a questionar-me porque é que nunca lhe tinha dado uns bons enxertos. Agora já não me deprimo. Tento orientá-lo. Faço o meu melhor. Com pessoas a azucrinarem-me a cabeça por todo o lado, mas eu faço o meu melhor. Não temos como segurar o destino dos nossos filhos nas nossas mãos, só temos como orientá-los. Agora não me deprimo. Estou numa fase em que nada me deprime - de reflexão sobre tudo e sobre todas as coisas. Contemplo. Depois de me ter curado das dores físicas, fiquei assim. Como, aliás, quase sempre fui: calma e relativamente feliz. Nem tudo corre bem, mas o certo é que tudo vai bem. Confesso que há muito tempo não me sentia tão bem como neste mês e meio decorrido. Sinto-me óptima. Estou no meu melhor. A minha relação com o trabalho melhou consideravelmente e a minha relação com o meu filho está no bom caminho. Estou óptima.

Não tenho postado sobre audio, tantos álbuns que adorei e que nunca referi aqui! Há, mas agora arranjei uns recentes que são óptimos. Vou já tratar disso. Bye. Até já.
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Conversation 16 - The National

PENSAMENTOS DISPERSOS

Foto: Série Primavera
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Não tenho fé. Nunca tive fé. A fé só me visitou uma vez, quando a minha mãe faleceu e eu, na minha dor, lhe solicitei um milagre. Aconteceu, inexplicavelmente! Porém, continuei a não acreditar em deuses e nos seus supostos representantes. Todavia, penso que a fé é importante, na medida em que ela contribui, consideravelmente, para um certo equilibrio entre os homens - ajuda as pessoas a ser melhores pessoas. A fé ajuda a manter as pessoas mais humanas. Por isso respeito a fé dos outros. Se me disserem que a fé também contribui para um certo desiquilibrio entre os homens, eu direi que isso não é fé, que é fanatismo. E o fanatismo é prejudicial, como o são todos os excessos.

Eu acredito na natureza. Essa deusa que se apresenta em todos os locais e a toda a hora. Ainda ontem, depois de ter ficado apeada num lugar distante de casa, deslocava-me num automóvel, ao lado do meu mecânico, cansada e muito irritada, quando passamos por uma avenida (a 3 ou 4 minutos de casa) e atravessamos um espaço completamente verde, cheio de relva e árvores, pássaros e cães a esvoaçarem e a correm por todo o lado. Os meus olhos devem ter mudado de cor, tudo dentro de mim se acalmou completamente. A vida pareceu-me maravilhosa. Não: a vida é maravilhosa. Sei-o sempre que passo ali. No Outono chego a parar o carro para sentir o amarelo das folhas das árvores despidas, num manto espesso a cobrir o chão sob um céu cinzento. E sinto a natureza, a vida, a reciclar-se com uma beleza extraordinária! Assim nós também deveriamos proceder espiritualmente. Passo ali quase todos os dias. Há sitios destes por todo o lado. É preciso vê-los, não apenas passar por eles.

Aprendi a amar a natureza com o meu ex-marido. Um surfista adorador do mar, da terra e de todos os seres vivos (mas com uma certa incapacidade para respeitar o seu semelhante - enfim, como quase todos nós. Que a natueraza lhe perdoe, porque eu já lhe perdoei há muito tempo).

Não tenho mais tempo para escrever. Quero apenas dizer que vivo momentos de pura tranquilidade.

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Anyone's Ghost - The National

sábado, 8 de maio de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS

Foto: série "Primavera"
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Há pessoas que amam e há pessoas que levam a vida inteira a tentar perceber o amor e a tentar encontrá-lo de acordo com a sua percepção. Eu sou das que amam. Eu nunca percebi nada do amor. Tenho consciência que nunca perceberei nada do amor. Também nunca tentei perceber o amor. E vou continuar a amar sem qualquer entendimento sobre o mesmo. Só temos de lhe dar a mão quando ele nos surge. A vida encarrega-se do resto, não a sabedoria. De nada adianta a compreensão pois o amor faz-se dos sentidos. Porque todo ele é instinto.


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Radiant - The Walkabouts

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O DIREITO AO SILÊNCIO


Foto: Série "Primavera".


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Ele remetia-se ao silêncio pois sabia que este não o podia prejudicar. Um dia, por falta de provas, ela absolveu-o de todos os pecados que suspeitava ele ter cometido. Abriu-lhe a porta e disse-lhe para sair definitivamente. A sentença não admitiu recurso. A liberdade teve um sabor amargo. Agora ele é prisioneiro da sua consciência.
A melhor defesa é não cometer delitos, respeitar sempre aqueles que têm capacidade e legitimidade para nos julgarem.
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Hudson Line - Mercury Rev




quinta-feira, 6 de maio de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS


... e então ele disse-me que é fácil sabermos o quanto amamos. A fórmula é simples: sentimos muito a falta do outro? Eu torci os lábios para a direita, depois para a esquerda... humm!?... Rodei o olhar... quedei-me sem saber o que responder. Pois... Então a questão seguinte é a de sabermos se, ao menos, sentimos a falta do outro. Se a resposta não for pronta terá de ser considerada negativa. Porque o amor não se compadece com dúvidas. Ou sim, ou sopas. E saudades dos momentos que passamos juntos, não são, só por si, sinónimo de amor, mas da falta que se sente do amor abstractamente considerado. "O que tu sentes é falta do amor. Quem ama sente uma angustiosa privação quando o outro lhe falta. É uma coisa no peito... uma coisa tão forte!... - Disse-me com os punhos cerrados contra o peito cheio de ar, a respiração suspensa, e aquele olhar alucinado de quem já partiu na primeira nuvem da lembrança. Sim, eu já soube desse intenso querer que não conhece hesitações, nem permite rodeios.

Eu creio que o importante não é saber o quanto amamos.

Quando amo, acontece de forma tão intensa que, se me ponho a quantificar, terei de acreditar que ficarei sempre a perder, pois os investimentos devem ser vantajosos ou, no mínimo, equilibrados.

O importante é saber que se ama.

E eu não sei nada.

Sei que fui, muitas vezes, o flagrante delírio de um certo afecto. Sei que fui um silencio sem arestas, polido e branco, à espera de um flagrante. Todo o meu ser se despenhou num tempo em que já não sei precisar. Toda a luz se funde um dia e se apaga como se equivoco tivesse sido. É evidente que o amor não é um deserto. Aquece como uma estufa onde todas as sementes germinam e crescem. Porque quanto mais quente, maior é a vida que se lhes promete. Queima. O amor só morre quando arrefece. O amor é quente mas não é um deserto.

Dizia eu que já fui destino, noutro tempo, no tempo antes de ser silencio. Dizia eu que já fui generosa e desarmada, quando tinha um punhado de sonhos descarregados no regaço. - Não eram rosas Senhor, eram narrativas dos desejos que agora são antepassados já mortos. - Fui grito e ferida que cicatrizou. Hoje sou feixe de luz que desliza pelos dias amenos e de marés calmas.

... e eu disse-lhe que ele deveria ter razão. Que o amor não é este sangue aconchegado e livre de registos a correr sem regresso e transcrição do passado. Este sangue navegável. Que o vazio profana-se mas nunca se repete. O que se repete são as valsas.
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Silent all these years - Tori amos