sábado, 29 de setembro de 2007


Todas as manifestações de amor mexem comigam, tocam-me, comovem-me, fazem de mim melhor pessoa.
Até que não me importava de ser um pouquinho pior pessoa, mais fria, mais racional e de ter os olhos quase sempre secos.
Porque me comovo facilmente e hoje estou lamechas ao extremo, decidi ir ao cinema ver o "1408", para ver se as emoções mudam de rumo.
Eloise

PARA QUE CONSTE


Vivo um amor contrariado, rebelde.
Não o aceito de ânimo leve. Subsiste na adversidade, mas contra a minha vontade.
Um amor assim, jámais será eterno. Morrerá pelo conformismo, pela indiferênça, não só da contraparte, mas pela própria, a minha, aquela que um dia me serenerá, quando todas as tempestades tiveram passado e a monotonia ocupe todo o espaço.
E enquanto isso, vivo a emoção de lixar o cupido. Esse imbecil que, em vez de largar uma seta directa ao coração, preferiu apunhalar-me pelas costas.
Love will tear us apart

THE JESUS AND MARY CHAIN E OUTROS...

The Jesus and Mary Chain - 21 Singles

Cocteau Twins - treasure



Hot Chip- The Warning


Sparta - Threes


The Knife - Silent Shout

Junior Boys - So This is Goodbye




segunda-feira, 24 de setembro de 2007

QUE DEUS ME PERDOE


Hoje estou para lá de...
Apetece-me... debochar, copos and cigarrets!
É segunda feira e, por estranho que pareça, ao contrário do que é habitual, levantei-me bem disposta, a sorrir, espirito empreendedor! E foi um bom dia! Alguma coisa está para acontecer!...
Delivery
Durante muito tempo fui viciada em notícias! Levantava-me e ligava a SIC Notícias, depois devorava um jornal enquanto tomava o pequeno almoço, almoçava a ver notícias e jantava a fazer o mesmo! Andava sempre deprimida, há excepção do tempo que conseguia abastrair disso. Tomei uma decisão: "estou-me a cagar para as notícias". Vale mais ser feliz e ignorante do que ser triste e instruída, ou melhor, informada. Então, dediquei-me aquilo que realmente me dá prazer: Música.
Mas de vez em quando, como qualquer viciado, ainda tenho uma recaída e lá vou eu espreitar. Hoje, por sinal, tardiamente, liguei a Sic na hora do telejornal. E que notícia! falava-se de uma tal Rosa "guardadora da vacas e de sonhos", ou será de ovelhas? Mas porque teimam em destruir os sonhos de quem nada sabe e nada aspira? Haverá maior felicidade do que isso? Por outro lado, se existe uma lei do ensino obrigatório, não existe, também, a lei da protecção das espécies em vias de extinção? Que melhor vida poderemos ambicionar do que uma vida despoluida, natural, simples, sem ambições onde o infinito nos toca pela madrugada e nos beija ao entardecer? Para quê envenenar o espirito virgem? Se o Adão não tivesse trincado a maçâ existiria o pecado? Ai pobre Rosa! Tão puros os sonhos de quem nada sabe, nada conhece! Tão pequeno é o mundo para aquele que aprende e mais quer saber. A ambição é fruto do conhecimento. Quem me dera ser guardadora de vacas e de sonhos. Quem me dera nada saber, pouco conhecer. Tão simples é a felicidade, tão complexo o desespero!
wicked
Amo um sonhador! Daqueles sonhadores coerentes, arrumados, esclarecidos e com os pés no chão! Existem, sim...

Mas, creio, não sonha comigo!
Digam-me, os soluços são sintoma claro e inconfundível de bebedeira? Ah!... Hummmm!!!... Pois... Ok.

Não há teoria absolutamente certa, pois não?

Girls in the back

domingo, 23 de setembro de 2007

EU DIRIA QUE...


Sufoco... pelo que não digo!
Once upon a time

sábado, 22 de setembro de 2007

THE SHINS - WINCING THE NIGHT AWAY / OUTROS...

David Bowie - The Rise and Fall of Ziggy Sardust and the Spiders From Mars

The Go! Team - Proof Of Youth

The Shins - Wincing the Night Away

Galaxie 500 - Today

Banda sonora do filme Vanilla sky
Estas foram as principais escolhas da semana.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

VIVA A DEMO!...


O novo Código de Processo Penal aprovado a 15 deste mês e já em vigor, faz subir de 3 para 5 anos o limite mínimo das penas que permitem a aplicação da medida de coacção de prisão preventiva. O que significa que só pode ficar em prisão preventiva aquele(a) que praticar crime susceptível da aplicação de pena superior a 5 anos de prisão. Mais concretamente quando "houver indícios fortes de prática de crime doloso de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada".


Por isso, meu amigo, se andas por aí a ameaçar velhinhas, a gamar carteiras, a assaltar mulheres ou putos indefesos e se, para o efeito, não usas armas, apenas uns esticões, uns empurrõezitos, umas palavras graves e assustadoras, não te preocupes, estás à vontade. E repara que ninguém vai reparar se issso é prática habitual, profissão, modo de vida ou hobbie. E se os empatas dos bófias te chatearem, levas com um TIR (não, não é um tiro, aliás, tu já sabes) Termo de Identidade e Residência, o que significa que só tens de te apresentar na esquadra de vez em quando e avisar se mudares de residência ou pretenderes ausentar-te do país por mais de 5 dias. De resto, podes, descansadamente, continuar a exercer o ofício enquanto aguardas uns bons anos pelo julgamento. Não te estiques é no uso de armas. Mas, já sabes, não te acanhes, vives na República das Bananas... descansas à sombra, não do xadrez, mas das árvores de um qualquer belo jardim!

E o povo é que paga! De qualquer maneira é sempre o povo que paga. Se estivesses no xadrez, o povo pagava o teu "hotel", assim, paga pela tua liberdade, de uma ou de outra forma, paga! É a bela DEMOCRACIA! E como eu sempre digo: Viva a Demo, que se foda a Cracia.



Ecos de outono


segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Hoje sou assim... feliz!


Questiono-me... se fossemos felizes todos os dias, a vida seria tão interessante? Teria o mesmo valor? Aperceber-nos-iamos da diferença das cores? Distinguiriamos todos os sons?... Ou será a permanente alteração de alma e de espirito que nos permite distinguir, ver as diferenças?
E agora questiono-me... porque coloco estas questões?

So real

domingo, 16 de setembro de 2007

MOMENTOS


Obrigada por me perdoares.
Obrigada por me amares ainda que de forma tão peculiar (à tua maneira).
Porque há momentos de extrema felicidade... e porque são sempre breves...
quero reter o cheiro, o som, o tom das palavras e dos gestos, as imagens e sentir, enquanto puder, a emoção...
Porque te amo todos os momentos de vida, mesmo naqueles em que nem vida sinto em mim...
...
Phantom limb (e assim se fez eterna...)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

QUEENS OF THE STONE AGE - ERA VULGARIS / OUTROS...

Kings of Leons - Because of the times

Interpol - Our Love to Admire

Queens of the Stone Age - Era Vulgaris

AIR - Pocket Symphony
Editors - An End Has a Start




Esta foi a minha selecção da semana.

ARREPIOS

Há coisas que me arrepiam! Os pelos dos meus braços levanta-se sem que nada faça, conscientemente , para isso. A saber:
- Quando o Sócrates aparece na televisão a falar, com o seu estúpido sorriso;
- quando ouço a "Canção do mar" da Dulce Pontes;
- quando vejo "O Exorcista";
- quando o meu filho diz "Amo-te mãe.";
- quando ouço "Wild is the wind" interpretado pelo David Bowie;
- quando sei sei que alguém sofre;
- quando sinto um desejo intenso por alguém;
- quando sinto dor;
- quando uns lábios passeiam lânguida ou frenéticamente pelo meu corpo;
- quando bebo um vinho maravilhoso;
- quando alguém me diz "Tenho saudades de ti.";
- quando alguém chora no meu ombro;
- quando alguém me diz "Acabou...";
- quando alguém me diz "Estou feliz.";
- quando sinto uma tristeza imensa;
- quando a felicidade irrompe dentro de mim
...

CASO MADELEINE

Muito se tem dito acerca da pequena Medeleine e o seu desaparecimento. As pessoas vivem apaixonadamente o caso com maior ou menor emoção. A forma como as notícias nos chegam, vão influenciando a nossa opinião. Por uma questão de conhecimentos técnico-profissionais, não fiquei surpreendida quando os pais foram considerados suspeitos e constituidos arguidos, pois o que realmente me estava a surpreender era, precisamente, o contrário. Tardou, mas chegou. Mas a notícia de hoje, que Madeleine poderá ter desaparecido devido a "overdose" de medicamentos para dormir, arrepia-me! Nada é certo, como nada é errado e é tudo especulação. O que é certo é que, em tempos, quando o meu filho, hoje com quase 14 anos, era pequeno, havia vários pais, com quem convivia e ainda hoje convivo, que me aconselhavam a dar sedativos ao miudo para ele dormir. Era o que eles faziam, receitados pelos pediatras, é certo. Nunca fui adepta dessas coisas. Fui sempre super protectora, desde o leite, à fruta, aos iogurtes, à quantidade de carne, peixe, legumes, sopa, brinquedos adequados, brincadeiras e respectiva dose de atenção e carinho. Jámais tive coragem de deixar o meu filho sozinho, mesmo privando-me de tudo o que era naturalmente diversão, até um simples jantar perto de casa.
Negligência... ou não...devemos ser ponderados e pensar duas coisas:
1º - Toda a gente pode ser suspeita, até os pais, dado que lidavam com a a pessoa em causa e, ninguém pode ser posta de lado a partir do momento em que poderiam intergir com a desaparecida;
2º - Todos os suspeitos são inocentes até prova em contrário. A simples suspeição não torna ninguém culpado, pode tornar arguido, mas não culpado, enquanto as provas não levarem a uma sentença de culpabilidade (e, mesmo assim, sabemos que muitos inocentes são, por vezes, condenados).
Sinto-me dividida. Se, por um lado, sempre coloquei a hipótese de os pais poderem ter sido os autores de um eventual crime, negligente ou doloso, por outro lado, penso que, outro crime, seja ele qual for, pode ter acontecido. E se, sempre reprovei o facto de os pais fazerem propaganda e até terem tirado vantagem económica da situação, com a certeza de estarem a assinar a sentença de morte em caso de rapto, por outro, fico com a interrogação de como reagiria se se tratasse do desaparecimento do meu filho. E ainda me interrogo de outros factos. Como por exemplo, se de facto houve negligência tão grosseira da parte dos pais que levou à morte da criança e os tenha levada a toda esta trama, qual será o estado psicológico destas criaturas? Porque, a negligência reflecte-se em actos não premeditados e, por isso, não desejados. Logo, estes pais, supondo-se, devem estar lastimávelmente desgraçados! Isto apesar de toda esta encenação. A culpa neglingente corroe o autor do crime psicológicamente, muito mais do que a culpa dolosa. Nem consigo imaginar a dor dos pais, que, negligentemente matam um filho (embora entenda que devam pagar por isso)! O que me leva a pensar, muito sériamente, na eventual dor de uns pais que, perdendo um filho sem qualquer culpa, ainda por cima, possam ser suspeitos de culpa!
Por tudo isto, é preciso ponderar, manter a cabeça fria e esperar que tudo se resolva, para podermos tirar conclusões "supostamente" acertadas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

VOU-ME



A deixar para trás as piores férias de que tenho memória. A tentar acabar com com este "não me apetece fazer nada". A tentar curar a dor de costas e pescoço resultantes de horas e dias seguidos de esticanço no sofá. A tentar vencer o vício das séries televisivas: Simpson, Dr. House, Ossos; CSI e por aí fora (melhor nem tentar enumerá-las). A combater (sorrateiramente) o colestrol que acumulei no motor, enquanto fazia rigorosamente. A olhar o trabalho de lado e a tentar encará-lo de frente. A convencer-me que existe alguma coisa para lá das paredes e do ecrâ.

Enfim, a ganhar coragem para me atirar pela porta.

The leavers dance

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

VOLTADA PARA A JANELA


Já fui descaradamente feliz!

Tento abstraír do que me consome o pensamento. Da janela, observo grupos de jovens que andam para cá e para lá e se distinguem pelas suas características - roupas despreocupadas, chapéus, cabelos desgrenhados, mochilas às costas, ar de felicidade e aspecto de quem não toma banho há vários dias. Começa hoje a Festa do Avante. É assim todos os anos. Tempos houve em que também fazia parte destas coisas. No tempo em que a vida era leve e não tinha responsabilidades. É certo que gosto de festas, que continuo a participar em muitas coisas. Mas hoje, especialmente hoje, as preocupações poisaram nos meus ombros. Nem quero pensar em festas. De qualquer maneira, devo dizer que o programa, em termos de espectáculos, não me seduz. No Domingo passado fui a Belém ver os Xutos e Pontapés. A banda actou acompanhada por uma orquestra de 13 elementos de sopro coordenada pelo maestro Pedro Moreira (a Big Band, orquestra de metais do Hot Club de lisboa). Foi o melhor espectáculo que vi deles (e já vi muitos), não só pela formusura do local, mas pela simbiose musical. Adorei.

Voltando à Festa do Avante, esta vale a pena, quanto mais não seja, pelos comes e bebes e pelo convívio. Lá vão os miudos estrada fora. Hoje à noite, a música entrará pela minha janela e saberei que, aqui ao lado, uma imensa multidão se diverte. Já fui feliz aqui.

Há uma outra multidão de pessoas que se cruzam, seguem para cá e para lá e os meus olhos seguem-nas. Quantas destas pessoas carregarão, às costas, mochilas invisíveis cheias de problemas?

Fui descaramente feliz no tempo em que não tinha problemas.

Which way to happy

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

É MELHOR SER ALEGRE QUE SER TRISTE


Não sei que destino é este que me persegue! Eu digo que é azar, mas talvez seja castigo.
Há um constante desenrolar de factos e acontecimentos que poderiam levar qualquer humano à loucura! Mas há em mim uma soberba alma de cigarra, que prefere carregar a miserabilidade da sorte, enleada entre as cordas ou acordes musicais. Fulminada pelos raios constantes da má sorte, lá prossigo de mp3 pendente das orelhas (moucas às vozes daqueles que muito falam e não aconchegam), pés mexericados em jeito e dança e o olhar enfadado e perdido no horizonte.
Praguejar sempre que o carro avaria, a máquina se estraga, o cliente não paga, a mão fica entalada na janela, o vaso me cai na cabeça, a chave fica por dentro da porta, o candeeiro cai, cai-o ao atravessar a rua mesmo em frente à multidão, cada vez que levo um não, etc, etc, etc..., já não compensa! Agora canto. Porque quem canta seus males espanta. E a mim já nada me espanta, porém, levo a vida a espantar.
Pode até ser que não seja azar, má sorte, mau olhado, praga, má karma, energia negativa... pode até ser simples acaso, coisas que a natureza usa para me chamar a atenção. Só tenho de entender, não porquê das coisas, mas o para quê. Os azares, já não me arrasam. Encaro-os como obstáculos que tenho de superar para continuar. Ou como muros atrás dos quais me deixo abater. É a natureza a por à prova as minhas capacidades físicas e sobretudo psicológicas de sobrevivência. Afinal, viver não é de borla, também tem o seu custo!
Samba da benção

terça-feira, 4 de setembro de 2007

CHUVA



Comove-me saber-te tão perto e tão só!
E eu já nem te espero!
Há chuva entre nós.
Não foram as minhas últimas palavras que nos afastaram. Não...
Foram as primeiras, que nunca nos uniram.
haverá sempre chuva entre nós!
Red rain

DIA A DIA...


Se não procuramos dominar e superar os nossos demónios e fantasmas corremos o risco de viver escondidos, sós por opção ou sós por abandono. E bem sabemos (eu sei), como eles se criam, crescem e multiplicam facilmente. Mais rápido prolifera o mal que o bem.
É preciso lutar contra a inércia. É preciso fazer escolhas. É preciso reparar os rasgos. É preciso quebrar silêncios. É preciso viver com os outros. E, acima de tudo, é preciso viver com alegria, liberdade e dignidade.
Os sentimentos também se regeneram, tal como se degradam. E não se regenerando, podem reciclar-se, para que não se percam.
É fácil confundir embrieguez com felicidade e consciência com desespero. Dificil é ser feliz conscientemente.
A felicidade demora a conquistar-se, mas rapidamente se perde. Mantê-la é um processo continuo que exige nos superemos diáriamente e que diáriamente deixemos de ser humanos. Compreender que felicidade é um estado de alma em permanente movimento e transformação, como uma lareira onde é preciso estar sempre a colocar lenha para manter a chama e, de vez em quando, limpar a chaminé para renovar o oxigénio, é comprender quantas vezes teremos de morrer e renascer para a alcançar e manter.
Graduation days

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

VENTOS SELVAGENS





Neste quase deserto de sentimentos, carrego a vergonha dos momentos de vulgaridade. Arrasto-me quase amargurada, na incerteza de ter perdido algo que me mantinha em pé.

Anjo não sou. Mas poderia ser decente a tempo inteiro. Enfim, a noite tem sombras e demónios dentro de mim. Nem sempre é delírio e desejo, são também rasgos de raiva.

Nem o arrependimento - este espectro que tem tentado penetrar-me, possuir-me como se quisesse engravidar-me - cabe na pequenez dos sentimentos. Mas a vergonha, rubra ao rubro! E nem máscara tenho! Já não, já mostrei toda a nudez desprovida de adornos e pinturas. Já não tenho véu algum. E agora onde esconderei a condição humana de errar, falhar e por aí fora? Fujo, por cobardia, apenas. Não por remorsos. E digo que vou mudar... apenas por convicção.

Wild is the wind...


domingo, 2 de setembro de 2007

PARADOXO


Quanto mais interessante se torna a minha vida, menos interessante me torno!
Pensando - enquanto ainda tenho discernimento suficiente para o fazer-, no tempo - e não foi assim à tanto como isso - em que os dias decorriam serenos e sempre iguais, entre o trabalho, a casa, a família e uns tantos pequenos e insignificantes prazeres, eu era uma pessoa calma, sensata, divertida e deveras interessante (creio, se de crença não passa, valha-me ao menos o facto de ainda manter essa). A desagregação familiar, a perda de referências, o convívio frequente e desorganizado, trouxe-me uma ânsia terrivel pela procura de uma identidade, também ela perdida. E, à medida que descubro novas faces da vida, descubro igualmente uma (in)capacidade de me desdobrar (in)conscientemente em inúmeras pessoas, algumas de rosto brilhante e sorridente, outras desfaceladas e cinzentas. E, entre umas e outras vou ficando uma unidade bem pouco interessante.
É certo que de nada serve sermos pessoas interessantes se nínguem o souber. Mas bem pior é que haja quem saiba o quanto podemos ser desinteressantes.
Tomar consciência da degradação psicológica é algo medonho! Olhamo-nos no espelho da consciência e perguntamo-nos : "espelho, espelho meu, diz-me se haverá alguém mais feio do que eu." Mas não aguardamos pela resposta, pelo sim, pelo não, a dúvida, enquanto persistir, alimenta-nos o ego.
É triste sentirmo-nos miseráveis! Levamos o tempo a interiorizar promessas repetidas de que vamos mudar tudo, mas começaremos o percurso no dia seguinte. E depois, há sempre aquela esperança de que alguém nos há-de lançar a corda para nos tirar do fundo do poço. Sempre será mais fácil do que escalar as paredes! Sempre a ideia de que com a ajuda dos outros seremos bem melhores! Será que não é mais fácil caminharmos carregando apenas as nossas pedras do que esperarmos a ajuda de alguém cujo sapato pode ser maior que o nosso e por isso carregar um peso maior! Quantas vezes, pensando encontrar a salvação para os nossos problemas, acabamos por somar os da outra pessoa aos nossos.
Mas se é impossível ser feliz sózinha, será que é possível ser interessante sózinha? Suponho ser importante estarmos bem com nós mesmos, deitarmos a cabeça na almofada e deslizar por ela com a suavidade de uma pena e então dormir o sono descansado. Uma beleza, não é? Mas heis como pesa a solitária suavidade de uma consciência tranquilamente esquecida dos outros! Quererei dizer com isto que na partilha, no convívio, nos tornamos menos interessantes? Há quem diga que é perante os outros que revelamos aquilo que realmente somos. Sem duvida. Mas as personalidades interagem e influenciam-se. Só somos inteiros sózinhos.
O discurso é deprimente! Levantei-me com a angústia de me saber feia e a certeza de me querer tornar bonita. Não preciso de encontrar o caminho. Conheço-o bem e está mesmo à minha frente. O que preciso é de encontrar a coragem para começar a caminhada. Todavia, sento-me e escrevo e enquanto isso, faço o que rigorosamente tenho vindo a fazer! Fumo cigarros e lamento-me entre suspiros e filosofias, aguardando que se faça noite para apagar novamente!
Como fazer as minhas mãos estenderem-se até às costas e empurrarem-me? Podemos ser tão grandes e vivemos tão pequenos!!!!

sábado, 1 de setembro de 2007


Para quê tentar compreender a natureza se nem a minha própria natureza compreendo?
Chove cá dentro.
Sou temporáriamente feia.
Imprevisível a tempo inteiro.
Quero estar só para não ter de me encontrar.
Fingir que sou a outra, a que não conheço.
Sendo certo que, em nenhuma das que sou me reconheço.
Chove cá dentro.
E nem é água que lave a alma.


Hoje estou pobre!
Soltei a loba.
Mordi onde o desejo queria estar.
Soltei o impulso negativo.
Fui noite dentro onde apenas retive as trevas.
Voltei tão só!
Hoje despi-me de mim!
Nem adeus!
Um simples toque e "never again".
Nem um remorso.
Hoje não tive hesitações.
Fui total no auje do impulso.
Porque hoje estou negra.
Total ausência de luz.
Amarga insónia de sonhos.
Pedi desculpas como se a culpa me apadrinhasse. Ninguém sabe, se não eu (e hoje não sou eu, sou ninguém) que culpa alguma carrego. Porque de tão vazia, nem um miserável sentimento como esse. Nada! Tão simplesmente negra e despejada. Já não moro, já não estou. Parti sem um adeus e com a certeza de nenhuma procura. Porque falta alguma faço.
Se hoje me olhar no espelho, não estarei lá. Porque hoje não existo senão nestas palavras.