segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

NORMALIDADE

Apesar de andar muito bem disposta e divertida, ontem dei por mim a caminhar no corredor e a dizer em voz alta, repetidamente, sou uma anormal! 
Na sexta-feira, uma das minhas amigas tentou convencer-me a ir de fim-de-semana com ela. Mas não conseguiu. Estou numa daquelas fases em que faço aquilo que tanto gosto de fazer: rigorosamente nada! De pijama o dia inteiro, sem horários, sem compromissos, desligo os telefones, cozinho comidas leves e excêntricas, bebo, vejo filme atrás de filme, ouço música e relax. Que intenso e estúpido prazer!!
Mas ontem, com uma certa auto-ironia,  disse para mim mesma: Sou uma anormal! -  Só uma anormal pode nutrir os sentimentos que eu nutro, sabe-se lá porque razão!
A minha amiga foi-se encontrar com um fulano que conheceu um dia destes, mas antes perguntou-me: Achas bem que lhe telefone? Claro, se é essa a tua vontade. Respondi-lhe.
Ontem mandou-me uma mensagem: Que homem! Que noite! Os deuses deviam estar loucos! Não lhe respondi, mas parti-me a rir.
Hoje andava aluada e sorria como uma maluca! Acho que estou apaixonada! Disse-me.
Em Três meses é a terceira paixão que tem!
Achas normal? Perguntou-me.
Virei-me para ela, bruscamente, como se me tivesse picado. Normal? Claro! Porque não? Afinal o que é a normalidade? Pensei.
Achas normal que eu te diga hoje que me sinto apaixonada por ele, diz-me a verdade? Voltou a perguntar.
A verdade? O que é a verdade? Pensei.
Porque não? Acho que sim, claro que sim. Todas estas paixões que tens andado a sentir, talvez sejam meros entusiasmos, sei lá! Ou talvez sejam mesmo paixões! Não sei! Respondi.
Estou a ver que não achas normal! Comentou.
Não é nada disso. Ainda há dias te disse que a vida é o que acontece, então deixa acontecer, vive. Sabe-se lá o que é normal! Disse-lhe eu. O meu problema é  ter sentimentos completamente inusitados. Agarram-se a mim como uma lapa! Sinto dificuldade em libertar-me deles. Quando me apaixono, o sentimento cola-se ao coração como se tivesse super-cola! Ás vezes tenho de rachar o coração para poder viver! E isso é normal? Isso é que é normal? Continuei.
Afinal onde anda a normalidade? Continuo a questionar-me!

A CONTAR HISTÓRIAS

Chegas no silêncio da noite, apanhas-me entre a bruma escura do quarto e colhes-me pela cintura em gesto brando, contra os lencóis, os lábios mornos e húmidos vagueiam pelos flancos, em deslizes incendiários que soltam cabelos, garras e ais. E, ai! o meu coração bate tão apressado dentro do peito que os seios se movimentam como montanhas russas onde a tua boca brinca. Ai! Matas-me... de desejo! O som do despertador acorda-me e faz-me voltar à vida!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

ANDO ASSIM

Não preciso de palavras, esta música fantástica descreve muito bem o meu estado de espirito hoje.

ANGUS & JULIA STONE - DOWN THE WAY


Angus & Julia Stone - Down The Way (2010)
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Música folk romântica, belas melodias e bons vocais. Sabe bem ouvir e é para ouvir muitas vezes em dias tranquilos. 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

AUDIO


Penso que nem morta falharei o concerto no SBSR.



Muito bom!!! Venha o álbum.

A CONTAR HISTÓRIAS


Estava eu para aqui a matar o tempo do almoço quando encontrei um blogue que se chama "Tudo o que em mim não vês". O blogue de um rapaz que diz que se interessa, sobretudo, pelo amor, o amor verdadeiro. Fui lendo e pos-me a pensar. Este rapaz quer falar do seu amor abertamente, quer desabafar e expôr os sentimentos que lhe inundam o ser, o fazem viver e que também o oprimem. No fundo, é o que todos nós queremos, desabafar, empurrar cá para fora tudo o que nos aperta cá dentro. É que, por vezes, nos sentimos tão apertados que, se rasgassemos o peito, saíriam os sentimentos numa colossal explosão.
E o que é isso do amor verdadeiro? O amor, se é amor, não é sempre verdadeiro? Se o sentimos ele não é real? Ou será que se diz do amor verdadeiro aquele que é puro, desinteressado e se doa independentemente de qualquer circunstância?
Um dia dei conta de uma euforia tão estúpida quanto estranha! Um outro dia dei conta de um entusiasmo infantil e lírico a escrever dentro de mim coisas sem sentido. Um dia mais tarde dei conta de um desejo que me acompanhava e também se deitava comigo. Um dia que se seguiu dei conta de uma paixão a abalrroar-me as entranhas e a obrigar-me a acreditar em coisas em que não podia acreditar. Um dia dei-me conta que já era tarde. Havia qualquer coisa instalada dentro de mim com carácter duradouro, cansada de fingimentos e de se esconder. Hoje chamo-lhe amor. Que outra coisa lhe poderei chamar? É vivo e constante, teima em ficar, resiste ao tempo e à matéria. Alimenta-se de si mesmo, colhe pedaços do céu, pequenas coisas da terra, bebe na música e dança no papel. Então não é este um amor verdadeiro e puro? Para mim, este é hoje o meu amor, o meu único amor, o amor que escrevo, canto e sinto com todos os sentidos.

AO INVERNO SEGUE-SE A PRIMAVERA.



O sol chegou, os dias são agora claros e frescos e já despontam as folhas novas e verdes nas árvores. Está aí o tempo do amor e das paixões. Esta manhã enquanto tomava o pequeno almoço ouvi uma entrevista, não sei com quem, pareceu-me a voz do carlos do Carmo, mas não sei se era, o certo é que se falava da paixão e do bem que a mesma faz ao corpo e à alma. "Nós não conseguimos controlar as nossas paixões. Elas caiem-nos no coração sem que o consigamos evitar." - Disse ele. Cruel verdade! Digo eu. Deveriamos ser senhores do nosso coração, termos a liberdade de escolher quando e por quem nos apaixonarmos. Bom, ainda assim, concordo que as paixões nos fazem bem (se esquecermos o mal que nos fazem!), iluminam-nos as noites, põe-nos a sonhar durante o dia, obrigam o coração a funcionar no limite das suas capacidades, despertam os nossos instintos mais selvagens e tudo isso e tudo o mais que bem sabemos.
E com este tempo maravilhoso, está na altura de nos disponibilizarmos para a paixão.
a entrevista foi finalizada com a cantora Cristina Branco a cantar o poema Invitation au Voyage do Baudelaire. Confesso que não conhecia esta cantora e gostei. Gostei destas duas que aqui deixo.

FILOSOFIAS DE BOLSO

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"A ilusão é uma informação falsa que influencia o nosso processo de pensamento e tem a capacidade de dobrar a realidade."
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Ela anda cabisbaixa, menos risonha, há dois dias que não se pinta e o cabelo está desleixado!
- Que se passa contigo? Voltas a andar tristinha, já nem pareces a mesma!- Comentei.
Ela encolheu os ombros, acendeu um cigarro e pos-se a olhar a rua através da janela. - Perdi 15 quilos com muito entusiasmo, mas estou a perdê-lo e agora ando com desespero pela comida. Já não tenho vontade de me arranjar! Ele não se interessa por mim! Acho que fui eu que imaginei, foi tudo uma ilusão! Não passou disso! E está a morrer!
- E depois? A vida também se faz de ilusões. No fundo, somos todos uns ilusionistas. - Disse eu.
Ela fixou-me sériamente, com os olhos semi-cerrados. - Mas eu não queria que isto fosse uma ilusão. Estou desiludida! - Disse-me.
- Ninguém quer que as ilusões sejam só isso. Todos queremos que elas sejam matéria palpável. Mas o certo é que as ilusões, até mesmo as mais fantásticas, são voláteis, são como o ar, o vento, a poeira, o fumo ou uma bola de sabão. Jámais lhe tocaremos, desfazem-se em nada! É por isso que são ilusões. São enganos. São coisas criadas pela nossa imaginação, pelos nossos sentidos. Possivelmente são nada! Ficamos desiludidos, quando nos apercebemos do nada. A desilusão também é nada, nem sequer chega a ser o contrário de ilusão, porque um nada, nada pode gerar. Uma e outra coisa são, rigorosamente, nada! É apenas a nossa imaginação a trabalhar. A nossa imaginação precisa de criar ilusões. Temos de consumir a alegria ílusória que nos transmitem e deixá-las morrer quando tiver de ser. - Argumentei calmamente.
- Se fosse assim! tão simples!... Então o que é que eu faço com as minhas ilusões? Deixo-as morrer, só isso? Umas atrás das outras?! - Questionou.
- Andavas aí toda contente, não andavas? Já passou? Acordaste e viste que, afinal nada se concretizou. Foi uma ilusão! Não te preocupes, atrás de uma ilusão virá sempre outra ilusão.
- Então a vida são só ilusões? - Perguntou.
- Claro que a vida não são só ilusões e sonhos - Afirmei - Tens de começar a entender que a vida é, essencialmente, o que vai para além da ilusão, aquilo que crias e que efectivamente vives, desde que começas o teu dia até que te deitas. A vida é uma porta aberta. Tens de seleccionar o que queres deixar entrar e do que deixas entrar o que é necessário ou obrigatório expulsar.
- E o que é que faço com as ilusões?
- Aprende a geri-las.
- Ai pá! Enervas-me!!! - Disse ela. - Como é que eu as vou conseguir gerir se, emocionalmente, me afectam?!
- Controlando as emoções. Não deixando que elas te impeçam de viver o que de melhor tiveres para viver. A vida é o que está à tua frente e não o que está na tua cabeça. Tens de querer estar elegante, arranjada e bonita para ti mesma, para olhares no espelho e te sentires bem.  Não podes viver em função de uma outra pessoa seja ela quem for. Vive ilusões mas liberta-te delas. Vive quantas ilusões forem necessárias, mas não te deixes vencer por nenhuma delas. A vida é o que acontece. E um dia a vida acontece plenamente.- Disse-lhe enquanto a agarrava pelos ombros.
- Quem me dera ser tão racional!- Suspirou. - Enervas-me!!
Eu até me enervo a mim própria! Mas, há muito tempo que fiz um pacto comiga mesma: viver.
O sonho e a ilusão serão uma e a mesma coisa? Segundo os filófofos, a ilusão é uma informação falsa que influência os nossos pensamentos levando-nos a deturpar a realidade, ou seja, enquanto andamos iludidos, andamos enganados por uma falsa realidade. Eu creio que o sonho é uma fantasia criada por nós, sobre algo que almejamos e da qual temos consciência, mas que pode influenciar grandemente as nossas vivências.
Sonhar sempre, mas nunca deixar de viver.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ACTO I - AI A COMPOSTURA!



Temos uma estagiária nova no escritório. Foi a minha colega que falou com ela e descreveu-ma como sendo uma sonsinha, de bandoletes na cabeça com lacinhos, óculos muito graduados e umas roupinhas do século passado. Por Zeus! A rapariga vai enlouquecer conosco em três actos, disse eu.
Esta manhã, entrei no escritório a cantar. A colega veio ter comigo e perguntou-me o que é que me tinha acontecido e eu respondi-lhe, não me aconteceu nada infelizmente, mas hoje estou assim, acordei com esta música no pensamento. E pus-me a cantar bem alto "Foder é perto de te amar, se não puder ficar, perto". Ela largou uma gargalhada e pediu-me para repetir. E eu repeti. Que hei-de fazer? Gosto desta canção! E ela riu-se que nem uma doida. Fui buscar um cigarrito e ia pelo corredor ainda a cantar a mesma coisa, em direcção à marquise, quando deparei com uma alminha do outro mundo. Ficamos a olhar uma para a outra. Calei-me. Muito timidamente ela apresentou-se e por detrás dela a outra torceu-se toda a tapar a boca para não rir alto. Fiz um esforço enorme para não desatar à gargalhada. "Linda Martini", disse-lhe eu. O quê? Perguntou ela. O grupo que canta isto, respondi. Que bandeira!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Como é meu hábito
(ou tacitamente determinámos)
despedi-me de ti
com dois castos beijos:
doeram
como feridas nos pulsos.

Queria apertar-te
com furor juvenil
e não venci o medo.


Digo-te
agora
colorido
ser alado
aqui
nesta página
onde
por fim
metaforicamente
matei a cobardia:
amo-te

- Salvato Telles de Menezes, em 54 Poemas de Amor e de Maledicência -

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ELAS E ELES


Por volta da meia noite tocou o telefone. Há cerca de um ano que não tenho campaínha, assim, quem vier a minha casa tem de se fazer anúnciar por tefone, que eu só atendo se ouvir ou se quiser.
- Amiga, estou à tua porta, deixas-me subir? - Perguntou.
- Estou tão lixada que nem consigo ir para casa! - Explicou-me.- Fomos tomar um café, pedi-lhe para ficar comigo e disse-me que ia trabalhar, ia arranjar dois esquentadores, assim, amanhã ficava com mais tempo livre para dar uma volta. Bem tentei perssuadi-lo, mas argumentou que os esquentadores eram da marca e que tinha de adiantar o trabalho. Trocou-me por dois esquentadores! Vá lá! ao menos são de marca!
- A próxima vez que estiveres com ele diz-lhe que fez muito bem, pois marca que não dá assistência perde para a concorrência. - Disse-lhe eu.
- O quê? Repete lá essa. - Pediu agarrando no telemóvel. E eu repeti. Ela escreveu e enviou-lhe logo a mensagem. Minutos depois chegou a resposta: "Fizeste questão de me estragar a noite e conseguiste!" Ela soltou um vigoroso "Yessss", deu um salto e uma forte gargalha, deu-me um abraço e agradeceu-me:
- Obrigada amiga! Eu sabia que ia ficar bem disposta se viesse aqui.
Oh My God!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

UM CHEIRINHO A PRIMAVERA


Teddy Thompson - "In My Arms" Director's Cut from Ray Foley on Vimeo.

HOUSES - ALL NIGHT

Houses - All Night (2010)
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Álbum de estreia, vindo de Chicago, com música encantadora que faz bem aos ouvidos, como se confirma nos videos abaixo. 
Pode ser ouvido aqui http://housesmusic.tumblr.com/





sábado, 19 de fevereiro de 2011

ANTIGUIDADES DA MÚSICA



ADORÁVEL

RADIOHEAD - THE KING OF LIMBS

Radiohead - The King Of Limbs (2011)
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Sem surpresas e sem decepções, sempre bons, um pazer ouvir a começar por esta aqui em baixo (até apetece dançar assim!)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A CONTAR HISTÓRIAS



Em dezembro o namorado deixou-a com uma simples frase "Não me quero prender." Caíu numa depressão terrível! Chorava compulsivamente, enfiava-se na cama dias a fio e chegou a dizer-me que a vida não tinha sentido nenhum, que preferia vê-lo morto, que não aguentava mais a dor e que fazia uma asneira, punha termo a tudo! Levava a vida a telefonar-lhe, a enviar-lhe mensagens sem resposta e a escrever-lhe cartas. Inventava justificações e argumentos, dizia-me:
- Ele ama-me, mas tem medo de sofrer. Sinto que ele me ama, mas não tem capacidade para enfrentar o amor, para se prender. Eu conheço-o, tem medo de vir a sofrer.
E eu dizia-lhe:
- Tu não o conheces. Mete na cabeça que ele não te ama. Ponto final. O amor não é uma prisão. Sente-se preso porque não sente amor. É mais fácil assim, é a maneira de te libertares. Arranja outro, nada melhor que um novo amor para esquecer um velho amor.
E ela respondia-me:
- Não entendes! Eu amo-o profundamente, ele é o homem da minha vida, nunca vou deixar de o amar. Reencontrei-o vinte e oito anos depois e sei que é para sempre. Não posso viver sem ele.
- Claro que podes. O que reencontraste foi um homem que já não conheces. Durou cinco meses? Como podes saber da eternidade em cinco meses? Esquece, já morreu. Agora apaixona-te, há muitos homens à espera de se apaixonarem.
Apaixonou-se! Agora anda a rir e a cantar, os olhos a brilharem, põe músicas românticas, mensagem para cá, mensagem para lá, só falta a coisa concretizar-se. Ontem, enquanto fumavamos um cigarro perguntei-lhe:
- Que aconteceu ao teu profundo amor?
- Não sei! Tinhas razão, já nem me lembro dele! - Respondeu a rir-se. - E tu, como podes ser tão racional!?
- Uhmmmm! Incrível! Quase que te matavas por amor e afinal!... eu? Que hei-de dizer de mim? Sou um ser racional, tu própria o dizes. E não sou mais do que isso. - Respondi.
Eu sou aquilo que os outros conhecem de mim e só isso.
Eu atravesso o deserto, mas não estou sozinha, tenho o céu sobre mim e transporto sonhos no coração.
Não encontrei o que procurava, mas encontrei isto que achei fantástico. O que é bom nunca morre, renova-se!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

DESABAFOS

À pouco estava a estender roupa e, em baixo, na rua, lá estava o meu vizinho a olhar! Meteu-se no carro, ligou o motor, acendeu as luzes, desligou e deixou-se ficar no escuro a observar-me. Fingi nem o ver. Quando cheguei à roupa interior exitei, pensei, este cabrão sabe o número dos meus sutiãs, a cor e o tamanho das minhas cuecas! Mas continuei. Que se lixe! Há muito tempo que ele sabe de cor o que eu visto por dentro e por fora e deve ter uma imaginação muito fértil! "Sabe o que sinto, vê-la passar com esse corpo, adivinhar o que traz vestido e não lhe poder tocar!" Disse-me numa mensagem. Filho da mãe!
Durante o fim-de semana, divertia-me na noite de Albufeira - pirosa, pelo menos de inverno! diga-se - e o telefone sempre a tocar e mensagens a entrarem! "Está bem? Por favor mande-me uma msg a dizer que não lhe aconteceu nada de mal, estou aflito!" Filho da mãe! A agoirar-me! Na segunda-feira cruzei-me com ele à entrada do prédio e perguntou-me se me sentia bem. "Óptima", respondi-lhe. Não lhe ia dizer que estava de caganeira vómitos e que mal me segurava de pé! "Não me leve a mal, mas eu tenho um péssimo pressentimento de que algo de muito mal lhe vai acontecer", disse-me com uma mão no peito e um ar gravíssimo. Fiquei tão fodida! "Olhe, não me chateie, tome um valium que isso passa-lhe. Deixe-me em paz!" respondi-lhe. Sentia-me doente. Desde então, estou melhor, mas há dois dias que tenho uma enxaqueca pegada - apesar da boa disposição (lua cheia)! filho da mãe! Andará a fazer macumba?! Ah! Mas a melhor foi que no dia dos namorados me enviou uma mensagem com um ramo de rosas "somente para ti, foram ontem e serão para sempre as minhas rosas." C@!... não sei se me deva enternecer se chorar! Eu sei que é péssimo isto que estou a fazer! Não é gozar com os sentimentos do homem, eu também falo dos meus sentimentos não correspondidos, das minhas desventuras, não é isso, mas o homem enlouquece-me! persegue-me há mais de um ano, tira-me fotografias, liga-me e faz-me previsões nefastas. Assusta-me! Deixa-me a bater mal! Estou a pensar fazer uma denúncia criminal, mas tudo o que tenho não é válido como prova e a justiça não valoriza estes casos! Só actua se o individuo me atacar, agredir, violar ou ameaçar públicamente. Na verdade eu penso que ele tem problemas psicológicos, mas julgo que é inofensivo. O que eu não consigo é deixar de pensar no pressentimento de desgraça que ele faz quetão de afirmar! Arre!!! Que mais me irá acontecer?!
Bem... agora, para desanuviar, vou procurar uma música deliciosa para por aqui. Não tenho encontrado o que procuro!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

HÁ COISAS QUE NÃO SE EXPLICAM!

 
A minha vizinha de cima costumava dizer-me que a gata dela tem uma paixão platónica pelo meu cão, pois quando pode foge-lhe de casa e vem sempre encontrá-la a miar ou deitada a dormir à minha porta, como se o céu aqui habitasse. Sei do que fala! daquele lugar ou porta onde tantas vezes paramos e nos deixamos ficar, a suspirar ou a sonhar, quase a miar! E eu ria-me, dizia-lhe que isso não era possível. À pouco encontrei-a com o filho, agarrei no puto de seis anos e fomos com o meu tobias à rua, isto porque ele adora o meu tobias. Estava um vendaval terrível mas, ainda assim, fartamo-nos de correr os três no descampado aqui atrás. Quando fui entregar o puto, a vizinha pediu-me para esperar à porta. Apareceu-me com a gata nos braços. Pedi-lhe para a tirar dali, pois o meu cão ia estraçalhá-la - como qualquer cão que se preze, também ele detesta gatos. Mas o raio da vizinha rui-se, pediu-me para o segurar bem e pousou-a à frente dele. Fui-lhe largando a trela aos poucochinhos. Eles foram-se aproximando devagarinho, a cheirarem-se, com curiosidade, mais do que animosidade e, pouco tempo depois, tinham os narizes encostados. Ficaram sentados, um frente ao outro, em silêncio! A seguir ele pos-lhe uma pata na cara e ela baixou o focinho. Depois voltaram a cheirar-se e ficaram encostados a olharem um para o outro!

A CONTAR HISTÓRIAS



Chove, mas o sol espreita entretido no faz-de-conta que me põe a contar histórias. Este inevitável dizer de coisas quase banais, como num encontro quase casual em que fica por falar o desejo que o ventre esconde e só a água reflecte se olhada dentro de si mesma.
Observo a ventania que percorre as ruas com uma força rija, as pessoas que caminham vergadas pelo tempo(ral) que lhes varre as vidas, a chuva que escurece este final da manhã em que acordei com música no corpo e a dança nos pés. Escurece do lado de lá da minha janela, avizinha-se a tempestade e eu sorrio por um qualquer sentimento de ternura que me prende à terra. A tempestade passará e eu terei sobrevivido para enfrentar o estio que virá depois. Ano após ano. Viagem sem roteiro e sem retorno. Estação após estação, numa espera que acumula passagens de nível. E é neste silêncio íntimo vivo e real que desenho as palavras que falam de ti e escrevem o teu nome. E se um dia voltares a subir cada página como um degrau, cada frase como um atalho, saberás que é de amor que se faz o ritual. E eu sou um livro, do qual se desprendem as palavras para abraçar-te em silêncio.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

...

Sim, penso em ti.
Desdobro-me,
multiplico-me e
perco-me
a pensar em ti.

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(O fim-de semana foi muito divertido, mas a viagem para cima, ontem à noite, foi um verdadeiro inferno! Apanhamos uma gastroentrite e mal nos seguravamos de pé, tivemos de parar em tudo o que era àrea de serviço. Ainda ando para aqui a arrastar-me, muito fraquinha,)
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E PORQUE HOJE É O DIA DO AMOR

«Esta noite sonhei oferecer-te o anel de Saturno
E quase ia morrendo com o receio de que ele não te coubesse no dedo.»

- Jorge Sousa Braga -

«Quando olhas as estrelas, ah! minha estrela, eu queria ser o céu
Com mil olhos para te contemplar da minha altura.»

- De Arnaldo a Luma -

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A QUEDA DE UM ANJO

"A queda de um anjo".
Não há anjos! Não há deuses, nem semi-deuses! Por Zeus! Como poderia eu justificar o meu eu obscuro, o meu eu alucinado, o meu eu raivoso, o meu eu mais ardente? Que se soltem os cães!
Ah! A dolorosa, a maravilhosa realidade!
Amanhã, bem cedo, vou para Albufeira, com uma amiga tão frustada quanto eu. Partilharemos as nossas desventuras com muitos copos e muita animação, espero. Desejo a todos um bom fim-de-semana.

Ah!... Camilo Castelo Branco.

A CONTAR HISTÓRIAS

Há muito que invento histórias. Sem querer apercebo-me que Fevereiro é o mês das histórias. E que muitas histórias se resumem a uma só. Vai longo o tempo, poderiamos falar do tempo, como quem não tem mais nada para dizer. Antes falava de ti, mas agora é contigo que falo. Sentemo-nos numa esplanada, de frente para o mar, não de frente um para o outro, prefiro assim, que já não me atrevo a olhar-te nos olhos. Posso então dizer-te que um dia me pareceste um destino. Coisa mais tola! Era o coração perdido a inventar uma razão para bater. posso dizer-te que, de manhã, passa na rádio aquela música, é assim todas as manhãs, para castigo meu! Para evitar esquecer-te, como se a vida quisesse punir-me. Ás vezes trava-me a respiração e penso que é um sinal, que não pode ser por acaso todas as manhãs, aquela música a passar na rádio.Com tantas músicas para passar! Digo-te que ainda hoje estremeci quando inventei que era o destino a dizer-me que ainda estou na tua mente. Mas a minha mente mente-me quando invento histórias de destinos.
O mar está calmo. Posso segurar-te na mão, por breves instantes, acariciar-te os dedos ao de leve, como se fosse a brisa a beijar-te e deixar-me ficar no silêncio, os olhos presos no mar, neste mar que deixou de chamar por mim. Basta-me a tua mão para me fazer feliz, essa mão que não voltará a escrever o meu nome. Fiquemos em silêncio. Bem sabemos que foi no silêncio que se deram os nossos encontros mais profundos. Que o vento leve os nossos nomes, já não nos fazem falta. Queria poder encostar o meu rosto no teu ombro e sentir-te a respiração quente na pele, abandonar-me no teu cheiro, perder-me no mar. Mas basta-me a tua mão num toque de um minuto, para que a vida me pareça inteiramente feliz. 
Posso agora despertar, devagarinho, para não tropeçar na tristeza. 

ROSA CAÍDA

Oh meu amor secreto 
meu íntimo poema
minha fonte de desejo
meu pecado mor.

Pudesse eu ter sempre luz 
e voz e asas.

Arranca a raíz.
Que eu colha a liberdade
da súbita morte.

E ressuscitada viva,
incerta, frágil, mas altiva.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ALGUMA POESIA

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A fome do primeiro grito
Hilda Hilst

XII
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há um tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

XLII

As barcas afundadas. Cintilantes
Sob o rio. E é assim o poema. Cintilante
E obscura barca ardendo sob as águas.
Palavras eu as fiz nascer
Dentro de tua garganta.
Úmidas algumas, de transparente raiz:
Um molhado de línguas e de dentes.
Outras de geometria. Finas, angulosas
Como são as tuas
Quando falam de poetas, de poesia.

As barcas afundadas. Minhas palavras.
Mas poderão arder luas de eternidade.
E doutas de ironia as tuas
Só através de minha vida vão viver.

LXII

Que as barcaças do Tempo me devolvam
A primitiva urna de palavras.
Que me devolvam a ti e o teu rosto
Como desde sempre o conheci: pungente
Mas cintilando de vida, renovado
Como se o sol e o rosto caminhassem
Porque vinha de um a luz do outro.

Que me devolvam a noite, o espaço
De me sentir tão vasta e pertencida
Como se as águas e madeiras de todas as barcaças
Se fizessem matéria rediviva, adolescência e mito.
Que eu te devolva a fome do meu primeiro grito.





Andava tão gelada que pensei que era a alma a morrer-me. Afinal era gripe!
Hoje já não tenho febre, mas acordei com a garganta a doer muito e o pescoço tão inchado do lado esquerdo, que estou deformada. Que aborrecimento!

Mas agora tenho este brinquedo novo para me entreter. Ainda estou a aprender a lidar com ela e não tenho muito tempo. Que momentos nós duas iremos partilhar!
Ando mais tranquila agora. Muito desorganizada, com desânimo no trabalho, desinteressada pela casa (só ontem é que desmanchei a árvore de natal), porém serenei.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O MEU NOME É ESPINHOS

O meu nome é Espinhos e assim me chamo porque é no confronto com os meus espinhos que encontro as minhas flores. Os espinhos removo-os, as flores posso eternizá-las.

Sei que já te chamei espinho, mas foi por mera expressão artística. O espinho, invariávelmente, sou eu. Tu és a flor que eternizei - minha estrela, minha luz, meu luar e minha madrugada. Finjo que não existes, escondo, mas trago-te, ainda, no espartilho colado ao coração...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"VOCÊ NÃO SABE... QUANTA COISA EU FARIA, ATÉ ONDE EU CHEGARIA PRA'TE FAZER FELIZ...VOCÊ SÓ SABE, QUE EU TE AMO, TANTO(!), MAS, NA VERDADE, MEU AMOR, NÃO SABE O QUANTO! "



Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar e eu não posso mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar e me cortou

Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã

Nascendo, rompendo, rasgando, tomando, meu corpo e então eu
Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando
Feito louca, alucinada e criança
Sentindo o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar, explode coração...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Há pouco, enquanto esperava uns clientes, acendi um cigarro, encostei a cabeça na janela com o sol a bater-me na cara, fechei os olhos e desejei profundamente ser uma pessoa melhor do que aquela que sou. E nesse desejo me encerro, para que se cumpra.