quinta-feira, 29 de julho de 2010

INTERESSANTÍSSIMOS

Beak - Beak (2009)

Alamaailman Vasarat - Huuro kolkko (2009)


quarta-feira, 28 de julho de 2010

OUÇO, LOGO EXISTO.

Não sei o que se passa comigo! De repente deixei de ouvir música, agora ouço uma voz cá dentro de mim a falar! Gostava de saber se isto é contagioso, se se pode propagar, ou até agravar-se.
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Stand by me - Elvis Presley

terça-feira, 27 de julho de 2010

LUGAR COMUM


Esta noite dormes nos meus olhos. Eu durmo num banco de jardim onde te espero ao amanhecer
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Human fly - Nouvelle Vague

domingo, 25 de julho de 2010

BEM PERTO


É preciso ir além...
do hoje, do aqui, do agora. Prever o imprevisível, o vasto, o intenso, o revolto, o incontável. Fluir como um fio condutor, livremente, em conexão estelar. Quebrar as resistências, as separações, as habituais prisões, os rituais, o certo, o errado, o reflexo, o mecanizado movimento, a aparência, o autorizado. Despertar, encontrar, derreter, explodir, exagerar, extasiar, ... alcançar o imprescindível.
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Everything - Michael Bublé

A CONTAR HISTÓRIAS


Ela ficou muito tempo sentada no chão, com o caderno sobre as pernas. Tinha muito para dizer, mas não queria dizer coisas banais. Não queria dizer por dizer. Não queria ter de emendar o que queria dizer. Assim se deixou ficar, o tempo a passar e nem uma palavra! O tempo não passa! - Pensava ela no silêncio do chão. Corria-lhe o sangue nas veias. E o tempo parado! O telefone tocou duas vezes. Ela despertou, mas não estava. Foi então que as palavras nasceram.

"Sei-te perdido no meio do tempo, nesse tempo de espera que me borda os dias. Conto as linhas que faltam para te encontrar. Tenho os dedos cheios de palavras para te escrever na pele. Estou serena e tenho medo! Medo de te perder ao te encontrar! Porque o dedal com que bordo os dias está cheio de anseios e nele também escondo os traços que não te mostro. Enxoto o medo. Mergulho no desejo que me abafa. Neste conjunto de ternuras que me envolve o coração. Penso-te, na realidade. Meu sonho, meu pedaço de céu. Um dia destes... a palavra terá vida."
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The moon - Cat Power

terça-feira, 20 de julho de 2010

PENSO EM TI II



"Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã, acordarei entre os teus braços..
… Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela. Sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar a perfeição da felicidade."
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- José Luis Peixoto -

segunda-feira, 19 de julho de 2010

PENSO EM TI


"Vai alta no céu a lua da Primavera.
Penso em ti e dentro de mim estou completo.
Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.
Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos a ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim."
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- Alberto Caeiro -

domingo, 18 de julho de 2010

sábado, 17 de julho de 2010

A VOAR


Daqui a pouco estarei no Super Bock Super Rock. Amanhã por lá estarei também.
I'm happy.
Bom fim-de-semana.
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I wanna make it With chu - Queens Of The Stone Age

quarta-feira, 14 de julho de 2010

TRANQUILIDADE

Há uns meses atrás, estava a fumar um cigarro na minha janela e tive o privilégio de ver um avião cortar a lua cheia numa fracção de segundos. Coisa que nunca tinha visto e que possívelmente jámais verei. Fiquei trémula de emoção. Naquele breve instante todo o universo fez sentido. Tentei arranjar uma imagem aqui na net para guardar, não fosse a memória apagar-se um dia. Só consegui esta miniatura e deve ser uma montagem. Mas foi isto que eu vi.
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Hoje, também sinto que tudo no universo está em harmonia.

domingo, 11 de julho de 2010

ANDO ASSIM

Tristinha, sem vontade de fazer nada.
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Ontem à noite fui a casa de uma amiga.
Algum tempo depois do pai desta minha amiga falecer, a mãe, já com uns 70 anos, conheceu um homem e apaixonou-se. A minha amiga entrou em depressão, estado de choque e quase deixou de falar com a mãe, dizia que tinha vergonha daquela relação. Mas a velhota andava tão feliz que não desistiu. Por várias vezes me falou do que sentia e me pediu para falar com a filha, para ver se lhe abria o coração. Ela acabou por ir ao casamento da mãe mas nunca aceitou o homem. Nunca permitiu que o homem entrasse na sua casa ou na sua vida e por estranho que pareça nunca o chamou pelo nome, mas sim por uma alcunha feia que lhe arranjou. O convívio com a mãe faz-se à parte, a ele apenas o cumprimenta e nada mais. Já lá vão cinco anos de casamento e nunca alterou o comportamento.
A mulher gosta de conversar comigo. Eu gosto de conversar com ela. Ela é o exemplo vivo de que a paixão e o amor não têm idade, que só o nosso corpo envelhece, os sonhos e a vontade de amar e de ter uma companhia que nos ame são intemporais, fazem parte da essência humana.
Ontem ela estava em casa da filha e eu ofereci-me para a levar a casa dela. Lá fui. Ficamos à porta de casa cerca de uma hora, a conversarmos, a contar-me como esta relação lhe restituiu a vida que já há muito havia morrido, mesmo antes do marido morrer. E do desgosto que tem por a filha única não aceitar esse facto real e consumado. Eu também não entendo! Não deveria ela estar feliz com a felicidade da mãe? O que pretendemos para as pessoas que amamos, não é somente a felicidade? Creio que a minha amiga empedreceu. Vive uma vida de cimento, com algum luxo mas completamente desprovida de afecto. Ela e o marido apenas vivem na mesma casa e fingem que são um casal. A falta de partilha de afecto retira ás pessoas a capacidade para entender o que é o amor.
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Ao contrário, eu vivo de emoções. Os pés na terra, mas sempre a sonhar!
Durante mais de três anos vivi com o coração indisponível, presa a uma pessoa que nunca me amou. Envolvida numa relação que não o era, mas que emocionalmente não me permitia entragar-me a qualquer outra. Vivemos a uns míseros vinte e tal quilómetros de distancia, mas só nos encontravamos de vez em quando, de quinze em quinze dias, ás vezes só uma vez por mês e muitas vezes passavam-se dois, três ou mais meses. Poderá haver distância maior do que essa? Se assim era, porque razão o continuava a amar? Não sei. No ultimo ano entendi que não valia a pena. Ele sempre soube que não valia a pena. Mas não temos como abrir o coração e tirar de lá o que nos magoa, pois não? Ou como ordenar-lhe que pare de sentir, pois não? Por ele, eu teria ido até ao fim do mundo, mas perdi-me no caminho. O amor precisa do amor para sobreviver.
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Levo a vida a sentir, a escrever e a falar sobre o amor. Digo que o amor não se escolhe, que não se despreza, que nunca lhe devemos virar as costas. Digo que a paixão é o estado mais incrível em que nos podemos encontrar pois tira-nos da madorna da vida, por isso é sempre desejável. Digo que o encantamento é um estado morno de calor e bem querer. Digo tanta coisa! Mas, quando às vezes, tão raras vezes, sinto a possibilidade de me acontecer um pedaço de vida, não sou capaz de fazer nada para deitar a mão a essa possibilidade, fico paralizada, tolhida de ansiedade, á espera que o outro ou o destino se encarreguem de ma colocar na mão.
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Dizem que os meus olhos brilham. Estão olheirentos. Não durmo bem, durmo muito pouco. Tenho receio que os meus olhos parem de brilhar. Quero trocar mais que olhares contigo. A distância não é mais que uma palavra, pois não? Eu sei bem que não. Ás vezes tão perto e tão longe, outras vezes tão longe e tão perto. A impossibilidade é a negação da possilidade. E eu nunca digo que tudo é possível, mas sempre digo que há coisas que são possiveis. Quero dizer-te como me puseste o coração a trabalhar desordenadamente, como se estivesse avariado! Quero que me ajudes a encontrar-lhe o ritmo certo. Devagarinho. O ritmo das coisas verdadeiras, terrenas. Sem nada esperar, senão que a vida aconteça da forma que tiver de acontecer, não de outra forma.
Tanta conversa, mas era só isto que eu te queria dizer. É que "já não sei andar só pelos caminhos", levo-te para todo lado... e invento que tens coisas para me falar comigo. Invento que me queres.

sábado, 10 de julho de 2010

DIÁLOGOS


- Se alguém não gosta do presente, não tem muita hipótese do futuro ser melhor.
- Sim, já pensei nisso. Mas a verdade é que nunca se sabe. Vê esta noite.
- Na verdade… sinto-me sozinho a maior parte do tempo.
- A sério?
- Sim. Sempre me senti assim. Nascemos sozinhos, morremos sozinhos. E enquanto estivermos aqui, estaremos totalmente encerrados nos próprios corpos.
- É realmente estranho.
- Pensar nisso deixa-me louco. Só podemos vivenciar o mundo exterior através da percepção parcial que temos. Quem sabe o que realmente tu pensas? Só vejo o que acho que tu pensas.
- Sou exatamente o que aparento ser. Se olhares bem de perto. A única coisa que fez toda a vida valer a pena foram aquelas poucas vezes que fui capaz de me conectar de verdade com outra pessoa.
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Como diz Sr. Huxley: “A experiência não é o que acontece ao homem, é o que homem faz com que lhe aconteça a ele.”
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- Christopher Isherwood em “Um Homem Singular”  -

PENSAMENTOS DISPERSOS

O amanhecer na minha janela
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Ás vezes ponho a música muito alto para não ter de me ouvir. Que isto de ter uma voz que nunca se cala, que nos persegue para todo o lado, dá cabo do juízo!
Em tempos, há muito tempo, pratiquei yoga e até treinei meditação transcendental com bastante intensidade. Transcendi, muitas vezes. Tinha uma capacidade de abstração bastante elevada. Hoje não consigo abstraír e também transcendo muitas vezes.
Nos últimos anos dediquei-me à meditação. A uma prática de pensar, associada à filososfia, à psicologia e à natureza, como forma de combater o stress, de aceitar os disignios da vida e até de racionalizar. Tanto pratiquei a arte da meditação que me tornei incapaz de não meditar. Gerei uma máquina de pensamentos sucessivos, quando, na verdade a pretensão não era essa.
Houve um tempo em que eu conseguia fixar o olhar num ponto e apenas ouvir, ouvir uma música, ouvir o mar, ouvir o vento, os pássaros, sem qualquer pensamento a acompanhar o acto de ouvir. Também conseguia respirar fundo e sentir o mexer dos músculos, tendões e pele e expirar devagarinho, sentir cada coisa a voltar ao estado inicial, sentir a vida. Agora também consigo sentir, mas é uma grande inquietação!
"Encontrei-me com Deus e a minha vida mudou para sempre."- Disse-me uma cliente, que de um dia para o outro, começou a frequentar a igreja a toda a hora. Nessa altura pensei que talvez também eu devesse começar a ler a biblia, ou juntar-me às testemunhas de jeová, conviver com os mórmon, ou praticar peregrinação. Mas, vendo o rumo que a vida da cliente levava, percebi que Deus não se tinha encontrado com ela e até cheguei a pensar que só poderia haver uma explicação para o facto estar sempre enfiada na igreja, o padre devia ser um gajo jeitoso.
Dizem que trabalhar afincadamente nos faz parar de pensar e, portanto abstraír. Mas o raio da minha profissão exige raciocínio e, portanto, requer pensamento. Pensei então dedicar-me à agricultura, ao plantio de flores, sem qualquer outro interesse que não fosse o de trabalhar, sem qualquer ciência ou necessidade de pensamento. Dei por mim também a cultivar espinhos ou, se calhar, mais espinhos que flores! Quando, na verdade, a única coisa que pretendia era dar vida a uma rosa.
O pensamento, esse animal selvagem que nos come as entranhas, nunca se cala. Por mais alto que se ponha a música, ele consegue gritar sobre ela. A somar os gritos da vizinha que outra coisa não deve desejar senão que a deixe ouvir o seu pensamento na paz das tormentas.

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To lose my life - White Lies
O nascer do dia na minha janela
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Gostava de morar na tua pele
desintegrar-me em ti e reintegrar-me
não este exilio escrito no papel
por não poder ser carne em tua carne.
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Manuel Alegre, em Sete Sonetos e Um Quarto

sexta-feira, 9 de julho de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS


Há pouco liguei a um amigo e perguntei-lhe se tinha tempo para se sentar comigo esta tarde, para beber uma caipirinha e conversar. É que só um lunático como ele pode partilhar das minhas lunatiquices.

Travo conhecimentos com muita facilidade. Não são muito faladora, mas sou boa ouvinte e sou divertida. Por isso, tenho muitos conhecidos. Mas não tenho muitos amigos. Antigamente tinha um grupo de amigos. Com o passar dos anos, por circunstâncias da vida, dispersaram. Ficaram alguns e fui ganhando outros. Não são muitos, mas são de qualidade. Sou de relações profundas e duradouras, tenho a mania de me agarrar às coisas que amo e gosto de as conservar.
Os meus amigos não são amigos entre si. São pessoas bem diferentes umas das outras, completamente diferentes! Por isso, raramente saio em grupo.
Tenho uma amiga, aquela com quem convivo quase diáriamente, que é o oposto de mim. É muito gorda e é úma perua. Sempre aperaltada dos pés à cabeça, com peles, sedas, laços e cetins, colares, pulseiras e alfinetes, malas e sapatos, terrie debaixo do braço, com laçarotes nas orelhas, camisolas e ocúlos de sol (coitado do bicho!), a condizer com a dona. Formal, picuínhas ao extremo e não se atreve a dizer uma asneira. Adora compras e montras, leva horas a arranjar-se e nunca cumpre horários. Dá-me secas do c@! Somos a bucha e o estica, a lady e a vagabunda. No entanto, por muito que aos outros custe a entender, somos duas peças que encaixam. Ela é do signo gémeos.
Tenho uma outra amiga que é quase sempre olhada com desdém. Sei que lhe chamam a louca. De facto, tem comportamentos que fogem às regras sociais, na medida em não se cinge ao social e politicamente correcto, vive em constante batalha interior na busca de uma felicidade idealizada que a arrasta para uma constante amargura. Partilho com ela elevados momentos de filosofia e psicanálise, como com mais ninguém. Ela é do signo virgem.
Tenho uma amiga que é prima por afinidade. É uma daquelas pessoas a quem daria a camisa e a última migalha de pão. Que não está sempre comigo, mas que está quando faz falta ou quando sente a falta. Nunca critica, mas sabe valorizar. É com quem vou às festas, aos concertos, ao cinema, ao teatro, à praia, com que faço caminhadas ou com quem me sento simplesmente a partilhar um petisco a beber um copo e uma boa conversa. É do signo capricórnio.
Tenho um amigo, que é o irmão do meu ex-marido, com com estou quase todos os dias. Partilhamos muitas coisas. Ele ajuda-me em tudo o que pode e eu a ele. Não contamos segredos um ao outro, mas vamos contando o essêncial. Somos uma espécie de irmãos. Ele é irracional, irascível, apaixonado, bruto. Tem um feitiosinho do c@! Mas a amizade dele é incondicional. É touro.
Tenho um amigo que é a coisa mais encantadora que já conheci. É de uma ternurice espantosa. Apreciador da beleza das pequenas coisas e com uma capacidade de o dizer e demonstrar quase poética. É correcto e respeitador de tudo o que é alheio, mas profundamente divertido, intenso e completamente maluco. É com quem saio à noite para beber um copo, com quem apanho pielas, com quem partilho o meu lado mais ternurento e também o mais desordeiro. É leão.
Tenho um amigo que é uma espécie de alma gémea. Desde Há 19 anos que partilhamos poemas e fotografias, alegrias e tristezas. Conversamos muitas vezes ao telefone e de vez em quando alomoçamos juntos para falarmos da nossa vida pessoal, trocarmos fotos dos nossos filhos e da família e contarmos um ao outro dos sonhos que vão embalando a nossa vida e que nunca se cumprem. É capricórnio.
Tenho uma amiga com quem partilho um espaço comum no local de trabalho. Com ela passo algumas horas do dia, de todos os dias. É demasido faladora e má ouvinte. Deprime-se muitas vezes e fica antipática. Prestamos ajuda profissional uma à outra e dividimos coisas pessoais que raramente são muito profundas. Mas tem um papel importante para mim, sei que me quer bem e eu quero-lhe bem. É peixe
Tenho umigo com quem hoje vou beber um copo e falar as coisas mais parvas, mais sentidas, também as mais divertidas que se podem falar. É um amigo a quem não escondo pormenores, com quem posso ser aquilo que me apetecer ser no momento, ser integralmente eu ou aquela que eu quiser. Que vem a correr sempre que pensa que posso tropeçar e preciso de uma mão que me segure ou vice-versa. É muito parecido comigo. É leão.

Os meus amigos raramente se juntam. São muito diferentes uns dos outros. E quando se juntam, não sentem afinidades entre si. Mas, com cada um deles eu posso ser uma das que sou. Guardo segredos que não conto a um mas que conto a outro. Há coisas que não falo nem partilho com um, mas falo e partilho com o outro. Ás vezes até posso ser inteira, com um só deles.
Os meus amigos praticamente nem se conhecem. Eu raramente falo de um a outro, no que diz respeito a coisas pessoais. Mas conto onde estive ou onde vou. É interessante perceber como eles são todos diferentes, convivo com eles no meu dia a dia e nem se conhecem!

Tenho outros amigos, mas estes são os amigos sempre presentes.
Quanto aos signos, não sei, nos últimos anos tento perceber se as caracteristicas deles terão alguma coisa de real.
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Bittter Sweet Synphony - The Verve

quinta-feira, 8 de julho de 2010

DE REGRESSO ÁS COISAS REAIS


Há três dias atrás:
Ele - Porque não vives o que tens à tua frente! Pára de sonhar porra! O amor não se mendiga, conquista-se. Dá-me uma segunda oportunidade.
Ela - De facto assim é. E se de facto assim pensas, poderás explicar-me porque não te esforçaste para o conquistar em devido tempo e, no entanto, desde então, não te cansas de o mendigar! As oportunidades são únicas, jámais se repetem. O que se repete são as valsas. Mas nunca o encantamento da primeira.
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Cousins - Vampire Weekend

ADITAMENTO


O verdadeiro significado das palavras, aquele que efectivamente encerram, é o de assumir uma (i)realidade, a declaração quase pública de uma platónica paixão. Falar de um sonho que sonhou ser mais que um sonho.

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Não há palavras que possam descrever a verdadeira efervescência da pele.
Da pele que desperta pela manhã
da pele que reclama viver
a cada poro que se abre.
Da pele que me ondula no bater do peito,
que deseja outro peito, a areia, o sal.
Da pele para onde todos os sentidos convergem,
da pele palpável, sentido dos sentidos,
palavras,
textura e forma.
O único significado possível de quem quer
de quem assume um querer.
Da pele que sabe que
inevitável e sublimemente
a vida exige vida.

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A natureza é tão extraordináriamente simples! Um sentimento não deve ser mais do que isso: extraordináriamente simples e natural.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Para ti T.C., sem espinhos
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Ontem à noite sentei-me numa esplanada, à média luz, de frente para a àgua, onde todas as luzes brilhavam, de costas para tudo, de costas para toda a gente, ao som do Bob Marley. A noite estava quente e eu tinha serenado. podia, então pensar. A paixão é um estado de alma de sentimentos inesgotáveis que vão desde a felicidade aguda à angustia mais profunda. Sei-o porque lidei à pouco com uma miúda de 16 anos e sei-o porque passei a ter 16 anos.
Tenho andado a dar a volta ao passado, por entre todas as coisas que escrevi, a tentar perceber quando é que este sonho nasceu dentro de mim. Foi há muito tempo! Já não é possível descobrir! É que são tantas as coisas que te dizia (in)directamente e que tão bem posso identificar, quantas as que inconscientemente falava! Muitas vezes nem eu própria me dava conta! E a final, ao dar a volta a tudo, vejo como era tão ingénuamente transparente! Será que alguma vez terás percebido? Há sentimentos que se geram e vão crescendo e não fazemos nada para os afastar, porque, embora pareçam inexplicáveis, têm a sua própria explicação, porque nos fazem bem, porque é aquele outro lado de nós, aquela outra vida paralela, que nos faz manter o equilibrio. Chega-se a um momento que passamos mais tempo nesse lado, é então, que deixamos de controlar o sonho. Porque o sonho quer ganhar vida, exige uma certa realidade. Tomei consciência disso e, ainda assim, nada fiz para evitar que as rédas se soltassem. O sentimento tinha começado a galopar! Já não haveria como o evitar? Talvez não. Ainda tentei agarrar-me à realidade, mas senti-a tão fria que não podia ficar nela. Ou porque já não tinha controlo sobre o desejo. O desejo é algo que foge a qualquer domínio, que nos leva a atitudes imprudentes.
Jámais me passou pela cabeça que pudesses alguma vez ter sonhado ou viesses a sonhar... É dificil descrever o que as palavras me provocaram! Uma felicidade tão intensa que me tirou o sono, que me tirou da realidade, completamente! Se um camião me passasse por cima, tenho a certeza que nem um arranhão me provocaria! Depois do impacto inicial, comecei a pensar na minha idade, e nas coisas que alguém escreveu(!) e na figurinha ridicula que estaria fazer, e que se calhar o sonho até não era eu... e o raio que o parta! Um desespero incontrolável! E também queremos sempre mais, não é? Não nos basta o sonho, pois não? Precisamos do uso pleno dos sentidos... pronto, a dor da privação!
Reflectindo sobre tudo isto. Mais serena agora, e já capaz de me expôr sem temer parecer inimputável, quero dizer-te que tens sido muito importante para mim. Tens sido o sonho que tem dado equilibrio e luz à minha vida, já lá vão mais de dois anos. Estamos debaixo do mesmo céu, não te esqueças de olhar para ele de vez em quando.

domingo, 4 de julho de 2010

A TUA ELEGÂNCIA


Quando comecei a trabalhar era uma jovem inexperiente no ofício. Tive de enfrentar um Colega já de idade e muito experiente. Fiquei apreensiva. Porém, ao invés de ele se aproveitar do facto, mostrou-me os caminhos a seguir, indicou-me os meios, os correctos, era eloquente em tudo o que dizia e fazia e de uma cordialidade e elegância fora do comum. Esta madrugada lembrei-me como a atitude dele mudou alguma coisa em mim. E serve para ilustrar a postagem.
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Há uma elegância que não tem a ver com o porte fisico, mas sim com a atitude. Tem a ver com uma sensibilidade extraordinária. É o charme da alma. É o oposto da arrogância e da indiferênça para com os outros. É uma caracteristica tão rara que é de fácil percepção. E é desvalorizada pela maioria das pessoas. Vive-se o quotidiano, o imediato, como quem consome dias. Consomem-se pessoas como quem consome bens. Neste contexto não se gera a necessidade de se cultivar a elegância. Eu tento, mas nem por isso obtenho o resultado pretendido. É tão difícil encontrar essa caracteristica num único Homem, como o é encontrar a normalidade.
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Ficamos muitas vezes sujeitos ao julgamento e crítica das pessoas. As pessoas elegantes também são pessoas discretas, não o fazem, ou fazem-no subtil e indirectamente.
As pessoas elegantes não receiem o que possam aparentar, porque efectivamente são elegantes em tudo o que fazem, seguem uma linha de comportamento quase sempre irrepreensível e aqueles que as julgam ou criticam são quem acaba por perder a compostura. A elegância está associada a uma inteligência muito especial.
A elegância enquanto sensibilidade. É o que mais me apaixona e deslumbra numa pessoa. Quando encontramos uma pessoa com essas caracteristicas e que ao longo do tempo não se desmoronam, pelo contrário, se firmam, como podemos ficar indiferentes? Não é apenas uma pessoa elegante é um ideal.

sábado, 3 de julho de 2010

Quando o que sinto me transcende, me enfraquece, me tira o sono, o apetite e a capacidade de raciocínio... e até chega a doer...

Quando as palavras são mais do que um prazer e um vício, são uma necessidade...

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As luzes da cidade cairam sobre a água. Porque a baía entra pela cidade para, à noite, lhe colher as luzes. Esta noite a baía parece indiferente ao desassossego, tal é a serenidade das suas àguas. Corre uma brisa leve que tropeça sobre a pele. Arrepio-me. A vida beija-me. Tenho o desejo de te beijar. Penso como seria o toque aveludado, os meus lábios a entrar pelos teus para lhe colherem o sabor, uma brisa leve a transformar-se em ventania, um tornado. Arrepio-me. As luzes do palco chocam com os meus olhos. Vai começar. Lá está ele. Queres uma mini? Grita um rapaz. Ele responde obrigado e mostra uma média. Que charme! Estou com dificuldade em concentrar-me. É como se nunca estivesse em lugar nenhum senão no pensamento que sempre me leva a ti. Á minha frente uma criança acena-me, do colo da mãe. Desperto. Atrás de mim dançam e fumam charros, posso sentir o movimento e o cheiro. Dois barcos cruzam-se sobre as luzes da cidade. Uma pequena bola de sabão passa sobre mim, e depois outra e outra. Tento agarrar uma que se desfaz ao toque. Sinto vontade de roubar o brinquedo ao fazedor de sonhos, mas é uma criança e não se roubam os sonhos ás crianças. Sonho-te por entre as horas em que não faço mais nada senão sonhar-te. Canta aquela, canta aquela, grita uma rapariga, encosta-te a mim. Ele ri-se, sempre com aquele charme espantoso, e encosta-se. Brilhante! Agora deixa-me rir, canta essa. Gostava de falar contigo sobre tontarias e rir. Digo que não devemos amar alguém com quem não consigamos conversar e rir e que não ouça a mesma música. Digo sempre isso. Gostava de partilhar o riso contigo. Nunca partilhei o riso contigo. Acendo um cigarro. Uma mão agarra-me pelo braço e puxa-me contra a brisa. Vamos, já acabou. Esta noite a baía está tão bonita! Falam comigo mas nem ouço. Olho para a baía deslumbrada e interrogo-me porque estou tão incapaz de gerir as águas que me banham. Nunca te disse que te acho bonito. (Meu Deus, como eu te acho bonito!) Que olho para ti com deslumbramento e medo. (Tenho tanto medo de parecer ridícula, ainda que até o possa ser! Tanto medo que me aches um insecto estupido e feio, tanto medo de tanto!) Há uma angustia dentro de mim. E uma brisa que me abala dos pés à cabeça.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ESTA NOITE


Jorge Palma

LET'S GO

Praia, sol & Rock N'Roll



quinta-feira, 1 de julho de 2010

TAKE A BREAK


"À minha incapacidade de viver crismei de gênio,
à minha cobardia cobri-a de lhe chamar requinte.
Pus-me a mim,
Deus dourado com ouro falso,
num altar de papelão pintado
para parecer mármore.
Mas a mim não enganei nem a consciência do meu enganar-me."

- Fernando Pessoa -
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Fui almoçar a casa dos meus sogros (ex) que são duas criaturas maravilhosas, pais de substituição, se assim lhes poderei chamar. E quando vinha a caminho da minha casa, para dar o almoço ao meu filho e ao meu sobrinho que nas férias por aqui fica, a conduzir o meio quilómetro que as separa, desatei a chorar. "Desculpa não ser a super mulher!" Disse a mim mesma. Há alturas em que as emoções fogem ao nosso controlo, em que percebemos que, afinal, não temos o poder de agarrar os sentimentos, de nos mantermos firmes, seguros e inabaláveis. Vinha a pensar no meu sogro que está com um cancro, em todas as coisas e pessoas que enriquecem a minha vida. Vinha a pensar na existência, no porquê disto ou daquilo. Vinha a pensar no livre arbítrio, na possibilidade que cada um tem de poder escolher "existir" ou "não existir" - de viver na sombra ou na luz, (para além da impossibilidade de escolher os sentimentos).
Preciso de uma pausa para reflectir. Não vou de férias porque só tenho férias em Agosto, mas vou parar um pouco, concentrar-me no trabalho ao qual não tenho ligado nada. Preciso de parar de escrever. Tenho tantas coisas para escrever no escritório e que não tenho conseguido! Preciso de luz. Preciso de eliminar dúvidas. Preciso de me iluminar.