terça-feira, 30 de novembro de 2010

DESATINO!


Esta madrugada olhei para o meu rosto no espelho e apeteceu-me partir, o rosto, o espelho ou partir para qualquer lugar. Penteei os cabelos e apeteceu-me pintá-los, cortá-los, trocá-los, comprar uma peruca. Abri o guarda fatos e apeteceu-me arrancar tudo lá de dentro e colocar no lixo. Cheguei ao escritório, olhei para as pastas, fiz montinhos com a papelada e sentei-me sem fazer nada.
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Hoje só apetece fumar. E uma ilha deserta...

DOS SEXOS À GUERRA


Numa loja de roupa:
- Por amor de Deus(!) vamos a um casamento, não vamos à entrega dos óscares. - Disse ele.
Ela ficou estática a olhar para ele. Depois atirou com o vestido para cima do mostruário virou costas e saiu sem dizer nada. Ele foi atrás dela.
Eu fiquei a olhar para o vestido e a pensar.
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Never is a promise - Fiona Apple

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PREGUIÇA!

O tobias de madrugada. A chuva a caír na janela... muito frio!
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Hoje só apetece cama. E ternuras...


domingo, 28 de novembro de 2010

DE OLHOS NOS LIVROS


Fui às compras e trouxe este. Andava com curiosidade acerca deste autor. Vamos ver se é hoje que me estico ao longo do sofá, no quentinho da sala e começo a lê-lo. É o quarto livro que compro este mês, mas só li um e, confesso, não o achei grande coisa, embora engraçado e de leitura fácil - "Diário de um killer sentimental" de Luís Sepúlveda.
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ROMANCE SOLITÁRIO


Ela deita-se todas as noites com ele. Dentro da noite eles vivem e dormem no mesmo quarto. Acordam todas as manhãs enroscados nos braços e pernas um do outro. Ele não o sabe.
Ela encontra-se com ele a horas marcadas do dia e conta-lhe como foi que tudo aconteceu na sua vida, tecendo um livro de histórias variadas, muitas delas, empregnadas de fantasia, alteradas por uma visão quase romântica de tudo, um teatro de ensaios unilaterais incompreendidos por uma assistência fria e indiferente. Ele nunca está presente nem escuta o som das palavras, sequer vê as cores do palco que ela pinta a rigor para o impressionar e lhe transmitir fielmente a falsa realidade que o mundo é.
Ela encosta-lhe o rosto contra o peito para que ele, surdo, sinta a balada que toca no coração e lhe apanhe o ritmo com as mãos a dançar na alma. Beija-lhe as palpebras, como quem afaga um filho, cego, e afugenta a tristeza mais sombria.
Ela agarra-se a ele. Ele não o sabe. A dor dele agarra-se a ela. A dor dela é ele.


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11th Dimension - Julian Casablancas

sábado, 27 de novembro de 2010

SOMOS ÚNICOS, SEM DÚVIDA!


Há um lugar onde nascem os sonhos. Pensei que deveria ser no pensamento, mas estou quase certa que só pode ser no coração. Todos ambicionamos ser únicos, todos julgamos ser únicos, como no filme "Inteligência Artificial", e todos somos, efectivamente, únicos. Um dia nascemos para alguém, de uma ou de outra forma, seja em que idade for, e tornamo-nos únicos. Às vezes, as pessoas para quem nascemos únicos não o são para nós. Às vezes, não somos únicos para as pessoas que o são para nós. Às vezes, somos tão únicos que dois passam a ser um só.
Um dia nasceste para mim e percebi logo que eras especial, que eras único.
Queremos sempre uma vida inteira. Como no filme. Só queremos ser de verdade. É essa a meta suprema: ser de verdade e ser para sempre. Desde o dia em que se nasce, uns e os outros, uns para os outros. Tu para mim, eu para ti. Lembro-me, sem precisar, do dia em que nasceste e te pressenti único. Lembro-me da terra a tremer dentro mim, do mar a inundar as tripas e um curto-circuito a desligar-me, a piscar, a desligar-me. Um apagão e o recomeçar. A vida nunca mais seria a mesma! Eu só queria ser real. Eu só queria ser de verdade. Oh, fada Azul!... poderias conceder-me o desejo de me tornar verdadeira, para obter o amor do meu amado?
Queremos sempre uma vida inteira. Como no filme. Mas, no filme, um dia, um só dia, acabará por valer uma vida inteira. Depois ele adormece e vai para o lugar onde os sonhos nascem. E a nós? Bastar-nos-á um dia de verdade, um único dia!? Fechamos os olhos, adormecemos e vamos, para o lugar onde os sonhos nascem? Um único dia, em que somos especialmente únicos, infinitamente únicos?! Ou não!
Um dia eu nasci para ti. E tornei-me de verdade. Ainda não sei se me tornei única.
Um dia nasceste para mim. Para seres único e de verdade. Para mim! Oh, fada Azul!... Oh, fada Azul!...


sexta-feira, 26 de novembro de 2010


É sexta-feira à noite e não sei o que fazer!
Como foi que me desabituei de estar só, se passo tanto tempo sozinha?
Os meus rapazes foram ambos de fim-de-semana e eu para aqui perdida entre blogs e músicas, lembranças, sonhos, saudades e nostalgias!

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

MARAVILHOSA POESIA


Dá-me a tua mão
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Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua-
para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.
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Dá-me a tua mão companheira
até o abismo da ternura derradeira.
*
*
*
Cala-te...
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Cala-te, voz que duvida
e me adormece
a dizer-me que a vida
nunca vale o sonho que se esquece.
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Cala-te, voz que assevera
e insinua
que a primavera
a pintar-se de lua
nos telhados,
só é bela
quando se inventa
de olhos fechados
nas noites de chuva e de tormenta.
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Cala-te, sedução
desta voz que me diz
que as flores são imaginação
sem raiz.
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Cala-te, voz maldita
que me grita
que o sol, a luz e o vento
são apenas o meu pensamento
enlouquecido….
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(E sem a minha sombra
o chão tem lá sentido!)
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Mas canta tu, voz desesperada
que me excede.
E ilumina o Nada
Com a minha sede.
*
*
*
Um dia virás,
hora doce e calma
sem as espadas dolorosas
que me sangram a alma
quando cismo...
.
Eu que até nas rosas
procuro um abismo.
*
*
*
Que voz é essa que vem da floresta
e não do meu coração?
Pois os pássaros não cantam apenas
na minha imaginação?
Existem em cor e penas
na realidade desta canção
de mim tão alheia?
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Ó pássaro autêntico,
volta a ser ideia.
*
*
*
Chove...
.
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
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Chove...Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
*
*
*
Entrei no café
com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr da imaginação...
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A seguir,
tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
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Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
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E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir -
onde só procuro a Beleza
para me iludir dum destino.
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- Poemas de José Gomes Ferreira -

terça-feira, 23 de novembro de 2010

DESABAFOS


Entrei agora no escritório e reparo como a minha secretária está cheia de pastas e de papelada ás resmas! Muita coisa acumulada e pouca vontade de fazer. Fui aos correios. Vou muitas vezes aos correios enviar cartas. Já não escrevo cartas como antigamente, cartas aos amigos, cartas de amor. Ainda escrevo muitos rascunhos de cartas que não chegam a ninguém, pelo vício de escrever ou a necessidade de dizer o que não digo. Tenho o blog cheio de rascunhos e os dedos também! As funcionárias dos correios conhecem-me. Há sempre uma converseta pelo meio do atendimento. Há pouco, a funcionária foi desabafando, contando isto e aquilo, sobre a grande depressão em que se encontra! Quase chorou. Lá disfarçou o estado de espirito como pode. Raios! O que é que se passa com as pessoas? Deparo com tanta tristeza à minha volta! A vida é assim tão má ou as pessoas não sabem como vivê-la?

Ontem de tarde fui para Lisboa fazer uma escritura pública. Enquanto aguardavamos, a minha cliente emborcou dois antidepressivos. Tinha uma maleta cheia deles! E continuava tão nervosa e irrequita, que até me causava impressão. Veja lá se sossega! Disse-lhe eu! Tenho-lhe um ódio profundo! Disse-me ela. Ao ex-marido. Arruinou-me a vida completamente! Quando ele entrar por aquela porta, até me vão dar vómitos. Nos primeiros anos fui eu que paguei a casa sozinha e agora tenho de partilhar com ele as mais valias! Isto é que é o direito! Praguejava ela. A dado momento pus-lhe a mão ombro, arrastei-a para um canto e sem disfarçar a irritação que me estava a causar, perguntei-lhe como é que tinha pago a casa sozinha. Explicou-me, então, que a prestação no valor de € 500,00 e tal era retirada do seu ordenado de € 600,00. Não lhe ficava nada. A seguir perguntei-lhe como é que pagava as contas correntes, se alimentava o casal e os filhos, se vestiam e calçavam e tudo o mais. Explicou-me que isso era tudo pago com o vencimento dele. Então como é que você pagou a casa sozinha? E com que direito se julga no direito de não partilhar? Perguntei-lhe. Se calhar, se alargasse a visão, se olhasse para todos os lados, veria a justiça de outra forma. se calhar, se o fizesse, nem precisasse de antidepressivos!

Não há paciência!

Estou numa fase da minha vida em que trabalhar quase não me dá prazer. Não sei o que se passa com as pessoas! São tão injustas, tão intolerantes, tão egoístas, tão deprimidas e deprimentes!

Há dias, um individuo que deixou a mulher para ir viver com a amante, foi questionado se era vontade sua divorciar-se. A resposta dele a olhar para a futura ex-esposa foi não. Mas a vontade de manter o casamento não pode ser só de um, pois não? Questionou o dito sujeito. Eu olhei para ele, meia atordoada e perguntei-lhe se ele não vivia com uma senhora, ao que ele respondeu que sim, mas... Então perguntei-lhe se essa senhora tinha conhecimento desse mas..., ao que ele respondeu que não. Vi-me obrigada a pedir-lhe para não dizer mais nada. Claro que saiu dali divorciado, pois como o próprio disse, a vontade (qual vontade?) não depende só de um.

Não há paciência! Não há!

Um dia destes, uma amiga minha que se quer divorciar, exigiu do marido manterem a casa de morada de família para os filhos nela habitarem e cada um dos progenitores passaria lá uma semana com eles, alternadamente. O que obrigava a que cada um deles tivessem uma terceira casa para habitar. Mas claro que os encargos ficariam a cargo do futuro ex-marido. Quando pediu o meu conselho disse-lhe que tivesse juízo. Os filhos vivem com os pais ou com um dos pais, não são os pais que vivem com os filhos. Como pode ela exigir que o marido suporte tamanho encargo financeiro, quando ela está cheia de problemas económicos e mal se consegue sustentar a si própria? É para bem dos menores. Disse-me ela. Não pensou nisso quando se enrolou com outro tipo. E para bem do marido? Ficou aborrecida comigo! Porra!

Não há paciência! Não há, não há!

domingo, 21 de novembro de 2010

MANEIRAS DE DIZER


Contigo, o céu, como se fosse a terra. Ou a terra no céu.
Por dentro, também, sinto um horizonte.

Caminhar faz sentido, quando não estamos sós.

Se o amor é tão fácil de dizer, porque razão me calo quando te falo?
E, no entanto, o sangue corre veloz, dentro de mim, para as nossas mãos!

Olho o céu e consigo tocar-lhe com os dedos.
Talvez sejam os meus dedos a desenharem o céu que vejo.

Um dia, as palavras, a tocarem qualquer coisa.
Um dia, sim, o som, a música nas palavras.
Em rima, ou em ruína?

JOHN GRANT - QUEEN OF DENMARK / OUTROS...

John Grant - Queen of Denmark (2010)

Playfellow - Carnival Off (2010)


Micah P. Hinson - Micah P. Hinson And The Pioneer Saboteurs (2010)

Serena Joy - Ours Will Be a Lonely Battle - E.P. (2007)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

GUERRA DOS SEXOS


Ontem foi dia de festa. O meu filho fez dezassete anos. Os avós saíram do restaurante e levaram os putos. Fiquei eu, o cunhado, o ex-marido e um amigo nosso. Quatro divorciados, a darem no whisky e a descascarem nas mulheres e nos homens. Claro que eu estava em desvantagem, não só por ser a única mulher, mas ainda por ter o ex-marido presente.

- Um homem é demasiado simples, fácil de entender, para manter uma relação só precisa de bom sexo e cerveja, em casa. - Disse um.
- Não é bem assim. - Disse eu. - Deves acrescentar "e na rua", porque só em casa nunca lhes basta. Sentem necessidade de mudar de marca de vez em quando.

- Já as mulheres precisam sempre de fazer contas à vida, de agendar o cabeleireiro, de procurar o roteiro de férias, de fazer compras desnecessárias e de arrumar a casa na hora mais conveniente para praticar sexo. - acrescentou outro. - E adoram contabilidade, nomeadamente para poderem somar o ordenado do marido ao delas e verem quanto é que podem subtraír do primeiro para uso pessoal, extravagâncias ou vaidades.

- É por isso que eu agora pago para ter sexo, é mais seguro, mais barato e no dia seguinte não tenho de me lembrar do nome e da cara, nem tenho de lhes telefonar. Bem sei que aquilo é tudo a fingir, mas cheguei á conclusão que, com as minhas mulheres, nunca soube quando é que o não era. Por isso agora tenho a certeza e não ando enganado.

- Nunca percebi porque é que as mulheres sentem necessidade que andemos sempre de volta delas "meu amor", "minha querida", "adoro-te"...
- O grande problema é que os homens nunca percebem nada sobre as mulheres e nem tentam perceber.- observei.
- Os homens percebem de sexo e de cerveja. É quanto basta.
- Não. - Digo eu. - Os homens percebem de cerveja, mas julgam que também percebem de sexo. Um outro grande problema é precisamente esse. Quase todos pensam que percebem de sexo, mas são poucos os que efectivamente percebem. Deve ser por isso que as mulher fingem tanto. Desistem de lhes fazer perceber que não percebem nada. É que, para os homens, bom sexo é o sexo que os satisfaz e só isso.

- Tem tudo a ver com a educação, a forma como somos educados desde a infância.
- Para mim, tem tudo a ver com as diferenças e a forma como cada um pensa e encara o outro. Um homem e uma mulher são completamente diferentes. - Digo eu. - Até onde é que cada um de nós está disposto a ir para se entender com o outro e superar as diferenças? É aqui que o amor tem um papel relevante.

- Não me fales do amor. Quem é que precisa do amor? Eu já não preciso do amor. Estou melhor sem ele. Só preciso de sexo.
- Ainda bem! - Disse-lhe eu. - Todavia, não acredito. Todos nós precisamos do amor, até mesmo aqueles que dizem que não. Quem o não tem, ainda que o não procure, espera-o. O amor é condição sine qua non da própria vida, do Homem. Estarei a exagerar? Não sei, mas é assim que eu penso.

Muito se falou ali, sobre muito, umas coisas completamente parvas outras que me puseram a pensar sériamente. Cheguei a casa já passava das duas horas da manhã, e na minha cabeça só tinha um pensamento: "Os homens são uns verdadeiros idiotas. Não confio num único homem. Jámais poderei esperar grande coisa de um homem! E é com isto que tenho de viver!" Estiquei-me na cama, escrevi uma mensagem muito amorosa, enviei-a e adormeci.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

COISAS DE GAJAS


Há dias uma cliente solicitou-me uma reunião urgente porque ia ser internada no dia seguinte. Preocupada perguntei-lhe se estava doente e disse-me que ia tirar as banhas da barriga. Credo! Até me arrepiei! O quê? Tenho uma amiga que fez isso e sofreu imenso. Vaidade, a quanto obrigas!
Confessou-me, então, que aquele belo par de mamas que tem, são de silicone. Sim, porque as dela estavam lisas e caídas até ao abdómen, e até davam para enrrolar e prender com uma mola. Xiça! Mulher sofre para ser bonita!
Depois indicou-me uma loja onde fazia as unhas de gel. Mostrou-me as dela. Estavam perfeitas, sem dúvida. A estéticista dela trabalha bem. Também se notava no brilho dourado do cabelo.
Hoje, após o juíz lhe decretar o divórcio, abraçou-me fortemente, com lágrimas nos olhos. Estava comovida. "Vá!... Não vai chorar, pois não?" Perguntei-lhe eu enquanto ela me apertava. Soltou-me logo. "Não posso. Ontem fui fazer extensões nas pestanas e não posso chorar durante quarenta e oito horas, por causa da cola. Estão bonitas, não estão?" De facto! Muito bonitas! Então para quê chorar?
E pronto, que hei-de dizer mais? Ela tem andado a refazer o corpo, agora já pode refazer a vida.

Moral da história:
Nem tudo o que brilha é ouro, mas há metais que, depois de polidos, imitam muito bem.
E acrescento:
Procura a felicidade como puderes, como conseguires, como entenderes. O importante é ser feliz e fazeres os outros felizes.
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Up Past The Nursery - Sunns

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O AMOR


A maioria das vezes o amor desarruma-nos o coração, saca-o para fora do peito, deixa-nos à toa e à tona da vida. Ao invés, sinto que ele me arruma o coração, que mo coloca no sítio certo. Fala baixinho e paulatinamente e quando o ouço, tudo em mim sossega, como se todas as coisas fizessem sentido. E entro pela vida como se mergulhasse num lago de águas serenas.
Olho pela janela e vejo um carrinho ambulante e a dona apregoa castanhas "quentes, quentes e boas". A mulher debruça-se sobre a plataforma de metal, apoia o cotovelo, o queixo sobre a mão e o fumo atravessa-lhe o rosto de expressão triste.
Às vezes, o amor é como um pregão, "quente, quente, e bom". E esvai-se como o fumo.
Às vezes, o amor chega de mansinho, insinua-se discretamente e instala-se de forma imperceptível.
É simples como a minha figueira, alegre como os meus pardais e quando olho para ele vejo uma beleza que mais ninguém vê. E digo para mim mesma "O meu amor é lindo!" Quando me toca a folhagem abana tão estreloucadamente que até o tronco estremece.
O meu amor é feito de paz e vento. Tranquiliza-me e sacode-me.

NORMALIDADE


A maior parte das horas dos nossos dias são aborrecidas e provocam ansiedade. Ou porque são passadas no trabalho fora de casa ou no trabalho da casa. As horas vividas em paz e deleite são verdadeiramente escassas. Eu gosto do meu trabalho, ele dá-me prazer, as pessoas com quem tenho de falar para o fazer é que lhe retiram a beleza. De facto, eu falo, eu explico, eu aconselho e as pessoas ouvem, mas ouvem mal! Não porque tenham falta de ouvido. Não porque sejam burras e não entendam o que lhes ligo. Mas porque as pessoas são más! Não sei se as pessoas são más por natureza ou se aprendem a ser más por defesa ou se por um gosto mórbido! As pessoas vêem a justiça voltada para si mesmas. A sua justiça. Aquela justiça defeituosa, impregnada de egoísmo e de ódios.

De manhã, ao levantar da cama, em vez de se dirigirem ao espelho e de observarem a sua própria imagem, as pessoas deveriam dirigir-se à janela, observar o dia, a gente que passa, os pombos que bicam no passeio, os pardais que as saudam, o vento que lhes bate na cara.

Às vezes estou a ajudar pessoas com o meu trabalho e, pura e naturalmente, só me apetece bater-lhes! E isto sucede com demasiada frequência! O que me retira o gosto pelo trabalho. Porque, às vezes, muitas vezes, consigo aquilo que é quase um milagre, mas as pessoas ficam as remoer as suas raivas e as suas adversidades, não contra mim, mas contra o outro ou os outros, perdendo a oportunidade de valorizar o que obtiveram e de agradecer ao seu deus. Às vezes, fico tão revoltada! Tenho a consciência que as pessoas vivem revoltadas com a vida, por isto e por aquilo e por tudo e por nada! Não vivem! Rancoreiam entristecidamente! Deve ser por isso que não sabem apreciar as coisas tão deliciosas que caiem a seus pés como penas trazidas pelo vento! E abandonadas pelo desprezo destes cegos! Estranho mundo este!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Divulgação do single de estreia do Mt. Erikson, dos Iconoclasts


Os Iconoclasts formaram-se em 2008, ano em que apresentaram ao público o seu EP de estreia homónimo. Desde então, rapidamente obtiveram notoriedade no rock lisboeta, partilhando palcos com artistas como Linda Martini e Os Pontos Negros. Ao longo de 2009, os Iconoclasts levaram a sua música a salas de espectáculo espalhadas por todo o país, criando uma reputação pela entrega emocional e enérgica em palco. Em Lisboa, preencheram salas como Santiago Alquimista e MusicBox, sem agenciamento e sem promotores.

Em 2010, os Iconoclasts prepararam o seu primeiro álbum. Durante vários meses, gravaram com Eduardo Vinhas (B Fachada, Pop Dell’Arte, Jaguar) 13 temas originais. O disco, entitulado “Mt. Erikson”, é um reflexo sobre a ingenuidade da infância e da adolescência, sobre a transfiguração da criança em adulto. Musicalmente, “Mt. Erikson” convida a relembrar alguns movimentos britânicos e norte-americanos do rock alternativo do princípio dos anos 90, mantendo uma ligação constante ao pop e rock indie actuais. Com uma data de lançamento estimada para Dezembro de 2010, os Iconoclasts apresentam “Mt. Erikson” como o seu álbum de estreia.

http://www.myspace.com/iconoclasts

Vão ao myspace da banda e ouçam com atenção a música "Pretenders".

SERÁ ISTO UM POEMA?


Há palavras nos meus olhos.
Íntimas, erectas como punhais,
ávidas de mel.
E a tua boca olha-me com sede de vento quente.
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Há nas palavras o poema que não consigo escrever.
.
Aprofundamo-nos no inquieto silêncio
em que te zelo e me vigilas.
.
Eu arco, tu flecha
.
como será o voo,
e este diluvio de silabas retidas no ventre?
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domingo, 7 de novembro de 2010

THANK YOU

You make me smile like the sun
fall out of bed
sing like bird dizzy in my head.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

BRYAN FERRY - OLYMPIA

  (2010)
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Sempre adorei este homem. Mantenho-me fiel. Ele também continua fiel a si mesmo.

MEDO


Há umas horas atrás tive medo. Não queria pensar senão que talvez estivesses impedido com alguma coisa inesperada. Não conseguia pensar que coisa inesperada poderia ser essa que talvez te estivesse a impedir de me atenderes o telefone ou de me ligares. Não queria pensar. E não querendo pensar, não conseguia deixar de pensar. O medo a atrofiar-me o pensamento. O pensamento a ditar-me coisas estranhas, nomeadamente que haverias de estar impedido porque haverias de ter-te cansado de mim. Sem mais nem menos! De um dia para o outro! Sei lá! Não querendo pensar que tudo é possível, sabendo que nem tudo sendo possível há coisas bem possíveis de acontecerem.
Há umas horas atrás só queria que me atendesses o telefone estranhamente silencioso. Ou que te lembrasses de me retornar as chamadas. E um medo mórbido instalou-se dentro de mim e prostrou-me no sofá, encolhida como uma pétala murcha e enrugada, caída de um vaso abandonado ao romper do outono. Qualquer coisa dentro de mim a escrever um verso triste que haveria de colar neste lugar debaixo de uma imagem nobre, escolhida propositadamente para um desfecho despropositado.
Subitamente surges-me à porta! Dizes-me que as saudades te trouxeram aqui. Deixas-me sem pensamento e sem palavras. Varres-me o medo como um vendaval. Quase me trazes as lágrimas aos olhos e o poema aos dedos.
Sei agora que não sou tão forte e tão firme como me julgo.
Agora sei como te quero. Como não te quero perder. Deveria ter-to dito. E não fui capaz!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

VELHARIAS

Outras velharias que tenho guardadas. Um Omega em prata de 1900 e "O Idiota" I e II Volumes do Fedor Dostoiewsky de 1943.


COLECÇÃO




Ontem à noite andei a arrumar a despensa e descobri várias caixas que já não fazia a menor ideia do seu conteúdo. Numa delas encontrei esta colecção de crucifixos que fui adquirindo ao longo de vários anos, aqui e ali, em feiras de velharias. Não me lembrava, sequer, que tinha isto! Também encontrei o bilhete de autocarro que me levou a Paris em 02/08/1990 pelo preço de 21,380$00. As coisas que nós vamos guardando e que um dia encontramos!





terça-feira, 2 de novembro de 2010

SOMOS PERMEÁVEIS


Ontem, quando o puto regressou a casa eu estava sentada na mesa da cozinha a comer e a ouvir música.
- Que raio de música é essa? - Perguntou. - Nem acredito que estejas a ouvir isso! - Afirmou minutos depois.
- Nem eu acredito! - Respondi-lhe.
- Aliás, se não testemunhasse, nunca acreditaria! - Reafirmou.
- Nem eu! - Disse-lhe num suspiro.
- Que rádio é essa?
- FM Romântica!
- Xiii!!! Mãe, estás doente?
- Não. É para que vejas o que a paixão é capaz de fazer connosco!
- Porra! Não, não... vou-te por heavy metal para recuperares.
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O ser humano é adaptável. Quando nos apaixonamos, coisas que nos parecem impossíveis tornam-se realidades.
Ele gosta de música portuguesa, brasileira e africana. Ele canta e encanta. Ele sabe as letras todas daquelas músicas pirosas e quando as canta para mim, elas tornam-se verdadeiros hinos! Ele ouve a FM Romântica e sintonizou-a no meu rádio. Quando ele se foi embora eu fiquei colada ao rádio a ouvir. Talvez para me sentir mais próxima dele. Para sentir menos a sua falta.
Quando nos apaixonamos começamos a ver e a ouvir doutra forma. Se calhar começamos a usar os sentidos da outra pessoa.
Ele ouviu-me falar nos Arcade Fire e, sem me dizer nada, foi procurar na net, para tomar conhecimento. Eu falei-lhe do "Lustre" do Ed Harcourt e ele agora anda com ele no carro.
Quando nos apaixonamos nós ganhamos sentidos novos e as coisas ganham outros sentidos!
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Nos últimos tempos não tenho ouvido música, a minha música, a música de que gosto. Naturalmente ando a evitá-la. Há qualquer coisa nela ou em mim, que faz doer. A música tem o dom de nos transportar para um tempo ou um lugar ou uma pessoa ou um sentimento ou um estado de alma. A vida sem música é como o meu blog sem espinhos e flores. Mas, por vezes, precisamos de um tempo sem música ou sem aquela música.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

IMPERDÍVEL

I’m Here – A Love Story In An Absolut World (2010)
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Trinta minutos de puro prazer. Disponível na internet.