domingo, 28 de fevereiro de 2010

SHEARWATER - THE GOLDEN ARCHIPELAGO

 (2010)
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Música para encantar ouvidos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

VIVA O BENFICA


Ando com carências afectivas e, por via disso, estava mesmo a precisar deste contentamento.

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Splitting the Atom Feat. Horace Andy - Massive Attack

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

AUDIO







Ontem lá ia eu, estrada fora, a caminho de Sesimbra para um almoço, com a cabeça apardalada, pois havia bebido uns copos e chegado a casa às cinco da matina, o sol exibia-se em todo o explendor e simultâneamente choviscava (lindo!), enquanto ouvia o "Wish you were here" dos Pink Floyd, (álbum de Família na Radar). O cenário e o ambiente perfeito. E, claro, lá ia eu a abanar e a fingir que cantava, enquanto pensava "My God! Como é que há quem não goste disto! É simplesmente fabuloso! (Esta é para ti Xeltox e não só, para um Sobrevivente que também não é grande apreciador!!! Como é que é possível!!!)
Digamos que é um albúm que me faz regressar á infância. Ainda eu brincava com bonecas e saltava ao elástico e lá andava o meu irmão mais velho sempre com a guitarra eléctrica a imitar os Pink Floyd e a perguntar-me: "Que te parece? Está quase igual?" E eu acenava que sim com a cabeça, não fosse levar uma lamparina. É, portanto, das primeiras referências músicais que tenho. Por falar nisso, outro álbúm de referência é, também vindo por parte do meu irmão mais velho, o "Crime of the century" dos Supertramp e também ele fabuloso. Se na altura não ligava muito à música devido à idade, o certo é que cresci com eles dentro de mim e permanecem. Simplesmente: adoro-os.

CONVERSAS DE INVERNO




Há pouco, o meu filho virou-se para mim e disse-me: - "Mãe gostava de ter uma conversa contigo. Agora que já sou crescido e consigo entender as coisas, diz-me porque é que aturaste o meu pai durante tantos anos. Porquê mãe, como é que foi possível? Como é que pudeste suportar a vida que ele sempre fez?
Fiquei surpreendida, mas, perante tão grande empenho e sendo raro ele querer conversar comigo, lá respondi: -"Primeiro era o amor. Depois era o amor e uma gravidez. Depois era o amor e um filho. Depois era o amor, um filho e dificuldades económicas. Depois era o amor, um filho e esperanças. Depois divorciei-me, quando só já havia o amor, um filho e nenhuma esperança."
"Bolas mãe! Que resposta parva! - Observou com ar grave. - "Então porque é que depois de te divorciares te voltaste a juntar com ele?
"Porque depois... depois era o amor."- Respondi.
"Bolas mãe! - Disse dando um safanão na perna. - "Eu não acredito nisto! Vou te dizer uma coisa. Não sei se ta deva dizer... fiquei a saber este fim de semana, foi ele próprio que o disse... ele já tinha bebido uns copos, levou um exerto de um gajo... e não sei se tu sabes, se calhar é melhor calar-me!"
"Ahhmm!? Outra vez! O teu pai ainda não se deixou disso?" - Questionei.
"Parece que não. Meteu-se com uma gaja e o namorado não gostou! Mãe, não sei se te deva dizer..."
"Diz lá. Vá, fala. Já nada me afecta." - Pedi com o coração a bater a trezentos sem imaginar o que ia saír dali..
"Ok. Não fiques triste. Sabias que o pai te traía? Que nas noitadas dele andava no engate?" - Perguntou-me bastante perturbado.
Por segundos fiquei a olhar para ele. "Ah! É isso? Sabia. Aliás, só o soube depois de me divorciar. Quando amamos, vemos as pessoas de outra forma que os outros as veêm. Não acreditamos nas coisas más. Essas coisas só acontecem ao casal que mora ao lado, não connosco." - Expliquei-lhe.
"Mas depois, ainda assim, voltaste a viver com ele?! Como é que é possível?!"
"O amor é uma coisa estranha e muito forte. Permite-nos fazer coisas incompreensíveis! Depois eu já não andava enganada ou iludida. Depois era o amor simplificado, aquele que só pode existir com a aceitação do outro, tal como ele é e que também já consegue definir regras e limites. É um amor mais racional." - Disse-lhe.
"Mãe, deixa-te dessas filosofias. Porque eu nunca entenderei porque viveste tanto tempo com o meu pai. Desculpa, mas eu nuca quis que voçês se separassem, mas agora, quando penso na realidade, não te entendo! E o pior, é que ele traiu-te com a M. e deixou-te para ir viver com ela e agora faz-lhe o mesmo, mas mais descaradamente!"
"Não tenhas pena dela. Ela tinha obrigação de pensar que um dia lhe faria com outra, o mesmo que fez com ela. É sempre assim. Ninguém muda. A essência das pessoas é quase inalterável." - Disse-lhe enquanto me esticava para lhe dar um beijo.
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April - Sun Kil Moon

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

POST(O) ISTO, VOU DORMIR

Foto: Torre de Belém
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Que coisa o tempo fez de mim!... de nós!
Sinto uma falta e não sei se sinto a tua falta.
Também não sei se é possivel sentir-se falta de alguma coisa que nunca tivemos ou que apenas tivemos de empréstimo. Não sei ao certo se te restitui por inteiro e sem danificação. Se cheguei a fazer o uso devido e pleno ou se foi mera ilusão, ou uma serventia temporária e sem direito a usufruto. Perdoa os termos que aplico, por defeito ou mau feitio, áquilo que em tempos eu própria denominei "amor". Que o amor corrói, quando, depois de limar arestas, às superfícies lisas não lhes é puxado o lustro, dado o brilho ou aplicado o verniz certo. Corrói e faz doer. Cria buracos explosivos, crateras perigosas e até lixeiras pessoais.
Não sei se sei porque venho com este palavreado, a modos que irritada, ou parva ou contrafeita com alguma coisa mal resolvida. Ou se apenas me apetece disparar tiros contra o porta-aviões ou perdir-lhe uma boleia.
Estou que não posso! E posso muito bem dizer todos os disparates que me vêm à cabeça.

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Too late, too slow - Shout Out Louds

OH PORTUGAL, PORTUGAL!

Foto: Lisboa - Terreiro do Paço


15 de Novembro de 2009- publicado em IN VERBIS - Revista Digital de Justiça e Sociedade

"Face à divulgação pela Comunicação Social de notícias provenientes de várias fontes sobre as escutas ocorridas no processo conhecido como "Face Oculta" e tendo em conta a contínua violação do segredo de justiça e o alarme social que esta situação está a causar, impõe-se esclarecer o seguinte:

1º Em 26 de Junho e em 3 de Julho do corrente ano foram recebidas na Procuradoria-Geral da República duas certidões remetidas pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Aveiro, entregues pelo Procurador-Geral Distrital de Coimbra e extraídas do processo conhecido por "Face Oculta", acompanhadas de vinte e três CD's, contendo escutas;

2º Em seis das escutas transcritas intervinha o Primeiro-Ministro;

3º No despacho do Senhor Procurador Coordenador do DIAP de Aveiro e no despacho do Senhor Juiz de Instrução Criminal sustentava-se que existiam indícios da prática de um crime de atentado ao Estado de Direito;

4º Após cuidada análise das certidões, o Procurador-Geral da República, em 23 de Julho de 2009, não obstante considerar que não existiam indícios probatórios que levassem à instauração de procedimento criminal, remeteu ao Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça as certidões em causa, suscitando a questão da validade dos actos processuais relativos à intercepção, gravação e transcrição das referidas seis conversações/comunicações em causa;

5º Em 4 de Agosto foram entregues ao Senhor Presidente do STJ as referidas certidões e respectivos CD's;

6º Por despacho de 3 de Setembro de 2009 o Senhor Presidente do STJ, no exercício de competência própria e exclusiva, julgou nulo o despacho do Juiz de Instrução Criminal que autorizou e validou a extracção de cópias das gravações relativas aos produtos em causa e não validou a gravação e transcrição de tais produtos, ordenando a destruição de todos os suportes a eles respeitantes;

7º Em 24 de Julho, foram recebidas mais duas certidões acompanhadas de dez CD's, em 10 de Setembro mais duas certidões acompanhadas de cinco CD's, em 9 de Outubro uma certidão com dois CD's e em 2 de Novembro outra certidão;

8º Em 2 de Novembro foram ainda recebidas mais quatro certidões, acompanhadas de cento e quarenta e seis CD's;

9º Por despacho de 30 de Outubro, o Procurador-Geral da República enviou ao Procurador-Geral Distrital de Coimbra um despacho em que:

a) Se solicitava a remessa de informações e elementos complementares em relação às certidões recebidas;

b) Se remetia certidão da decisão do Presidente do STJ, solicitando-se a promoção de diligências para o cumprimento do despacho por ele proferido;

10º Em 13 de Novembro, pelas 18h 30m, o Procurador-Geral Distrital de Coimbra entregou pessoalmente ao Procurador-Geral da República os elementos solicitados;

11º Esses elementos complementares contêm relatórios de cento de quarenta e seis conversações/comunicações, sendo que cinco respeitam ao Primeiro-Ministro;

12º Após análise global será, até ao fim da próxima semana, proferida uma decisão;

13º Saliente-se que, contrariamente ao que alguma comunicação social tem noticiado, seguiram-se todos os procedimentos normais, sem qualquer demora (como se vê das datas referidas), e que entre o Procurador-Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça existiu completa concordância no que respeita ao caso concreto;

14º O Procurador-Geral da República reafirma, tal como sempre o fez, que ninguém, designadamente políticos, poderá ser beneficiado em função do cargo que ocupa, como não poderá ser prejudicado em função desse mesmo cargo, devendo a lei ser aplicada de forma igual para todos."

Lisboa, 14 de Novembro de 2009 O Procurador-Geral da República Fernando José Matos Pinto Monteiro



O cidadão comum quando é difamado, insultado e ofendido, recorre à lei para repor o seu bom nome. "A lei é aplicada de igual forma para todos". - Sublinho, porque é o que se diz acima e é suposto ser verdade (nisso acredito eu, ou pelo menos tento acreditar). Não basta uma declaração pública em que nada se declara senão a própria negação dos actos ou factos. É do senso comum, porque é prática habitual, todos negarem os seu crimes ou delitos. Não basta uma declaração que apenas nos leva a todos a pensar o seguinte: "Que lata a deste fulano!"
Chegados a este ponto, ou o nosso PM limpa o seu nome (que "bom" nome não sei se deva usar a expressão) e tem os meios adequados para o efeito (aliás, como todos) ou resta-nos uma certeza: não há nada a limpar senão o lixo que se tem vindo a acumular na casa da governação.
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"Quem não deve não teme."

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

SE ME ESQUECERES


”Se me esqueceres, só uma coisa...
esquece-me bem devagarinho.”
-
(Mário Quintana)

SE ME ESQUECERES




Quero que saibas uma coisa
Tu sabes como é:
se contemplo a lua de cristal,
os ramos rubros
do outono lento da minha janela,
se toco,
ao pé do lume,
a implacável cinza
ou o corpo enrugado da lenha,
tudo a ti me conduz,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fossem pequenos barcos que navegam
em direcção às tuas ilhas que me esperam.

Ora bem,
se a pouco e pouco deixares de amar-me
deixarei de amar-te a pouco e pouco.
Se de repente me esqueceres,
não me procures,
que
já te haverei esquecido.

Se consideras longo e louco
o vento de bandeiras
que percorre a minha vida
e decidires
deixar-me à margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
nessa hora,
Levantarei os braços
e as minhas raízes irão
procurar outra terra.

Mas se em cada dia,
em cada hora,
sentes que a mim estás destinada
com doçura implacável,
Se cada dia em teus lábios
nasce uma flor que me procura,
ai, meu amor,
ai minha,
todo esse fogo em mim se renova,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor do teu amor se nutre, amada,
e enquanto viveres
continuará nos teus braços
Sem abandonar os meus.
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(Pablo Neruda, in "Os versos do Capitão")

domingo, 14 de fevereiro de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS

Foto: Meco
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Deram-me um espelho. A princípio não entendi para que me serviria mais um espelho, nem soube onde colocá-lo. Depois olhei para ele e vi reflectida parte da minha casa. A casa que bem poderia ser o meu retrato, mas que não é, porque a imagem dela está condicionada pelas minhas capacidades económicas. Porém, ainda assim, eu vejo reflexos de mim, daquilo que sou no reflexo da minha casa. Ela brilha quando eu brilho e está fosca e desarrumada quando as minhas emoções estão desarrumadas e foscas.
Decidi, com alguma coragem e determinação, olhar o espelho de frente. Vi uma gaja qualquer que se parecia um pouco comigo. Tinha o cabelo desalinhado e algumas rugas no rosto. Não poderia ser eu nem alguém que me tentasse imitar. Que eu sou aquela rapariga de olhos amelados, longos e pestanudos, com sardas aqui e ali e pomos salientes. Que este espelho que me deram não tem qualidade nenhuma e possivelmente é uma verdadeira falsificação comprada numa loja dos trezentos ou coisa equiparada. Este espelho mente! Distorce a realidade! Que ainda há bem pouco me vi noutro, naquele que tenho num compartimento de luz económica e progressiva e eu, não era senão eu, um rosto de contornos suaves e amenos, sem caminhos, estradas ou sulcos que a vida me tivesse desenhado de repente... assim de um momento para o outro!
Já tentei, mas não consigo melhorar o espelho. Ainda não compreendi este espelho que tenta impigir-me uma imagem que desconheço, mas estou a fazer um grande esforço para rasgar a pele e encontrar-me dentro dela. Julgo que só assim saberei como brincar com os reflexos que encontro no espelho.

É preciso sair do espelho, entrar em mim, para me conhecer realmente. E sair de mim, para conhecer os outros.
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Love Me - She Wants Revenge

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

AI PORTUGAL, PORTUGAL!

Foto: Porto Covo
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Mal vai este país em que a crise atinge todos os sectores, pondo em causa as próprias instituições! Não me parece que o direito à informação esteja a ser violado neste país, que haja censura. Antes pelo contrário, tudo se diz e de tudo se informa. Cada vez mais assistimos a um desenrolar de notícias sobre assuntos que não deveriam ser divulgados. O segredo de justiça é absolutamente necessário para defesa de todos, sem expcepção, enquanto cidadãos. Ele existe para todos e no interesse de todos, individualmente considerados. As decisões do Supremo Tribunal de Justiça, enquanto orgão máximo, são invioláveis. Tem de haver confiança nas nossas instituições, livres, independentes e imparciais. Se as escutas que envolviam o PM eram nulas, só tinham de ser consideradas nulas. Porque é assim que tem de ser, para ele e para qualquer cidadão. Se o teor das mesmas não tem relevância penal, só têm de ser destruidas. Porque é assim que tem de ser, para ele e para qualquer cidadão. Não podemos confundir interesse público com o interesse do público. O interesse público é um interesse superior, em que estão em causa interesses nacionais e políticos. O interesse do público é o interesse mediático, pelos escandalos, pela devassa. Em tempo de crise, a devassa da vida dos governantes alimenta a fome do povo. Tem de haver limites. Haverá sempre corrupção, mas um país não se pode expôr a todo o tipo de acções sob a capa de interesse público. Bem sabemos que, depois de tantas novelas em que o nosso primeiro tem sido a personagem principal, o público anseia por mais um capitulo. Por outro lado, se um Tribunal decreta uma providência cautelar é porque há um interesse sério a acautelar e aquele a quem se dirige só tem de a cumprir. Também é assim para todos. A isso chama-se justiça, não se chama censura.

Nem sequer quero saber o real teor das escutas. Acima de tudo entendo que as leis são para se cumprir e que as instituições existem para cumprir os seus deveres. Também entendo que os jornais e as televisões para além do interesse de servirem o direito à informação, servem os seus próprios interesses, às vezes servindo-se das pessoas para ganharem audiências e recordes de vendas.

Não defendo ninguém senão a justiça e a justiça só se encontra através do cumprimento de si mesma, cumprimento este que nenhum jornal deve violar.

Quanto ao nosso PM, depois de todos estes enredos, creio que já todos nós percebemos que não tem condições para governar este país ou um qualquer país, parece-me que só ele é que ainda não entendeu.

Tenho dito. Detesto escrever sobre politiquices, mas não resisti a dar a minha opinião sobre o assunto do dia.

Ah! Parabéns Mandela. Ainda eu não tinha nascido quando ele foi preso, mas lembro-me bem quando ele foi libertado.
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OS CAMINHOS DO AMOR

Foto: "Pesca"
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Há alturas em que pensamos que seriamos capazes de morrer de amor, tal é o sentimento que nos constrange o peito. Seriamos? Certamente que não, pelo menos voluntáriamente - digo eu, pese embora haja quem se mate por questões amorosas.

Hoje tive conhecimento da história que aqui vou contar. A personagem principal é um homem a quem tratei de uns assuntos profissionais. É divorciado, pai de filhos e está na casa dos quarenta anos. Há tempos apaixonou-se por uma brasileira e iniciou uma relação com ela. Não sei em que circunstâncias a conheceu, mas o homem ficou apanhado de todo e decidiu tratar o assunto com a máxima seriedade. Deslocou-se ao Brasil para conhecer a família do seu grande amor e regressou ontem a Portugal, dentro de um caixão. O pobre enamorado, no dia em que recebeu o ordenado levou dois tiros na cabeça, tiraram-lhe os cartões bancários, limparam-lhe a conta e enterraram o corpo. Um telefonema anónimo deu conta às autoridades do local onde o corpo se encontrava. Ainda não se conhecem os autores do crime. Penso eu que estes devem estar relacionados com alguém que sabia precisamente a data em que o ordenado era transferido para a conta da vítima. Mas não me cabe a mim pensar nestes detalhes. O que não consigo deixar de pensar é no destino que este homem levou! Que caminhos estaremos dispostos a percorrer por amor?

Conheço uma senhora, também por questões profissionais, que se casou recentemente com um brasileiro. Ele foi morar para casa dela contra a vontade dos filhos. Tudo correu bem até ele conseguir a nacionalidade. Um dia ele desapareceu. As contas dela estavam a zero e o carro dela tinha desaparecido, bem como uma série de objectos pessoais de algum valor. Desconhece o paradeiro do seu amor. Agora passa os dias num bar de brasileiros a emborcar copos, na esperança que algum dia ele ali apareça. Está degradada e desgraçada!

Prevenir ou remediar?

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Taitend love - Sfot Cell

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS




Está um frio amargo. Este frio que traz à memória o sabor da indiferênça. Daquela indiferênça com que, pela manhã, esquentavamos aquilo que à noite fora o amor refogado com picante. Fingia eu, a indiferênça - que aquilo ruminava dentro de mim sem saber o que fazer do que restava. Mas isto nem sequer vem para o caso
Está um frio tão desgraçado que os únicos pensamentos que me permite são misérias e tristezas. Para não contrastar com uma certa revolta que trago a minar-me as vísceras. Ao medo chamo eu revolta. Como o meu cão pequenote que tem o hábito de se atirar e ladrar desalmadamente aos cães grandes. Mas isto também não vem ao caso.
Este frio constipou-me sériamente e pôs-me a chá torradas e pastilhas de nicotina. Dói-me tanto o peito que me faz lembrar os apertos sofridos das horas tortuosas em que esperava notícias tuas. Em vão. A garganta inflamada pelas palavras acumuladas, que tinha para te dizer. Sim, também me doí muito a garganta. E tudo passa pela privação: as palavras que nunca te disse, aquelas que nunca te direi e os cigarros que não posso fumar. Porém, deixa-me dizer-te que isto nem sequer vem ao caso.


O frio dá-me uma certa agonia. Atrofia as possibilidades de um pedaço de vivência mais acalorada. Como se aquietasse os desejos. Esta noite deitei-me com os pés gelados e não consegui aquecê-los, o que me aborreceu bastante. Como se fosse um travão, uma impossibilidade de sonhar. Como quando dormia contigo e tu te viravas para o outro lado e adormecias. E eu ficava acordada a controlar os pés gelados, para que não tocassem em ti, pois seria pior que um choque eléctrico, talvez não gostasses. Nunca agarraste nos meus pés gelados e os meteste entre as tuas pernas para que eles aquecessem. Pois não! Não sei porque nunca o fizeste!É uma daquelas coisas que sabe tão bem como comer um gelado no Verão. Eu bem sei que tenho sempre os pés frios, talvez temesses que isso se tornasse um hábito. De facto, só as pessoas muito íntimas aquecem os pés umas das outras. E nós nunca fomos muito íntimos. Soube logo que nunca o seriamos, deixares-me dormir assim, com os pés gelados! Mas isto é que não vem mesmo ao caso.
Tenho esperança de ver surgir o sol um dia destes - era mesmo isto que eu queria dizer.


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Deeper down - Wilco