quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DESPERTAR

Alentejo - fotografado em andamento
.
Abre-se a lucidez
na fria noite
e a tristeza veste a nudez
do meu amor a monte.

Desperta de um sonhar
insónia branca
manhã que em choro canta
a insensatez do meu amar.

domingo, 27 de novembro de 2011

A UM AMOR SILENCIOSO



Em todos os dias há um instante
Em que voltam as borboletas
Em que a pedra transformada diamante
Esconde amargas lágrimas secretas
Penedo da minha saudade
Onde a medo guardo
Um amor em silêncio
Perdida felicidade
Perdido o tempo
Silenciado

Todos os dias recordo
O amor guardado
Numa gaveta da alma
Todos os dias acordo
Lucida e calma
E dou comigo a pensar
O tempo demorado
Perdido no meu silenciar
Dentro de mim fechado
Sem o poder gritar
Chamar por esse amado
Chorar e sufocar
Sentir e calar
Choro angustiado
Em sufoco derramado

Sem o poder mais amar
Sem o poder mais tocar
Sem o poder mais beijar


Esse perdido enamorado
Que em silêncio sentenciado
Fica em mim a soluçar
Choro sepultado
Por dentro a queimar
No silêncio dos dias
Em tristezas e alegrias
Dentro de mim amortalhado
Na tumba da alma ferida
No chão do meu corpo cansado
Prisoneiro da minha vida
Que fere e sente
Eternamente
Aprisionado



musa
 
O vídeo e o poema fora-me fornecidos por uma amiga poeta Ana Barbara Santo António, sendo que o peoma é de sua autoria.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

FOSTER THE PEOPLE - TORCHES

(2011)
.
Gostei deste, tem um som apropriado para me acompanhar na faxina da casa, pois ajuda nos movimentos de braços e anca.

THE RAPTURE - SAIL AWAY

(2011)
.
Destaco "Sail Away" que por qualquer razão me faz lembrar os nossos X-Wife, e "In The Grace Of Your Love". 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DÁ-ME O TEU OLHAR NOCTURNO


Foto do meu filho

Os meus passos afastam-se de mim. Fico sentada a um canto a bservá-los a caminhar pelo Outono dentro de um Novembro inédito que teima em florir por entre a névoa. Não sei se existe alguma harmonia entre os meus passos andantes e eu sentada sobre os dias a sacudir as núvens. Vem depressa, abre-me a janela do Dezembro com o rigor do frio e entra-me no peito como uma tempestade. Que eu gosto de brisas serranas que arrasam como balas de neve. Dilacera-me as veias com o orvalho das tuas madrugadas salgadas. Oferece-me um inverno ímpar, escancarado, onde passem os meus passos sem pressa de passarem.
E enquanto escrevo caiem-me as pápebras sobre os joelhos, tal é o sono que me consome! Ateia-me um fogo dormente no meu quarto de papel. Antes que os meus passos regressem a mim como um golpe súbtil e caia na realidade. Dá-me o teu olhar nocturno dentro de um poema, para sonhar a noite sem a pressa de acordar. Ah! Sono imenso, sonho intenso!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

NO INSTANTE EM QUE TE PENSO

Foto do meu filho

No instante vertical em que me sobes o pensamento, curvam-se os lábios num sorriso infantil. Lembras-me a cereja verde, roubada da árvore no ínicio de Maio. Ah! como apetece o fruto antes da hora da colheita!

No instante em que te penso a árvore desboca flores inquietas, como se anunciasse a Primavera neste Outono deslumbrado.  Nasce-me o impossível nos botões de rosa que apertam o casaco a cobrir-me o frio.

Quando tu me entras pelo pensamento, aqueces os meus velhos cansaços e abrevias o tédio, o tempo, o inverno.

Nesse instante em que me és pensamento, entranço imagens de sonho reinventadas em pretextos de vida. Toda eu me entranho na folha em que te escrevo e caio firme na paisagem que desenho.

MÚSICA NOVA DE LEONARD COHEN

Show Me The Place by leonardcohen

Este Homem move corações!

CLEAR DAY

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

IR AO FUNDO DE TI




Quero ir ao fundo de ti sem me afundar.


sábado, 19 de novembro de 2011

A ESPERA


Fecho as mãos numa espera.  Tantas palavras à espera do vento que as liberte e do peito que as acolha. Nestas tardes calmas, por entre sol e núvens, vejo nas paisagens palavras para guardar em caixas de música e ouvir nas noites de solidão em que "a espera é um arame" farpado, ou não! Há noites em que apenas os meus olhos habitam o escuro.

ASSIM ME SINTO...

QUE ENCANTO!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AQUI

Meco

O sol desmaiou no meu olhar, aqui onde as ondas enrolam ternuras e se desfazem em desejos a sussurrar.

ARDE-ME O PEITO


Abro os olhos a custo. A cabeça teima em doer, recosto-a na cadeira a travar o pensamento. Estes dias de exilio, sem nada para fazer ou sem nada poder fazer, trazem maior velocidade ao pensamento. A minha vida por um cigarro! Meio, pode ser? Não?! Que cruel esta garganta inflamada ao extremo, a tolher-me a voz, este peito em ferida! Ah! Eu quis embalsamar as dores do peito, dar-lhes rostos de olhos parados e baços, inertes, inofensivos, para as contar uma a uma, como troféus, e rir sozinha na minha demência. Eu quis embalsamar o peito para impedir mais dores, outras dores, dores. Esqueci-me de lembrar como se arrefece o peito, como se congela o peito e se torna uma placa transparente ou opaca, fria como um glaciar. A dor parte-me o peito em pedaços, lascados como vidros. Não esta dor, não esta dor, que esta dor é outra dor. E o peito arde de dor, arde de amor!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

HOJE


Praia das Bicas - Meco

No fio das palavras.
No limiar do sonho.
Os loucos são todos os outros.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

YES



Vontade de beijar as estrelas...

'E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música' (Friedrich Nietzsche)".

domingo, 6 de novembro de 2011

PORQUE TARDAS?

Foto do meu filho

Adiar o passado para os dias da lucidez acesa, que agora quebranto à luz morna deste sonhar de olhos acordados.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CARTAS ANÓNIMAS




Fala-me num idioma que eu não conheça. Não te esforces, em boa verdade só conheço o português. Diz-me coisas que eu não entenda e me façam sorrir. Esquece o preto, o cinzento e o amarelo. Fala-me em azul ou vermelho, junto às farripas do cabelo, na nuca, em jeito de brisa a sacudir uma folhagem. Adensa-me o espirito de ventos que arrastem as núvens para outro continente. Limpa-me o céu. Formata-me o sol para que brilhe intensamente ainda que seja necessário reíniciar. Fala-me num idioma que eu não conheça. Como se estivesse de passagem por uma terra estrangeira e desejasse ficar para sempre. Faz-me sentir uma parede sem retratos, um campo de papoilas ou um lago perdido entre montanhas. Dá-me cores para ver mas, sobretudo, para sentir. Dá-me um aroma para levitar e, por fim, caír em teus braços. Corta-me a respiração, mas não te esqueças de me prestares os devidos socorros, de ma restituires. Dá-me um punhado de sonhos e uma mão cheia de lugares que possam ser comuns. Fala-me num idioma que eu não conheça. Porque estou cansada de palavras repetidas
.