domingo, 31 de agosto de 2008

POR AQUI A OUVIR E A DANÇAR - BILLY IDOL E OUTROS...

Billy Idol - Greatest Hits

The Clash _ London Calling

Extreme - Saudades de Rock


Noah And the Whale - Peaceful, The World Lays Me Down



Calexico - Carried to Dust





sábado, 30 de agosto de 2008

TRACK 01


Repito-me! Ouço as mesmas músicas vezes sem fim! Sem qualquer significado, apenas porque estão á mão de rodar. E no cérebro as mesmas imagens, aquelas verdadeiras e as que invento. Misturo, remisturo, numa salada mista de realidade e sonho! Invento que chamas o meu nome. E quando o chamas, alucino, tremo, e julgo que durmo, e que é a tua voz a ecoar no sonho. E se acordo, já estou à tua porta, de regresso à realidade. E depois é o silêncio a roer, de forma barulhenta, os meus dias. E depois os dias a apagarem-se desgastados pelas horas mortas.
Quero-te... Quero-te nos intervalos dos sonhos. Eu sei que te tenho em todos os sonhos. E que sonho quase a tempo inteiro! Ainda assim... quero-te...
quero-te bem.
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Don't touch anything - Robert Foster

terça-feira, 26 de agosto de 2008

MEMÓRIAS QUE ME PERSEGUEM



Junho de 1998
O meu irmão telefona-me e diz-me que tem uma notícia importante a dar-me. Diz-me que a minha mãe foi fazer uns exames de rotina e que lhe detectaram uma leucemia. O meu coração para de trabalhar durante uns segundos. Depois diz-me que não é grave, que tem tratamento. Ainda hoje não sei descrever o que senti.
Outubro de 1998
Fui viver temporáriamente para a cidade do Porto. A minha mãe necessitava de fazer radioterapia e eu era a filha que tinha disponibilidade para a acompanhar. Instalamo-nos numa residêncial, junto do Hospital de São João. O meu filho ainda não tinha cinco anos e ficou com o pai.
A minha mãe não sabia que sofria de leucemia. Todos os dias lidavamos com casos terminais, mas ela sentia-se muito grata por não estar como aquela gente. Tinhamos muita pena das pessoas que ali faziam tratamento diário e com quem começamos a manter um certo relacionamento afectivo. Os tratamentos tinham início às 9H00 da manhã e estendiam-se até ás cinco da tarde. Eu almoçava na cantina do hospital e matava o tempo a ler e a conversar com enfermeiras, pacientes ou familiares destes. Por vezes passeava pela cidade, utilizando os transportes públicos. Jantavamos no restaurante e voltavamos ao Hóspital às 8H00, onde permaneciamos até ás 9H30. Nesse período lidei com o que há de pior- o sofrimento das pessoas, a dor, a falta de esperança, o fim. De noite a minha mãe gemia e eu tinha pesadelos.
No final do mês de Outubro, tinha de regressar ao trabalho e a minha cunhada foi substituir-me. Como se mudassemos de turno. Fomos procurar uma das enfermeiras que habitualmente fazia o tratamento à minha mãe. Queria apenas dizer-lhe que a minha chunhada ficava a substituir-me. Não sei o que deu na mulher! Estavamos num dos corredores do Hóspital e, de repente ela virou-se para a minha cunhada e disse: "Acho que a sua cunhada é muito ingénua. Ainda não percebeu que a mãe, coitadinha, está muito mal, tem os dias contados." O sangue parou-me nas veias. Atrás de mim estava um daqueles bancos compridos, fiz marcha atrás, sem ver, e caí sobre ele. A cabra continuava a falar. Eu não tinha voz. Balbuciei algumas palavras, não me lembro quais, e a puta disse-me que a minha mãe estava a morrer! Ainda me lembro do rosto dela. Tenho a certeza que ainda hoje a reconheceria em qualquer lado!
Não me lembro do que se passou a seguir. Dei por mim junto à Torre dos Clérigos, encharcada dos pés à cabeça. Chovia a potes e eu cambaleava por entre a multidão de um lado para outro, sem saber para onde me dirigir! Tudo estava cinzento e nublado. A cidade parecia estranhamente bela, mas o mundo parecia um caos! Apanhei um autocarro rumo a Lisboa. Estava molhada, fria e sentia-me acabada!
Ainda hoje penso nesse dia! E pergunto-me: "Que direito tem um ser humano de dizer a outro que a sua mãe está a morrer, assim, de forma fria e cruel?!" Ainda hoje detesto aquela mulher que me ofereceu um dos dias mais terríveis da minha vida.
Março de 1999
Fui ao Hóspital de São João, visitar a minha mãe. Tinha sido operada aos intestinos devido a um cancro que lhe apareceu de repente, porquanto estava sem defesas desde a leucemia. Fui sózinha. Sentei-me a seu lado e fui conversando. Ela dizia umas palavras, poucas, depois fechava os olhos e ficavamos em silêncio. levei uma catrafada de fotografias do meu filho, mas ela mal conseguia olhar para elas! Ficava enjoada quando mantinha os olhos abertos por mais de um minuto. Ela adorava o meu filho e mal conseguia olhar para as fotografias! Mas perguntou-me como estava o meu casamento. "Vai andando..." - disse-lhe eu - "Mal!" - Disse-me ela. E de olhos fechados, a segurar-me na mão pediu-me para fazer tudo para salvar o meu casamento.
Fiz a vigem de regresso a Lisboa sempre a chorar.
A minha mãe morreu no dia 26 de Agosto desse ano, 1999, faz hoje 9 anos.
O meu casamento morreu alguns anos depois.
Não consegui salvar nenhum deles!
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A vida é uma sucessão de factos. Só herdamos as memórias para sempre. Tudo o resto se perde.

MORTE LENTA




Cansada das minhas dores, dedico-me às dores dos outros!


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

RECORTES DA VIDA II




Ele começou a reparar que os braços dela ficavam esticados e inertes ao longo do corpo, a terminar em mãos moribundas. Os lençóis não se mexiam. E os olhos dela morriam no tecto, num qualquer ponto fixo onde o branco não emanava luz que o iluminasse. Deitava-se a seu lado à procura de um sinal de vida, que tardava em manifestar-se. Depois ela virava-se, dobrava as pernas uma sobre a outra e fingia dormir. Os olhos dele procuravam no tecto o ponto. Mas apenas um ponto de interrogação descia do tecto, entrava-lhe nas pupilas e instalava-se no cérebro.
Amava-a tanto! Tanto! Tinham-se casado há um ano e ela era todo o seu investimento emocional.
Agora ele sabe que o ponto no tecto tem um rosto. Um rosto que não é o dele.
Ele agora mergulha de cabeça num rio de angustia que corre para o futuro. Debate-se contra a corrente. Tem momentos que se deixa arrastar sem qualquer resistência na suposição de uma morte rápida. Por vezes pensa que vai matá-la, estrangular o pescoço fino e belo, entre os seus dedos, numa carícia bárbara que só terminará num último suspiro. Porque, mais profundamente cruel é a dor que lhe nasceu no peito, de um dia para o outro, sem que pudesse prevê-la. Não sabe o que faz. Vive num emaranhado de pensamentos que lhe queimam as memórias e o presente. Movimenta-se como um louco sem qualquer motivação. Entra em casa julgando ouvi-la, pensando vê-la sentada no sofá, com aquele sorriso de quem o espera feliz. Procura-a por todo lado e nunca a encontra. Volta a sair. Bate a porta com toda a força. E jura que, quando voltar a entrar, se a encontrar ali, a vai matar. Depois deambula pela cidade, como um espectro.
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A que cheira o amor quando morre?

domingo, 24 de agosto de 2008

RECORTES DA VIDA I


Ela recorda-se de quando perdeu a virgindade. Foi como se uma ceifeira entrasse num campo de trigo e desenhasse uma linha contra o vento. Que se fez caminho pela força do uso. E constituiu servidão de passagem pelo decurso do tempo. Mas então ele passou a usar atalhos e vias secundárias. Até que um dia abandonou o caminho que era só seu. Ela ficou triste, com um caminho solitário. E fez dele uma via pública.
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Love is Noise - The Verve

sábado, 23 de agosto de 2008

AS PRÓXIMAS NOITES VOU ESTAR


27 de Agosto, quarta-feira
22 horas - Blasted Mechanism
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28 de Agosto, quinta-feira
22 horas - UHF
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29 de Agosto, sexta-feira
22 horas - David Fonseca
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31 de Agosto, domingo
22 horas - Clã

A NOITE PASSADA


ANDO POR AQUI

terça-feira, 19 de agosto de 2008

HAVERIA DE RIR OU DE CHORAR. TANTO FAZ...


Sou paciente - disse-te. Sim, muito paciente. Especialmente quando espero por nada. Sou capaz de aguardar, paciente e interminávelmente, que algo aconteça. Pricipalmente quando tenho a certeza que nada acontecerá. As noites são a melhor espera. Horas de paciência inconsciente, à espera que o dia seguinte traga algo de novo, ou que não traga. O acordar é sempre difícil. É o momento mais impacientado do meu dia! Não porque as manhãs se apresentem como um desafio. Apenas por mau feitio. E porque é preciso desfiar o dia, fio por fio. Desfazer nós, dar pontos, atar pontas. Para acabar sempre com os mesmos novelos nas mãos!

Mas sou tão paciente que os meus dias até já se sentam uns sobre os outros, para não se cansarem!...

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Turning Japanese - The Vapors

domingo, 17 de agosto de 2008

CONTRADIÇÕES

Ainda não percebi porque é que as mulheres têm de comprar tanta roupa, malas e sapatos! Nunca há armários que cheguem! E quando os abrem costumam dizer: "Merda, não tenho nada de jeito para vestir!"

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Não percebo porque foi proíbido o uso de verniz colorido nas unhas das vendedoras de fruta, hortaliça e peixe, em mercados públicos. O consumidor tem de poder verificar se a vendedora tem as unhas limpas quando manuseia o produto. Acaso comemos as frutas ou cozinhamos as batatas, os legumes e o peixe sem os lavarmos?

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É obrigatório o uso de luvas na venda do pão. Por uma questão de higiene. E tem lógica, porque o pão não pode ser lavado. Porém, tenho reparado que, em algumas padarias nunca tiram as luvas, fazem tudo com elas. E, em alguns cafés, calçam as luvas para porém o pão no saco e a seguir recebem o dinheiro e fazem o troco com elas. Só depois é que as tiram, mas servem o próximo cliente com as mesmas. Afinal, com luvas ou sem luvas, onde é que está a diferênça?

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Nos talhos não pode haver plantas como ornamento. É proíbido. Dizem que é por causa das térmitas. Creio que é pelo receio que as térmitas possam sair dos vasos, galgar por ali até aos balcões e irem fazer hospedagem na carne. Ou serem tomadas de uma irresistível tentação de mudarem a estadia para dentro das arcas frigoríficas, especialmente nos dias mais quentes do verão. Compreende-se! Mas, o que faremos às plantas da nossa casa? Será que já temos colónias de térmitas no frigorífico onde colocamos a carne? Andarão elas a passear pela cozinha, balcões, armários e até dentro dos tachos?

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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

CASAMENTOS HOMOSEXUAIS

Vivemos numa sociedade hipócrita. Sempre nos opusemos a todo o tipo de evolução. A igreja é a principal opositora da natural evolução humana ou cientifica. As mentalidades evoluem a um ritmo muito inferior ao da evolução cientifica. Aceitamos fácilmente um acordo ortográfico (ou será hortográfico?), mas regeitamos a ideia de um casamento homosexual! Será que as calças têm alguma coisa a ver com o cu?
O casamento, antes de se converter em lei, já era uma instituição secular. As instituições e as leis geram-se sempre nos costumes e vontade do Homem. Porque servem o Homem. De uma forma mais radical, servem os interesses dos homens. A homosexualidade sempre existiu. Sendo uma minoria, tende a ser oprimida e regeitada. Mas ninguém ignora a sua existência. Ao longo dos séculos lutamos pela consagração dos direitos humanos. Acabamos com a escravatura. Não conseguimos erradicar a pena de morte, mas a tendência será, certamente, para o fim. Então porque não aceitamos a homosexualidade? Não é transmissivel. Nem sequer é uma doênça. Não é uma opção (pois dada a discriminação que existe, ninguém no seu perfeito juízo diria: "apetece-me ser homosexual, por isso, a partir de hoje, é o que vou ser!" - só mesmo um gato fedorento!). Penso que nasce com a pessoa. E a pessoa não é menos pessoa por isso.
O casamento é uma instituição que se reje por leis. As leis estão sempre a mudar! É a necessidade de se adaptarem às novas exigências sociais que impele a mudânça. Precisamente porque são criadas pelo homem, no interesse deste e ao serviço de toda a sociedade. Porque é que o conceito tradicional de casamento não pode sofrer uma natural mudança no interesse de toda a sociedade? Aqui voltamos ao significado de minorias.
No velho regime proíbia-se o divórcio. Este só era considerado mediante determinadas circunstâncias, e havia o estigma social. Mas as mentalidades evoluiram e tornou-se necessário adaptar as leis. E o estigma desapareceu. As mentalidades! Sempre as mentalidades!
E nem sequer se diga que a união de facto já legislada se estende aos homosexuais, garantindo a sua protecção. Só quem não conhece as leis pode afirmar uma coisa dessas. Uma pessoa que viva em união de facto com outra pessoa uma vida inteira, não está protegido pelas leis da sucessão. Melhor dizendo, não é herdeiro desta. E, se não acautelou os seus interesses devidamente, pode ver-se confrontado com o facto de vir a perder bens adiquiridos á custa do seu trabalho, a favor dos familiares mais próximos do falecido companheiro. Já quanto às pensões de reforma, acaso o cidadão comum sabe que tem de instaurar um processo judicial extremamente complexo e demorado para poder beneficiar do subsidio de reforma do companheiro? E que raramente acaba por conseguir benificiar deste?
Pois é! Casamento e união de facto são realidades jurídicas completamente distintas! Se o não fossem, que sentido faria existirem leis distintas? Mas ilude-se o povo com conversas da treta, o pior é quando os problemas tocam na pele de cada um individualmente considerado.
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A questão da adopção é outra falsa questão. Afinal o que é que se pretende proteger negando a possibilidade de adopção a um casal homosexual? É o estigma social eventualmente a ser sofrido pela criança adoptada? É o receio de aqueles pais (tiranos) não protejam o interesse do menor e abusem dele? Ponderemos! São, também eles, falsos problemas. Vejamos. As crianças que crescem em instituições socias sofrem sempre o estigma social, só por esse facto. Crescem sem amor, com regras desprositadas, e mal preparados para um futuro que se prevê "á deriva". Atingem a maioridade e têm de se fazer à vida, a maioria das vezes sem quaisquer recursos. Muitas delas são abusadas sexualmente dentro da própria instituição, senão pelos adultos que lidam com elas, pelos mais velhos que geram uma espécie de hierarquia e poder, criando escravaturas das mais varidas espécies.
Por outro lado, quantos pais biológicos desprezam, maltratam e até abusam sexualmente dos seus filhos? Mas os homosexuais são, só por isso, pessoas com má formação, abusadores e incapazes de amar?

Uma das pessoas que foi mais importante na minha vida é homosexual. Ás vezes páro e olho para o passado com grande saudade e nostalgia. Porque nunca tive uma amizade como aquela - que se perdeu devido à distância e a percursos dispersos. Mas, ao longo da minha vida, nunca encontrei outra criatura que pudesse partilhar comigo da mesma forma, com a mesma intensidade, carinho e desinteresse. Ele foi a melhor pessoa com quem já me cruzei! Afinal o que é que o distingue das outras pessoas?
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Love will tear us a part - Jose Gonzales

terça-feira, 12 de agosto de 2008

..., ..., ...


Palavras, palavras e mais palavras! Não são necessárias mais palavras, já existem milhares. São tantas as que existem para significar o mesmo que, por vezes, até ficamos baralhados! Eu preciso é de frases. Frases completas, que nunca tenham sido escritas. Porque, cada vez que escrevemos, corremos o risco de plagiar. Mesmo que nunca tenhamos lido ou ouvido aquilo que escrevemos! E os sentimentos? Já pensaste no risco que corres quando revelas os teus sentimentos? Tu escreves: "Eu amo-te.", é plágio! Do mais puro! Se escreves: "Odeio-te", "Quero-te", "Tenho saudades", "Estou feliz", "Sinto-me triste", etc, etc, etc... é plágio!
Isto é triste! Desculpem-me o plágio da expressão, que até Jesus Cristo usou vezes plagiadas sem fim. É triste, repito! Eu queria escrever um texto que retratasse o que me vai no peito, alma e até mais além, mas, já toda a gente escreveu sobre o que estou a sentir, porque esta sensação de desassego, de monótona inquietude, já foi sentida por todos. Porque eu só estou bem aonde não estou, eu só quero ir aonde não vou... eu não disse? Plágio!

É por isso que eu já não tenho frases para descrever o que sinto. E, no entanto, transporto comigo milhares de palavras soltas, em decomposição - tal como os sentimentos.

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How to save a life - The Fray

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MONDAY NIGHT


Em frente ao computador, em busca de nada. Um nada triste, porque não tem definição de coisa alguma.
É noite. Noite nublada, Em frente a mim tenho um cenário digno de uma fotografia - gosto de fotografar tudo o que vejo, que hei-de fazer?!
Janela fechada. Persiana aberta. A noite é nublada e estranhamente clara! Vejo a parte de cima de uma igreja, mesmo aqui a escassos metros de distâcia. Por detrás, ergue-se uma árvore enorme, que a minha incultura diz ser um carvalho. Sim, só pode ser um carvalho. Mas do lado de cá do vidro, a imagem é recortada pela minha árvore de estimação, cujo nome nunca tive curiosidade em saber.
Seguro um cálice. Faço rodar o vinho que ainda resta no fundo e encosto-o ao nariz. A imagem da janela vista através do vidro embaciado pelo vinho não perde o encanto. Tudo é arte, enquanto a minha vista não ficar embaciada.
Ouço, à distância, o som da televisão. Tenho o estranho vício de a manter ligada, mesmo quando não estou na sala. Dizem que a solidão é uma companhia silênciosa e eu gosto de lhe dar voz.
Finalmente entrei de férias. Este fim de semana passeei e dormi pelas praias de Torres Vedras. Com a mesma indiferênça - diga-se - com que me passeio e durmo por aqui.
Esta noite convidaram-me para beber champanhe e dar uma queca. Não disse que não e não disse que sim. Disse que não podia. Inventei uma história ternurenta, para não ferir susceptibilidades. Menti - declaro com a mesma indecência com que declaro a verdade. Ignorei o champanhe e a pessoa com a indiferênça com que digo tudo isto. E fico aqui, envolta na nuvem de fumo que os cigarros estraçalhados pela minha boca vai gerando, a teclar e a olhar artisticamente para a minha janela. E a pensar que champanhe é melhor que vinho. Mas que uma queca, sendo melhor que vinho e que champanhe, deve ser desejada. E dizem que há solidão!
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Dance Little Sister - Terence Trente Darby

INSTANTES QUASE REAIS


Agora, que me reconstitui - ou quase - penso, em como a vida nos arrasta suave ou tempestuosamente. Como tudo se transforma. Como o belo se torna feio e como o insignificante pode valorizar-se. Como tudo é efemero! Até a própria vida!

Não quero voltar a apaixonar-me. Não.
Não quero voltar a amar. Não.
Não quero vestir-me de negro.
Não quero cantarolar músicas tristes em noites quentes de Verão. Não!
Não quero sentar-me a ouvir silêncios pesados ao nascer do dia.
Não quero esperas geladas de descontentamento.
Nem momentos insuflados de vazios.

O que eu quero é deslumbrar-me.
Simplesmente, deslumbrar-me.
Porque o deslumbramento não deixa marcas, cicatrizes dolorosas. Toma-nos, por inteiro, dos pés aos cabelos, em trémulos abalos de vida. Agita-nos como um tornado. E depois desfaz-se, evapora-se, desaparece! E deixa-nos um prolongado sorriso de satisfação, que vai agonizando, lentamente, noite após noite, até um dia ser dia.
Só restará a memória feliz.

Tenho - dizem - o dom de guardar na memória, apenas os momentos felizes. É claro que todos os momentos levam o seu tempo até se tornarem memória. Mas os deslumbramentos são tão breves, que passam quase instantâneamente a instantes memoráveis.
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All the young dudes - Gene Loves Gezebel

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A FINAL ?



Afinal, pensando bem, talvez a minha outra metade sempre tenha estado aqui ao meu lado, à espera de ser reconhecida. Talvez eu não quisesse vê-la. Talvez quisesse manter essa chama de amor que um dia se acendeu e já se apagou. Talvez!

Afinal, pensando bem, talvez eu tenha atravessado o deserto e tenha chegado inteira. E, depois de tantos delírios ressequidos, não tenha tido a percepção de que, afinal, a caminhada chegou ao fim e tudo está no devido lugar, como deve estar.

"Para ser grande sê inteira..."

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What's a girl to do - Bat For Lashes

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

INQUIETUDE


Acamparam dúvidas no parque do meu cérebro. Das nuvens só conheço o cinzento, não as formas.
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Tremo! De pressentir a vida. A outra vida. Aquela que é tua e que a minha mão não toca. Tremo tanto que não sei como falar! Não sei como dizer-te que ainda existo. Que quero que restituas a metade de mim que em tempos ficou contigo.

Dúvidas se deitam em trajes negros sobre nuvens carregadas de temores.

De vermelho as lágrimas.

Sou metade. Um ser incompleto a brincar ao faz de conta. Diz-me em que cemitério enterraste a outra. Talvez seja possível, ainda, dar-lhe vida, por um fio... um fio...
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Like a Stone - Audioslave

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

E NEM O VENTO O LEVAVA!



O amor morreu! Quem o pensara! Quem o diria!

Ainda ontem segredava e prometia...

Morreu! Atropelado por um olhar fulminante em excesso de sedução.

Numa rua qualquer onde passeava sem a menor intenção.

Morreu desprevenido. Esmagado pelo embate. Sem tempo para reflectir. Sem, sequer, se despedir.

Amanhã ninguém falará nele. Ninguém se lembrará do pulsar frenético daquele coração, das lágrimas vertidas sobre os dias, das noites mal dormidas, dos calores, dos beijos, dos dedos entrançados, dos sorrisos trocados. Dormirá, para sempre esquecido. Só porque um olhar mal conduzido, transgredido, o atropelou mortalmente!

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Love Will Tears us Apart - Moonspell

domingo, 3 de agosto de 2008

RUFUS WAINWRIGHT E OUTROS...

Rufus Wainwright - Release The Stars

Massive Attack - Mezzanine

Robert Forster - The evangelist


Scorpions - Tokyo Tapes


Depeche Mode - Songs Of Faith And Devotion
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As escolhas da semana




sábado, 2 de agosto de 2008

OLHA-ME NOS OLHOS E CALA O SILÊNCIO

Será isto o retrato do "infinito" do "eterno"?
Ou será, simplesmente, o retrato de um momento de "partilha" num instante de azar?
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All I Ever Wanted - Depeche Mode

SABE BEM PENSAR TÃO POUCO!...


Ela levou uma vida inteira para o encontrar e perdeu-o num dia!

Ele nunca a encontrou!

Tudo é breve por que o tempo é um instante.

Eles nunca se despediram, porque não existe o momento certo para um adeus.

De qualquer forma, nunca acabaram porque nunca começaram.

Ela não se lembra qual foi o dia em que o encontrou, porque já deixara de olhar para o calendário!

Ele não se lembra de nada!

Ela acha que tudo é um acaso.

Ele acha que nada acontece por acaso, mas para ele, ela nunca aconteceu.

Ela encolhe os ombros e diz que tanto faz! Com uma indiferênça assustadora! -

- Porque, se ela levou uma vida inteira para o encontrar, agora tem uma vida inteira para o esquecer... e que seja muito longa!... que ela não se importa!

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The Jean Genie - David Bowie