sábado, 29 de novembro de 2008

TARDES FRIAS

Chovia a cântaros. Sentia-me gelada e desconfortável. Tinha planeado uma tarde doméstica e acabei dentro de um bar, fechado ao público. Ao fundo da sala, uma pequena de 10 anos jogava bilhar consigo mesma. Ele fumava um cigarro atrás de outro e falava sem parar. Creio que nem me ouvia. De repente, os seus olhos ficaram marejados de lágrimas, fixou a filha com desalento, depois fixou-me e disse, repetidamente, repetidamente: - "Nunca senti um vazio tão grande como agora." "Nunca senti um vazio tão grande como agora." ... ... ... "Olho à minha volta e sinto que estou sózinho! Não sei para onde me hei-de voltar!"
Eu fitei a pequena, quase sem coragem de o olhar nos olhos, com medo de não o reconhcer e depois comecei a discursar.
Por vezes, os nossos amigos estão a afundar-se e nós, tão preocupados com nós mesmos, tão absortos nos nossos problemas, que nem nos apercebemos.
Há vazios verdadeiramente enormes! É então que percebo como o meu vazio é tão pequeno! Como podemos ser úteis. Muitas vezes sem necessidade que gritem o nosso nome, se tivermos a gentileza de nos irmos lembrando dos nossos amigos, que, diga-se, podem estar a deslizar pelo abismo, à espera de uma mão, sem força ou coragem para pedirem ajuda.
.
Incinerate - Sonic Youth

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

PENSO EM TI

É nos momentos mais calados que confirmo que estou nua. Nem espelho, nem véu onde mostrar ou esconder quem sou, o que penso, o que me move. Eu, inteira, a escorrer silêncio abaixo, como quem escorrega por um perfil que não lhe fica bem.


Ás vezes dou por mim a olhar-te como se estivesses aqui. E nem o frio sinto! Nem o vazio das paredes! Apenas uma quietude onde se ouve a tua voz. Até que acordo de um sobressalto! O meu companheiro de quatro patas a olhar-me estranhamente como se questionasse em que lugar me encontro. E é difícil sair de dentro do teu sorriso. Fixar o chão, estonteada. E depois vem a ressaca. Acendo um cigarro. O fumo esbate o brilho dos teus ollhos, já meio apagado, ainda presente. É então que percebo como estás cada vez mais nítido. Como o tempo vai passando e desenhando a tua figura, pormenor a pormenor, ao invés de a apagar.


Há dias em que me passeio contigo para todo o lado. Sentamo-nos encostados e ficamos calados a olhar. Tenho muitas coisas para te contar. Tu não tens nada. Apenas um olhar calmo e um imenso sossego. Sinto o teu braço a roçar o meu e até consigno snifar um pouco do teu cheiro. Calo-me, só para não perder a graça do momento. Despois arrastas-te, com ar complacente, para onde quer que vou. Não te dou voz, para não ouvir o som da realidade. Deito-te a meu lado, de costas voltadas para mim, só para evitar confrontos com a verdade. Sonho serenamente, a ouvir-te respirar e demoro-me no calor do teu corpo onde encosto uns centimetros das minhas nádegas. Pela manhã, acordo e reparo que estou só. Mas faço a cama com o mesmo cuidado com que a faço quando nela, efectivamente, te deitas. Só para não perder o desenho do teu corpo.

.

Revelry - Kings Of Leon

terça-feira, 25 de novembro de 2008

E TUDO ISSO... E TUDO O MAIS...


Quantas vezes caimos de exaustão de tanto pensar nas coisas por acontecer? Quantos quereres amorfanhados nas mãos cerradas de desejo? E a teimosia da intuição de que, talvez, se, até, quem sabe, poderia ter sido - aquilo que bem sabemos que nunca foi e jámais será. Uma angústia fixa nas esperas, que aconteça aquilo que procuramos - por vezes sem sabermos ao certo o que procuramos; a maioria das vezes sem nada procurarmos, na afirmação de que estamos à procura de qualquer coisa.
Quantas vezes somos cercados de dúvidas que anoitecem os nossos dias?
Teremos sempre dúvidas. Muitas vezes não são dúvidas, são meros receios camuflados de dúvidas. É mais fácil interiorizar que temos dúvidas acerca de, do que temos receio de. A maioria dos nossos receios provêm da possibilidade de haver dúvidas nos outros. Mas isto, isto não vou tentar definir, é capaz de ser uma falha minha, uma brecha no horizonte da minha personalidade. Teria de dividir a minha personalidade em pedaços e analizar um a um, para explicar cada um dos meus prolongados silêncios adornados de receios.
Quantas vezes rebolamos a paciência a pensar nas coisas acontecidas? Neste quotidiano cansativo onde, irreflectidamente, fazemos coisas que nunca esperamos fazer e que, por isso mesmo, nem sequer suscitam dúvidas ou receios, tão só um arrependimento que não cabe em lugar nenhum! E se pudessemos não pensar nisso! Não ter conciência, nem peso, nem alívio, apenas um aspirador que nos libertasse...
Mas há sempre um objecto, uma cara, uma coisa que nos lembra... o lixo que não foi possível eleminar. O melhor é caminharmos orgulhosamente arrependidos.
Quantas vezes não é possível transparecer? E até as lágimas se tornam invisíveis num retrato de sorrisos e maquilhagem. E nada se pretende para além de um pequeno molho de felicidade. E, por vezes, digo, nada mais do que evitar a infelicidade. Já o disse hoje, aqui o repito, prefiro ser infeliz a provocar infelicidade alheia. Mas isto é um contorno mais da minha personalidade e, porém, delicadamente assumo, que é coisa inevitável. E, por inevitável ser, inevitávelmente sofro. Sofro as minhas infelicidades e as infelicidades que provoco. Não, não há equivalências, -julgo eu - embora umas possam ser causa das outras.
Quantas vezes desejamos ser o sonho? Não um sonho qualquer. You have a dream? Aquele sonho. Aquele sonho do outro, reflectido no nosso. Sobreposto, encostado, cruzado... a par. Muitas vezes, simplesmente, apenas e só, recuperar o sonho.
E as horas passam e eu finjo...
E... há um perfume que me circunda... e páro de pensar, para sentir.
.
On The Other side - The strokes

domingo, 23 de novembro de 2008

PARA ALERTAR

Um tipo decide vender o carro e, como já é usual, utiliza o método de colocar um anúncio com o nº de telemóvel no vidro traseiro do carro - o que também já é proíbido. Dirige-se para o trabalho e conduz muito tranquilamente a 50Km/h. De repente toca o telemóvel:
-Bom dia, fala de uma unidade móvel da Brigada de Trânsito da G.N.R. e estamos atrás de si. O senhor não sabe que é proibido atender o telemóvel enquanto conduz? Encoste por favor!

IRRESISTÍVEIS - PARA DESCONTRAÍR

-----------------------------------------------------------

Queca Super-Bock.

Um tipo levou a namorada para uma praia deserta. Desaperta-lhe o top do biquini e ela começa a refilar porque ali não dava jeito, que havia muita areia, que ainda se arranhavam e ia entrar areia por todo o lado, etc... O rapaz disse então: - Calma! Não há nada que não se resolva!!!

E foi ao carro buscar uma grande toalha da Super Bock, que estendeu. A namorada deitou-se em cima da toalha. Ao puxar-lhe a cueca do biquini, uma rajada de vento levantou a ponta da toalha e ela reage novamente, dizendo que se iam encher de areia, que a toalha voava, que se arranhavam, etc... E ele: - Calma! Tudo se resolve.
Foi ao carro e trouxe 4 latas de Super Bock, colocando uma em cada canto da toalha, para esta não esvoaçar. Como ela estava sempre a implicar com tudo, teve a ideia de trazer também uma venda do carro e para lhe pôr á volta dos olhos. Continuaram...

Já a rapariga estava nua, quando perguntou: - Trouxeste preservativo? E o namorado: - Aqui não tenho, vou buscar ao carro.Enquanto foi ao carro, passou um gajo que andava a fazer 'jogging'. Ao deparar com a tipa nua e vendada, deitada na toalha, primeiro aproxima-se, começa a mexer e, como ela não se nega, não hesita e 'por aqui me sirvo': salta-lhe para cima!!!

Após ter comido a menina, afasta-se e diz: - Foda-se! Com uma campanha destas, agora é que eles rebentam mesmo com os gajos da Sagres...

sábado, 22 de novembro de 2008

HOJE ACORDEI ASSIM...

Os afectos são de uma importância enorme e muitas vezes imperceptível. Há ocasiões em que nos põem em queda livre, mas, a maioria das vezes, elevam-nos. Pequenos momentos podem ser grandes sem que ninguém dê por isso.
"- Ajuda-me- pediu-lhe baixinho, com voz de moribundo. - O meu maior desejo é voar...
- Então, vem - disse Fernão. - Sobe comigo e começaremos.
- Não entendeste. A minha asa. Não consigo movê-la.
- Virgilio Gaivota, tu tens a liberdade de ser tu próprio, o teu verdadeiro eu, Aqui e Agora; nada se pode interpor no teu caminho. Essa é a Lei da Grande Gaivota, a Lei que É.
- Queres dizer que posso voar?
-Quero dizer que és livre.
Assim, tão simples e rapidamente, Virgílio Gaivota abriu as asas e, sem esforço, elevou-se na noite escura. O bando foi despertado pelo seu grito bem alto:
- Posso voar! Ouçam! POSSO VOAR! "
.
- Richard Bach em Fernão Capelo Gaivota -
.
... COM VONTADE DE VOAR.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

NUM DETERMINADO MOMENTO



Vivo sempre num determinado momento onde a minha memória fixa o olhar. E depois deixo-me conduzir pela inspiração. Mas, há alturas em que só encontro momemtos desfocados num labirinto de tempo indeterminável. E a ilusão de que as sombras são actractivas. Que a minha sombra é também a minha identidade. Que só a minha sombra/solidão cabe no tamanho dos meus dias. Que há sempre uma hora em que visitamos o inferno e que isso nos pode mudar a identidade de forma irreversível.
Há momentos em que o silêncio me cresce na garganta. Momentos em que caio no desamparo das palavras. E há as olheiras que se estendem até ao vértice da alma onde as portas se fecham ao pensamento. E é então que nasce uma história dentro de mim, longe da memória onde sempre vivo.
.
Stick to together - David Fonseca

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

E SÓ POR ISSO!



Se Deus existe, anda mais refundido que o Bin Laden!

E eu desconfio sempre de quem não dá a cara.

domingo, 9 de novembro de 2008

KAISER CHIEFS E OUTROS...

Kaiser Chiefs - Off With Their Heads (2008)

Peter Broderick - Home (2008)

Kings of Leon - Only By The Night (2008)


Shearwater - rook (2008)




The Dodos - Visiters (2008)

MADUROS E DE QUALIDADE SUPERIOR

Há muitos anos que estes senhores afirmam o seu desejo de ter esperança no futuro.
Mais uma vez revelam o descontentamento e o desejo de continuar a ter esperança...
Uma coisa é certa, estes velhotes demonstram bem a capacidade humana de criar arte, fazer coisas maravilhosas...
.
Esta noite lembrei-me de rever o filme "O pianista", que considero profundamente tocante, que nos faz viajar pela História e nos faz ter a consciência da força da crueldade humana nas mais varidas formas de guerra.
.
A vida do dia a dia está, também ela a tornar-se uma guerra. Se pensarmos em como a vida se tem vindo a complicar ao longo dos anos, é impossível não ter saudades do tempo em que se brincava na rua, se ia a pé para a escola e para o trabalho e se via um cinema ao ar livre nos fins de semana. Veja-se o exemplo que ilustra bem aquilo que enfrentamos inúmeras vezes mal o dia começa: Ontem pela manhã houve batatada na minha rua. Um imbecil, não encontrando lugar, estacionou o carro atrás de outro e desapareceu durante horas. O outro individuo ia a sair para o trabalho e viu-se impedido de o fazer. Depois de várias diligências e grande desespero, tomou uma atitude: esvasiou os pneus do carro que o estava a trancar. Quando o imbecil chegou com os saquinhos das compras viu o sucedido e entrou em fúria total. Envolveram-se em agressões da mais variada espécie. Gerou-se estado de guerra.
.
O ser humano, apesar do cérebro o distinguir dos outros animais, viveu e vive a fazer uso dos seus mais primários instintos. Um Mundo cada vez mais destruido pela mão do Homem, em dificuldades crescencentes no uso dos recursos e matérias naturais, envolto em crises económicas à escala mundial e governado por interesses de quem detem o poder e o dinheiro. É uma selva. E, na selva cada um vive por si na defesa dos seus interesses pessoais e da sua prol. É a lei da sobrevivência.
.
Também desejo ter esperânça no futuro...
Só ouvir este albúm faz-me acreditar... pelo menos enquanto a música permanecer no ouvido.

sábado, 8 de novembro de 2008

SAUDADES


Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um.
.
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
só no teu rosto e nunca e mais nenhum.
.
Eugénio de Andrade

terça-feira, 4 de novembro de 2008

E QUANDO OS DEDOS DANÇAM E OS PÉS SE QUEDAM, QUAL SERÁ O SOM DA MINHA VOZ?


Por vezes até as palavras se enrolam no teclado, quando há um nó na garganta por desfazer.
.
God Knows - El Perro Del Mar

CAMINHANDO

A vida é uma estrada longa e cheia de buracos, para todos, só que alguns percorrem-na a pé, outros de carro.
.
Credit in the straight world - Young Marble Giants



DESAFIO MUSICAL

Para responder ao desafio da menina "Para o que vier à cabeça", antes devo dizer:
- é o primeiro desafio que me fazem e deparo com uns problemazitos na concretização. Sou uma solitária, raramente deixo comentários em blogs, pelo que não tenho travado muitos conhecimentos na blogosfera, por outro lado, sou bloguista com algum secretismo, no sentido que nenhuma das pessoas que conheço têm conhecimento deste blogue, o que implica não ter quatro pessoas a quem desafiar.
Por outro lado, devo confessar ter grande dificuldade com a tradução de línguas estrangeiras, o que me leva a ter de optar por uma banda portuguesa (e muito bem creio eu).

Então cá vai...
.
- Colocar uma foto pessoal

- Escolher uma banda/artista : Xutos & Pontapés.

- Responder ás questões colocadas somente com títulos de canções da banda/artista escolhido/a:

1) És homem ou mulher? - "Conchita Morales"

2) Descreve-te. - "Sombra colorida"

3) O que as pessoas acham de ti. - "Querida pequenina" (o importante é acreditar, lol)

4) Como descreves o teu último relacionamento? - "Doce murmúrio"

5) Descreve o estado actual da tua relação com o/a teu/tua namorado/a ou pretendente. - "Enquanto a noite cai"

6) Onde querias estar agora? - "Aqui ao luar"

7) O que pensas a respeito do amor? - "Para sempre"

8) Como é a tua vida? - "Remar, remar"

9) O que pedirias se pudesses ter um só desejo? - "Este mundo é teu" (rigorosamente como deveria ser de cada um de nós"

10) Uma frase sábia. - "O que foi não volta a ser"

- Escolher 4 pessoas: pelas razões acima, deixo o desafio apenas a uma pessoa

- http://essencia-do-coracao.blogspot.com/