quarta-feira, 26 de outubro de 2011

OUTONO



Oh! estou gelada! A chuva infiltra-se por todos os poros! Apetece o enroscar debaixo da manta no sofá e um livro que poderia muito bem ser "O Guardador de Rebanhos".
O Outono tem as cores da tranquilidade, mescla de amarelos e castanhos, sarapintados de melâncolia. O Outono mostra-nos imagens de desapego. As árvores largam ao vento os seus adornos de verão, exibem os corpos despidos, as vestes pelo chão de cores mutantes. A nostalgia das paisagens cruas pelas ruas de abandonos verdes. O Outono ceifa as flores para nos dar a nudez, abrir-nos os olhos ao interior da vida, marca a certeza de uma existência mais profunda que finge ser tisteza, sendo uma outra beleza. O Outono abre-nos os olhos para os contrastes da existência. Fustiga-nos violentamente nestes dias de agreste tempestade.
Gostava de ser audaciosa, despedir o silêncio, como esta chuva imparável! Mas eu sou só, com os meus medos e receios, as minhas dúvidas. Eu sou só com as minhas palavras.

domingo, 23 de outubro de 2011

JANE'S ADDICTION - THE GREAT ESCAPE ARTIST

 (2011)

Sob escuta durante os próximos tempos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CARTAS ANÓNIMAS



Não preciso de olhar para trás. Bem sabemos que o passado é coisa que o pensamento nos estende à frente dos olhos, nos lugares mais impróprios e sem hora marcada. Já não vergo os joelhos nem tombo sobre o peito quando olho para dentro do passado. Já não preciso de acender a luz para ver as esquinas onde tantas vezes bati até sangrar. Abriu-se uma janela e depois uma porta. Agora posso entrar e sair, visitar as ruinas, em plena luz. Agora o teu rosto ficou claro e posso percorrer cada traço talhado na memória, sem sentir nos dedos a cicatriz da ausência. Que a ausência, o não ser nada, é por vezes a dor invízivel que nos deforma. Sobre o teu rosto estendo agora um poema branco, contracapa de um amor incompleto. No íntimo do poema, sei que serei sempre tua, mesmo quando já não souber quem somos. Agora posso respirar para lá do teu rosto e amar outro amor que seja meu.

PENSAMENTOS DISPERSOS



Caminhando, devagar, ao nosso própio ritmo, haveremos de nos encontrar, sempre dentro de nós, não lá fora, não nos outros. E haveremos de nos perder uma e outras vezes. Porque a vida vai comendo bocadinhos de nós. E nós vamos largando pedaços da vida, para nos refazermos, reconstruindo sempre e sempre. Lá fora e os outros contribuem com o seu papel, mas é cá dentro que o livro da nossa vida se escreve. Mas porque a vida é esse todo, nós com o mundo e com os outros, é necessário que, primeiro, valorizemos os nosso lugar neste todo, e depois interagir com equilibrio e harmonia. Certos de que sempre caíremos e sempre nos levantaremos.

Se não conseguirmos estar com nós próprios, jámais conseguiremos estar com os outros.

OUTONO


Eis o Outono vestido de azul pálido,
trazendo a estranhíssima beleza
de um horizonte despreocupado!

O vento a soprar com ligeireza
dizendo às folhas reclinadas pelo chão
que a sua morte não será em vão!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

GROUPE - LOVELY CUP



Uma banda à qual vou ficar atenta.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PENSAMENTOS DISPERSOS


O silêncio pode ser a mais cruel das falas!
É dificil gerir os silêncios dos outros, mais do que o nossos próprios silêncios embora os nossos sejam apredejados com incansáveis e constantes pensamentos que nos atormentam!
O silêncio dos outros pode ser uma dor nossa!
Porque aquele que cala, só raramente consente! Aquele que cala não quer o confronto e cria o afastamento. Que pode ser o afastamento do assunto ou o afastamento da nossa vida.
E o silêncio não admite discussão!
Por isso o silêncio cria o vazio. Não há ponte que não desabe no meio do silêncio!
Para quê deixarmo-nos afundar no vazio que vai do silêncio do outro à nossa voz desperdiçada!?

PENSAMENTOS DISPERSOS



A verdade é tão só o que se apresenta aos nossos olhos!
A minha verdade pode não ser a tua verdade sobre a mesma coisa. Que outra verdade existe, se não aquela que apreendes? Assim, a nossa realidade sobre uma coisa ou pessoa, pode não ser a realidade!Pode ser, e tantas vezes é, que num outro momento vejas que a verdade, afinal, é outra e passa a ser outra. mas então não era uma única e mesma verdade? A verdade das coisas, em si mesma, não muda. Porém, ela sempre será aquilo que, num determinado momento, aos nossos olhos se apresenta. Sempre será assim! E porque assim é e disso temos consciência, sempre andaremos às voltas com a verdade, em redor da verdade, na tentativa de tocarmos a verdade da mentira e a verdade da verdade. Creio que poucas vezes lhe tocaremos. Por isso, verdades que nos fazem felizes não deveremos indagar e verdades que nos atormentam melhor é não conhecê-las.   

PENSAMENTOS DISPERSOS



Por vezes, torna-se necessário que nos libertemos dos nossos vícios, porque os vícios, sejam eles quais forem, quase sempre são limitadores e opressivos, de uma ou de outra forma. Primeiro é preciso que tomemos cosciência dos mesmos. Depois devemos medir o grau de sacrifício, pois que toda a liberdade exige esforço. Finalmente definimos estratégias e deixamo-nos seguir. Habitualmente temos tendência a substituir um vício por outro vício. O ser humano é um animal de hábitos. A meditação ajuda a encontrar caminhos e a definir escolhas. Devemos estar conscientes que a seguir a um vício outro virá e que as recaídas fazem parte da caminhada. Hoje julgo, que na impossibilidade de nos livrarmos do hábito de criar vícios, devemos alternar entre vícios menores, por forma a não nos deixarmos caír na rotina, tantas vezes angustiante, de um único vício. Porque a vida é esta prisão de porta aberta, é necessário compartimentá-la, para que criemos espaço e movimento, minorando os efeitos da dependência a que os nossos vícios nos submetem.

sábado, 8 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CARTAS ANÓNIMAS


Doce é este inferno de nos amarmos nos feriados da vida.
O teu amor é amovível. Ferve num jogo de ardências em que uma de nós é a cabra, a outra a cega. E eu finjo acreditar nas verdades que mentes. O meu amor é um champanhe francês, efervescente e escorregadio, servido em taça de pecado. Agito-te em vertigens sanguineas. Ficas em desordem, sem identidade. Iceneras-me a pele. Estonteias-me. Perco a compostura. Que o meu corpo tem ideias que não cabem dentro dele. Mas por mais que me queimes é o frio que me inunda a mente. Que a minha solidão é extrema e determinada. Só o corpo evita o desastre. Entre o meu corpo e a minha mente há o lugar desabitado. Entre o teu amor amovível e o meu amor descartável, um gume pintado a vermelho.