segunda-feira, 18 de maio de 2015


Há muito que não acredito em alguém. Não posso acreditar em quem nunca conheci e, na realidade, nunca conheci alguém. Quanto mais próximos mais estranhos, assim somos! Pois quanto mais ou melhor "conheço" uma pessoa, maior é a minha consciência do engano!


A realidade é aquela coisa que não o é! Pois sempre que pensamos estar cientes sobre alguma coisa, tropeçamos em qualquer facto que desconhecíamos e lá vem a realidade dizer-nos que o que julgamos não é o que/como é, até podendo ser não o sendo. Em suma: Acreditar, não é o acto mais sensato, mas pode ser o mais cómodo.


quarta-feira, 1 de abril de 2015


Não sei porquê, penso muitas vezes como tudo é tão ocasional! Como, também nós pessoas, somos tantas vezes ocaso e ocasião!
Não sei porquê, há sempre um qualquer nó de origem emocional ou moral, que me  impede de aceitar que faço parte de um enredo ao qual nunca encontro a ponta. Cada vez mais, ao olhar para a vida, sinto que toda a ordem natural conspira contra os meus princípios. Mas, na verdade, naturalmente não vale a pena ter grandes princípios já que os fins são sempre os mesmos!



Gastamos demasiado tempo a a ser verdadeiros e honestos! Desgastamo-nos! O rebanho é que está certo... todos diferentes e todos iguais.
Fingir, ainda que não seja solução para nada, é o caminho para esta farsa que é a vida.
Começo a envelhecer e cada vez sei melhor como tudo funciona e também já percebi que nada funciona, nós é que fingimos que sim neste mundo de conveniências.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Parece bonito o amor...


Parece-me bonito o amor quando o ouço, bonito como um poema. 
Parece-me feliz aquele que ama com doçura e parece-me feliz aquele que é amado. Ambos cabem na moldura de um bom quadro, na parede do facebook: qual pintura que se esborrata e desliza até ao like no fio dental da amiga virtual,  no pedido de amizade ao sorriso mamário da pin up da parede ao lado. Que o amor há-de ser um prédio habitado por muitos inquilinos de janela aberta. Que o amor há-de ter a liberdade de se poder mostrar o eu mais íntimo de cada um. Tudo sem maldade! Como quem diz: olha tanta coisa bela para ser amada e és tu o objecto do meu amor. Tanta flor a ser colhida, sem prejuízo para a roseira. Já não vale a pena oferecer rosas, coitadas, colhidas para um momento que se esvai com o vento! O amor, agora, alimenta-se de outras necessidades. Vejamos os pormenores como elos de fortelecimento, só em corações grandes cabe tanta coisa! 
Agora, o amor parece-me uma pintura de rua, um rosto de madona triste com um fundo de cabaré burlesco.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015


... e Deus criou a terra, os rios, as plantas, os animais... e tudo fazia sentido! A seguir, Deus criou o homem e a mulher. E então o sentido da vida, perguntaram-lhe estes últimos! E Deus criou o amor para brincarem ao faz de conta! Conta-se que depois disso partiu e nunca mais foi visto.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015



Enfim, encolho os ombros e penso: tanta coisa para dizer! Podia falar do tempo frio, que encontrei numa gaveta umas meias de lã que a minha avó me fez há cerca de vinte anos e calcei-as. Fiquei feliz com isso, como se tivessem sido um presente de Natal. Mas não foram, nem a minha avó foi pessoa que alguma vez me tenha dado uma prenda pelo Natal ou alguma vez me tenha abraçado com carinho. De qualquer maneira, que importa isso, se não para me confirmar que as pessoas são lugares estranhos e inabitáveis. Sempre o soube, mas careço da necessidade de o reafirmar constantemente! Melhor dizendo: constatar. Antigamente dizia que tudo é falso, hoje digo que tudo é verdadeiro. Falsas são as crenças, aquelas coisas em que acreditamos num determinado momento, pois certo é que nunca são como as acreditamos e que um dia sempre nos aperceberemos disso. Nada e ninguém é o que parece e o que afirma ser. Mas tudo é verdadeiro, até o facto de que nunca conheceremos a verdade! Mas também sabemos isso desde que temos consciência, a nossa consciência é que não quer saber disso!  É quase de madrugada, o nevoeiro já levantou os pés e parece ter partido. Há-de ser uma manhã limpa e fria, pode ser até que o sol nos beije com alguns raios, ou não. Os dias, como a vida, são assim, uma espécie de agonia com algum vinagre e açucar à mistura e cada um faz o batido à sua maneira. Haja vida!