quarta-feira, 31 de março de 2010

COISAS DA TRETA


Encontramo-nos regularmente, duas a três vezes por semama. Tenho por ela uma afeição incomparável, do peito. Chama-se amizade e carinho. Há mais de um ano que me repete: "As coisas não estão bem. Quando eu resolver isto, resolvo tudo o resto". Deixou de fumar de um momento para o outro com ajudas de pastilhas e uma grande força de vontade. Andou a tomar Valdispert contra os meus conselhos, mas também acabou por largar. De vez em quando faz acupuntura para relaxar, o que tem os seus benefícios. Mas aquela pedra no sapato, que é a sua relação com o marido, é que não sabe como resolver. O marido é amoroso, pandego e um pai dedicado. Além disso é um bom amigo dela mesma.
- Acho que ele não respeita a minha liberdade. - Diz-me. - Não aceita a minha autonomia. Tem ciumes das minhas amizades, masculinas ou femininas. Quer saber o que faço, por onde ando e com quem. Não pode ser! Eu sou livre, responsável e independente. Por amor de Deus! Ele tem de me dar espaço. Se quero estar contigo a comer uns caracóis ao final da tarde e lhe peço que vá buscar os miudos, o que é que tem? Nada! Mas chego a casa e começa com piadinhas, meias palavras. Em suma: está de trombas! Na verdade o que ele quer mesmo saber é se estive contigo. Bolas! É demais! Parece que tenho uma corda atada ao pescoço! - Suspira. Cala-se por uns segundos. Depois recomeça a falar sem esperar que eu diga uma palavra. - E chateia-me, depois chega à cama e parece que não foi nada! Quer festa! Imagina! Claro que eu já estou de trombas também. Apetece-me tudo menos festa. Viro-lhe as costas. É que nem lhe digo uma palavra. Ele já sabe, é melhor que nem tente a investida ou vai haver sarilho.- Pára de gesticular, mas mantém aquele ar agitado do costume.
Eu digo-lhe: - Lá estás tu novamente em completa agitação! O que é que eu te digo sempre? Respira fundo. não podes andar sempre enervada, faz mal à saúde. Pensa no teu marido serenamente, naquele rapazito que teu deu a volta ao miolo, que te convenceu a casar, te deu filhos, que é teu amigo e é um brincalhão.
Ela respira fundo e sorri. - Tens razão! Ele é tão querido! É a melhor pessoa que conheço, só é pena não ser perfeito!
E eu digo-lhe: - Claro que não é perfeito, ninguém o é. É natural que ele tenha essas reacções, as pessoas são assim, temos de o admitir.
- Não. Não têm de ser assim, não senhor. - Diz-me ela a começar a enervar-se de novo.
- Pronto, não te enerves. Vai mas é para casa, leva uma velinha de cheiro e faz um chá de gengibre, toma um banho de espuma, abre uma garrafa de vinho e antes que os miudos cheguem, provoca-o e dá uma queca. - aconselho-a.
- Achas?
- Claro, não te atrases.
Ela levanta-se e diz-me: - Tu és sábia! Tens razão, quando mo aconselhas resulta sempre! Como é que tu sabes? Como é que consegues ser assim?!
E eu também lhe respondo sempre: - É fácil. Não sou casada, logo: não estou de trombas. Hehehe! E acho que deus dá nozes a quem não tem dentes.
Isto vai-se repetindo. Parece um filme do Woody Allen!
Um dia destes ligou-me espavorida: - Amiga, estou uma desgraça! Preciso que me atures uma horita. Tenho andado a perseguir o meu marido. Vai ter comigo ao café F que já te conto.
Lá fui eu ter com ela antes que tivesse um ataque cardíaco. E contou-me que o marido tem andado a fazer um trabalho com uma colega. Que se encontrou com ela vezes demais. Que aquilo já lhe estava a fazer impressão. Então ligou para o trabalho dele e disseram-lhe que não estava, que estava em serviço externo. Meteu-se no carro e foi lá. Entrou por ali adentro e exigiu que lhe dissessem onde é que ele se encontrava. Mas nada! Aguardou duas horas dentro do carro à porta dos serviços. Como ele não apareceu e eram horas de almoço, deduziu que estaria a almoçar com ela e foi percorrer os restaurantes habituais. Mas nada! E o pior: ele tinha o telemóvel desligado!
E eu, feita parva a ouvi-la, sem que me deixasse falar. Até que lá lhe consegui dizer: - Respira fundo...
- Já sei. Já sei! - Disse-me limpando a testa, puxando os cabelos para trás respirando fundo. - Sou uma idiota! Não estou a respeitar a liberdade dele! Não me digas nada! Vou comprar uma velinha de cheiro, fazer um chá de gengibre, tomar um banho de espuma, abrir uma garrafa de vinho e esperar por ele, para dar uma queca antes que os miudos cheguem. Obrigada por me aturares amiga.
E foi-se antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Também já não era necessário, pois não?

.

Fury - Muse

CONVERSAS DA TRETA


Ele tinha a mania de se queixar das gajas, "eram todas umas cabras pois nunca tinha encontrado nenhuma de confiança". Isso porque as três mulheres da vida dele, lhe haviam plantado rosas na testa e os espinhos foram crescendo e foram-lhe ferindo o cérebro no compartimento da honra, consideração e dignidade. Eu ouvia-o pacientemente e dava-lhe conselhos, sempre tendo em conta o devido desconto.
Ele dizia que precisava de encontrar a pessoa certa e que a pessoa certa era uma gaja com quem tivesse afinidades fortes e mostrasse ser de confiança. Isso, porque apesar do massacre dos espinhos, ele ainda acreditava em flores sem os ditos e na possibilidade de limpar o jardim. Eu dizia-lhe que não há pessoas certas, mas pessoas acertadas. Aquelas que se vão acertando e concertando a um estado plural, de partilha e cumplicidade. Também lhe dizia que ninguém pode viver no pressuposto que todos são iguais e que a história se repete ciclicamente.

Ela vivia a queixar-se dos gajos, "não havia um que prestasse, pois eram todos uma cambada de farsantes." Isso porque só tinha tido relações com homens que a trocavam pelo jornal, o sofá, o futebol, o bar da esquina e até a mulher do amigo.
Eu ouvia-a e dizia-lhe que não é bem assim, que até os há que tratam das lides domésticas, são carinhosos, compreensivos, ajudam a cuidar dos filhos, preocupam-se connosco, são companheiros. Mas claro que também tinha de lhe dizer que sabendo que os há, não conhecia nenhum para lhe apresentar. Porém... um dia... quem sabe?

Pois, um dia, estas duas almas juntaram-se. E viveram felizes por uns dias.

Ele andava encantado e sorridente - a limpar o jardim.
Ela andava emocionada e a cantarolar - a sonhar.

Há tempos encontrei-o, sentamo-nos a tomar um café e disse-me que estava apaixonado, que tinha encontrado a pessoa certa. "Ainda bem" - Disse-lhe a pensar que se calhar há mesmo milagres!

Há dias encontrei-a e fomos beber uma imperial. Tinha um ar de felicidade manchado por uma qualquer preocupação.
-Ele um querido. É amoroso, de facto é diferente, faz-me sentir como se vivesse um sonho.- Disse-me.
-Ótimo- Respondi-lhe animada.
Após a segunda imperial e mais umas quantas frases de satisfação, saiu-lhe um "MAS" acompanhado de prolongadas e agudas reticências...
-O que é que foi? - perguntei-lhe.
- Há uma coisa que não me agrada muito, mas não sei o que fazer. - Respondeu.
- O que é? Sabes que nem tudo pode ser perfeito, há sempre qualquer coisa. O que é?
- É o sexo.
- O sexo?!
- Sim. - Baixou os olhos e fez um silêncio.
- Então?! Não me digas que ele... nada? Népia?
- Não é isso. Fáz, só que é tudo muito rápido. Cinco minutos e já está. - Afirmou muito desanimada.
- Cinco minutos! Porra! - Comentei. - Bem, era pior se fossem só dois. Vê a coisa pelo lado positivo. Além disso ele ainda anda nos treinos contigo, quando passar ao jogo, vais ver que até vai haver prolongamento.
-Oh, pá! Não brinques comigo, que o assunto é sério. Estou mesmo desanimada. É que são só mesmo cinco minutos. Uma hora depois volta a repetir os cinco minutos. Cerca de uma outra hora depois, repete...
- Xi!!! Afinal é um atleta, é estafeta. - Disse-lhe sem controlar o riso.
Depois de me ter dado uma cacetada na cabeça acabou por dizer: - Parece um coelho!
Não há como uma pessoa se controlar com uma conversa destas! O melhor foi pedir mais uma imperial para ver se a coisa atingia o grau de seriedade pretendido.
A dada altura ela agarrou-se ao meu braço esquerdo e deitou a cabeça no meu ombro.
- Não sei o que hei-de fazer, ando desconsolada. Aquilo aborrece-me. Não me dá prazer, preciso de mais tempo e menos vezes, percebes? Mas não te rias. Diz-me o que hei-de fazer.
- Sei lá. - Respondi sériamente. - Fala com ele sobre o assunto, se conseguires. Pode ser que as coisas mudem. Deve haver solução.
- Falar com ele sobre isso? Achas? Não posso, é impossível, ia estragar tudo! Dá-me lá um conselho que seja viável, por favor.
Estive um minutito a pensar e, por fim, surgiu-me uma ideia brilhante.
- Olha, na verdade, o que eu te aconselho é a comeres muitas, mas mesmo muitas cenouras. Vais ver que em menos de uma semana as vossas afinidades aumentam e acabará por haver total compatibilidade sexual.

.
Viva la vida or death and all friends - Coldplay

segunda-feira, 29 de março de 2010

DÁ-ME UMA PALAVRA


As palavras nunca são suficientes.
Ninguém descreve por inteiro, as circunstâncias de um momento feito de memória e saudade, ausência e bem-querer.
Tudo é completamente simples e cabe num soneto. Mas não encontro a receita para o indízível, para o que trespassa o pensamento, o papel e estas mãos vazias de afecto.
Consigo ver a sombra do desejo que nutro por ti. Como um cavalo que sai a correr de dentro de mim e sobe as paredes pela casa solitária, a marcar os cantos manchados de cio.
Somos sós, não somos? Uma solidão antiga, a espigar em cada primavera, para que se renove. Que silêncio tão pesado! Divertimo-nos a criar estes silêncios anémicos e prolongados! Não, que a verdade seja dita, habituamo-nos! Tornei-me crente. Acredito, uma fé inabalável, quase um fanatismo, que este silêncio repetido encerra em si a maior das objectividades. Que a fantasia tem voz, faz eco, estrilho e chega a incomodar. Vivo suspensa entre a fantasia e estes silêncios palpáveis. E sou capaz de estremecer num sopro, de cair ao suspiro da noite.
Dá-me um rumor, uma palavra...
Bem sei que as palavras nunca são suficientes. Haveremos sempre de querer mais e mais e depois os gestos, e depois o tempo e depois a posse, a usurpação, o roubo, a vida inteira! Bem sei, também é assim com o seio materno quando nascemos, apossamo-nos dele como se nos pertencesse.
Dá-me uma palavrita... que caia dentro de mim e ferva, me faça fumegar e sair a correr...

.

Infinity - The xx

OUVI UM CHORO TRISTE


O finar de uma relação amorosa deveria assemelhar-se ao finar de um tranquilo dia de verão. Um sonolento agitar de cores. Um piano a sussurrar. E, por fim, o tombar serenamente sobre uma terra adormecida.

.

The One I love - Rosie Thomas

domingo, 28 de março de 2010

TEITUR - ALL MY MISTAKES

 (2009)
.
Também encontrei este. Tem músicas deliciosas.
.
The Girl I Don't know - Teitur

BARZIN - NOTES TO AN ABSENT LOVER

2009
.
Ontem encontrei esta maravilha. Nunca tinha ouvido, desconhecia completamente. Estou rendida, apaixonada.
.
Stayed too long in this place - Barzin

sábado, 27 de março de 2010


Assim te raptei uma noite – com ansiedade e susto. E assim te mantenho vivo, e amo, dentro e fora do poema. Hoje, tudo me parece novo e antigo, em simultâneo, como se já soubesse que havias de chegar e mudar-me a vida, o rumo dela, e depois partir.


In «Dispersos» de «Al Berto»

quarta-feira, 24 de março de 2010

FACEBOOK


Deu-me um vip maluco e mandei o facebook para o c@. Ele era a Maria, o António, a Albertina o francisco... depois eram as galinhas, as couves, os patos da quinta onde nunca entrei, mas que me parece andavam todos a pastar... depois eram os encontros do não sei quê! Arre! Xiça! Então o pessoal diz que não tem tempo para tomar um café, comer uns caracóis no Zé da esquina e depois vai para casa criar perus e plantar batatas no computador! "Não sabes o que perdes!" Disse-me uma amiga. Eu adoro aquilo. Adoro a quinta, é a minha perdição, passo horas..." Sim, sim, e também emborca muitos antidepressivos. Vá-se lá saber porquê! E eu adoro a sexta, principalmente porque antecede o sábado e é um pronúncio de saídas, convívios e passeios. Que se lixem os chates, as quintas, os encontros virtuais, e as supostas amizades. Eu gosto é do convívio, do campo verdadeiro onde se respira o cheiro a jasmim, da brisa do mar, de escrever e enviar uma carta, fazer um telefonema, dar uma caminhada com umas amigas, sentar-me num jardim ou numa esplanada acompanhada por alguém, ouvir risos, vozes, ver expressões, sentir emoções. Então eu iria ficar em frente a esta máquina - não fosse para escrever - à espera que galinhas imaginárias cagassem ovos virtuais?! Tenho andado a poupar nas asneiras, prometi a mim mesma, mas... cá vai: foda-se!
Os adolescentes andam a dar no polegar e o pessoal dos trintas e quarentas anda a dar no facebook. Cada um é que sabe. O que eu sei é que há muita coisa real para se fazer e viver.
.
Fa-fa-fa - Datarock

A VIDA É INJUSTA


Ontem fui a uma loja de atendimento da Setgás. Como quase todas as lojas e salas de espera deste tipo de serviços, era fria e nua. Cinco ou seis pessoas a aguardarem a sua vez, duas secretárias lado a lado, voltadas para o público e duas funcionárias com a camisinha da empresa, bem lavadinha e passada e aquele ar de total aborrecimento e indiferença por um serviço quase automatizado.
Estava lá uma jovem senhora que se diferenciava de todos os presentes pela sua impecável apresentação, beleza e elegância. Alta e magra, longos cabelos loiros muito bem tratados, vestida como um modelo. Uma daquelas mulheres com quem as outras preferem não se cruzar. Sentou-se na cadeira em frente à funcionária e encetaram conversa. Em dado momento ouviu-se a funcionária:
- Minha senhora, não posso fazer, ou paga ou fica sem os serviços. Amanhã, até às doze horas vão ser cortados. Já lhe disse que só pode evitar o corte, se pagar. O que é que quer que eu lhe faça?
- Eu quero fazer um acordo de pagamento, porque não posso pagar até amanhã. - Disse a jovem senhora.
- Depois do corte pode ligar a pedir a reinstalação dos serviços. Paga a reinstalação e faz um acordo para pagar a factura atrasada. - Informou a funcionária.
- Mas eu não quero que me cortem os serviços. Eu preciso do gás, entende? E se não posso pagar a factura como é que vou poder pagar a reinstalação e a factura? - Insistiu a jovem senhora.
- Não posso fazer nada. - Volveu a funcionária no seu cone de gelado amargo.
- Eu pago parte do atrasado agora e o remanescente passa para a próxima factura. Faça-me isso por favor. - Propôs a jovem senhora levantando-se. Abriu o porta moedas e despejou todos o dinheiro em cima da secretária, de seguida começou a contá-lo até ao último cêntimo e tentou metê-lo nas mão da funcionária. - É tudo o que tenho. É todo o meu dinheiro. Fico sem um tostão, mas por favor aceite, pago o resto na próxima factura. - Quase suplicou debaixo dos olhares de todos os presentes.
A funcionária recusou depois de várias súplicas. Bem decerto que a funcionária tem procedimentos a cumprir. A jovem senhora meteu o dinheiro na carteira e de seguida atravessou elegantemente a sala, com a beleza do rosto a esconder a humilhação a que tivera de se expôr!
Malditas salas, tão frias e impessoais como o são as salas dos médicos, onde cada um tem de mostrar aos outros as suas dores, as suas máscaras e o seu mundo de aparências!
A funcionária atendeu-me logo de seguida. Perscrutei-lhe o rosto à procura de vestigios de consternação, mas o que vi foi uma máscara sem expressão alguma.
Não consigo deixar de pensar que qualquer de nós poderia ter ajudado aquela mulher desesperada, tão frágil debaixo da sua aparência de princesa. Mas, se calhar, qualquer um de nós estava a castigar aquela mulher por ter aparência de princesa. Não sei onde nos escondemos quando um ser humano precisa de nós! Teria sido impróprio alguém se oferecer para a ajudar? Parece ser mais fácil ajudar aqueles cuja trajédia não constactamos pessoalmente, fazer um depósito numa conta, comprar umas rifas ou contribuir com valores! O que me entristece é que nos limitamos a bservar, conservando a distância e o alheamento que nos parece natural. Será isto normal?

.

Kingdom of rust - Doves

terça-feira, 23 de março de 2010

BOAS NOTÍCIAS


Deitei-me sobre a marquesa, de lado, despida da cintura para cima.
- Vamos lá a ver como é que está esse coração. - Disse-me o médico.
Pus a mão esquerda debaixo da face e descontraí-me completamente enquanto ele andava por ali com o aparelho e me observava num monitor. Cheguei a fechar os olhos. Diversas imagens do passado correram pelo pensamento. Tentei não me emocionar, não me comover e também não congelar.
Quando me levantei olhei para ele de olhos muito abertos à espera que ele dissesse: "Está em ruinas! Só encontrei escombros a necessitarem de reconstrução, se tal ainda for possível! É urgente um tratamento de choque!"
- Então Dr.? - Perguntei deveras preocupada, bem sabendo do colapso, das maleitas, das dores e flagelos que o foram atingindo ao longo dos anos.
- Está perfeito. Em pleno funcionamento. - Respondeu.
Deixei-me ficar sentada sobre a marquesa a limpar o gel do peito, sem querer acreditar.
- Pode ir. - Disse-me ele. - Esse coração está ótimo.
Levantei-me. Ia perguntar-lhe se não tinha visto umas cicatrizes, mas calei-me. Comecei a vestir-me. Comecei a sorrir. E pensei: "Meu deus! O meu coração está ótimo! Ele reciclou-se, renovou-se, reconstituiu-se!
Agora sei que posso amar de novo, que posso recomeçar a amar. Hoje mesmo! Não é maravillhoso?"
.
I will surviver - Cake

quinta-feira, 18 de março de 2010

CONTINUANDO...


Esta manhã cheguei bem cedo ao consultório onde tinha deixado as credênciais para análises e um electrocárdiograma. Para meu espanto e espanto de todos, as credênciais tinham desaparecido! Uma cambada de gente à procura das mesmas e nada! Uma hora e meia depois ainda estava eu, com um frasco de xixi na mão, à espera, completamente muda. Optei por não dizer nada. Optei por não me irritar, porque tenho um coração pequeno e a tensão arterial muito elevada. Seria anormal se tudo corresse em conformidade com o que seria de esperar. Que eu não posso esperar o que quer que seja. Estou na fase do "seja o que deus ou o diabo quiserem."
Por fim disse-lhes: - Vejam lá, resolvam o problema. A responsabilidade não é minha. Telefonem à minha médica e peçam para ela lhes enviar uma 2ª via por fax ou email. Eu é que já não tenho paciência nem tempo para lá voltar noutro dia e depois voltar aqui. São muitas horas de trabalho perdido."
Decorridas cerca de duas horas lá me espetaram as agulhas.

Fui então tomar o pequeno almoço com uma amiga. A dada altura, diz-me ela:
- Algo de sobrenatural se passa na tua vida. Tens de me deixar marcar-te uma sessão espirita. Conheço uma fulana que conhece um indiviuo...
Eu comecei a rir.
- A sério. A sério. Pode ser algum assunto mal resolvido com alguém que já morreu.
- O quê?! Estás mesmo a falar a sério! Achas mesmo que eu acredito nessas coisas? Tenho muito medo dos mortos, mas é por instinto não por crença. - Disse-lhe.
- Está bem. Está bem. Não acredites, pior para ti! - Retorquiu. - Até pode ser um mau olhado. Conheces alguém que te odeie ou te tenha inveja? Ou algum caso mal resolvido com um homem?...
Aqui é que eu comecei a rir à gargalhada.
- Todos os casos com homens acabam por ser mal resolvidos e inveja... não sei... só se for alguma gaja gorda com inveja da minha elegância. O que te parece?
- Já vi que não me levas a sério. Então pronto, mas pensa no assunto. - Respondeu. - Já sei, no sábado vamos ao Lux. É isso mesmo, prepara-te e vamos lá dançar que aquilo está cheio de homens da nossa idade muito bem vestidos.
- E como é que um homem muito bem vestido vai resolver os meus problemas? - Perguntei-lhe com uma vontade tremenda de rir.
- Os teus pode ser que não, mas os meus vai de certeza. - Arrematou
Desmanchamo-nos em gargalhadas.
Hoje estou muito bem disposta.
Ela tem a sua razão, um homem bem vestido é perfeitamente dispensável, mas um pézinho de dança...
Por falar nisso, nunca fui ao Lux, aliás há dois anos que não entro numa discoteca!!! Eu que levo a vida a dançar pela casa!
Está combinado, preciso mesmo de alguma animação.

.

Love and terror - The Cinematics

terça-feira, 16 de março de 2010

EXPERIÊNCIAS QUE A VIDA ME DÁ


Eram 11H00 da manhã quando me sentei na sala de espera do consultório do médico. Nos últimos dias é a quarta vez que faço isso. Passei bem a noite, dormi bem. Estava sol e cheirava a Primavera. Tinha tantos pensamentos a assaltarem-me o cérebro! Mas como ando sempre com uma pasta, papel e caneta, fui matando o tempo a anotar os pensamentos. Mandaram-me despir da cintura para cima e deitar numa marquesa. O médico besuntou-me as mamas com gel e começou a percorrê-las com um aparelhometro qualquer que fazia cócegas. Olhava para o monitor enquanto me ia fazendo perguntas. Se o meu periodo era regular, se tinha filhos, etc, etc, etc. A dada altura comecei a notar que a sua expressão facial ia mudando, que se tornava mais séria, até que surgiu a pergunta negra:
- Há antecedentes de cancro da mama na sua família?
- Que eu saiba não. - Respondi.
- Vou repetir o exame. - Disse-me com um ar demasiado sombrio.
Fiquei tensa. Após algum tempo mandou-me levantar e disse-me que tenho quistos laterais em ambas as mamas e que preciso de manter uma vigilância apertada, exames minuciosos, de seis em seis meses. Eu só consegui pensar: "Obrigada Dr. agora estou muito mais animada!"
Não é um drama, mas não é notícia que queiramos ouvir, ainda por cima num dia bonito depois dum tenebroso inverno! Quando saí daquele local só queria uma coisa: sentir o sol quente a bater-me no rosto. Dei uns passos e deparei com um pardalito no passeio. Não era bébé, mas não parecia adulto. Deu uns saltinhos, mas não voou. Agachei-me e segurei-o na mão. Fiquei sem saber o que fazer. Estaria perdido? Com fome? Não sei se alguma vez aqui referi, mas tenho o hábito de dar de comer aos pardais e aos pombos, na janela da minha cozinha. Partilho com eles o pequeno almoço. Eu como as códeas do pão e dou-lhes o miolo. Também lhes dou o almoço, arroz cozido, sementes e cereais. E eles estão tão habituados que vêm piar à minha janela. Observoo-os e crio afinidades com eles. Tenho um pardalito atrevido que quase se infiltra na cozinha e há um pombo deficiente de uma pata que é regeitado pelos outros e protegido por mim. E, por via disso, fiquei preocupada com o pardalito. Estaria magoado? Não sei. O que sei é que ele não me fugiu e ficou quietinho, aconchegado na minha mão. O que não é vulgar. Do outro lado da estrada havia um lote de terreno cheio de ervas e uma árvore. Ouviam-se pássaros. Pensei deixá-lo junto com os outros, na esperança que lhes dessem de comer ou o ajudassem. Atravessei a estrada, segui pelo terreno e junto á árvore agachei-me para o colocar no chão. Abri a mão, mas o pardalito não saltou, mexeu a cabeça de um lado para o outro e nada de se pirar! Fiz-lhe umas festinhas com o dedo e falei com ele. Nada! O gajo estava a gostar! Eu própria já me sentia perdida sem saber o que fazer com o animal! Não queria abandoná-lo, só queria que ele ficasse bem. Com cuidado coloquei-o no chão, fiz-lhe um carinho na cabecita com a ponta do dedo e disse-lhe: "Não te preocupes, os teus amigos hão-de dar-te de comer e tu hás-de sobreviver e aprender a voar. Nisto, ele abriu as asas e voou para longe! E eu fiquei ali, agachada, a vê-lo desaparecer sem saber o que pensar. E comecei a chorar. Não era de tristeza, nem de alegria, nem de nada. Apenas não sabia o que pensar. Não sabia. Penso que há coisas que se passam comigo que não sei porquê, que sentido lhes dar, que significados lhes atribuir.
Afinal o pardalito só queria um mimo!

Há alturas em que precisamos de um mimo! Um bocadinho de aconchego numas mãos quentes, umas festinhas, para, enfim, podermos voar!

Depois segui para casa ao volante do meu modesto automóvel, enquanto as lágrimas me escorriam pelo rosto silenciosamente. E voltei à rotina habitual a fingir que tudo estava no lugar de sempre. Porque fingir também passa a ser rotina.
A meio da tarde telefonou-me um amigo e estivemos horas na conversa, a desanuviar, o que foi muito compensador. Chegada a casa recebi mais uma chamada de um outro amigo que me pos a sorrir durante algum tempo. Depois apareceu aqui uma velha amiga que veio trazer-me um trabalho e fazer-me companhia. Já passava das 9H30 quando fiz o meu prato, caprichado. Fui à garrafeira, agarrei uma reserva de Cabriz 2004 e abria. Depois sentei-me sobre os joelhos, como habitualmente, e jantei lenta e deliciosamente na pequena mesa da sala, em frente à televisão. Porque a vida é curta e temos de nos mimar. Ninguém o fará por nós. Mas é bom sabermos que não estamos sós nos períodos mais críticos, que os amigos aparecem sem que os chamemos.

Porque será que sempre me senti um soldado de chumbo e agora me sinto uma bailarina?
.
What it's like - Arthur Russel





segunda-feira, 15 de março de 2010

A CONTAR HISTÓRIAS


Pela manhã, quando saía de casa, encontrou-se com um louco. Pressentiu-lhe a presença antes mesmo de o ver. Reconheceu-lhe a voz quando ele, nas suas costas, lhe dirigiu um cumprimento. Nada em si estremeceu ou se abalou! Virou-se serenamente e devolveu-lhe o cumprimento. Nada receou! Ele olhou-a nos olhos. Ela olhou-o nos olhos e viu como a loucura pode ter uma forma. Mas fingiu não conhecer a loucura. Fingir, é muitas vezes, vezes demais, o caminho apropriado para se seguir na vida. Depois colocou os óculos de sol no rosto e preparou-se para caminhar.
- Os seus olhos... - Disse-lhe ele.
- Os meus olhos? - Perguntou-lhe ela.
- Sim, os seus olhos..." - Insistiu ele.
Ela tirou os óculos, inclinou-se para ele, fixou-o de novo nos olhos e perguntou-lhe:
- O que têm os meus olhos?
- Isso pergunto eu, o que têm os seus olhos?
- A final quem é que pergunta? o que é que têm os meus olhos?
- Brilham!... Brilham tanto!
Ela colocou de novo os óculos escuros sobre o rosto e disse:
- Ha! Os meus olhos brilham! Sim, dizem que sim, que os meus olhos brilham. Eu não sei, eu não os vejo. - Comentou enquanto recomeçava a andar.
- E por quem brilham? - Questionou-a dando uns passos no seu encalço.
Ela parou - Não é por quem brilham, é porque brilham. Olhe à sua volta, o que vê para além de mim? Está um sol maravilhoso, um dia deslumbrante e estamos a um passo da Primavera. É preciso haver mais razões?- Fez um circulo de braços abertos.
Seguiu o seu caminho sem mais uma palavra, passos seguros em cima dos saltos altos, o corpo direito, a cabeça levantada, a receber o sol na testa.
Não o podia ver, mas sentia a sua presença. Quando parou na passadeira para atravessar a estrada, lá estava ele a três metros de si, como uma sombra! Ignorou-o e pos-se a pensar que também ela é louca. Que cada um tem o seu grau de loucura. Só que a loucura, na maioria das pessoas é passiva e só em certas pessoas se manifesta activamente.
Ela gostava de perceber porque existem atitudes maníacas em pessoas cuja aparência é verdadeiramente vulgar e não seria previsível. E porque é que há pessoas cuja aparência é invulgar e não são capazes de exceder o meramente previsível.

.

Blackout - Muse

domingo, 14 de março de 2010

SONHAMBULISMOS


Nunca fui ambiciosa. Ser ambicioso, na justa medida, nunca fez mal a nínguém. Mas eu sempre sonhei mais do que fiz e não consigo mudar isso.

Desde miuda que a minha maior ambição é ir à Ilha de Páscoa. É um sonho que não me abandona. Confrontar-me com a beleza e o mistério da vida. Poderia ser outro lugar qualquer - que eu praticamente nunca fui a lugar nenhum -, mas não, é mesmo esse. Encabecei para ali!

Há pessoas muito ambiciosas! Não sonham ir a lugar nenhum para conhecerem alguma coisa. Sonham com posições, mas nem sequer são as do kamasutra. Sonham com dinheiro. O pecado mortal: ganância. E são capazes de tudo! Trair, passar a perna a quem quer que seja e abalroar qualquer sentimento. É interessante sob o ponto de vista da psicologia comportamental e nojento sob o ponto de vista humano, analisar o perfil de um ambicioso. Frio, irritável, calculista, sovina, interesseiro, metódico e organizado. Tratam os filhos como máquinas e o/a companheiro/a como um braço de apoio. Eleminam os adversários, desprezam os familiares e pisam os amigos.

Ainda bem que não sou ambiociosa. Posso ser pisada, mas terei forças para me levantar. E quando precisar, estarei rodeada de gente que não depende de mim, mas que quer estar comigo.
A minha grande ambição é mesmo ir á Ilha de Páscoa.
.
Josephina - Gene Loves gezebel

A CARTA QUE NÃO TE ESCREVO


Esperei por ti esta noite às portas do inferno. A garrafa aberta, a escorrer o vinho, no lábios trémulos de ansiedade. Na língua. a saliva a desenhar o teu nome. O calor a derreter-me as veias. A volúpia entranhada no sabugo das unhas que arranham o passar das horas.
Nem presença, nem vulto, nem telegrama ou mensagem.
Adormeci no sofá a embalar saudades. A vela apagou-se sozinha quando a aurora gélida bateu na janela e não trouxe novidade alguma.
Cumpre-se a rotina à margem dos sonhos por cumprir.


.

Que serais-je sans toi - Jean ferrat (homenagem)

sábado, 13 de março de 2010

SEDUÇÃO


Se é embaraçoso passar por um grupo de trolhas (os trolhas que me desculpem, se quiserem) e ouvir aqueles piropos do costume, mais embaraçoso será estar a falar com um homem, que em vez de tratar a mulher pelo nome a trata por "boazona", "apetitosa" e coisas afins, quando entre ambos não existe intimidade ou cumplicidade para tal. A questão que se impõe de imediato é: "Terá cérebro ou uma pedreira?" Quem sentirá atracção por uma criatura que exibe tal mediocridade? Por Zeus! A sedução exige elegância.

Não menos embaraçoso é uma mulher estar a conversar com um homem que conheceu à pouco tempo, e ele, como quem não quer a coisa, vai passando uma mão na cintura, depois outra no ombro, prende-lhe as mãos com alguma insistência e respira baforadas para cima dela. A questão que se impõe é: "Queres vestir o capuchinho vermelho ou dar já o golpe fatal no infeliz do lobo?" Não há atracção que não desfaleça perante o massacre. Ho god! A sedução exige postura.

Intrigam-me os homens cuja técnica de sedução é a do velho e extremo cavalheirismo! Abrem-lhe a porta do carro, puxam-lhe a cadeira, oferecem-lhe flores, carregam-lhe os sacos e depois, na hora da verdade: "Queres ou não queres?" - Pergunta-lhe ele com alguma frieza de modos. Se ela responde que não, ele indigna-se e deixa cair a camuflagem. "Não! Que idiota que eu sou! Faço tudo isto e a final não queres!?" E se a mulher lhe responde que para se conhecerem, as pessoas têm de conviver e que só o convívio permitirá a uma pessoa saber se quer ou não quer (a menos que sinta uma atracção instantânea e irremediável), o cavalheiro responde: "Então olha, apanha uma boleia que eu vou-me embora e sozinho." Mama mia! Sem comentários!

A sedução exige sobretudo naturalidade, algum calor e tempero, agradabilidade e bons modo, um certo mistério e fantasia e o tempo certo de cozedura. Mas claro que ser natural, para alguns, é ser naturalmente imbecil! Não há nada a fazer! E despois queixam-se que são mal sucedidos! Pois são!

Tenho uma coisa como certa, a essência das pessoas raramente muda.
.
Loose fit - Happy Mondays

quarta-feira, 10 de março de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS


Os homens não param de me surpreender!
Penso que em cada homem há um extra-terrestre.
.
Matte kudasai - King Crimson

segunda-feira, 8 de março de 2010

Não tenho paz! Os pensamentos desenrolam-se descontrolamente. Sinto uma revolta que me sufoca. É quase um ódio! Por todos, por tudo! O meu corpo parece um saco de pedras a esmagar-me as vísceras. Tenho dores que não passam. E o peito aloja láminas que se espetam em todas as direcções. Os pensamentos são zumbidos que me rebentam a cabeça. Como se se esmagassem uns contra os outros. Arde-me a alma. Como se, em segredo, eu tivesse uma alma! Eu, que já não tenho segredos! Nada que possa esconder. Uma nudez, apenas, onde escorrem lágrimas. As lágrimas queimam. Eu nunca me vi assim, tão nua! De pele queimada. Tão pequena e tão fraca. Com a fúria cravada nas maos enquanto, com elas, desfaço os meus delírios.
...
.
.
.

PENSAMENTOS DISPERSOS



Estou desconcentrada. Passei um vermelho por pura distracção. Esqueço-me de coisas que tenho de fazer. Ando a brincar e a rir com as pessoas, mas tenho o pensamento a duzentas rotações por minuto, na busca de respostas impossíveis a questões que não a podem ter. Acendo um cigarro como aperitivo do próximo e não devia. Entrei no prédio e vi um vulto. O coração disparou a bater em excesso de velocidade. O sangue congelou-se nas veias. Tive medo! Eu tive medo! Eu nunca tinha tido medo! Vi então quem era e sosseguei. Sinto medo! Sinto medo quando o telefone toca, quando a campínha toca, quando saio à rua e quando entro em casa. Eu nunca tinha sentido este medo!

Penso na vida como um engano.

Há coíncidências tão extraordinárias que não têm explicação ou sentido!

A vida é um jogo de enganos. Nada é o que parece. Uma sucessão de factos reais que criam factos irreais. As ilusões são factos irreais que o nosso pensamento gera, motivado por acontecimentos, acasos, coíncidências e sentimentos. A vida é, muitas vezes, uma real ficção. Porque se perde a noção do que é a realidade e do que é o pensamento. O pensamento desenvolve-se a partir de factos aos quais junta sentimentos, daí resultando um prato condimentado segundo as nossas apetências. E aquilo que efectivamente é a realidade, não o é. A desilusão não é mais que a perda da ilusão. A visão singela da realidade desprovida de sentimentos. E em consequencia acontecem novos factos. É então que nascem outros sentimentos positivos e negativos que darão origem a novas ilusões.

Nada e ninguém é o que parece. A vida pouco mais é que um jogo de enganos. O importante é jogar de cabeça fria para poder ter capacidade de escolher as melhores cartas.

.

domingo, 7 de março de 2010

DESABAFOS


Ok. Pronto. Estou mais calma.
Não é uma desgraça. Pronto. Já me convenceram que não o é. Pronto. Não, não é.
Mas arrasou-me com o sistema nervoso e pos-me uma dor nas costas que ninguém faz ideia!
E pos-me a chorar compulsivamente!
Já passou.
Mas tenho uma vontade de esmagar o mundo!!!
Esta é daquelas coisas que penso não devo contar aqui, porque envolve terceiros e nunca se sabe quem, por mero acaso, um dia, poderá acabar por ler. Além de que, faz-me sentir tão ridícula!... Tão idiota!... Tão estupida!... Tão imbecil!... Tão cretina!... Tão parva!... Tão infantil!... Tão crédula!... Que até me vêm lágrimas aos olhos só de dizer isto!
Ando física e emocionalmente debelitada. E o acaso não ajuda nada.
Se ouço alguém dizer que nada acontece por acaso, por acaso sinto-me com vontade de lhe partir os dentes!
Agora que já desabafei,
GO ON

SEM TITULO E SEM IMAGEM E SEM MÚSICA

Eu não posso acreditar no que me está a acontecer!
É só o que posso dizer!
Não, não tem nada a ver com a saúde.
Se tivesse um buraco bem profundo enterrava-me completamente nele!
Uma desgraça nunca vem só!
Estou a ficar doida!!!! Porquê eu? Porquê a mim?
!
!
!

SOU ISTO




Estou com uma descarga emocional.
Sinto-me ridícula!
NÃO SOU NINGUÉM, NÃO SOU ALGUÉM, NÃO SOU quando perco as capacidades físicas e o controlo das emoções!
.

quinta-feira, 4 de março de 2010

EXPERIÊNCIAS QUE A VIDA ME DÁ



No dia 2, enquanto me entretinha aqui a postar, comecei a sentir umas dores abdominais crescentes. Depois uma vontade de vomitar. Caí de joelhos em frente à sanita enquanto tentava perceber o que me estava a acontecer. No primeiro post estava normal, no terceiro já estava com febre. Em duas horas eu tornei-me uma estranha! De repente percebi que era o meu rim direito a meter-se comigo. Fiquei em pánico! Na primeira quinzena de Setembro do ano passado, que aqui está em branco, tive uma infecção no rim direito que me deitou por terra. Agora sabia que era a mesma coisa. E duas vezes em tão pouco tempo, não é bom sinal!


Arrastei-me até à banheira, tomei um banho. Vesti-me e fui, muito devarinho, ao mini mercado da rua comprar comida feita para o miudo. Depois fui ao escritório, organizei algumas coisas, fui buscar o miudo e disse-lhe que ia ao médico. A médica mandou-me para o Hóspital Garcia de Orta. Fui a casa, dei dinheiro ao miudo, fiz-lhe mil recomendações e disse-lhe que não sabia a que horas regressava, que até podia ter de ficar lá.


Preparei tudo como quem se prepara para o pior. E então lá fui devagarinho, a torcer-me com dores, agarrada ao volante e pensar que estava fodida: "com a sorte que tenho, o mais certo é perder o rim!"


Cheguei à Urgência eram cerca das 21H00. Fiz a inscrição e uns telefonemas e segui logo para a triagem.

Eram 9H12 da manhã quando me chamaram. Não, não é mentira é mesmo verdade. Mais de 12 horas de espera, a noite toda, numa sala cheia de gente, suja (porque as pessoas são porcas) e fria. Estava com febre e muitas dores. As cadeiras eram de plástico e muito desconfortáveis. Durante esse período não vi um técnico de saúde dirigir-se à sala para saber do estado dos doentes. tive de socorrer-me de medicamentos que eu própria levei de casa para controlar a temperatura. E as vezes que tentava entrar a pedir explicações vinha o segurança e impedia-me. Às 3H00 pedi o livro de reclamações e fartei-me de escrever. Às 8H30 entrei por ali a dentro e exigi explicações.

Nunca pensei ser possível ter condições tão desumanas, precisamente no sítio onde deveriamos ser aconchegados e tratados. Pela manhã tremia de frio e de dores e a tensão arterial tinha disparado. Estava bem pior do que quando entrei! E não era a única!


É este o país que temos!


Uma vez lá dentro, fizeram-me análises, deram-me injecções e espetaram-me a soro num espaço a que chamam a box. Havia pessoas, como eu, sentadas em cadeirões, com agulhas nas mãos e braços, macas que entravam e saím com doentes a gemerem. Pessoas de batas brancas, azuis e amarelas a movimentarem-se frenéticamente para todo o lado. Nunca gostei das séries com hóspitais, são deprimentes, apesar dos enredos com quecas e romances à mistura, agora muito menos.

Travei conversas engraçadas e interessantes com uma senhora do voluntariado, com uma doente e um velhote. Aproveitei para me apaixonar momentaneamente por um dos médicos e trocar piropos com um admnistrativo. E, claro, trocar msgs, à socapa, com um estranho admirador de quem, possivelmente, falarei nos próximos episódios.


Tive alta ao final do dia. O rim ainda cá está e já estou melhor. Depois do tratamento deverá voltar ao seu normal funcionamento. Ufa!


Penso que nunca mais esquecerei a noite que passei ali!

terça-feira, 2 de março de 2010

SILVERSUN PICKUP

Silversun Pickup - Carnavas (2006)

Silversun pickups - Swoon (2009)
.
Esta banda passou-me ao lado, mas agora está no centro das minhas atenções.
.

THE STRANGE BOYS - BE BRAVE

The Strange Boys - Be Brave
.
E também gosto deste.
.

THE COURTEENERS - FALCON

 (2010)
.
Gosto deste.
.