sexta-feira, 19 de dezembro de 2014



Vivemos uma vida de falsas verdades! É por isso que a verdade mais nua nos liberta. E a verdade nua nunca é uma inteira verdade, apenas a constatação de factos ou sentimentos que desconheciamos ou, mesmo não os desconhecendo de todo, não passavam de suspeitas, no fundo, é a constatação de que a nossa verdade mais íntima, num determinado momento, estava aquém de ser real. A verdade é uma farpa mais venenosa que a mentira! Todas a querem, mas ninguém a aceita! É uma bastarda, uma filha da puta insensível, com um sádico humor que nos estremece! O abalo é aquilo que em nós desperta o nosso próprio ser. E eis a questão! E de questão em questão se busca a verdade nua, que nos fere e prosta e nos restitui ao acto do nascimento! Podemos, então, recomeçar? Porque estamos livres e buscamos paz e felicidade e temos um leque de caminhos tresmalhados à nossa frente. A verdade nua ajuda-nos a crescer e permite-nos criar o nosso próprio caminho com mais clareza, desde que tenhamos presente que há sempre a verdade mais verdadeira que a nossa verdade.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


É no silêncio que arranco os espinhos que magoam,
que me colo quando quebro
que mastigo mentiras e vomito ilusões.
É no silêncio também
que subo à montanha mais alta e voo mais longe.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014


Sofro de insónias diurnas, porque de noite até durmo bem.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014


Procuro sabedoria, pois só ela pode trazer a paz.
Sinto-me cercada por todos os lados! Há sempre gente! Gente que cresce todos os dias, que me entra na vida sem bater à porta, gente de cá, gente de lá, gente que fala ou geme, gente feita de barulho, gente silenciosa, gente boa e gente má, gente apetitosa e gente nojenta! Agora, a vida é feita de gente e a gente fica sem vida! Antes, dum lado tinha janelas voltas para a rua e do outro lado, janelas voltadas para os sonhos. Hoje, só encontro portas escancaradas e toda uma multidão a entrar-me nas entranhas! Agora, a vida é um cerco, cheia de sombras em todas as esquinas da rua, da casa, do sono e do cansaço. Eu só queria um pouco de silêncio e de paz, um fundo branco a cobrir vida. Eu só queria paz e sabedoria.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


É sempre a mesma coisa! 
Eu a adormecer as promessas, a arrastar os passos, a engolir as palavras, eu e esta duvidosa angústia de ser só eu e o meu ferro, onde todos os vidros se estilhaçam. É sempre a mesma manhã aninhada num cansaço infindável das oscilações dos outros. É sempre o mesmo mar de ondulações, a mesma crise, a mesma pessoa em todas pessoas. É sempre tudo igual, num formato industrial. 
Grandes são as árvores, apegadas às suas raízes, firmes, constantes na sua obra, voltadas para o céu e para a terra, puras, sem outra necessidade que não seja o cântico do vento e das aves, o choro da chuva. 
São sempre as mesmas vaidades!

terça-feira, 4 de novembro de 2014


Quando conheci os homens deixei de sonhar.


domingo, 7 de setembro de 2014


Deita-te a meu lado, fiquemos em silêncio, escuta o arfar do meu peito enquanto ouço o barulho do desejo nas tuas mãos. O céu é todo salpicado de bolinhas reluzentes e sou feliz se me fazes rir. É tarde! Dormes e a última estrela apaga a luz. Boa noite.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014


A vida é demasiado curta e nela caberá o eterno, o definitivo, o temporal das estações agrestes, o calor fugaz, o inferno permanente, todos os solstícios, o longo carnaval dos três dias, o que eu digo e o que tu dirias. A vida é longa por demais e hão-de sobrar as tripas viradas e todas as coisas triviais.

quarta-feira, 30 de julho de 2014


Tudo é cíclico!
Todos os dias
os pássaros vêm cantar à minha janela,
todos os amores morrem
mais ou menos ela por ela
e não fosse a vida puta,
não fosse ela própria um circo,
eu seria uma donzela,
eu seria um bicho!

segunda-feira, 28 de abril de 2014



Não sou nada, nunca quis ser nada, nunca serei nada. À parte isso, fui caçadora de borboletas no estomago, até ao dia em que o estomago nos engoliu.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

POBREZA GLOBAL


As notícias mostram-nos que as pessoas cada vez têm menos dinheiro e estão ficar mais pobres de bens. As redes sociais mostram-nos que as pessoas cada vez têm menos moral e estão empobrecidas de espírito.

terça-feira, 1 de abril de 2014

ESTAMOS SEMPRE FODIDOS E NINGUÉM NOS PAGA!


A realidade, por vezes, vai-nos fodendo devagarinho, em modo tântrico! O problema é que mói e não nos leva ao orgasmo, nem a lado nenhum! Falo da realidade concreta, não daquela que apita aos ouvidos, dança na mente e julgamos ser. Ser é outra coisa que não cabe no que julgamos. Há muito que percebi este jogo da existência entre o pensar e o ser, que ser é tudo aquilo que nem pensamos e o que pensamos é poeira acumulada pelos desejos. O ser não cabe em nós porque causa danos. O ser concreto é inaceitável, não pode coexistir com o ser imaginável. O ser imaginável não é mais do que um balão insuflado pelas nossas crenças, uma espécie de cartola mágica que um dia rebenta.
Mas depois tudo recomeça! E saia mais uma foda tântrica pra mesa do fundo, que nós gostamos é de ser fodidos ainda que não nos paguem!

quinta-feira, 27 de março de 2014



Olho pela janela para a tarde que morre debaixo do céu. Ouço as crianças a brincar no pátio da rua e a rua nasce agora a brincar. Tenho uma montanha de coisas por fazer, mas trepo às árvores recortadas nos vidros e que se dobram sob um vento furioso. Eu, como num trapézio, balanço sem rede prestes a cair no abismo. Não sei se o abismo está nesta sala de luz apagada, se na sombra que vai crescendo do outro lado do vidro, não sei se do lado de fora, se cá dentro, se eu mesma aqui no cimo das árvores, se a criança que fazia nascer ruas a brincar. Hoje, é-me difícil parir ruas, pois vivo no velório dos dias.


terça-feira, 18 de março de 2014



Por vezes nem tudo é o tudo e o tanto pode ser tão pouco!

segunda-feira, 17 de março de 2014


Transfigurados
Eu mais tu igual a nós.
Esgotados
Nós a desatar
Tu mais tu a dividir por eu mais eu
Igual a sós.

sexta-feira, 14 de março de 2014




Ter consciência de que somos descartáveis.


segunda-feira, 10 de março de 2014


Queremos todos os impossíveis, porque, às vezes, sofrer parece ser a forma mais equilibrada de suportarmos a monotonia dos dias.


Há na natureza humana uma necessidade de cumprir destinos ou de os abandonar.

domingo, 9 de março de 2014



Por ora, basta-me esta tranquila inquietação: o silêncio da casa, o vento a estender-se pela corda da roupa, os pardais dispostos pela folhagem das árvores, eu comigo e todos os outros do outro lado da estrada.
 

quinta-feira, 6 de março de 2014



Gostar de alguém é querer estar presente, mesmo que não esteja junto.

segunda-feira, 3 de março de 2014


Para se sentir a felicidade tem de se isolar o coração da cabeça e partir nas asas do bem-querer, que o resto é vento! Pelo menos, até se bater na primeira ramagem da realidade!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


Nada se repete, nem o mais ínfimo momento! O que talvez explique o medo da morte, esse pavor que temos, que o instante que é a vida não se repita.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014


Sinto falta de estremecimentos que me arranquem os pés do chão.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Poema de Ricardo Reis


"Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.

Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada."


domingo, 9 de fevereiro de 2014


O coração e a cabeça devem andar de mãos dadas.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014


A ignorância é cega!
Felizmente para ele, o ignorante muitas vezes desconhece a sua ignorância.
Infelizmente para nós, erramos quando tentamos ensinar alguma coisa ao ignorante convicto que o não é, pois fica ofendido na sua falsa sabedoria e ainda nos passa um atestado de arrogância! Com isso, nós aprendemos que o melhor é deixar o ignorante tropeçar nas suas próprias pedras, sendo certo que este nada aprenderá, mesmo caído.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014



A palavra escrita consegue dizer quase tudo! Porque consegue dizer aquilo que queremos que diga, diga ela ou não o que queremos. Não importa. Ela faz retratos de imagens e vivências que guardamos dentro de nós, quer ela pretenda ou não fazer! Também não importa. Para nós, ela ressuscita, suscita ou acelera sentimentos. O que importa é essa coisa que escrevemos ou que lemos de quem escreveu, e se ergue, dentro de nós, como um ser!


Penso que já deixei de sentir saudade pelo que quer que seja! Para mim, saudade é um facto presente na memória, mas o que sinto é um vazio!


Tudo é o que julgamos ser, porque o julgamos ser.  Mas, na verdade, nada é como o julgamos ser! E se o pudéssemos saber, ou sabendo-o, desnudar-se-ia a vida, o sonho desprende-se da terra. De qualquer forma, sempre a nossa raiz, enquanto tiver vida, há-de florir novos enganos!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


Afinal, não é o despertar que nos mata, o que nos mata é o umbigo!