sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CARTAS ANÓNIMAS


Doce é este inferno de nos amarmos nos feriados da vida.
O teu amor é amovível. Ferve num jogo de ardências em que uma de nós é a cabra, a outra a cega. E eu finjo acreditar nas verdades que mentes. O meu amor é um champanhe francês, efervescente e escorregadio, servido em taça de pecado. Agito-te em vertigens sanguineas. Ficas em desordem, sem identidade. Iceneras-me a pele. Estonteias-me. Perco a compostura. Que o meu corpo tem ideias que não cabem dentro dele. Mas por mais que me queimes é o frio que me inunda a mente. Que a minha solidão é extrema e determinada. Só o corpo evita o desastre. Entre o meu corpo e a minha mente há o lugar desabitado. Entre o teu amor amovível e o meu amor descartável, um gume pintado a vermelho.



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