quarta-feira, 26 de outubro de 2011

OUTONO



Oh! estou gelada! A chuva infiltra-se por todos os poros! Apetece o enroscar debaixo da manta no sofá e um livro que poderia muito bem ser "O Guardador de Rebanhos".
O Outono tem as cores da tranquilidade, mescla de amarelos e castanhos, sarapintados de melâncolia. O Outono mostra-nos imagens de desapego. As árvores largam ao vento os seus adornos de verão, exibem os corpos despidos, as vestes pelo chão de cores mutantes. A nostalgia das paisagens cruas pelas ruas de abandonos verdes. O Outono ceifa as flores para nos dar a nudez, abrir-nos os olhos ao interior da vida, marca a certeza de uma existência mais profunda que finge ser tisteza, sendo uma outra beleza. O Outono abre-nos os olhos para os contrastes da existência. Fustiga-nos violentamente nestes dias de agreste tempestade.
Gostava de ser audaciosa, despedir o silêncio, como esta chuva imparável! Mas eu sou só, com os meus medos e receios, as minhas dúvidas. Eu sou só com as minhas palavras.

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