terça-feira, 5 de maio de 2009

A BELEZA DAS PALAVRAS ESCRITAS


"...
- Por quê que você me convidou?

Lembro dos seios, saltando do decote na minha sala e da vontade que tive de pegá-los, e os ouvidos zumbem ainda mais. Andréa debruça-se na mesa e os seios ficam na minha frente. Neste momento, com aquela mão na minha e aqueles seios ali na minha frente, tudo some ao meu redor e eu mesmo esqueço quem sou. Estou feliz. Andréa puxa o braço e os meus dedos encostam na blusa.

- Não vai dizer, não?

Milhões de besouros cavoucam nos ouvidos e a garganta parece um formigueiro. Mas nem sinto. A mão de Andréa está colada na minha e os seios tocam nos meus dedos. Sinto que não adianta mentir e engulo em seco, desesperado. Se mentir, Andréa saberá e nunca mais verei aqueles seios. Fecho os olhos e pigarreio com força, e peço a Deus que me ajude.

- Foram os seus seios.
...
Andréa dá-me duas rosas e sai do carro sem dizer nada. Abre o portão e não se volta, e também entra sem acenar. Mas não é necessário. Agora, nada mais é necessário. Ser ou não ser, não é mais a questão. A questão é poder ser. E, agora, eu sei que posso."


- Cunha de Leiradella em "A SOLIDÃO DA VERDADE" -
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Our Days In The Sun - Cats On Fire

2 comentários:

Unknown disse...

as palavras e a voz, o tom com que dizem ou adivinham são o mais cativante :)

espinhos e outras flores disse...

Sim, sim... sem dúvida!