quarta-feira, 23 de abril de 2008

AONDE VAIS, QUEM TE LEVA?

De manhã cedo, agarrei no meu sobrinho e pus-me a caminho de Setubal, a fim de irmos ver a mãe dele, porque o puto tinha saudades dela e eu não a via há 6 anos.
Confesso, fique impressionada, para não dizer atónita quando encarei com ela! um daqueles choques dos quais temos de ter a perspicácia suficiente para reagir de imediato antes que o outro perceba. Uma rapariga que primava pela beleza, senhora de uma presença inconfundível pelo charme e elegância. E o que vejo é um mero espectro, um esqueleto deambulante, um rosto envelhecido e feio e uma boca que, aberta, sustenta uma cramalheira em perfeita decomposição.
É isto que as drogas fazem às pessoas! Não lhe retiram apenas os neurónios e a capacidade de se autogovernarem. Arruinam-lhes o corpo. Destróem-lhes a juventude. Oferecem-lhes um futuro doloroso num corpo doente. Que sonhos? Que luzes? Quais perspectivas? Quais esperânças? Que caminho? Que espelho pode suportar tal visão? Que recordações podem sustentar o presente? Como sobreviver a todo este abismo?
Porquê? Como? O que arrasta uma pessoa que tem uma vida normal, razoável, a toda esta situação?
É difícil, para mim, encarar esta realidade. Tirá-la do pensamento. Afastar esta angústia. Esquecer. Porque sinto uma pena desmedida. Tenho um dó profundo. E saudades do tempo em que partilhavamos o dia a dia, com uma grande amizade.
É, sem dúvida, muito importante, a forma como gastamos o tempo!

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Woman Left Lonely - Cat Power

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