terça-feira, 15 de abril de 2008

IRÁS AMAR-ME SEMPRE?

Um dia, entre copos, música e cigarros, ele disse-lhe: "Vou amar-te o resto da minha vida" E ela acreditou.
Foi um quadro emoldurado, daqueles que não se penduram na parede para não caírem, daqueles que se guardam no coração.
Um dia, eles casaram e, enquanto dançavam a valsa e ele lhe pisava, desajeitadamente, os seus belos pés femininos, segredou-lhe: "Vou amar-te eternamente." E ela acreditou envolvida pela enbrieguez da música, do amor e a dor dos pés.
Um dia, muitos anos depois, eles divorciaram-se amigavelmente e ele disse-lhe: "Foi a melhor solução, mas ainda assim, creio que não vou deixar de te amar." E ela sentiu o mesmo e suspirou de alívio e conformismo.
Um dia, poucos meses depois, eles beijaram-se e voltaram a juntar as malas. Então ele disse-lhe: "Eu avisei-te, nunca deixarei de te amar." E ela sentiu-se feliz novamente.
Um dia, decorridos quatro anos, surpreendentemente, ele disse-lhe: "Amo-te... mas existe outra pessoa na minha vida... tenho de ir..." Ela não acreditou. Beijou-o. Fez amor com ele. Depois deixou-o ir. A seguir odiou-o. Depois esqueceu-o e seguiu outro rumo.
Então eles ficaram amigos, uma amizade verdadeira.
Ponto final. Um ponto final que até se poderá chamar feliz!
Mas um dia, um dia destes, ele tocou-lhe à campaínha a meio da noite, e confessou-lhe: "Eu sempre te disse e agora tenho a certeza absoluta, e repito: vou amar-te sempre." Ela ouviu-o em silêncio. Pediu-lhe que saísse. Pediu-lhe que nunca mais voltasse. Fechou a porta. E chorou... chorou durante um dia inteiro.

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Do you love me? - Nick cave

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