sábado, 26 de abril de 2008

O AMOR É UM ABISMO!

Ela sente-se miseravelmente só. Gosta de estar sózinha, não ter tarefas agendadas, satisfações a dar, horários a cumprir, mas definha na espera ambiciosa de um telefonema. Recusa convites para sair, não vá ele lembrar-se de lhe ligar e ela estar indisponível. E quando sai, atrela-se ao telefona na expectativa do toque. Por isso, ela vive aprisionada!

Por vezes, ela decide mudar o destino e diz basta. Mas cai numa saudade profunda, uma dor incontornável cujo remédio é voltar ao seu exílio. E tudo recomeça, como se não houvesse nada para lá do muro que ela própia ergueu.

Ela vive duas dores. A dor de viver aprisionada e a dor da saudade. Porque ela nunca será livre enquanto o sentimento não a abandonar. Porque ela é consciente da realidade, conhecedora da verdade, não vive de artifícios, nem conhece estratégias. Sabe que é um fio condutor da uniteralidade, que voltará sempre sózinha do ponto de contacto, onde energias se fundem e se esgotam no momento, sem qualquer extensão.

Os dias passam cinzentos, onde não penetra réstia de luz que traga anseios novos. Tudo se queda na monotonia das esperas. Longas são as noites no coma dos desejos. Tortura-se na passividade que a si própria prometeu. Nem uma palavra. Nem um toque. Nada. Ela nada faz senão esperar.

Eu queria resgatá-la desse vazio. Queria mostrar-lhe que há uma vida pra'lém dessa masmorra. Queria indicar-lhe um local onde tudo renascesse. Oferecer-lhe um outro eu. Mas ela é mais forte. Toda essa capacidade de suportar transborda-me. Estou no limite. Começo a não ter defesas e a deixar-me arrastar. Já não encontro pontos de suporte. Desaparecem as pontes que nos levavam à lucidez. Que restará de nós, cobardemente escravizadas pelo amor?

Um comentário:

Anônimo disse...

"Que restará de nós, cobardemente escravizadas pelo amor?"
Faço minhas as tuas palavras. Também eu vivo na espera de um telefonema, mas...o telefone teima em não tocar.Resta-me a espera...
O estúpido é que sei que jamais existirá, o telemóvel quedará quedo e mudo. Quando Alguém que amamos não corresponde com amor, mas apenas amizade...é "fo....".Ainda assim, vivo na esperança que o telefone toque um dia...
Beijinho e uma boa semana