terça-feira, 25 de novembro de 2008

E TUDO ISSO... E TUDO O MAIS...


Quantas vezes caimos de exaustão de tanto pensar nas coisas por acontecer? Quantos quereres amorfanhados nas mãos cerradas de desejo? E a teimosia da intuição de que, talvez, se, até, quem sabe, poderia ter sido - aquilo que bem sabemos que nunca foi e jámais será. Uma angústia fixa nas esperas, que aconteça aquilo que procuramos - por vezes sem sabermos ao certo o que procuramos; a maioria das vezes sem nada procurarmos, na afirmação de que estamos à procura de qualquer coisa.
Quantas vezes somos cercados de dúvidas que anoitecem os nossos dias?
Teremos sempre dúvidas. Muitas vezes não são dúvidas, são meros receios camuflados de dúvidas. É mais fácil interiorizar que temos dúvidas acerca de, do que temos receio de. A maioria dos nossos receios provêm da possibilidade de haver dúvidas nos outros. Mas isto, isto não vou tentar definir, é capaz de ser uma falha minha, uma brecha no horizonte da minha personalidade. Teria de dividir a minha personalidade em pedaços e analizar um a um, para explicar cada um dos meus prolongados silêncios adornados de receios.
Quantas vezes rebolamos a paciência a pensar nas coisas acontecidas? Neste quotidiano cansativo onde, irreflectidamente, fazemos coisas que nunca esperamos fazer e que, por isso mesmo, nem sequer suscitam dúvidas ou receios, tão só um arrependimento que não cabe em lugar nenhum! E se pudessemos não pensar nisso! Não ter conciência, nem peso, nem alívio, apenas um aspirador que nos libertasse...
Mas há sempre um objecto, uma cara, uma coisa que nos lembra... o lixo que não foi possível eleminar. O melhor é caminharmos orgulhosamente arrependidos.
Quantas vezes não é possível transparecer? E até as lágimas se tornam invisíveis num retrato de sorrisos e maquilhagem. E nada se pretende para além de um pequeno molho de felicidade. E, por vezes, digo, nada mais do que evitar a infelicidade. Já o disse hoje, aqui o repito, prefiro ser infeliz a provocar infelicidade alheia. Mas isto é um contorno mais da minha personalidade e, porém, delicadamente assumo, que é coisa inevitável. E, por inevitável ser, inevitávelmente sofro. Sofro as minhas infelicidades e as infelicidades que provoco. Não, não há equivalências, -julgo eu - embora umas possam ser causa das outras.
Quantas vezes desejamos ser o sonho? Não um sonho qualquer. You have a dream? Aquele sonho. Aquele sonho do outro, reflectido no nosso. Sobreposto, encostado, cruzado... a par. Muitas vezes, simplesmente, apenas e só, recuperar o sonho.
E as horas passam e eu finjo...
E... há um perfume que me circunda... e páro de pensar, para sentir.
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On The Other side - The strokes

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