
Ás vezes dou por mim a olhar-te como se estivesses aqui. E nem o frio sinto! Nem o vazio das paredes! Apenas uma quietude onde se ouve a tua voz. Até que acordo de um sobressalto! O meu companheiro de quatro patas a olhar-me estranhamente como se questionasse em que lugar me encontro. E é difícil sair de dentro do teu sorriso. Fixar o chão, estonteada. E depois vem a ressaca. Acendo um cigarro. O fumo esbate o brilho dos teus ollhos, já meio apagado, ainda presente. É então que percebo como estás cada vez mais nítido. Como o tempo vai passando e desenhando a tua figura, pormenor a pormenor, ao invés de a apagar.
Há dias em que me passeio contigo para todo o lado. Sentamo-nos encostados e ficamos calados a olhar. Tenho muitas coisas para te contar. Tu não tens nada. Apenas um olhar calmo e um imenso sossego. Sinto o teu braço a roçar o meu e até consigno snifar um pouco do teu cheiro. Calo-me, só para não perder a graça do momento. Despois arrastas-te, com ar complacente, para onde quer que vou. Não te dou voz, para não ouvir o som da realidade. Deito-te a meu lado, de costas voltadas para mim, só para evitar confrontos com a verdade. Sonho serenamente, a ouvir-te respirar e demoro-me no calor do teu corpo onde encosto uns centimetros das minhas nádegas. Pela manhã, acordo e reparo que estou só. Mas faço a cama com o mesmo cuidado com que a faço quando nela, efectivamente, te deitas. Só para não perder o desenho do teu corpo.
.
Revelry - Kings Of Leon
Nenhum comentário:
Postar um comentário