terça-feira, 29 de abril de 2008

CLOSER



A minha realidade quase sempre trai a minha imaginação.

Mas, hoje, decido que não.

Porque, hoje, quero contrariar a realidade.

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I will follow you into the dark - Death Cab For Cutie

sábado, 26 de abril de 2008

O AMOR É UM ABISMO!

Ela sente-se miseravelmente só. Gosta de estar sózinha, não ter tarefas agendadas, satisfações a dar, horários a cumprir, mas definha na espera ambiciosa de um telefonema. Recusa convites para sair, não vá ele lembrar-se de lhe ligar e ela estar indisponível. E quando sai, atrela-se ao telefona na expectativa do toque. Por isso, ela vive aprisionada!

Por vezes, ela decide mudar o destino e diz basta. Mas cai numa saudade profunda, uma dor incontornável cujo remédio é voltar ao seu exílio. E tudo recomeça, como se não houvesse nada para lá do muro que ela própia ergueu.

Ela vive duas dores. A dor de viver aprisionada e a dor da saudade. Porque ela nunca será livre enquanto o sentimento não a abandonar. Porque ela é consciente da realidade, conhecedora da verdade, não vive de artifícios, nem conhece estratégias. Sabe que é um fio condutor da uniteralidade, que voltará sempre sózinha do ponto de contacto, onde energias se fundem e se esgotam no momento, sem qualquer extensão.

Os dias passam cinzentos, onde não penetra réstia de luz que traga anseios novos. Tudo se queda na monotonia das esperas. Longas são as noites no coma dos desejos. Tortura-se na passividade que a si própria prometeu. Nem uma palavra. Nem um toque. Nada. Ela nada faz senão esperar.

Eu queria resgatá-la desse vazio. Queria mostrar-lhe que há uma vida pra'lém dessa masmorra. Queria indicar-lhe um local onde tudo renascesse. Oferecer-lhe um outro eu. Mas ela é mais forte. Toda essa capacidade de suportar transborda-me. Estou no limite. Começo a não ter defesas e a deixar-me arrastar. Já não encontro pontos de suporte. Desaparecem as pontes que nos levavam à lucidez. Que restará de nós, cobardemente escravizadas pelo amor?

sexta-feira, 25 de abril de 2008

BALELAS...


Estou inocente! Apenas ando com maus pensamentos! Mas isso não é crime, é pecado.
Estou desarmada! Nem um cravo recebi! Mas apetece-me cravejar um par de estalos!... Xiiii...!!!
E eu, nem sequer tenho mau feitio! O que tenho é uma impaciência carênciada! Porra, mas o qué isto!?
Há dias, de Abril, que são rigorosamente iguais aos de Dezembro ou de Agosto! Fodidos...!
Há pessoas que me irritam supra-suma-mente! O pior de tudo é que lhes tenho amor! Mando-as pro caralho...? Ou ordeno-lhes que se fodam... sozinhas, para não chatearem...?

quarta-feira, 23 de abril de 2008

AH... VIDINHA FODIDA!

Há momentos em que desejo veementemente que o meu cão ganhe o dom da fala. Só porque sei que ele me ama incondicionalmente. E só ele!
E há momentos em que uma simples palavra de afecto pode mudar o nosso estado de espirito! Não pode?

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Red balloons - Gold Finger

AONDE VAIS, QUEM TE LEVA?

De manhã cedo, agarrei no meu sobrinho e pus-me a caminho de Setubal, a fim de irmos ver a mãe dele, porque o puto tinha saudades dela e eu não a via há 6 anos.
Confesso, fique impressionada, para não dizer atónita quando encarei com ela! um daqueles choques dos quais temos de ter a perspicácia suficiente para reagir de imediato antes que o outro perceba. Uma rapariga que primava pela beleza, senhora de uma presença inconfundível pelo charme e elegância. E o que vejo é um mero espectro, um esqueleto deambulante, um rosto envelhecido e feio e uma boca que, aberta, sustenta uma cramalheira em perfeita decomposição.
É isto que as drogas fazem às pessoas! Não lhe retiram apenas os neurónios e a capacidade de se autogovernarem. Arruinam-lhes o corpo. Destróem-lhes a juventude. Oferecem-lhes um futuro doloroso num corpo doente. Que sonhos? Que luzes? Quais perspectivas? Quais esperânças? Que caminho? Que espelho pode suportar tal visão? Que recordações podem sustentar o presente? Como sobreviver a todo este abismo?
Porquê? Como? O que arrasta uma pessoa que tem uma vida normal, razoável, a toda esta situação?
É difícil, para mim, encarar esta realidade. Tirá-la do pensamento. Afastar esta angústia. Esquecer. Porque sinto uma pena desmedida. Tenho um dó profundo. E saudades do tempo em que partilhavamos o dia a dia, com uma grande amizade.
É, sem dúvida, muito importante, a forma como gastamos o tempo!

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Woman Left Lonely - Cat Power

terça-feira, 22 de abril de 2008

TEMPO


Gastei muito, com coisas inuteis e banais.
Escorreu bastante, por entre fendas de emoções quebradas.
Perdi algum, desintegrado nos vazios existencialistas.
Esbanjei o suficiente, investido em esperanças moribundas.
Abandonei quanto baste, entregue à negação dos sentidos.
Dediquei uma porção, a pensamentos escandalosamente perturbados.
Ofereci demais, a mãos estérilmente entreabertas.


E, agora, falta-me!


Todo quanto se desperdiça é irrecuperável.


O tempo é irreversível.
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The other side of the world - Tindersticks


domingo, 20 de abril de 2008

VETUSTA MORLA E OUTROS...

Sun Kil Moon - April

Vetusta Morla - Un Día En El Mundo

White Stripes - Get Behind Me Satan


The Doors - Morrison Hotel


Rita Redshoes - Golden Era
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As escolhas da semana



sábado, 19 de abril de 2008

IN MY MIND


"Não partas já. Fica até onde a noite se dobra para o lado da cama e o silêncio recorta as margens do tempo."

I TALK TO THE WIND


"Não vou procurar quem espero, se o que eu quero é navegar."

sexta-feira, 18 de abril de 2008

THE WORLD IS NOT ENOUGH


Nunca estou. Não pertenço a lado nenhum. Não conheço o norte. Nem tão pouco sei para onde fica o sul.
Não sou de ninguém. Nunca fui de ninguém. Já quis ter alguém que fosse meu. Mas nunca tive mãos que segurassem com firmeza. Nem correntes que prendessem.
Nem sempre sou. Ás vezes quero ser. Por vezes até me esforço, só para ser qualquer coisa, nem que seja apenas eu. Mas não é fácil ser.
Sonho sempre. Até já acreditei que sonhando com convicção acontecia. Agora sonho para colorir a vida. Como quem pinta telas que depois arruma na arrecadação. Sonho por vício. Para me manter acordada. Até quando durmo só sonho para me manter acordada.
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For Emma - Bon Iver

quarta-feira, 16 de abril de 2008

FALLING AWAY WHIT YOU


"Fujamos, meu amor. A vida pode ainda acontecer-nos."

terça-feira, 15 de abril de 2008

IRÁS AMAR-ME SEMPRE?

Um dia, entre copos, música e cigarros, ele disse-lhe: "Vou amar-te o resto da minha vida" E ela acreditou.
Foi um quadro emoldurado, daqueles que não se penduram na parede para não caírem, daqueles que se guardam no coração.
Um dia, eles casaram e, enquanto dançavam a valsa e ele lhe pisava, desajeitadamente, os seus belos pés femininos, segredou-lhe: "Vou amar-te eternamente." E ela acreditou envolvida pela enbrieguez da música, do amor e a dor dos pés.
Um dia, muitos anos depois, eles divorciaram-se amigavelmente e ele disse-lhe: "Foi a melhor solução, mas ainda assim, creio que não vou deixar de te amar." E ela sentiu o mesmo e suspirou de alívio e conformismo.
Um dia, poucos meses depois, eles beijaram-se e voltaram a juntar as malas. Então ele disse-lhe: "Eu avisei-te, nunca deixarei de te amar." E ela sentiu-se feliz novamente.
Um dia, decorridos quatro anos, surpreendentemente, ele disse-lhe: "Amo-te... mas existe outra pessoa na minha vida... tenho de ir..." Ela não acreditou. Beijou-o. Fez amor com ele. Depois deixou-o ir. A seguir odiou-o. Depois esqueceu-o e seguiu outro rumo.
Então eles ficaram amigos, uma amizade verdadeira.
Ponto final. Um ponto final que até se poderá chamar feliz!
Mas um dia, um dia destes, ele tocou-lhe à campaínha a meio da noite, e confessou-lhe: "Eu sempre te disse e agora tenho a certeza absoluta, e repito: vou amar-te sempre." Ela ouviu-o em silêncio. Pediu-lhe que saísse. Pediu-lhe que nunca mais voltasse. Fechou a porta. E chorou... chorou durante um dia inteiro.

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Do you love me? - Nick cave

domingo, 6 de abril de 2008

AMERICAN MUSIC CLUB E OUTROS...

American Music Club - The Gplden Age

Sebastien Tellier - Sexuality

Patrick Watson - Close to Paradise


Electrelane - No Shouts no Calls


Travis - The Boy With No Name
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As escolhas da semana


INGRATO É O AMOR



Estico-me no sofá. Já não tenho posição confortável. Comando na mão, a passar de canal em canal. Não consigo concentrar-me em nenhum programa. De vez em vez encho o copo de vinho tinto, o mesmo que bebi ao jantar. Acendo cigarro após cigarro. Uma nuvem de fumo envolve-me. A casa cheira a tabaco. Eu tresando a tabaco. Era suposto cheirar ao meu melhor perfume. E a casa, a rosas. Mas todos os cheiros se desvaneceram entre a nuvem de fumo e o tabaco. Olho o relógio frequentemente. Anseio pelo toque, mas é tarde e, teimosamente, mantém-se mudo. Eu muda estou. Como haveria de falar, se a casa está deserta e as paredes nada dizem? Tanta coisa para te dizer! Mas, não sei de ti. Nada sei. Há muitos dias que é como se não existisses! E sabes, eu quase deixo de existir também. Perco a euforia dos gestos. Desfalaço no silêncio. Arrasto-me nos dias. Desinteressadamente.

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Este relógio sempre a dar horas! Esta nuvem de fumo concentrada em meu redor! Esta televisão sem nada interessante! Este comando colado na minha mão! Este copo já vazio! Este telefone silencioso! E este outro cigarro que acendo... mostram-me como sou rídicula! Sim... tão rídicula como as crónicas que te escrevo!
E penso como desperdiço o tempo enquanto te espero, inutilmente. E como me desperdiço, enquanto vou envelhecendo, na espera. E penso no que vou deixando pra trás. Nos telefonemas que não atendo. Nas pessoas que ignoro. Em tudo o que deixo de viver. Quanto tempo mais preciso para desperdiçar, até perceber que já é tarde? Para te esperar? Para recuperar tudo o resto que, enfim, será, então, também, irrecuperável?
Quantas vezes já te disse: "não voltes", "acabou", "vou seguir a minha vida"? Quantas mais serão necessárias?
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Dormem os ponteiros do relógio. Não tenho sono. Penso que ainda é dia. Que tudo está para começar. Não fosse esta nuvem de fumo, a garrafa quase vazia e esta escuridão triste, acreditaria...
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Dream on girl - Rita Redshoes

quarta-feira, 2 de abril de 2008

E ESTA HEM!...






Não resisti a colocar aqui estas espectaculares imagens, às quais fui conduzida através do blog de música BeRbEqUiM do João Pereira - http://jornalberbequim.blogspot.com/ - no post de 28 de Março sobre a banda Silver Jews.
Clicar sobre a imagem para aumentar pois vale bem a pena.
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Look away lucifer - Madrugada