domingo, 21 de junho de 2009

Encontrei esta imagem na net e não resisti a publicá-la.
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O meu pai amava a vida. O meu pai desistiu de viver. Há quinze dias que se enfiou na cama e não come quase nada. Recusa-se a comer. E aquilo que lhe conseguem enfiar, ele vomita-o. Diz que já não vale a pena... ele sabe que não há retorno!...
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De que servem as palavras quando dentro de nós só existem imagens mudas?
Eu sei. Herdei um património interior inegável! Intensidade febril. O "Tudo ou nada".
Que futilidade o sonho! Que perda irremediável de tempo a espera! Que desperdício o sentimento que não conseguimos utilizar nem temos como o entregar! Se a imaginação não tiver onde se projectar e reflectir é como uma música que ouvimos uma única vez sem nunca identificarmos a autoria.
Somos responsáveis pelo nosso destino? O tempo passa e esvaiem-se as nossas crenças. Desacreditamos. Nada nos chega com a pureza que supomos. O preço que nos dispomos a pagar nunca é o preço certo, o preço justo. A vida corre naturalmente, mas nada é garantido. Assim como o pensamento que passa, se renova, nunca igual. Não há sorriso que não se apague nem silêncio que não se esgote.
Não me lembro ao certo, mas sei que chorei quando nasci. Devo ter chorado de felicidade. Tenho uma enorme dificuldade em ser infeliz. Sou como uma lapa, agarro-me às pequenas coisas, duradouras, resistentes e pouco importantes para a maioria. Não tem de haver, necessáriamente, uma sequência entre o ontem e o amanhã, só tem de haver uma pequena felicidade de entremeio. A não ser assim, desinteresso-me, desisto. Desisto disto e daquilo. Nunca fui uma grande lutadora. O que sou é persistente. Porém, não me retenho onde não haja esperança de alegria.
Quando o sofrimento nos açambarca a vida, resta-nos o orgulho? A valentia de sofrermos heróicamente? Não sei. Cada um que diga de si. Eu sei apenas que a vida não é uma ciência exata. E que, quando o resultado não bate mínimamente com o esperado, desisto. Sofro, mas não sei sofrer. Há coisas que se herdam. Bem sei que sim.
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I am the drug - Ed Harcout

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