quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A VIDA É INJUSTA!


A vida é uma incessante busca pela felicidade. Alguns procuram-na ou encontram-na na solidão. Mas para a maioria, ela está no amor. Por mais que se esconda ou negue, a vida está para o amor como o amor está para a felicidade (ou infelicidade, bem decerto!).

Uma das minhas amigas reapaixonou-se por um antigo namorado. Por correspondência ou facebook ou qualquer coisa do género. Ficou cega e passou a gerir a sua vida em função da paixão. Conheço muito bem os sintomas febris dessa paixão que eclode de repente e inunda tudo! Salve-se quem puder!

Decidiu então fazer-se à estrada, em busca do amor. Percorreu mais de mil e quinhentos quilómetros para ir ter com ele. Antes de partir eu disse-lhe que admirava a corajem dela. Também lhe disse que deveria seguir o coração uma vez que não tinha nada que a prendesse. "Se o não fizer nunca saberei o que terei perdido ou o que teria ganhado" Disse ela já com a viajem marcada. E é verdade. Quem o poderá saber, sem o experimentar? Digo isto embora eu nunca tenha arriscado muito. Porém, há uma altura em que talvez seja necessário arriscar.

Partiu feliz há uns dias atrás. Mas há pouco enviou-me uma mensagem: "Amiga, só tu mesmo para este desabafo. Será possível que uma ilusão e uma paixão imensa, se transforme na maior desilusão da minha vida! Como tu dizes, a vida é mesmo fodida! Estou bem, mas estou de regresso. Preciso que me ajudes a entender e a esquecer que estive louca por uns tempos. Sei que as tuas palavras me vão ajudar. Beijos"

Fiquei... sem saber o que dizer!

A seguir ligou-me lá dos confins onde se encontra e chorou compulsivamente. Disse-me que a única coisa que queria era fugir dali. Cheguei a ficar assustada! Mas ela está bem. Apenas destroçada! (Se isto é estar bem! Enfim...) Sinto tristeza. A vida deveria ser beleza... mais rosas do que espinhos.

Não há nada a dizer, embora, haja muito a dizer. A vida é isto mesmo! Ilusões e desilusões! Também é necessário que haja alguma loucura para que possamos dar-lhe cor e sentido, ainda que depois se percam. Mas é igualmente necessário reflectir, para que valorizemos mais as coisas que estão ao nosso alcance e menos os sonhos.

Uma outra amiga dizia-me há dias: "Andas tão tranquila, tão sorridente, tão feliz! Isso é mesmo paixão? E eu respondi-lhe que sim. "Mas como podes estar apaixonada e tão tranquila?" Parece estranho, de facto! Mas é assim mesmo. Apaixonei-me por uma pessoa que me dá tranquilidade, que me faz sentir segura, que melhora os meus dias, a minha auto-estima, que simplifica tudo com carinho, sorrisos e alegria. Apaixonei-me devagarinho, serenamente. Ainda que ele se venha a cansar de mim, se venha a desiludir comigo, ainda que eu me venha a cansar dele ou a desiludir-me com ele (o que acontecerá certamente), cada dia passado já valeu por muitos. Sinto-me tranquilamente apaixonada.

Antes desta, vivi uma paixão irrequieta. Foi um vulcão que nasceu dentro de mim, e que entrou em erupção com uma força bruta, arrasando tudo. Foi uma paixão repleta de ansiedade, alimentada pelo desejo, carregada de dúvidas e incertezas, acompanhada de imaginação e insegurança. Era uma estrada de lava sobre desejos por cumprir. Era pura inquietação! O coração desordenado a inventar.

A diferênça é que agora não preciso de inventar coisas para me apaixonar. Agora vivo coisas que me apaixonam.





2 comentários:

comboio turbulento disse...

eu acho que a vida não é injusta, é justa. Não no sentido de justiça mas de largueza. è demasiado apertada. Sufoca-nos muitas vezes. Por isso precisamos tanto de voar de galho em galho.

espinhos e outras flores disse...

Combóio Turbulento,

Realmente, a vida é muitas vezes demasiado apertada. mas não sei se é por isso que precisamos tanto de voar de galho em galho. Ou talvez seja! Aperta tanto que o galho se parte! E então, há que voar para outro. Não deveria ser assim, pois não? Deveriamos poisar num galho que se mostrasse firme e nos fizesse sentir seguros. Creio que já não há galhos seguros! É tudo demasiado leve, só a vida é que pesa! Estarei a ser pessimista? Sei lá!

Beijo