sábado, 28 de junho de 2008

SEM DESTINO



Não tenho destino.

Deliro no cosmos - objecto de poeira dançante sem ponto onde poisar.

À deriva, à deriva - flutuando adentro de mim como música.

E tudo é folha amarela, solta, outonal.

Nem chuva, nem rega.

A ressequir!

vejo pássaros de sede voando em olhos de água.

É fome, é fome - falta de vida na pele aquietada.

Nem toque, nem carícia.

A encrostar!

Lá fora a lucidez das coisas rigorosas -

aqui, a embrieguez constante da invenção dos meus quereres.

Quero-te.

Apenas porque assim o penso.

Na teimosia febril dos meus desejos.

E,

se me quiseres, dir-te-ei que não.

Não te quero.

Na mais sombria das verdades.

Porque o meu destino não tem destino.

Apenas movimento desamparado.

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On the other side - The StroKes

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