segunda-feira, 31 de março de 2008

SILENCIO


Não, não digo nada.
Como queres que diga alguma coisa,
se caiu a noite na solidão dos lábios?
E os dedos,
se alguma coisa te disserem,
não são palavras,
nem são anseios,
mas lágrimas caídas,
desdobradas.

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Slip into your skin - Patrick Watson

domingo, 30 de março de 2008

REM E OUTROS...

Kim Carnes - Mistaken Identity

Aztec Camera - Love

Madrugada - Madrugada


Pink Floyd -Animals


REM - Accelerate

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As escolhas da semana

quarta-feira, 26 de março de 2008


Eu não quero reencontrar o meu primeiro amor.
E nem sequer quero reencontrar o meu amor do meio.
Porque esses já partiram.
O que eu quero, é encontrar o meu último amor.
Porque esse ainda nem chegou.
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Eu não quero sentar-me a meio da ponte
e contar as mesmas estrelas do passado.
O que eu quero é atravessar a ponte
e inventar estrelas.

terça-feira, 25 de março de 2008

TOCA-ME


Demoro-me,
num concerto solitário.
Composição musical decomposta pela saudade.
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Instrumento sou-realista desconsertada.
Estilo clássico composto, classe erudita,
conturbada orquestra, prazer a parte,
de partitura forma-só-livre.
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Romantismo virtuoso potencialmente dos sós.
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Movimento-me de clarineta em piano,
forma incomum, incorporada em dó.
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Drop me of - Pela


sábado, 22 de março de 2008

EM LINHA IN-COR-RECTA



Sobrevivo, trágicamente,
num leito de impulsos controlados.
Já cedi a todas as tentações e,
ainda assim, não me livro delas!
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Não tenho sabedoria alguma,
Todo o conhecimento entra pelo cérebro
e vai directo ao coração.
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Só o que me fascina irriga e corre pelas veias como um alcoól.
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Mas tudo se repete fastidiosamente.
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A exatidão do amor!
Deste amor com que me deito e acordo todos os dias.
Este que só conhece o imprevisto, o inesperado.
Mas que vive vulgarmente na ordem.
Invariávelmente presente.
Que nunca se ausenta nem me afronta.
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Ocasionalmente perco-me num ponto onde tudo converge.
Mesmo ali ao virar da esquina,
onde todos os encontros são possíveis.
Mas aonde, ainda, prefiro encontrar-me contigo.
Porque continuas a ser o meu encontro preferido.
E ainda não te disse que tu és o meu único encontro.
E, também ainda te não contei do meu vício,
de como me é difícil viver sem este sofrimento entranhado no intervalo do encontro.
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Nada escolho. Só finjo que escolho.
E são demasiadas as indefinições que me escolheram.
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Love is a losing game - Amy Winehouse

quinta-feira, 20 de março de 2008

ESTA NOITE PODERIA ESCREVER VERSOS TRISTES...


Descubro, sem pranto e sem espanto,
que o sossego se extraviou! De novo!
Pouco importa.
Quero embedar-me.
Subir que nem um balão inflamável.
Voar sobre a cidade,
sem rumo,
indiferentemente.
E rir, rir, rir, só por mera tolice.
Como quem quebra a monotonia a fazer asneiras.
E rir, impiedosamente,
da desoladora paisagem de cérebros áridos,
que se passeiam pelas ruas.
Só para não chorar o tédio de tanta poeira que me passa pelo cérebro.
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As minhas alegrias são migratórias.
Vêm, de repente, com o vento a favor.
Deixam-se ficar por algum tempo, mornas, em banho-maria.
E partem com a primeira paisagem impressionista,
ou mesmo surrealista, que avistam.
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Tumultuosos são todos os quereres.!
Pois sejam!
Quero embebedar-me.
Porque chove na minha sobriedade. Chove fininho.
Aquela chuva pinga-amores, que nem fode, nem sai de cima.
Mas que antecipa um nada, um rigorosamente nada,
do qual nem me hei-de lembrar.
E é o nada aquilo que eu mais temo. Vá-se lá saber porquê!
Acho que o nada é devorado por uma inutilidade assombrosa,
por um abandono universal.
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Há poemas infinitamente belos!
Poderia fazer poesia, escrever frases loucas carregadas de sentido.
Mas não governo os sentimentos.
Sou desgovernada!
Desenrolam-se infatigavelmente,
emaranham-se com os pensamentos
e declamam sensações, ainda que vagas,
de descontentamento.
Todos os meus poemas se escoam na lentidão dos silêncios.
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Só quero fingir indiferença.
E embebedar-me.
Poder pensar preguiçosamente, em coisas deliciosas e banais.
Sacudir os sonhos como cascas de amendoíns caídas sobre o peito,
semi-nu, eróticamente aconchegado nas rendas da blusa aberta,
propositadamente,
para esquecer ternuras antigas.
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Mas, por enquanto,
quero embebedar-me
e subir que nem um balão inflamável até perder a chama.
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Here comes the summer - The Fiery Furnaces

NOTAS INCERTAS


Hoje, eu quis ficar na cama até mais tarde, sem compromisso ou cumprimento de um qualquer dever. A remexer os lençóis onde alojei o teu cheiro que toca o meu corpo nu e quente a finjir que não está sozinho. Mas eu sei, são desnecessárias as manhãs para perceber que o lado direito da minha cama está vazio. Não quero saber se vais demorar, só quero saber é se ainda cabes nele, se ainda se encaixa nas formas do teu corpo. Não quero saber que dia é hoje. Acredito que o oceano se encheu com as lágrimas de milhões de pessoas que contaram os dias de espera. E vê como ele é imenso!

Terei tempo de sobra para contar incertezas, enquanto houver manhãs. Que importa a tristeza de ontem? Não é já passado? Que importa a alegria ou a tristeza do dia seguinte? Por acaso será? Terei tempo hoje, de sobra, para todas as imbecilidades. Inventar palavras breves e deixar escapá-las por entre fendas, sabe-se lá, com que sentido, que dizeres, quais mensagens...

E de repente acordo! Sou capaz de tudo! Não acredites na certeza das coisas! Posso ficar sem tempo de uma hora para a outra. Basta-me a imprevisibilidade de um segundo! Um mero segundo! E atiro os lençóis para a roupa suja. Fixo-me no calêndário e afirmo que já é tarde. Não espero. Vou, sabes lá para onde!... Desconfia sempre do sentido dos ponteiros do relógio. Tu sabes... nem sempre vou por aí.
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Forest fire - Lloyd Cole

MAL AMADOS OU NEM ISSO


Todos nós sabemos que metade das pessoas - das que eu conheço e das que tu conheces e das que todos conhecemos - não são amadas pela pessoa que amam ou são mal amadas. Isto não é a lei da vida. Isto é apenas uma constactação.
E a vida não deixa de girar por isso. Ninguém deixa de viver por isso.
As pessoas não correspondidas no amor, na generalidade (pelo que vejo, mas o meu mundo é pequeno e sou pouco viajada) têm certos comportamentos padrão. Os homens refugiam-se na sportv, sózinhos ou em grupo, com umas cervejolas na mão, a verem jogos de futebol ou campeonatos de pujilismo. Perdem horas em sites ou chats porno. Vão ao ginásio trabalhar os musculos e ver gajas boas ou vagueiam pela noite consumindo alcoól e mulheres com os olhos. (Que me perdoem os que assim não fazem).
As mulheres veem filmes lamechas e comovem-se com as personagens infelizes, deixam cair as lágrimas que vertem disfarçadamente por si próprias. Gastam metade do ordenado em compras de bens desnecessários e no final do mês têm mais um motivo para chorar ao verificarem que as contas ficaram por pagar. Ou vagueiam pela noite consumindo alcoól e homens. Sendo que, algumas trabalham afincadamente, convivem saudávelmente e dão umas quecas com o colega atraente, compreensivo e indisponível, ou com o marido da amiga mal amada. (Que me perdoem as que assim não fazem).
Depois há as pessoas mal amadas. O namorado ou marido que chega a casa depois de um dia de trabalho, dá um beijo no bengaleiro e pendura o casaco na mulher, a seguir corre para o sofá pois não quer perder o debate, as notícias ou jogo ou o raio que o parta, aborrece-se com a telenovela a seguir ao jantar e salta para o computador e quando dá conta são horas de se deitar e de dormir porque está estoirado e tem de se levantar cedo.
E a nomorada ou esposa que tem a casa para limpar, a roupa para passar, anda quinze dias com o período menstrual e nos outros quinze tem exaqueca, critica tudo o que ele diz, elogia todos os maridos das amigas, come para engordar, envelhece para estragar e nunca está satisfeita.
Não tenhamos ilusões. Com este ou aquele comportamento, não amados ou mal amados, a vida corre.
E Eu? Eu?! Bem, não estou aqui para falar de mim... eu fumo cigarros, emborco copos e fico aqui a criticar os outros!
E tu?
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Out of control - She Wants Revenge

quarta-feira, 19 de março de 2008

CIÚME



O cíume é uma forma desagradável, desorganizada e obsecada de sentir. É um sentimento que está intrínsecamente ligado à nossa educação e formação, não só familiar como pessoal. E esta eduação é mesmo secular. Nós, ocidentais, vivemos numa sociedade monogámica e patriarcal, desde "sempre". Onde, ao macho sempre foi tolerável infidelizar, quer no seio do casamento, quer no seio de uma qualquer relação. Tempos houve até, que, infilelidade era sinónimo de robustez, mas só por parte do macho.

Se olharmos para o passado e fizermos uma análise das leis, não só sociais, mas das próprias leis constitucionais, verificamos que, o adultério era aceitável no macho, mas era considerado um crime quando praticado pela femea. A sociedade não se faz num dia e a moralidade muito menos. Trata-se da evolução do pensamento social ao longo dos séculos.

Mas hoje, vivemos tempos verdadeiramente revolucionários. Não se trata de direitos adquiridos. Trata-se, na verdadeira acepção da palavra, de "mentalidades". Hoje, ninguém é de ninguém. A liberdade individual é um bem supremo. Cada um tem de a viver da melhor forma. E a melhor forma é respeitando os outros, repeitando-se a si mesmo, vivendo de acordo com as suas convicções e assumindo as consequências das suas opções. Por isso, quando aceitamos o outro como ser independente e livre, aceitamos as escolhas deste enquanto tal e, libertamo-nos de sentimentos como o ciúme. Não significa isto que consigamos erradicá-lo dos nossos sentimentos, mas que consigamos viver com ele, que não seja ele a governar as nossas vidas. Nem significa que aceitemos todo o tipo de comportamento, mas que agimos ponderadamente e segundo as nossas convicções. Porque ó ciúme é alheio e inimigo da ponderação. Por isso, a forma como controlamos o ciúme depende muito da liberdade com que vivemos e da liberdade que cedemos aos outros.

Amamos mais uma pessoa por pensarmos que ela nos é fiel? Deixamos de amá-la quando sabemos que ela nos foi infiel? Ou passamos a amá-la menos? Não. o amor não se mede numa escala de fidelidades. O que pode acontecer é que isso perturbe a nossa segurança emocional. O que tememos afinal? O que nos faz doer? O conhecimento de que outro praticou sexo com terceiro? Não. Na verdade, é o receio de que o outro, ao partilhar intimidade, possa partilhar afectividade.

O que me faz sentir ciúmes não é o facto do outro ter tido prazer com terceira pessoa. Na verdade, é o medo que eu sinto de o outro continuar a desejar essa outra pessoa, em detrimento do desejo que possa ter por mim. Em suma: é o medo que sinto do que possa existir ou vir a existir para lá do mero prazer momentâneo e ocasional.

Nesta fase da minha vida, em que já vivi muita coisa, não me incomoda o facto de a pessoa que amo "dormir" com outra pessoa. Não lhe terei menos amor por isso. Não farei disso um campo de batalha. Nem sequer tomarei isso como um facto relevante nas minhas decisões ou opções. Porque, independentemente da vontade, absolutista, que eu tenho, de o tomar só para mim, ele é livre de fazer o que entender. Por mais que queiramos prender alguém, jámais o conseguiremos. Nada depende da nossa vontade, quando duas vontades estão em jogo. Importante é mesmo aquilo que sentimos por essa pessoa e o que essa pessoa sente por nós. Nem sequer se trata de respeito. O certo é que, quando fazemos juras de amor e de fidelidade, numa determinada fase da nossa vida, não sabemos como tudo se pode alterar. Como este mundo é complexo. Como o facto de milhares de pessoas coexistirem e inter-agirem, pode influenciar a nossa vida. É importante libertarmo-nos de sentimentos como o ciúme, os quais podem comandar cegamente as nossas decisões.

Ainda assim, apesar destas teorias, não defendo a libertinagem. Acredito na fidelidade. levei muitos anos a libertar-me do ciúme, sem nunca o ter conseguido plenamente. Mas acabei por perceber que, é importante sabermos resistir a situações que possam colocar em causa as coisas que nos são queridas e imprescíndiveis. Quando percebemos que o ciúme resulta do medo que temos da pessoa amada poder vir a nutrir sentimentos por terceiro é porque temos consciência que a proximidade e o contacto íntimo é o melhor condutor do amor. Então, numa relação, cabe-nos evitar a infidelidade a fim de preservarmos o sentimento que temos pelo nosso companheiro. Mas, se a infidelidade acontecer, tenhamos o bom senso de poderar sobre o assunto. Não expulsar o outro da nossa vida pelo facto de ter tido prazer com terceira pessoa. Pois o ciúme não resulta do medo de o perder? Então fará sentido lançá-lo, assim, de mão beijada, à fera? Perde-lo de imediato, sem reflectir? Na minha perspectiva, o importante é reforçar o amor e criar pontos novos de atracção e carinho, pois jámais conseguiremos fazer com o nosso companheiro aquilo que conseguimos fazer com o nosso cão: obediência e fidelidade total. E isto vale para todos: homens e mulheres.

A vida segue sempre o seu rumo, com factos e acontecimentos aos quais somos alheios e nos farão sofrer. A medida desse sofrimento depende da maneira como encaramos a vida e da capacidade de compreensão da própria vida, do como ela é, independentemente do como gostariamos que ela fosse.

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Gravity - John Mayer

domingo, 16 de março de 2008

" A vida brota a partir de milhares de fontes vibrantes, entrega-se a todos que a agarram, recusa-se a ser expressa em frases tediosas, aceita apenas acções transparentes, palavras verdadeiras, e o prazer do amor (...)"
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Texto de: wilhelm Reich, em Beyond Psychology - 1939
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A day in the life - Beatles

sábado, 15 de março de 2008

BECAUSE THE NIGHT?

Tenho as palavras enroladas no pensamento. O pensamento enovelado pela ressaca. A música envolve-me pela beleza extrema.
Não sei o que sinto! Misto de calma e apatia!
Não sei porque sou quem sou. Porque me comporto desta ou daquela maneira. Porque não controlo certas emoções e controlo outras excessivamente.
Não te escolhi, nunca te imaginei. Um dia estavas cá, na minha vida. Não sei qual foi o caminho que te trouxe ou aquele que me levou a ti. Questinor essas coisas é perda de tempo. Acreditar em forças cósmicas, destino ou acaso, é irrelevante. Tentar perceber o que nos liga, o que nos afasta, até onde, até quando, é uma inutilidade. Como será puramente inútil definir e quantificar o sentimento.
Adoro estar contigo. Queria permanecer... nem que fosse no teu pensamento.

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Yesterday Tomorrows - Tindersticks


quinta-feira, 13 de março de 2008


São muitos os instantes do dia em que penso em nós.
Como se fossemos renascer nesta Primavera.
As primeiras papoilas já coloram a berma dos caminhos.
Cresce o teu nome na berma dos meus lábios.
E trago sobre os ombros uma capa de ternura.
Disfarçada de ausência.
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I want you - Massive Attack

domingo, 9 de março de 2008

COÍMBRA (MY LOVE) & CocoRosie


Soube agora que a banda CocoRosie vai actuar no Teatro Académico Gil Vicente em Coímbra no dia 26 de Maio.
Heis que me chega uma nostalgia insustentável!
Durante muitos anos, as escadas do Gil Vicente foram, diáriamente, o ponto de encontro, quer na hora do almoço, quer na hora do jantar, com os meus amigos, namorados... e as saudades atraiçoam-me!
Será que a disco ETC ainda existe? Não como eu a conheci nos anos 80, pois que no início dos anos 90 já estava mudada, ou seja, transtornada. Alguém se recorda como era o velho ETC? Alguém conheceu melhor Bar Discoteca que essa? É certo que o Tokio, em Lisboa (perto do Cais do Sodré), tem certas semelhanças, principalmente ao nível da música e permite umas noites inesquecíveis. Mas noites como as do ETC... não se repetirão!
Há muito que prometo a mim mesma um fim de Semana em Coímbra para matar saudades. Para quando? Aliás, ainda não levantei o meu diploma! Provavelmente já foi vendido na candonga, depois destes anos todos!
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Should y stay or should y go - The Clash

THE NATIONAL - BOXER / OUTROS...

The Cloud Cult - Feel Good Ghosts

The National - Boxer


Echo & The Bunnymen - Ocean Rain


Spiritualized - Amazing Grace


The Wolfgang Press - The Burden of Mules
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As escolhas da semana

terça-feira, 4 de março de 2008

TRANQUILIDADE


Confesso que nutro grande admiração pelo meu ex (agora já posso dizê-lo) namorado. É sobretudo na adversidade, que as pessoas revelam o seu carácter. E ele revela o seu bom carácter. Embora sofra de uma pasmaceira inabalável, é boa pessoa (como, aliás, já o tinha referido), tem um coração enorme. Comove-me. Enternece-me. E tranquiliza-me.
Posso, enfim, suportar-me e viver momentos de apaziguamento.
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Twentytwofourteen - The album Leaf

domingo, 2 de março de 2008

Tudo muda, só este amor resiste!
Todo o reencontro desejado é absolutamente eterno.
Deixando de ser mera aparência, para ser eu.
E eu não quero senão ser eu.

sábado, 1 de março de 2008

NEVER SAY GOODBYE


Quando magoamos alguém, ainda que não seja essa a nossa intenção, tornamo-nos tão pequenos, tão pequeninos!..
Hoje reduzi-me, por fora, à pequenez do espirito.
Estou a caber numa caixa de fósforos.
Nem dentro de mim encontro espaço para acolher o que quer que seja.
Empobrecida de sentimentos.
Agora nua, despida da verdade e da mentira,
nada valho!
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All Alone - Joe Satriani