sábado, 28 de junho de 2008

SEM DESTINO



Não tenho destino.

Deliro no cosmos - objecto de poeira dançante sem ponto onde poisar.

À deriva, à deriva - flutuando adentro de mim como música.

E tudo é folha amarela, solta, outonal.

Nem chuva, nem rega.

A ressequir!

vejo pássaros de sede voando em olhos de água.

É fome, é fome - falta de vida na pele aquietada.

Nem toque, nem carícia.

A encrostar!

Lá fora a lucidez das coisas rigorosas -

aqui, a embrieguez constante da invenção dos meus quereres.

Quero-te.

Apenas porque assim o penso.

Na teimosia febril dos meus desejos.

E,

se me quiseres, dir-te-ei que não.

Não te quero.

Na mais sombria das verdades.

Porque o meu destino não tem destino.

Apenas movimento desamparado.

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On the other side - The StroKes

terça-feira, 24 de junho de 2008

EU GOSTO É DO VERÃO!


Tenta dar a cada coisa a importância que a mesma merece.
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Presta homenagem únicamente a quem sabe amar-te, aos outros presta admiração, se a merecerem.
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Não te prendas por inteiro a coisa nenhuma, deixa sempre uma porta entreaberta ou uma asa solta.
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Ama despreocupadamente aqueles que te amam, todos os outros esquece-os como fizeste com tudo o que estudaste para os exames - acabados estes, livros na arrecadação.
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Nem todos os dias sou feliz. Nem sempre encontro a paz. O espelho diz-me que não sou a mais bonita. Não consigo todos os sucessos. Não tenho riqueza. Sou desastrada. Mas sou inteligente. Sou amorosa. Estou capaz de me refrescar este verão! De inventar qualquer coisa...

domingo, 15 de junho de 2008

WHO SAID IT WOULD BE EASY?





Ele sonha com ela. Deseja-a tanto que os sangue lhe ferve nas veias e o corpo todo ebului. A vontade de a possuir é constante e a necessidade de lho dizer também. Ele não a ama, mas não sabe definir o que sente por ela! Quere-a, a todo o momento. Não quer que ela seja de mais ninguém. Quer que ela o queira da mesma forma.

Ela sabe, sente bem o sabor do fascínio. E exerce-o conforme a sua vontade. Não é um jogo. Não é uma aventura. Talvez uma terapia. Mas ela sabe que um dia deixará de ser perfeita. Que cairá na vulgaridade. Que todos os fascínios se perdem, como que estrangulados por mãos invisíveis. Que há sempre um despertar, onde todas as dúvidas se abandonam por resolver. Por isso, ela diz-lhe que a afectividade amorosa transporta consigo tum insólito querer possessivo e destrói todo o mistério. O que ela pretende dizer-lhe é que deixe o amor atrás da porta. Por isso, ele tem obrigação moral de saber que, um dia, ela o matará. E as suas vidas desligar-se-ão, como se jámais se tivessem encontrado.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

"SORRY... BAD DAY"


Eu podia ter-me mantido no silêncio. Podia. Mas, por vezes é dificil manter a postura e a razoabilidade.
As lágrimas enxaguam-me o rosto enrigecido pela tristeza. E parecem cavar rugas que antes não existiam. É que as lágrimas abrem sulcos que custam a desaparecer. Rastos frios de desolação. E eu não quero sulcos no meu rostos, não estes.
As palavras que te digo são muito mais do que palavras. São sentimentos aos quais dou forma e substância. Todavia, de que serve a forma quando não consegues vê-la? Para quê a substância se a rejeitas? É por isso que tenho de ir. Já não encontro motivo algum para ficar. Fechas as portas. só encontro paredes altas, cada vez mais mais apertadas. Manténs-me fora, afastada e cansada. Tenho de ir.
Lamentas! O meu lamento é bem maior! Olho-me. Como se me visse de fora para dentro. Vejo dor e cansaço. Uma incapacidade quase absoluta de esquecer, emersa numa quase impossibilidade de viver sem ti. E eu sei, sei muito bem, que tudo é passível de esquecimento e que continuarei vivendo onde quer que estejas. O que eu não sei é como fazer para acabar com esta dor.
Não importa o quanto lamentamos. Tenho de ir. Quero libertar-me. Quero libertar-me. Quero acabar com as lágrimas. Não quero mais Lágrimas. Não quero mais esperas, nem "good days" nem "bad days". Um dia tudo tem de terminar de vez e hoje quero que seja esse dia.


TENHO DIAS!


Tenho dias que ficam encalhados nos pensamentos. E tenho pensamentos que inventam dias. E pensamentos que me contam histórias. É por isso que tenho histórias na memória. Histórias de dias onde tu existes. Onde tu aconteces. Bem sei, ou talvez nem saiba, que são pensamentos inventados em dias encalhados na memória. É por isso que tenho dias tristes. Dias que se arrastam nos pensamentos contadores de histórias.
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The Story - Brandi Calile

quinta-feira, 12 de junho de 2008

TAL COMO QUASE SEMPRE

Hoje questiono-me se alguma vez pensarás em mim. É obvio que não. Pergunta perfeitamente dispensável e, de certa forma até, ridícula.
E então tudo se torna pequenino! O mundo espantosamente grande a caber no meu dedal de dúvidas! Já reparaste como, em poucos minutos, tudo pode reduzir-se à curta distância que nos medeia da pessoa amada? Uns míseros vinte quilómetros são, agora, o mundo inteiro! Passo os dedos pelo telemóvel, indecisa entre o silêncio e uma pequena mensagem. Mas, não, claro que não. Sabes bem que já desisti de querer ser heroína em batalhas sem adversário. Que os moínhos movam velas quando lhes falo.
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Smells like teen spirit- Nirvana

terça-feira, 10 de junho de 2008

PASSEIO SOLITÁRIO



Ás vezes penso ser capaz de amordaçar o desejo que te grita o nome. De abrir uma janela e deitar fora todos os afectos como um simples trapo que sacudo. Penso até ser capaz de esquecer a cor dos teus olhos, a ondulação dos teus cabelos, todos os traços, o riso, a voz, o caminho, a estrada... É então que me apercebo da impossibilidade aguda (por incapacidade grave) de te esquecer o cheiro e o toque!

domingo, 8 de junho de 2008

THE WOLFGANG PRESS E OUTROS...

The Wolfgang Press - Standing Up Straight

Kyte - Kyte


Madrugada - the Deep End


Clã - Cintura


Okkervil River - The Stage Names
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As escolhas da semana





quinta-feira, 5 de junho de 2008

NAIFADA


E hoje fui colhida por uma puta duma naifa que quase me atravessou a mão esquerda e, lá se foi a minha tranquilidade! Hoje sim, preciso de morfina, não para adormecer a alma, mas o corpo, as dores.
Dia negro, para esquecer!
O puto carregado de febre, por isso, fico em casa a cuidar dele. Inadvertidamente, enquanto faço uma sopa, a faca espeta-se na mão, de bico, qual filme de terror! Respiro fundo, como se fosse parir e o sangue jorra e espalha-se pelo armário da cozinha! Só visto! Foda-se!!!
Hoje levei o dia todo nas urgências. Estou uma pilha de nervos, uma mina pronta a ser detonada. O puto na cama, enfermo! Eu tipo aleijadinha, cheia de dores, sem capacidade para grande coisa.
Mas não é nada de grave, não danifiquei tendões, apenas umas veiasitas de menor importância. Dentro de dias estarei operacional, em forma. E o puto dentro de dois dias estará como novo.
Eu sempre digo que muita calma é mau agoiro, alguma coisa vai acontecer! E parece bater certo! Foda-se!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

MORFINA

Hoje fui colhida por uma inesperada calma!
Como se o mundo adormecesse a meus pés!
E tudo se movesse ante os meus olhos como uma película de filme em lenta rotação. Sons distantes, imperceptíveis.
Só eu e um sono intenso.
Pausa em todo o sentir.
Um quase abandono de tudo.
Ausência de sensações.
Estado de letargia.
Nada me excita e nada me aborrece.
Vontade de manter-me indefinidamente.

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terça-feira, 3 de junho de 2008

UM AMOR, UMA VIDA


Tenho saudades das coisas que nunca fiz contigo! E, principalmente das que poderia ter feito, das que guardei na algibeira, como meros rascunhos de desejos, para concretizar mais tarde. Sim, foram tantas as coisas que guardei para viver contigo! Tantas essas coisas que hoje me deixam saudades!
Nunca saberás! Não, nunca saberás a que ritmo o meu cérebro trabalhava quando me encontrava contigo. Nenhum dos nossos encontros foi um acaso! Nenhum! Foram todos esquemáticamente elaborados pelo destino. E tu jámais saberás o que este meu cérebro tinha planeado para cada um desses encontros. Tantos rascunhos! Tantos, que acabaram na lixeira do lado esquerdo do peito. Há quem diga que é onde despejamos os sonhos por realizar. Eu prefiro pensar que é o local onde reciclo sentimentos. De qualquer maneira, que importância tem o nome de um local que agora só serve para acolher residuos de tudo quanto planeei sem concretizar? Chamemos-lhe coração. Sim, é um nome como outro qualquer.
Perco-me nos pensamentos e no ritmo das palavras. Ou será o contrário? Não importa. Já não! São todas aquelas coisas que imaginava num plano perfeitamente realizável. E digo isto porque, bastava ser eu mesma para que a magia acontecesse. mas como poderei explicar-te que, quando me encontrava contigo, deparava-me com muros intransponíveis na garganta e correntes nos gestos quase timidos! E, estranhamente, sim, muito estranhamente, ficava toda eu aprisionada dentro de mim! Como dizer-te que o amor me sufocava? Que nunca, mas nunca consegui dizer-te o que queria! O quanto te queria! E nunca consegui tocar-te como desejava! Tanto era o amor que me prendia!
Ah se me conhecesses algum dia! Se algum dia pudesses ver-me dentro de mim, sentir todas essas coisas que não vivi contigo! E que tantas saudades me deixam!
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One love - U2