terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ABSTRAÍNDO DA NORMALIDADE


Ela é baixinha, morena, e parece uma pintura abstracta - qualquer semelhança com o expressionismo, é pura ficção - no sentido que, vista de longe assemelha-se a uma mulher, mas vista de perto, parece uma vítima, irreconhecível, de um qualquer acidente, cujas formas só um perito pode descrever. É peluda, tem uma espécie de bigode e barba e pelos braços desnudados, podemos imaginar as partes florestais - ao que parece, não sabe o que é uma gillette, cera depiladora ou outras coisas de semelhantes funções. Usa roupas extravagantes - escolhidas não sei por qual criatura, que me parecem encomendadas a um qualquer criador artistíco candidato a um prémio de originalidade e mau gosto- que vistas de longe, ficamos logo com entusiasmo para ver como serão de perto.
Ela é casada e mãe de filhos. Não conheço o marido, mas já me tenho interrogado que homem conseguirá dormir ao seu lado sem ter pesadelos e sem ter de se penitenciar todas as manhãs pelo facto.

Esta é a parte física. Agora vou tentar descrever a parte psicológica.
Gosta de mexericos. Quando entra num local, fá-lo por forma a todos se silenciarem. Entra a falar alto para todos a ouvirem e nenhuma conversa poder prosseguir, porque ela não o consentirá. Adora criticar e, sobretudo, está sempre pronta a humilhar alguém. Aproveita o elo mais fraco e é sobre ele que recai o seu mais cruel oportunismo de ofensa. Alvitra valores superiores e defende um perfeccionismo inabalável. É inteligente, fala com sabedoria e demonstra conhecimentos.

Sempre pensei que não passava de uma frustrada a tentar evidênciar-se pelas únicas formas que consegue: um uso ridículo do hábito - que tão mal assenta neste monge - e o uso da palavra - de preferência em tom altivo e sofisticado.

Não, não estou no período pré-menstrual, nem estou carenciada. Não, não a encontrei por acaso e por acaso não encontrei aquilo que esperava para descarregar o stress. Conheço-a há anos e há anos que me incomoda porque sou obrigada a lidar com ela.
Lá terá o seu valor - parece-me uma excelente mãe e boa filha - e lá terá os seus encantos.

Mas, por mero acaso, soube há pouco que, por detrás de toda a sua dignidade, opulência e perfeccionismo, se dedica, também, a explorar crentes de parcos recursos e a fazer pequenas burlas que podem arruinar as reservas de quem tem muito pouco. E pergunto-me: para quê, com que necessidade! Vive razoavelmente, não precisa de enganar miseráveis. Ou será que vive razoavelmente à custa de enganar miseráveis? Não me parece. Mas o certo é que, nesta criatura, o que é aparência é desagradável e o que é real é um susto!


Custa-me a compreender, mas tenho de aceitar o ditado: um mal nunca vem só!

2 comentários:

Unknown disse...

eu acho que ela é peluda por fora e...por dentro. Precisa de uma grande depilação das entranhas:)

maoqueeaaf disse...

E porque cada qual tem as suas manias, há um desafio à tua espera na minha toca.