sexta-feira, 20 de março de 2009

DIVÓRCIOS


“Lembre-se que todos nós caímos. E é por isso mesmo que é muito mais seguro andar de mão dada.”- Emily Kimbrough


O Homem é um animal fascinante! Casa-se por amor e divorcia-se por ódio!

Há demasiados divórcios traumáticos. Principalmente para quem trata deles! Porque os verdadeiros intervenientes estão tão embrenhados na luta, que fazem do processo um prazer satãnico, empenhando-se até ao limite em usar as melhores técnicas de tortura psicológica. Cada qual com as suas razões cegas, alimentadas dia a dia, num palco de cenários dramáticos em que o único objectivo é espesinharem-se. Muitas vezes para disfarçarem um desejo oculto de se envolverem fisicamente dentro dos lençóis, nem que seja por uma última e derradeira vez.
Realizado o divórcio, decorrido o primeiro acto.
Havendo filhos, temos um segundo acto garantido. Agarram nos putos como quem agarra um objecto, um trunfo, e jogam à batota. Ora agora jogas tu, ora agora jogo eu. Inventam-se cartadas, somam-se e subtraiem-se pontos e é ver quem vai ganhar ou perder. Neste acto, quase sempre há uma equipa que perde efectivamente, composta pelos membros que nem sequer estão a jogar: os filhos.
O terceiro acto começa com a partilha. Cada qual a tentar esfolar o outro, a levá-lo à miserabilidade extrema, ao esfrangalhamento dos nervos, à loucura! Este acto pode levar anos entre ameaças, coacção e ofensas de toda a espécie. Na melhor das hipóteses, pode haver um de entre os dois que sob efeito de uma elevada dose de prozac, ceda, abdique, renuncie e faça acordo.
Por vezes, não poucas vezes, estes ainda geram subactos, decorrentes de maus tratos fisícos, subtracção de bens, enxovalhamentos sociais e/ou agressões morais e patrimoniais.
Pelo que, a relação que deveria terminar com o divórcio, cada um seguindo o seu caminho, pode perdurar por muitos anos!
Não há batalhas mais crueis!

Às vezes questiono-me se estas pessoas estavam realmente preparadas para se separem, sendo certo que não o estavam para viverem juntas! É uma questão complicada.

Normalmente é longo e tortuoso o caminho que vai do amor ao ódio! Na sua imensa capacidade de raciocínio e de enfrentar e resolver dificuldades, o Homem deveria encontrar os meios mais racionais de equilíbrio. Mas são os afectos e desafectos amorosos aqueles que mais nos desgraçam!

Viver a tempo inteiro com o feitio e as manias do outro é (pode ser) uma espécie de cálvário. Ou jogam ambos na mesma equipa definindo as estratégias, conjugando os remates, comemorando as vitórias, ultrapassando as derrotas ou a crucificação é certa!

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Um comentário:

Anônimo disse...

Digo em em quase silêncio, porque não deixar que a vida nos encontre, em vez de tentar desesperadamente encontrar uma aceitação puramente social, que leva a situações para além da natureza humana. Mais vale só, que mal acompanhado, mesmo que por vezes a nossa sensibilidade se tolde na solidão...
De dramas..., se fazem os telejornais de um povo vampiresco das desgraças alheias.

Beijo, Xeltox