quinta-feira, 5 de março de 2009

O QUE NÃO ME MATA FRAGILIZA-ME



"... somos tolos quando pedimos que algo dure e somos mais tolos ainda quando não desfrutamos enquanto permanece."


O meu pai está muito doente. É irreversível, incurável, temporário...

"Tens de te preparar" dizem os meus irmãos!

Como é que eu me preparo? Como é que alguém se prepara? Qual postura, qual sentido, qual fórmula?

Assim, tão de repente!... Fico de pernas para o ar e começo a ver o mundo ao contrário! Não sei lidar com as perdas! Os pensamentos perdem o nexo. São imagens a baralharem-se todas, cruzadas, sobrepostas, no cérebro, a atormentarem-me, a confundirem-me. Perco a concentração, o apetite e não durmo. Não sei lidar com as perdas! Choro de hora a hora. Quando não estou a chorar faço tudo o que tenho a fazer com uma certa perícia esquizofrénica, automatizada, como se dentro de mim não tivesse um coração mas uma máquina a pilhas que se gastam de hora a hora. Não sei lidar com as perdas! Fico com dores nas costas, dores de cabeça e caminho de forma incerta, errante, ao acaso.

Não sei como lidar com o que ando a sentir! Já tive de o sentir antes, mas não sei como lidei com isso e nem me quero lembrar!

Na terça-feira acordei para esta realidade: preciso de me preparar! E ando a tentar perceber como é que me vou preparar!

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei o que te dizer, já escrevi e apaguei o que escrevi diversas vezes...Já senti o mesmo...e sei que não é fácil, nada fácil...
Coragem e muita força para ti.
Beijo

espinhos e outras flores disse...

Obrigada.
Eu também não sei o que te dizer.
Não sei o que dizer... ando um pouco à toa.

Beijinho