segunda-feira, 2 de março de 2009


Há pessoas que têm a certeza de tudo e avançam certeiras para tudo. Eu só tenho uma certeza, a de que não tenho certeza nenhuma!

Tudo é transitório, porque tudo passa, tudo se transforma, tudo perece. Será que tudo é provisório? Só o hoje vale alguma coisa? Se nada é definitivo, alguma coisa é estável? Afinal o que é permanente? Não sei! O que sei, é que é importante ter compromissos. Eles são importantes porque nos envolvem. E nós precisamos de nos manter envolvidos com algo em que acreditamos. E quando acreditamos pretendemos continuidade. Porque só a continuidade garante a conexão e a dedicação. E só estas podem dar algum sentido áquilo que é a nossa vida, tão instável e curta.

Os dias passam, vão-se, uns sobre os outros, a somar anos. O tempo corre alucinado! E nós deixamos correr os dias - páginas em branco - a costurar dúvidas, a arredar possibilidades -desconstruindo. Por vezes, a vida parece um encontro casual! Um enredo de filme que nos sentamos para ver! Estaremos nós presentes? Faremos parte? Ou assistimos, batemos as palmas, comentamos e deixamos passar?

Hoje cantei o dia todo. Não sei se feliz se triste. Não sei que músicas, que canções me acompanharam. Cantei pelas ruas, pela casa, pelo escritório. Fiz-me de maluquinha, mesmo sem dar por isso, mesmo sem me importar. Hoje precisei de cantar para travar o medo. - Sei, meu pai, que já estás velhote. Não o queria saber, porque teimo em te ver sempre igual. Hoje estás no Hóspital, amanhã serás operado e não sei mais nada. Porque vais ficando cada vez mais pequeno e doente e eu fecho os olhos, para não deixar entrar o pánico que me cobre com a ideia, cada vez mais tentadora e persistente de que te vou perder.
Tenho medo, confesso! De tanta transitoriedade! Quebro-me. Metade de mim senta-se como que a orar - como se alguma vez tivesse conhecido a fé! A outra metade solta-se em palavras enquanto a alma se contrai de medo. Tenho medo!



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