segunda-feira, 13 de julho de 2009

Foto: "Orgulhosamente só"

Poderá dizer-se que hoje estou mais parva, ainda, do que ontem. Mas não acredites nisso. Envelheci. Não foi um mero amadurecimento, não. Envelheci mesmo. Madura já eu andava há muito tempo. Pronta a comer. Hoje sinto-me mais velha. E acredita, estou melhorada. Hoje nada me é indispensável. Acredito até que os malefícios contribuem para nos tornarem mais interessantes, para moldarem as arestas, limar os cantos mais ponteagudos. Há seis meses atrás, talvez sete, ainda havia em mim aquela extrema necessidade de te saber real ao sabor dos lábios e da pele. Coisa que se foi esbatendo, assim, de mansinho, como quem não quer a coisa e acaba por perde-la, propositadamente, na berma da estrada. Hoje respiro melhor, muito melhor! Já não tenho faltas de ar e suadeiras desprositadas. Não sei o que lhes aconteceu! Um dia ouvi-te falar e percebi que já não era música! Tenho andado, assim, a modos que a mudar de casa. Deves saber que a tralha é tanta, por vezes, que leva o seu tempo a encaixotar, a transportar e, por fim, a arrumar de novo. Tenho andado assim, a mudar aos poucos, para outro lado. Muda-se o espaço, a fronteira, a bandeira, as crenças, as vontades e os desejos. Sou eu a envelhecer. Eu à procura de uma identidade, de alguma coisa que faça, matemática e metafísicamente sentido. Não importa se encontrei outro canto, outro espaço, nem to diria. Digo-te apenas que nunca estou sózinha. Não sou mulher de estar sózinha, apenas gosto de estar só e preservo o meu espaço. O que eu não gosto, é que façam de mim parva. Não há mal nenhum em sermos parvos. O verdadeiro mal está em fazerem de nós parvos. Entendes? Fui muitas vezes parva. Continuarei sê-lo. Mas já não contigo. Já não por ti. Apenas não quero deixar de o ser, para não perder a ingenuidade, a própria identidade, o sonho. Há prazos de validade. O teu gastou-se. O meu começa agora. Capiche?


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Rebellion - The Arcad Fire

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