terça-feira, 28 de julho de 2009


Foto: Trás-os-Montes - "Envelheci"
.
Perdi o meu pai. Foi um número indefinido de pazadas de terra que o escondeu de mim. Poderia seguir o rasto das flores para encontrá-lo e trazê-lo de volta. Mas o cheiro das flores também já se apagou. Não sei onde procurar, que rumo seguir! Perdi o meu pai - como é possível perder-se os pais?!
Um dia talvez escreva poemas de amor e saudade para o meu pai. Hoje há uma dor imensa cá dentro, que se agarra aos gestos, fala pelos olhos, dorme na garganta e me tolhe as palavras.

domingo, 19 de julho de 2009

SUPER BOCK SUPER ROCK

Foi um fim de semana maravilhoso! Estou com aquela sensação de que a vida se cumpre, de uma forma ou de outra.
Adorei o Super Bock Super Rock.

The Walkmen estiveram sensacionais. Penso que se tivessem actuado à noite, com o estádio cheio e o barulho das luzes, o impacto seria outro e muita gente teria uma fantástica surpresa, principalpalmente porque, me pareceu, não estarem divulgados entre nós e haver 75 % de portugueses que chegam tarde a todo o lado.

A Brandie Carlile, tem uma voz maravilhosa e uma boa presença em palco. Surpreendeu-me pela positiva, emocionou-me com algumas covers.


O Mando Diao efervesceu o hambiente. Uma emoção. Nem sei o que dizer!

A Duffy obrigou-me a ir para intervalo. parecia um iogurte estragado no meio da embalagem! A sério, não consigo gostar nem um pouquinho, nem percebo o que é fazia num festival destes!

E o The Killers estive deslumbrante, inesquecível! Adorei. Adorei! Agora que venha o MUSE - Em Novembro estamos lá, certo?

sexta-feira, 17 de julho de 2009


Vejam bem o que me ofereceram ontem.
Bom fim de semana, o meu será certamente.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Foto: Ribeira D`Ilhas "Fui feliz aqui"



Estou zangada. Zangada comigo mesma. Por andar há tanto tempo numa inércia intolerável, contráriamente àquilo que fui, em que acredito e que sempre amei. Zangada por perder tempo com coisas sem importância e com pessoas que não se importam comigo. Zangada por desvalorizar aquilo que deve ser valorizado. Estou zangada por esperar que a vida me faça justiça - se calhar, com pompa e circunstância!
Fazer é um dever do próprio destino, fazer o que nos compete.
Refazer a própria história pessoal, é uma opção, uma aventura, uma possibilidade de escolha múltipla.
Tropeçar aqui, encalhar acolá, pode-nos desgovernar. De resto, aparentemente, qualquer nódoa nos pode estragar a figura. É preciso reagir, reparar as amolgadelas com alguma compostura, sem esperarmos consolo. Quem nos tramou uma vez, tramar-nos-á de novo sem qualquer pudor. E isso inclui-nos a nós mesmos. Estou verdadeiramente zangada comigo mesma. Sinto que sou o meu pior inimigo! Dos outros nunca esperei muito e cada vez espero menos . De mim, as expectivas tombam como uma certeza arruinada! Estou furiosa!
.
God save de queen - Nouvelle Vague

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Foto: "Orgulhosamente só"

Poderá dizer-se que hoje estou mais parva, ainda, do que ontem. Mas não acredites nisso. Envelheci. Não foi um mero amadurecimento, não. Envelheci mesmo. Madura já eu andava há muito tempo. Pronta a comer. Hoje sinto-me mais velha. E acredita, estou melhorada. Hoje nada me é indispensável. Acredito até que os malefícios contribuem para nos tornarem mais interessantes, para moldarem as arestas, limar os cantos mais ponteagudos. Há seis meses atrás, talvez sete, ainda havia em mim aquela extrema necessidade de te saber real ao sabor dos lábios e da pele. Coisa que se foi esbatendo, assim, de mansinho, como quem não quer a coisa e acaba por perde-la, propositadamente, na berma da estrada. Hoje respiro melhor, muito melhor! Já não tenho faltas de ar e suadeiras desprositadas. Não sei o que lhes aconteceu! Um dia ouvi-te falar e percebi que já não era música! Tenho andado, assim, a modos que a mudar de casa. Deves saber que a tralha é tanta, por vezes, que leva o seu tempo a encaixotar, a transportar e, por fim, a arrumar de novo. Tenho andado assim, a mudar aos poucos, para outro lado. Muda-se o espaço, a fronteira, a bandeira, as crenças, as vontades e os desejos. Sou eu a envelhecer. Eu à procura de uma identidade, de alguma coisa que faça, matemática e metafísicamente sentido. Não importa se encontrei outro canto, outro espaço, nem to diria. Digo-te apenas que nunca estou sózinha. Não sou mulher de estar sózinha, apenas gosto de estar só e preservo o meu espaço. O que eu não gosto, é que façam de mim parva. Não há mal nenhum em sermos parvos. O verdadeiro mal está em fazerem de nós parvos. Entendes? Fui muitas vezes parva. Continuarei sê-lo. Mas já não contigo. Já não por ti. Apenas não quero deixar de o ser, para não perder a ingenuidade, a própria identidade, o sonho. Há prazos de validade. O teu gastou-se. O meu começa agora. Capiche?


.

Rebellion - The Arcad Fire

sexta-feira, 3 de julho de 2009

TEORIAS SEM CONSPIRAÇÃO

Foto: Berlenga - "Fuga"


Quando o amor entra em coma,
há uma tremenda serenidade que nos invade!
O amor começa a ficar impávido quando deixamos de nos preocupar com ele. Quando, enfim ou por fim, começamos por nos esquecermos ou por nos lembrarmos de outras coisas que nada têm a haver. Quando nos esquecemos de ligar o telemóvel ou de telefonar. Quando vemos uma segunda ou terceira linha no horizonte. Quando vamos para qualquer lugar onde sabemos que não seremos encontrados. Quando o corpo não responde ao chamamento e o cérebro já nem sequer reage aos estímulos.
E há também um vazio!
Perde-se aquela ferverosa alucinação de um toque que nos permite momentos únicos de transe. Estarei a ser exagerada? Não. Conheço muito bem a sensação de suor e arrepio. Que então se torna tão distante e longínqua que quase nos parece fruto de uma hipnose.
Perde-se a criatividade!
O pensamento assenta sobretudo nas coisas palpáveis e reais que rodeiam o nosso dia a dia. Desaparecem as imagens dinâmicas que se passeiam pelo cérebro, criadas pelo desejo e imaginação emocional, aquilo a que chamamos "sonhos". É o lado sencionalista da vida a esbater-se, até que se apaga.
Desenvolve-se o sentido crítico da vida!
Há toda uma série de coisas, acontecimentos e pessoas, antes ignoradas, que ganham relevo. Porque há uma maior concentração no real e compreensão para o real.
Tudo tende para a monotonia!
Parece contraditório? Mas não é. Antes o pensamento concentrava-se no objecto amado, agora dispersa-se por uma infinidade de coisas que parecem novas, mas que o não são, apenas não conseguiamos ter a percepção da sua existência. Porém, a monotonia resulta deste dispersar contínuo, mas desafectado. Antes, a paixão, o desejo e o sofrimento todos a viverem no mesmo apartamento. Num tumulto! Agora, um cérebro repleto de imagens passadas, vivas, mas sem impulsos vitais, a treinar um coração devoluto, a transmitir-lhe dados novos, a inserir programas, a fornecer-lhe estímulos. Mas tudo se processa de forma gradual e lenta. É o periodo de serenidade.
O coma pode ser um período longo. Mas é ele que nos prepara para enfrentarmos a morte.
Há amores que têm morte súbita. A sério, é verdade. Mas normalmente há uma fatalidade irremediável que a provoca. E o luto tem um sabor amargo. É certo que o luto tem sempre um sabor amargo, mas este é daqueles que provoca úlcera.
Muito teria a dizer sobre isso, mas fica para outra altura.

.

I am the rain - Peter Doherty

quarta-feira, 1 de julho de 2009

ANJOS E DEMÓNIOS

Foto: "À espera"


Há alturas em que me sinto uma amendoamarga. Há quem diga que eu não sei ser amarga. Talvez não. Ou talvez não saiba exteriorizá-lo. Alturas em que uma tristeza vem passar férias comigo.Fico na quietude. Porque os diálogos com a tristeza fazem-se para dentro. Remeto-me a um silêncio de ausência e de abandono. Como se não soubesse afagar ternuras. Calo-me. Como se os outros tivessem de adivinhar o que sinto em relação a eles e ao mundo. Não tenho orgulho nenhum em ser assim e, no entanto, não sei ser de outro modo! Há alturas em que não sei como falar de de afectos e de amor, só sei de uma tristeza a algemar-me a voz.
Sinto-me a mudar. E receio que não seja para melhor!
"És um anjo." - Disseram-me hoje.
Um anjo! Esta pessoa não conhece o demónio que também sou e que vive cá dentro. Anjo e demónio vivem porta com porta. E fazem uma má vizinhança.

.

Calming The Snake - Sonic Youth