quarta-feira, 15 de junho de 2011

ELAS E O AMOR



- Como é que sabemos que o coração está indisponível e quando se pode disponibilizar? - Perguntou ela.
- Sabemos que está indisponível quando temos amor por alguém. E percebemos que se pode disponibilizar quando começamos a pensar numa outra pessoa e essa outra pessoa nos sobressalta, nos faz estremecer à menor coisa, nos põe a sonhar, a suar, a desejar querer estar mais presente e conhecer mais cada pormenor seu. - Respondi.
- O meu coração anda muito disponível! - Comentou. - Mas quando saimos algumas vezes com uma pessoa, ainda que não sintamos isso, como podemos saber que futuramente não venha a acontecer? A paixão ou o amor não pode surgir mais tarde, com o convívio? - Questionou.
- Pode. Somos todos diferentes. Comigo funciona assim, se não sinto estremecimentos e suores frios inicialmente com um homem, fico a saber que o meu coração não está disponível para aquele homem. Primeiro a paixão, depois o amor. Foi sempre assim. Dou-te um exemplo: No início do inverno comecei a cruzar-me todos os dias com um individuo que veio morar para a rua do lado. Há quinze dias ele veio ter comigo, apresentou-se e acompanhou-me no passeio com o cão. A partir daí, mais ou menos à mesma hora eu ia dar o passeio com o cão e ele aparecia e acompanhava-me. É um homem interessante, conversa bem e é divertido. Começou a insinuar-se cada vez mais e convidou-me para sair. A partir do momento em que começou a insinuar-se deixei de desejar a presença dele, alterei as horas do passeio só para o evitar e na hora de sairmos disse que não me apetecia. Percebi que podia criar uma amizade com aquele homem mas não mais do que isso. Nada nele me fazia estremecer e quanto mais se insinuava menos interessante me parecia! É assim que sabemos, sabendo. Pode acontecer que haja uma atracção fisica, um desejo puramente físico que possibilite o contacto, ou mais do que isso, uma empatia e daí surgir uma boa relação embora sem amor, mas isso não é paixão. Eu só consigo sentir o coração disponível ou a disponibilizar-se quando sinto paixão.
- És muito complicada, ou esquisita! É tão fácil sentir paixão! - Afirmou ela.
- Mas eu estou sempre apaixonada! Gosto de renovar as minhas paixões, crio pontos de restauro! Porque eu sou uma idiota. - Justifiquei-me.
- Fogo! - Exclamou - És mesmo idiota! Gostas de sofrer!
Eu ri-me.
- Já lá vai um bom tempo, comecei a sentir uns toques cá dentro logo nos primeiros "contactos"- se assim lhe posso chamar. O tempo foi passando, mas cada vez que se dava um "contacto"- sempre tão raros! - toda eu entrava em ebulição. Ainda hoje é assim! Soube logo que aquele homem me ia raptar a alma e partir-me o coração! Quando voltar a sentir isso por alguém saberei que estou disponível para o amor.

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