quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DÁ-ME O TEU OLHAR NOCTURNO


Foto do meu filho

Os meus passos afastam-se de mim. Fico sentada a um canto a bservá-los a caminhar pelo Outono dentro de um Novembro inédito que teima em florir por entre a névoa. Não sei se existe alguma harmonia entre os meus passos andantes e eu sentada sobre os dias a sacudir as núvens. Vem depressa, abre-me a janela do Dezembro com o rigor do frio e entra-me no peito como uma tempestade. Que eu gosto de brisas serranas que arrasam como balas de neve. Dilacera-me as veias com o orvalho das tuas madrugadas salgadas. Oferece-me um inverno ímpar, escancarado, onde passem os meus passos sem pressa de passarem.
E enquanto escrevo caiem-me as pápebras sobre os joelhos, tal é o sono que me consome! Ateia-me um fogo dormente no meu quarto de papel. Antes que os meus passos regressem a mim como um golpe súbtil e caia na realidade. Dá-me o teu olhar nocturno dentro de um poema, para sonhar a noite sem a pressa de acordar. Ah! Sono imenso, sonho intenso!