sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

FEBRE DE CONSUMO E MARKTING


Estamos num tempo em que tudo é supostamente mais fácil. As máquinas fazem quase todo o nosso trabalho. Temos computadores que nos permitem trabalhar, conviver e nos dão todo o tipo de informação. Queremos qualquer coisa, pegamos nos telefones e e acedemos a uma série de serviços. Os agentes de seguros batem-nos à porta e impingem-nos seguros para tudo. As operadoras de comunicações telefomam-nos todos os dias e oferecem-nos toda uma série de promoções. Vamos na rua e somos abordados por uma várias pessoas que representam entidades de crédito, empresas prestadoras disto e daquilo, produtos desde máquinas a colchões e ainda dão prendas!
Não temos de fazer quase nada para obter tudo. Basta assinar uns papeis que, por vezes nos chegam pelo correio após conversa telefónica da qual já nem nos lembravamos e que nem sabemos bem para que efeito. E depois... vemos o dinheiro a desaparecer das nossas contas em prestações mensais, sem saber para onde.
Todos os dias sou contactada por pessoas que se queixam de situações destas, alegando burla. Quero alertar para o facto de que, o consumidor que se considera lesado, raramente tem razão. A razão que alega é meramente moral, não judicial. E a moral não cabe nesta sociedade consumista em que o marktig agressivo é um verdadeiro predador.
Depois de assinar um contrato, numa hora infeliz, em que até ia apressado para o trabalho e nem sequer percebeu que contraía um empréstimo bancário para aqduirir um produto de que até nem necessitava e julgava ser outra coisa, pouco há a fazer. O consumidor tem 14 dias para se retratar e resolver o contrato pelo arrependimento, mas, normalmente, quando a cópia lhe chega às mãos e enquanto tenta, desesperadamente, perceber no que se meteu, telefonando hoje e amanhã, chamadas encaminhadas para esta e aquela e a outra pessoa, já passou o tempo. E vê-se obrigado a cumprir um contrato, por vezes durante anos, daquilo que eu chamo, coisa desnecessária ou até coisa nenhuma.
E atenção, porque, quando o consumidor usa atempadamente do direito de resolução, sucede muito frequentemente receber telefonemas ou mensagens do género: "Parabens, o seu produto já se encontra disponível, esteja atento, irá recebê-lo nos próximos dois dias." Lá vai o consumidor perder uma tarde inteira a ligar para o atendimento ao cliente, atende-lhe uma voz metálica e leva música durante uma hora. A seguir o blá, blá: "Não percebo, eu cancelei o contrato, desisti, porque razão recebo esta mensagem?" - "Bom... tenho de passar a outro sector, aqui não consta a desistência." - Mais uma hora de música. Atende outra pessoa: "Vou então registar a desistência. Mas tenho de anotar o motivo." - "Minha srª, eu já enviei carta com tudo isso." - "Lamento, mas o procedimento é este. Só assim se pode formalizar a desistência do contrato" Os nossos nervos ficam abalados para o resto do dia, o que se reflecte no trabalho e até na família, mas assunto resolvido. Dias depois, enquanto jantamos, tocam à campaínha e entra um técnico a dizer que vai instalar os serviços!! E então são dias perdidos ao telefone. Passado algum tempo chega a carta do advogado. A seguir a carta do banco. Uma série de incumprimentos. Duas acções judiciais em vias de nos limpar a conta bancária, tirar o apetite e o sono durante muito tempo. Acabamos por perder sempre, porque acabamos sempre por pagar.
A vida que hoje nos parece tão facilitada, é a vida do stress e do desespero, é a vida dos soníferos e antidepressivos.
Temos de estar alerta para este tipo de situações que estão a afectar uma considerável percentagem de população, essencialmente urbana. Que ninguém assine nada sem ler muito atentamente e sem ser devidamente esclarecido. Que não se façam contratos verbais por telefone ou internet, sem primeiro tomar conhecimento efectivo do produto e as condições de acesso, pagamento, e duração do contrato, porque estes também vinculam. É bem mais fácil estabelecer prioridades, lista de necessidades e ser o próprio a contactar os fornecedores. Burlas não são, é tudo limpinho, mas escuro, porque se faz de olhos fechados.
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Quero descansar, longe destes dias, por uns dias.




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