terça-feira, 18 de dezembro de 2007

RASGOS


Sinto esta culpa de me sentir feliz!
Idiota...!
Mas culpa crua, porque te abandono à tua tristeza e te troco pela minha felicidade. E enquanto me bamboleio pela nova vida, voluptuosa e sonhadora, digo-te não, que as tuas sombras já não cabem nos meus dias. E depois, pela tardinha, sento-me sobre o pensamento, a teu lado, só para te dizer que sou culpada porque estou feliz.
Deverias ter-me abandonado por estares feliz, como hoje estou. Mas não, tinhas de o fazer por estares triste, com o armário carregado de esqueletos de tudo quanto mataste no passado. Arranjaste para mim um espaço no armário de onde me desenterravas de vez em quando...
Renasci, e heis que me sinto culpada! Por abandonar o teu armário escuro...
Queria deixar-te para trás com um sorriso no teu rosto e sol em vez de sombras...
Não sei como te dizer, nem o que te dizer!...
E, afinal, tu sempre me disseste (friamente): "Não esperes nada de mim. Nunca te amarei. Mas gosto muito de ti."
Então lá vai: "Não esperes mais nada de mim. Já não te amo. Mas gosto muito de ti."
Poderei largar a culpa que vem não sei de onde?
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Cuts you up - Peter Murphy

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