sexta-feira, 14 de setembro de 2007

CASO MADELEINE

Muito se tem dito acerca da pequena Medeleine e o seu desaparecimento. As pessoas vivem apaixonadamente o caso com maior ou menor emoção. A forma como as notícias nos chegam, vão influenciando a nossa opinião. Por uma questão de conhecimentos técnico-profissionais, não fiquei surpreendida quando os pais foram considerados suspeitos e constituidos arguidos, pois o que realmente me estava a surpreender era, precisamente, o contrário. Tardou, mas chegou. Mas a notícia de hoje, que Madeleine poderá ter desaparecido devido a "overdose" de medicamentos para dormir, arrepia-me! Nada é certo, como nada é errado e é tudo especulação. O que é certo é que, em tempos, quando o meu filho, hoje com quase 14 anos, era pequeno, havia vários pais, com quem convivia e ainda hoje convivo, que me aconselhavam a dar sedativos ao miudo para ele dormir. Era o que eles faziam, receitados pelos pediatras, é certo. Nunca fui adepta dessas coisas. Fui sempre super protectora, desde o leite, à fruta, aos iogurtes, à quantidade de carne, peixe, legumes, sopa, brinquedos adequados, brincadeiras e respectiva dose de atenção e carinho. Jámais tive coragem de deixar o meu filho sozinho, mesmo privando-me de tudo o que era naturalmente diversão, até um simples jantar perto de casa.
Negligência... ou não...devemos ser ponderados e pensar duas coisas:
1º - Toda a gente pode ser suspeita, até os pais, dado que lidavam com a a pessoa em causa e, ninguém pode ser posta de lado a partir do momento em que poderiam intergir com a desaparecida;
2º - Todos os suspeitos são inocentes até prova em contrário. A simples suspeição não torna ninguém culpado, pode tornar arguido, mas não culpado, enquanto as provas não levarem a uma sentença de culpabilidade (e, mesmo assim, sabemos que muitos inocentes são, por vezes, condenados).
Sinto-me dividida. Se, por um lado, sempre coloquei a hipótese de os pais poderem ter sido os autores de um eventual crime, negligente ou doloso, por outro lado, penso que, outro crime, seja ele qual for, pode ter acontecido. E se, sempre reprovei o facto de os pais fazerem propaganda e até terem tirado vantagem económica da situação, com a certeza de estarem a assinar a sentença de morte em caso de rapto, por outro, fico com a interrogação de como reagiria se se tratasse do desaparecimento do meu filho. E ainda me interrogo de outros factos. Como por exemplo, se de facto houve negligência tão grosseira da parte dos pais que levou à morte da criança e os tenha levada a toda esta trama, qual será o estado psicológico destas criaturas? Porque, a negligência reflecte-se em actos não premeditados e, por isso, não desejados. Logo, estes pais, supondo-se, devem estar lastimávelmente desgraçados! Isto apesar de toda esta encenação. A culpa neglingente corroe o autor do crime psicológicamente, muito mais do que a culpa dolosa. Nem consigo imaginar a dor dos pais, que, negligentemente matam um filho (embora entenda que devam pagar por isso)! O que me leva a pensar, muito sériamente, na eventual dor de uns pais que, perdendo um filho sem qualquer culpa, ainda por cima, possam ser suspeitos de culpa!
Por tudo isto, é preciso ponderar, manter a cabeça fria e esperar que tudo se resolva, para podermos tirar conclusões "supostamente" acertadas.

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