sexta-feira, 7 de setembro de 2007

VOLTADA PARA A JANELA


Já fui descaradamente feliz!

Tento abstraír do que me consome o pensamento. Da janela, observo grupos de jovens que andam para cá e para lá e se distinguem pelas suas características - roupas despreocupadas, chapéus, cabelos desgrenhados, mochilas às costas, ar de felicidade e aspecto de quem não toma banho há vários dias. Começa hoje a Festa do Avante. É assim todos os anos. Tempos houve em que também fazia parte destas coisas. No tempo em que a vida era leve e não tinha responsabilidades. É certo que gosto de festas, que continuo a participar em muitas coisas. Mas hoje, especialmente hoje, as preocupações poisaram nos meus ombros. Nem quero pensar em festas. De qualquer maneira, devo dizer que o programa, em termos de espectáculos, não me seduz. No Domingo passado fui a Belém ver os Xutos e Pontapés. A banda actou acompanhada por uma orquestra de 13 elementos de sopro coordenada pelo maestro Pedro Moreira (a Big Band, orquestra de metais do Hot Club de lisboa). Foi o melhor espectáculo que vi deles (e já vi muitos), não só pela formusura do local, mas pela simbiose musical. Adorei.

Voltando à Festa do Avante, esta vale a pena, quanto mais não seja, pelos comes e bebes e pelo convívio. Lá vão os miudos estrada fora. Hoje à noite, a música entrará pela minha janela e saberei que, aqui ao lado, uma imensa multidão se diverte. Já fui feliz aqui.

Há uma outra multidão de pessoas que se cruzam, seguem para cá e para lá e os meus olhos seguem-nas. Quantas destas pessoas carregarão, às costas, mochilas invisíveis cheias de problemas?

Fui descaramente feliz no tempo em que não tinha problemas.

Which way to happy

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