sábado, 20 de dezembro de 2008

O AMOR TAMBÉM SE ESGOTA!


Sentamo-nos lado a lado com palavras soltas e sem grande significado. Como quem não tem nada para fazer num sábado frio e de grande monotonia.
"Acho que já não o amo. Não sei... tenho andado a pensar... e penso isso. Penso que já não o amo." - Disse-me
Acendi um cigarro. Mas que dizia ela? Porque raio dizia uma coisa dessas? Então se ela era maluca por ele, quase doida, se o tinha esperado tanto tempo... então agora já não o amava? mas como é que se chega a uma conclusão dessas?
"Pois, é como tu dizes. Amavo-o e népia. Quanto menos népia, mais me parecia que o amava. Quase enlouquecia de desejo. Sonhava com ele. Arrepiava-me toda. O mundo parava quando estava com ele... Porra, foram anos nisto! Esperei tempo demais. Mas agora, sabes... por vezes não sinto nada. Não sei o que aconteceu ao desejo! Não sei! Agora que ele me ama, acho que deixei de o amar. Esgotei-me na espera. Não sei explicar. Talvez o quisesse porque ele não me queria. Sabes, aquela coisa do fruto proíbido... aquela coisa de querermos aquilo que é dificil de obter... cansei-me acho eu. Tenho andado a pensar e sabes... acho que o amor não se espera. Ou é ou não é. E se não é, então mudamos de direcção. E isto anda a dar comigo em doida. Entendes?" - E foi desabafando de forma grave e até nervosa.
Não, não entendo! Encolho os ombros. Estou perfeitamente embaraçada com a situação. Melhor, é difícil mas posso entender. Talvez tenha fantasiado em demasia quando ele era um sonho e, agora que ele é uma realidade já não haja nada para fantasiar. Tanto tempo sem ele que, agora que o tem, talvez já não saiba o que fazer com ele. Talvez ela tenha mesmo esgotado o amor na espera. O amor também se esgota? Ou é a espera que nos esgota? Ou ambas as coisas e uma mesma coisa?
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É um dado adquirido, o amor também se esgota. É como se o stock de sentimentos e emoções fosse escoando pelas esquinas onde se abandonam os quereres solitários. É como no poema: "... Colhi todas as rosas do jardim e cheguei ao pé de ti de mãos vazias."

Todo o amor é masoquista, quanto mais negado mais se quer. O amor torna-nos ridículos. Fazemos figuras que de outra forma não fariamos. E tudo isso para podermos perceber que ele não só nos esgota, como também se esgota.
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E ficamos em silêncio, envoltas no fumo do tabaco e numa névoa de melâncolia. Como que a prestar homenagem ao morto.

2 comentários:

Unknown disse...

O mais difícil de gerir, no amor, é o silêncio. Não achas? :)

Obrigado pelo teu blog

espinhos e outras flores disse...

O silêncio, sim, o silêncio é uma coisa terrível. Não saber o que se passa na cabeça do outro. Não dizer o que se passa na nossa cabeça. E tantas coisas se deturpam nos silêncios!
Muitas vezes, os silêncios são cães com açaime, não mordem, mas vão acumulando a raiva, que é a grande causa de morte nos relacionamentos.
Os silêncios são cordas na garganta, a estrangular lentamente o amor!