terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O QUE TU QUERES SEI EU!


Dizes que tens uns belos glúteos. Glúteos fortes e rígidos. Glúteos? Pergunto eu. Será que falas de goluseimas? Sabes bem que não aprecio doces. Ah, isso! Acaso chegaste a pensar que os teus glúteos - em cujas calças não discerno a dita exuberância - me encantariam? Deixa-me dizer-te que não aprecio glúteos desde a minha adolescência. Os últimos glúteos que apreciei foram os do Bruce Springsteen, que até me levaram a comprar um LP onde ele os exibia numas calças de ganga que lhe assentavam... ou acentuavam a traseira, de forma heroíca. Desde então, glúteos não. E, sabes, não gosto da naifa. Aquela que adoras e, por isso, trazes sempre junto aos glúteos. Naifas não. Só de pensar, até os meus glúteos se encolhem - se é que os tenho. Sou contra as naifas. Ainda não percebi se a naifa é um trunfo ou um troféu teu. Tanto faz. Um dia levei uma naifada que me tolheu o coração. Doeu - Juro que foi uma dor atroz e inesquecível. E depois outra e outra. A partir daí, ao invés de indiferênça e hábito, tal como se justificaria, ganhei uma tortuosa aversão.
Tenho andado com os nervos à flor da pele. Tu sabes. Como se quisesse nadar para longe, e outra coisa não fizesse que me afundar. E nem os teus glúteos tão insuflados - dizes tu - capazes de servirem de salva vidas. Nem uma nacionalização serviria para me salvar. É que não se trata de um problema de concorrência ou da necessidade de ajudas suplementares. É mesmo um problema de falta de entusiasmo, satisfação, autoconfiança. Direi mesmo que é um problema de falta de destino. Não encontrar onde investir. Lamento, sinceramente, os teus glúteos não me parecem um bom investimento. Na verdade não se trata de duvidar da qualidade dos mesmos, apenas não me parece que possam aumentar a produtividade desta minha máquina de sonhos e, consequentemente, o rendimento convertido em felicidade.

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You Will Find Me - Micah P. Hinson



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