terça-feira, 24 de novembro de 2009

INCOERÊNCIAS


O silencio é a pior das falas.
Tratas-me mal no teu silencio. Dizes-me que sou insuportável, que a minha presença te incomoda, que não te faço falta, que a tua vida é bem melhor sem mim.
O teu silencio diz-me coisas dolororas. E nem sequer me posso defender!
Bem melhor seria que gritasses comigo. Que me mandasses às urtigas, dar um passeio à Muralha da China, uma visita ao Muro das Lamentações ou uma viajem espacial sem regresso.
Cortas-me a fala. Congelas-me as palavras. Tenho a garganta tapada com cubos de gelo que me sufocam. Rezo Avé-Marias e Actos-de-Contricção para ser capaz de suportar o inverno que se avizinha.
És um malvado. Criador de silencios assassinos. A minha voz já morreu abafada pelo teu silencio. Resta-me a palavra escrita e um orgulho à beira da miséria.
Ainda assim, talvez reconheça que é melhor assim. Sei lá! Há um espaço enorme á minha volta! Poucas vezes vi um espaço tão grande, poucas! E às vezes, apetece-me corrrer para cá e para lá, de um lado para o outro, só para ter a noção da imensidão vazia que me cerca. E depois, caio exausta e desato a rir tolamente. Já imagisnaste o que é sentir toda esta liberdade? Nem sei como te explicar o que sinto! Uma explosão de cubos de gelo a saír-me pela garganta. E a sensação de deslizar com patins sob o chão enorme onde caiem, amplo e escorregadio, sem necessidade de quaisquer palavras... apenas um silencio imenso onde posso inventar a música e a dança! Parece-te uma contradição?
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Pale Horses - Moby

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