domingo, 29 de novembro de 2009

SEJA LÁ O QUE FOR, NÃO É


Ela olhou-o intensamente. Esticou o braço na diagonal, meteu os dedos entre os cabelos dele, puxou-o suavemente pela nuca, e foi de encontro aos seus lábios. Beijou-o como se a vida se esgotasse ali. Sentiu vontade de lhe dizer: amo-te. Uma vontade tão grande que a palavra ressoou como um tambor dentro de si. Mas não disse nada. Os lábios dele escorregaram-lhe, humedecidos e quentes, pescoço abaixo, ombro, braço e peito. Dentro dela, um imenso prazer e a palavra disparada a fazer ricochete nas paredes fechadas do seu cérebro. Puxou-lhe o rosto e aproximou-o do seu. Fixou-lhe os olhos e abriu os lábios. Mas não disse nada, rigorosamente nada! Soltou-o e virou a cara para o outro lado.
Não era amor e ela bem o sabia. Era oportunidade contínua e repetitiva. Não era amor e ela sabia-o porque jurara a si própria que nem sequer se apaixonaria. E quando ele lhe perguntou o que tinha sido aquilo, ela respondeu: "NADA". Não fora nada. Não é nada, que ela bem o sabe. É mais indolor assim.

.

The Leavers Dance - The Veils

Um comentário:

xeltox disse...

Espinhos:

Um postal de aniversário feliz e alguém bonito a quem beijar parecem sempre bons motivos para dizer sempre sim, mas por vezes encalhamos nas vidas alheias e nem por sombras são os ditos postais felizes, às vezes, mas só às vezes, não amamos, apenas gostamos, isso, bem isso, é meio caminho para a tristeza, para o túnel …


Já agora, desculpa irromper assim pelo blog, mas se tens oportunidade, “My Brightest Diamond” no São Luiz, dia 2, acho imperdível, mesmo que eu perca. lol.


Beijos, Xeltox.