domingo, 14 de fevereiro de 2010

PENSAMENTOS DISPERSOS

Foto: Meco
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Deram-me um espelho. A princípio não entendi para que me serviria mais um espelho, nem soube onde colocá-lo. Depois olhei para ele e vi reflectida parte da minha casa. A casa que bem poderia ser o meu retrato, mas que não é, porque a imagem dela está condicionada pelas minhas capacidades económicas. Porém, ainda assim, eu vejo reflexos de mim, daquilo que sou no reflexo da minha casa. Ela brilha quando eu brilho e está fosca e desarrumada quando as minhas emoções estão desarrumadas e foscas.
Decidi, com alguma coragem e determinação, olhar o espelho de frente. Vi uma gaja qualquer que se parecia um pouco comigo. Tinha o cabelo desalinhado e algumas rugas no rosto. Não poderia ser eu nem alguém que me tentasse imitar. Que eu sou aquela rapariga de olhos amelados, longos e pestanudos, com sardas aqui e ali e pomos salientes. Que este espelho que me deram não tem qualidade nenhuma e possivelmente é uma verdadeira falsificação comprada numa loja dos trezentos ou coisa equiparada. Este espelho mente! Distorce a realidade! Que ainda há bem pouco me vi noutro, naquele que tenho num compartimento de luz económica e progressiva e eu, não era senão eu, um rosto de contornos suaves e amenos, sem caminhos, estradas ou sulcos que a vida me tivesse desenhado de repente... assim de um momento para o outro!
Já tentei, mas não consigo melhorar o espelho. Ainda não compreendi este espelho que tenta impigir-me uma imagem que desconheço, mas estou a fazer um grande esforço para rasgar a pele e encontrar-me dentro dela. Julgo que só assim saberei como brincar com os reflexos que encontro no espelho.

É preciso sair do espelho, entrar em mim, para me conhecer realmente. E sair de mim, para conhecer os outros.
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Love Me - She Wants Revenge

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