terça-feira, 1 de junho de 2010

O CASAMENTO ESTÁ FALIDO?


Tenho um amigo que, habitualmente, é bem-humorado e brincalhão. Nos últimos tempos tem andado ausente, calado e cabisbaixo. Perguntei-lhe o que se passava e disse-me que andava cansado. Porém, acabou por me confessar que a mulher dele tem um amigo íntimo, intimissímo. Estas situações são demasiado frequentes, o que me leva a constatar que, afinal, o homem e a mulher são feitos da mesma massa - só a forma é que é diferente - e a pensar que, indubitávelmente, o casamento é uma instituição pouco credível, fracassada.

Se o ser humano, por natureza, não é solitário pois tem uma necessidade intrínseca de relacionamento amoroso, cujo objectivo não se limita à procriação, por outro lado, também não é monogámico. Como diz o autor Gabriel Garcia Marquez, um homem consegue amar várias mulheres e até ao mesmo tempo, porque o coração de um homem tem mais quartos que uma pensão de putas. Ora bem, o exagero da expressão não é para levar a sério, mas uso-o para explicar que o coração humano é compartimentado, na medida em que pode albergar vários sentimentos, por vezes semelhantes, por diferentes pessoas.

Pessoalmente entendo que duas pessoas são o número ideal para um relacionamento*, pois mais do que isso tende para a anarquia, a sublevação dos valores tradicionais famíliares. Sendo certo que a família é a estrutura da sociedade. E que a sociedade precisa de alicerces fortes para não gerar o caos. Quanto a mim, a família é a base de tudo e o amor amoroso repartido apenas por dois, uno e indivizível. Quando ele é forte e livre não necessita da intervênção de terceiros. Digo eu!

Muitas vezes me interrogo como seria a sociedade poligâmica, bem sabendo que existem pequenas sociedades estruturadas dessa forma e que resultam, em ambientes totalmente diferentes desta enorme sociedade em que me movimento. Ainda assim, não sei como se processa o mecanismo emocional do amor nessas sociedades.

Porque é que o ser humano é ciumento? O ciúme é inato? É instintivo? Ou é um produto deste sentimento generalizado de posse? Porque é que o meu coração dói e se constrange perante a hipótese do objecto amado direccionar o seu interesse amoroso ou sexual para uma outra pessoa que não eu? Fui programada desta forma? Porque amo e quero aquela pessoa e não outra ou não outras em simultâneo?

São muitas as questões, mas o tempo é pouco.

Numa época em que o casamento está falido, luta-se pelo casamento entre os homosexuais. Penso que eles também têm o direito de comprovar por si mesmos a derradeira insolvência dos afectos conjugais.
.
*Se já é tão difícil aturar e tentar compreender um homem, como seria aturar e tentar compreender dois ou três!?

Nenhum comentário: